Estou desde há mais de uma hora a tentar passar de uma segunda página de uma candidatura.
A dita fica bloqueada. Espero, espero e desespero.
Mais logo, tenho de me levantar para ir trabalhar. Não posso ficar a noite em claro. No outro dia tenho que conduzir, deixar um filho a horas na escola e estar a horas e desperto no meu local de trabalho.
Exijo-me estar desperto, atento e eficiente. Não posso permitir-me qualquer tipo de negligência.
Este Governo que me merece, enquanto cidadão livre num país livre, uma rotunda desaprovação.
Este Governo que, enquanto meu superior hierárquico, me obriga a um silêncio incómodo.
Como cidadão, exijo que me seja reconhecido o direito à indignação: protesto, indignadamente, em relação à forma como está a ser conduzido todo este ínvio processo.
Ínvio porque conseguiu fazer com que pessoas com vinte e cinco ou mais anos de carreira profissional consintam em reduzir o seu percurso profissional aos últimos sete anos da sua actividade.
Para vos dar um exemplo: seria como pedir a Eusébio que desse conta do seu desempenho enquanto profissional de futebol nos últimos sete anos de carreira: Beira-Mar, um clube qualquer nos Estados Unidos da América e... mais nada.
Este processo é indigno. Este processo vai contra tudo o que é de justiça, vai contra as leis de um país democrático.
Ninguém se indigna.
Obedientes ovelhas se resignam.
Contando pontos, preenchendo formulários, aguardando pacientemente no redil da net...
Um país que tais educadores tem é o sítio onde tudo é possível.
Estou indignado com este estado de coisas. Uma carreira é uma carreira. Por e para isso me pedem 'currícula' sempre que concorro a um emprego. Não me pedem nunca os sete melhores últimos anos. Pedem-me tudo, daquilo que foi o meu percurso. E eu envio, porque acredito que tudo se deve basear numa análise desse mesmo percurso.
Concorram.
Inscrevam-se.
Não contestem, não protestem.
E estas gentes, que -por definição - deveriam ser o sector mais atento, mais desalinhado desta sociedade - acatam. Obedecem. Carneiros obedientes oferecendo o colo ao cutelo do carrasco.
O silêncio dos inocentes...
Faz-se madrugada e decido dormir.
Hei-de sonhar com uma madrugada redentora...
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