quinta-feira, 16 de agosto de 2007

PIETÁ

Já lívido repousa em seu regaço.
Já não escuta, não vê, não ri, não fala.
Aquele que foi Seu Filho, Ela o embala
Morto, alheia a tempo e espaço.

O mistério parou no limiar dos assombros.
Dos irados profetas, das rígidas escrituras
Sobra um Deus morto; e os únicos escombros
São a atónita aflição das criaturas.

Eles choram, vários, como vários são
Sua revolta e sua dor. Absorto,
O olhar da Mãe escorre, inútil, no chão.
Ela, o que chora? O Deus parado – ou o filho morto?

Reinaldo Ferreira

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