














Se me perguntares
(...) A multidão não parava de passar. Era o centro do centro da cidade. O homem estava sozinho, sozinho. Rios de gente passavam sem o ver.
O processo contra Slobodan Milosevic foi encerrado. Termina assim um caso jurídico que em tudo se parece com um casamento católico: foi a morte que os separou. Durou quatro anos. As relações entre o Tribunal Penal Internacional e Milosevic, passaram por altos e baixos. Este queixava-se, barafustava, mas o Tribunal gostava de o ver assim. Por isso empatava, empatava. Para os juízes o Milo tinha piada, assim como a cidade. Haia é uma cidade simpática, ganha-se bem, e aturar o jugoslavo todos os dias, até que nem era mau de todo. Com noites longas pela frente, numa cidade com vida nocturna razoável e boas strippers, folgas ao fim-de-semana e férias alargadas, os juizes não se podiam queixar. Com um bom emprego, não há pressa. E fizeram tudo para que o Tribunal se portasse de forma digna. Deixaram correr o marfim, até porque não queriam cometer falhas. Agora Milosevic morreu. Os juízes lavam daí as mãos. O Tribunal até é contra a pena de morte. O preso é que morreu, não foram eles que o mataram. Azar dele. Tomasse mais vitaminas e fizesse ginástica. Mas a vida continua. Depois de Milosevic ir desta para melhor, os juízes já esperam ardentemente por Karadzic e Mladic, os dois "most wanted men" da Jugoslávia. Porque um homem tem que trabalhar. Mas, tudo leva a crer que eles já não vão aparecer. Embora as instalações e as refeições sejam boas, aquilo é uma chatice. Nada acontece. Não há acção. Souberam que Milosevic ainda tentou animar a coisa, tomando umas pastilhas, mas faltou-lhe algo. Ferrero Rocher? Ainda pediu ao TPI, mas ele não alinhou. “Isto não é uma palhaçada”, disse. E não foi em cantigas. É um tribunal sério. Ou pensam o quê? Perante a morosidade e pouca eficácia, muitos ficaram mais próximos da posição dos Estados Unidos, que se recusaram a ratificar o Tratado que criou o TPI. O que é mau. Para eles, os soldados e chefes militares estão acima de qualquer tribunal internacional. São intocáveis e nas tropas da superpotência ninguém toca. E consideram que com eles não se brinca: quando se trata de matar, não há problema. No terreno ou na prisão, é indiferente. Agora pactuarem com burocratas e serem acusados de tal é que não. Isso é um insulto. Coisas, que nem a uma mãe se diz.
Continua a ter preconceitos contra os espanhóis? Há cada vez menos razões para isso. Em 2005, safámo-nos de entrar em recessão económica graças às nossas exportações para nuestros hermanos. No entanto, não deixa de ser preocupante a crescente dependência económica de Espanha. Algumas empresas portuguesas já tentaram, ou estão a tentar, penetrar no mercado espanhol, abrindo lojas, sucursais ou departamentos. No entanto, dizem ser um mercado difícil, muito nacionalista. Ao contrário de nós, os espanhóis têm apetência pelo produto nacional. Talvez por isso, o crescimento da economia espanhola tem rivalizado com a Irlanda, e há 12 anos que está acima da média europeia. Os seus produtos também já são muito visíveis em Portugal, que o digam os jovens e menos jovens que já elegeram as lojas de roupa espanholas com nomes ingleses como as suas favoritas. Talvez por isso, quase um terço das nossas importações já vem de Espanha. O facto de haver por cá cada vez mais empresas espanholas também contribui para esta subida. É o gene nacionalista a comandar, ou dito de outra forma, é a pescadinha de rabo na boca, com molho espanhol.
Há muito dinheiro a rolar em Portugal. As Ofertas Públicas de Aquisição do BCP sobre o BPI e a da Sonae sobre a PT, os lucros que os bancos e empresas apresentam, revelam que, embora à nossa escala, em Portugal está a aumentar a concentração da riqueza. Nesse aspecto está em sintonia com o resto do mundo. As fortunas aumentam e os multimilionários são cada vez mais. De acordo com a revista Forbes, em 2006 há 793 multimilionários em todo o mundo, ou seja, mais 102 do que no ano passado. A revista justifica a situação com o crescimento da economia mundial. É claro que nós por cá não demos por nada. A não ser Belmiro de Azevedo, que continua a ser o único português na lista dos homens mais ricos do mundo. Como tem uma fortuna de dois mil milhões de euros, ocupa a posição 350.
Manhã cedo, 13 de Março de 1896, o vapor "África" fundeia a meio do Tejo, frente a Cacilhas. Fragatas, canoas, botes, dezenas de embarcações a remos e à vela rodeiam o navio que largou Lourenço Marques dois meses antes.
1895. Depois de horas de insistências, alguns jornalistas conseguem permissão de subir a bordo. Encontram o grupo de 16 prisioneiros a estibordo num exíguo espaço mal iluminado com dois patamares de beliches. Nas esteiras superiores está Ngungunhane com sete das suas rainhas: Namatuco, Machacha, Patihina, Xisipe, Fussi, Muzamussi e Dabondi. No beliche inferior amontoam-se Godide, filho primogénito de Ngungunhane, o régulo Matibejane e as suas três mulheres, o régulo Zixaxa, Molungo, tio de Ngungunhane, e Gó, o cozinheiro do imperador.
Tomou posse há um ano o XVII Governo Constitucional.
Santana Lopes vai comprar o Audi A8, o seu carro de serviço quando estava à frente do Município de Lisboa. Lopes, que até nem precisa de automóvel, quer por um ponto final à peixeirada iniciada desde a aquisição do bólide, que na altura, custou à Câmara 115.000 euros. E quer resolver de vez o assunto da melhor forma: com par de chapadas de luva branca a Carmona Rodrigues, aquele ingrato. E porque é um português igual aos outros, a viver intensamente a crise que atravessamos, até publicita que vai recorrer a empréstimo bancário. Para que não haja mal entendidos. Gente séria é assim. Quando a compra se concretizar, já estão previstas várias festas organizadas pelas suas santanetes. É que este fim de Inverno tem estado muito parado, logo “um horror” para a gente gira. Por isso, não perca as reportagens na imprensa cor-de-rosa.
Regressa esta sexta-feira a Lisboa. Musical escrito por Chico Buarque em 1978, está de volta ao Coliseu de Lisboa até 18 de Março. É baseada na «Ópera do Mendigo», de Jonh Gray, e na «Ópera dos Três Vinténs», de Bertolt Brecht e Kurt Weil. Retrata a Lapa Carioca dos anos 40 e o ambiente boémio que se vivia então no Rio de Janeiro.
Cavaco Silva já é o novo Presidente da República. A primeira impressão que fica de um dia cheio de protocolos, discursos e comes e bebes é que os partidos da direita acabaram por conquistar o primeiro-ministro que sempre quiseram. Mas afinal o novo PR já namora o primeiro-ministro vigente. Lá no fundo renega os seus e considera Sócrates com um ADN político mais compatível com o seu. À esquerda a crítica continua cerrada. Já o PS não quis agitar águas, esteve muito consensual. Mário Soares saiu sem dar cavaco. Mas Cavaco nem deu por isso pois estava muito concentrado em apresentar o programa da sua governação. Que aponta para cinco desafios. Vão desde a criação de condições para um crescimento económico mais forte e qualificação dos recursos humanos, até à eterna questão da credibilidade da justiça e do sistema político. Curiosamente mostrou-se também preocupado com a sustentabilidade da segurança social. Ainda bem que o seu ídolo, Margareth Thatcher, não esteve presente, senão relembrava-lhe uns capítulos esquecidos de neoliberalismo. Mas de qualquer maneira, o governo de Sócrates que se cuide. Porque Cavaco quer que estes objectivos se cumpram e para tal vai acompanhar com exigência a acção governativa. E vai empenhar-se na promoção de uma “estabilidade dinâmica” no sistema político democrático. O que é que ele quis dizer com isto, as interpretações dos analistas dirigem-se para vários campos. Mas já está a marcar o debate político e a surgirem as primeiras acusações de interferência. A frase é forte e ameaça colar-se ao novo PR. Mas Cavaco Silva também foi profético. Lembrou a viagem inaugural de Pedro Álvares Cabral, que ocorreu há precisamente 506 anos. Mas aqui já é Cavaco, o astrólogo navegante a falar. E fica uma dúvida no ar. Será que está a pensar assentar arraiais na presidência, porque navegar é preciso? Durante quanto tempo? Uma proposta: o tempo mínimo garantido, com hipótese de troca em qualquer loja da FNAC.
Depois das notícias alarmantes sobre o endividamento das famílias, ao que parece a rondar os 115%, eis que surge outra notícia digna de destaque, a apontar para outra perspectiva do problema. Vem no Diário Económico com o título “dívidas incobráveis atingem mínimo histórico”. O interessante da notícia é que isto acontece numa altura em que o crescimento económico não aparece ou é ínfimo e o número de desempregados não pára de aumentar. Reza assim a estória:
Uma flor para as melhores mulheres do mundo: 
Paulo Portas vai voltar ao comentário televisivo. Será esse o destino de todos os políticos falhados ou desempregados que, quando não sabem governar, vão opinar sobre a governação dos outros? Talvez seja esta a razão porque este reino da Dinamarca cheira tanto a podre. Não? Ao que parece, hoje na SIC, Portas vai também falar de cinema. Mas como fait divers. Porque Portas é um animal politico, não fifty/fifty uma vez que é mais animal que político. Portas diz que avança como comentador porque quer ser um contraponto à cultura de esquerda instalada em Portugal, porque o país real é menos à esquerda do que o país intelectual. Tá bem, ó melga.
A iminente chegada do dr. Cavaco a Belém, com pompa e circunstância, já começou a provocar remoinhos na política portuguesa.
Esta é a visão do jornalista/analista mais cavaquista, mais cabotino e mais sectário cá da praça sobre o seu grande ídolo: Aníbal Cavaco Silva. Chama-se Luís Delgado e é a face visível de um dos lobbies do sector dos media. O artigo de opinião vem hoje no DN. Aqui vão uns excertos, para precaver eventuais overdoses.
Este ano a apresentação da 78ª edição dos Óscares está a cargo de um senhor muito especial. É apresentador de um programa de humor político, que para muitos já é considerado um programa de culto. Trata-se de Jon Stewart. Para quem segue o "Daily Show" no cabo, sabe que é um dos melhores programas de sátira política e fake news de sempre. Jon e a sua equipa têm os republicanos como alvo muito especial, mas, no entanto, não deixam de ser temidos pelos políticos de todos os quadrantes. E têm um "carinho" muito especial pela Casa Branca e por W. Bush. Muito comentada e polémica foi a sua intervenção na CNN, no programa Crossfire, em que Jon Stewart carregou forte e feio nos apresentadores, numa altura em que decorria a campanha das últimas eleições presidenciais norte-americanas. Os críticos dos media dividiram-se. Uns consideraram a sua intervenção brilhante e outros uma palhaçada. O programa pode ser visto AQUI. Quantos aos Óscares 2006, são dificeis os prognósticos. Os meus preferidos são "Boa Noite e Boa Sorte", "Walk the Line", "Colisão" e "Munique".
Foi mais um dos compromissos de José Sócrates, que ardilosamente agora quer cumprir, não o cumprindo. Lembram-se da promessa de subir até aos 300 euros mensais os apoios aos pensionistas, a que chama complemento solidário? Pois bem.
O governo aprovou ontem, em Conselho de Ministros, o regime de taxas da Entidade Reguladora da Comunicação Social. E eu a pensar que a entidade se chamava PJ e que já estávamos a pagar para essa freguesia. Afinal eles não foram ao 24 Horas para regular? Então foram fazer o quê? E se a PJ não é a entidade reguladora porque é que a verdadeira entidade reguladora não diz nada? Porque ainda não tinha um regime de taxas? Mas anda tudo com a gripe das aves, ou será só o Ministério Público?
As aves estão na ordem do dia. Para o bem e para o mal. Estão a alterar vidas e relações humanas de forma mais profunda do que se pensa. Já imaginou estar a discutir com uma mulher e dizer: "és mesmo uma mãe-galinha", ou pior: "vocês são todas umas galinhas!" Pode subentender que está a ser acusada de estar infectada com o vírus H5. E pior. Ficará na dúvida: "será que ele está a insinuar que eu tenho o H5N1"? Aí as coisas podem dar para o torto. É aborrecido e discriminatório, até porque há homens que são piores que elas. Já não é correcto dizer: "és mesmo uma ave rara". Implica que pode ser migratória e ser portadora do vírus. As relações sexuais também estão em perigo, até porque o H5N1 transmite-se, como todos, através de contactos "estreitos". Só nos faltava mais esta, já não nos chegava a SIDA. Portanto, se alguém se atrever a perguntar: “ó querida, vamos procriar”? Não se admire que ela responda: “não, vê-se mesmo que és uma ave de rapina. Podes estar infectado”. Como se vê, os homens também já não podem cantar de galo. Que mais nos irá acontecer…
A discussão sobre o liberalismo e as suas variantes estão a tornar-se num nicho de debate obsessivo na blogosfera. Num artigo de opinião sobre o Estado Social, publicado no Diário Económico, João Cardoso Rosas desmonta os argumentos de muitos arrivistas liberais. O analista considera que, devido á sua origem, o Estado social é de esquerda e direita, social-democrata e socialista, liberal e conservador. E apresenta quatro argumentos contra os defensores do fim do Estado.