quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Um bom acordo


Confesso que nestas eleições em Lisboa acabei a dar o dito por não dito, e votei em Sá Fernandes. Porque a candidatura de Roseta me desulidiu imenso, primeiro ao rejeitar a unidade da Esquerda que podia ter sido a maior surpresa dos últimos 20 anos de regime democrático, e depois pela paupérrima campanha que fez, um chorrilho de banalidades e apelos vácuos à "participação dos cidadãos". Acho que decidí o meu voto depois de, à pergunta "qual a prioridade para o Bairro Alto", Roseta responder "apagar os graffitis".
Dito isto, penso que o acordo encontrado entre Costa e Sá Fernandes é um bom acordo para as duas partes, e sobretudo para a cidade. António Costa pode ser, sem dúvida, um bom presidente de câmara. Porque tem peso político, inteligência e, sobretudo, ambição. É um homem que quer deixar uma marca, para daqui a uns anos estar em posição de suceder a Sócrates, e por isso não quer falhar.
Sá Fernandes, pelo contrário, garante o equilíbrio "radical" que a governação desta cidade exige, ela que está farta de meias-tintas e de interesses. Lisboa tem, urgentemente, de mudar e encontrar um rumo, e ninguém como o vereador do BE parece conhecê-lo melhor: aposta na habitação a custo controlado, para trazer jovens para o centro, na frente ribeirinha, para potenciar o que de mais belo a cidade tem para oferecer aos seus visitantes, e no corredor verde, para torná-la aprazível para os seus habitantes. Acrescentaria tirar o mais possível os carros do centro, reforçar os transportes públicos, e construir uma nova ponte rodo-ferroviária entre Chelas e o Barreiro (embora isto não dependa da câmara). Bom seria que a coligação pudesse incluir também Roseta, também ela uma conhecedora profunda da cidade, e com o know-how de arquitecta a constituir mais-valia, e o seu número dois, Manuel Silva Ramos, dirigente da Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados, que certamente exigiria como condição medidas para reduzir ao máximo o tráfego automóvel na cidade. Para já, um bom começo.

(Entretanto os "liberais" espumam-se com o acordo, o que só pode ser bom sinal)

2 comentários:

Anónimo disse...

Habitação a custos controlados é uma piada que não sei quem em bom juizo possa dar crédito.
Não é possível pedir aos construtores civis que constuam fora dos parâmetros do seu negócio da mesma forma que não se pode dizer ao Judice que sirva no restaurante Eleven 25% de refeições a preços da Palhota ou que o Pestana tenha 1/4 dos quartos do Carlton Palace Hotel alugados ao preço da Pensão Mendes.

André Carapinha disse...

Essa é uma falácia de que já me começo a cansar.

Os construtores civis tem lucros de, digamos, 50 %, Se forem obrigados a vender mais barato, vão passar a ter lucro, p. ex., de 30 %. Mas vão continuar a ser construtores civis, a construir e a vender casas.

Além de que os lucros dos construtores civis são mais que suficientes para suportar alguma quebra sem risco para o negócio (excepto, talvez, o facto de terem de comprar um iate com menos 10 m de comprimento).

A não ser que se cartelizem, e se recusem a fazê-lo como medida de pressão, mas isso já é política. Não é economia.