sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Zita escancarada

Gente amiga fez-me chegar alguns excertos da biografia autorizada, por ela própria, de Zita Seabra. Confesso que só li aquelas partes que metiam sexo e droga, tão, tão gráficas que fazem do tímido “Porn” do Irvine Welsh ou do canónico “Garganta Funda” de Linda Lovelace, meras ‘sequel’ da perversa Condessa de Ségur. A velha senhora já conheceu melhores dias... mas agora que a padralhada deu em levar na bilha e enrabar noviços e querubins, pior, a arrepender-se e ainda pagar por cima...
Enfim, calúnias, falsificações, quiçá, ciumeira literária, plágio redentor. É que aqueloutra ‘gente amiga’ é muito dada à brincadeira e já não é a primeira vez que beneficiando do mundo desregulado e desmiolado da blogosfera me induz em erro com textos cuidadosamente retocados, desventrados, maquilhados, adulterados, mesmo textos universalmente conhecidos e sempiternos. Pois, aproveitaram-se da minha ignorância e fizeram passar um monte de esterco pela fina prosa de Dona Zita. Fica aqui lavrado um acto de penitência na forma tentada.
Anátema! Deitei tudo para o lixo. Confesso que guardei aquela parte em que a jovem revolucionária discute aleijões ideológicos com o analfabeto Suslov. Já se sabe, como na estória do macaco, deixa-me ver a tua marreca, olha que verruga, andas a dormir com o china, velhaco, tira os cascos Belzebu.
Mas vem isto a propósito do nojo que me metem os arrependidos, reais ou ficcionados, não exactamente- Gogol e Dostoievsky explicaram tudo- por horror à tragédia do traidor, mas porque reduzem o argumentário do pluralismo.
Como Dona Zita, é pseudónimo, é, bem sabe, só o futuro é seguro e todo o passado incerto. O que ontem era serviço, hoje é a mais baixa bufaria. Este dispositivo estalinista- baseado na mecânica quântica-, da certeza saltitante, provoca nas boas almas um encontro com Fichte e com a República de Weimar. As outras, a maioria, as ruins, encontram a salvação nas diferentes modalidades do colapso das liberdades.
Dada a exigência dos frequentadores do “2+2=5”, aqui fica um exemplo de manipulação grosseira.
Como sabem, aquelas gentes ecologistas, ambientalistas, verdes, sim, eu sei, que as categorias vêm-se degradando, desagradam-me quase tanto quanto a esquerda anti-semita. Alardeiam ciência, entre Rousseau e Al Gore, para desvirtuar o progresso. Há aquecimento global? E então? É bom, para se irem habituando ao Inferno. Dizem que o ambiente está degradado? É estranho, à entrada do Elefante Branco ou do Gallery ouve-se sempre dizer “uh! uh!está bom ambiente”.
Afinal, esta rapaziada quer para ‘nosotros’ a felicidade oferecida por Oliveira Salazar: Sombra e Água Fresca. Tá bem, com dois cubos de gelo.


JSP

4 comentários:

Táxi Pluvioso disse...

E o Night and Day deu mais (bom)ambiente a Lisboa, que 2007 (e o resto antes de Cristo) pançudos Al Gores.

José Pires F. disse...

E mais umas imprecisões que já se prontificou a rectificar. Espero que não dêem para outro livro.

Ana Cristina Leonardo disse...

Caro JSP, vai perdoar-me a falta de modéstia, mas, já agora, e se não se importa se faz favor, que eu nunca nunca me dei com o género autoritário, convido-o a ler o último post da Pastelaria, a que chamei, precisamente, «Isto é o que eu penso do livro de Zita Seabra». Foi escrito e publicado no jornal Expresso deste sábado, caderno Actual, mas está também na Pastelaria, e aí é à borla. Agradecida.

Álvaro Cunhal disse...

editora ATALHO
http://editorialatalho.blogspot.com