segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

domingo, 14 de janeiro de 2007

 
Foto de José Carlos Mexia, sobre recortes de Carlos RochaPosted by Picasa

Sinais

 
Desenho de Maturino Galvão Posted by Picasa

sábado, 13 de janeiro de 2007

 
Pintura de João Fróis Posted by Picasa

O Choque da Realidade: Para onde vai o Iraque?

Uma entrevista de Francis Fukuyama ao Le Monde e um artigo da Newsweek dão-nos novas chaves de interpretação sobre a Guerra no Iraque


" O objectivo escondido (e não declarado) do plano anunciado por George Bush é de tentar destruir o clã Moqtada Al-Sadr. O problema é que este grupo representa talvez a comunidade mais forte do Iraque. É difícil combater militarmente uma força que representa uma grande parte da população".

" Apesar dos resultados eleitorais, nos EUA, e das críticas dirigidas contra a administração, existe uma incapacidade a reconhecer a realidade tal qual é".

" O que afirmam agora um certo número de neoconservadores - "a ideia era boa, só que a execução foi péssima - tem um certo fundo de verdade. A execução foi com certeza muito mal gerida, mas penso que o conceito essencial estava também errado: A coisa que mais me revolta, é que, em relação ao Líbano e ao Irão, a mesma forma de pensar ainda permanece como válida, na ausência de toda a reflexão sobre as lições do Iraque. Os neoconservadores propõem o bombardeamento das plataformas nucleares iranianas: isso é simplesmente uma loucura ".

Ler aqui entrevista de Fukuyama ao Le Monde

" Se se contar a euforia inicial de Bush na plataforma de um porta-aviões a ufanar-se que os combates já estavam quase a terminar, este plano de agora é o quinto desenrolado para tentar conseguir a vitória. É pior do que os anteriores, diz Matt Benett of Third Way, um membro Democrático centrista. Para ter o mínimo de sucesso, o plano determina que o primeiro-ministro Maliki rompa com o seu protector, Moqtada al-Sadr, cujas milícias são mais fortes do que o exército iraquiano. A possibilidade é tão remota que alguns analistas denotam no reforço de tropas proposto por Bush, como que o início de um plano de retirada. Se o Pm iraquiano falhar na " limpeza " do seu exército, Bush pode fazer crer que as autoridades iraquianas estão enfraquecidas, sem orientação e corruptas; e então iniciar a retirada das tropas norte-americanas. O antigo conselheiro de segurança de Carter, Zbigniew Brzeznski, etiqueta este cenário de " censura e fuga " ".

Ler aqui artigo de Eleanor Clift na Newsweek

F. A. Ribeiro

Sinais

 
Desenho de Maturino Galvão Posted by Picasa

III - Castoriadis: Liberdade e igualdade estão implicadas uma na outra

"Vivemos actualmente num mundo em que estão constantemente presentes estas significações imaginárias - liberdade, igualdade - o que revela, ao mesmo tempo, uma enorme contradição. Se as encararmos no seu rigor e profundidade veremos que, em primeiro lugar, longe de se excluírem uma à outra, como o repete um discurso mistificador que circula há mais de um século, elas estão implicadas uma na outra e que, em segundo lugar, também estão longe de terem sido alcançadas mesmo nas ditas sociedades " democráticas ". Na realidade estas sociedades constituem regimes de oligarquia liberal".

"A respeitável 'filosofia política' dos nossos dias tapa os olhos com uma venda quando colocada perante esta realidade enquanto, ao mesmo tempo, é aliás incapaz de fornecer uma verdadeira discussão filosófica dos fundamentos desse sistema oligárquico. Por exemplo, não descortinei em lado nenhum uma discussão, digna desse nome, acerca da metafísica da 'representação' ou acerca dos partidos que são o verdadeiro centro de poder nas sociedades modernas".

"Que é feito dos Direitos do Homem, da Igualdade, da Liberdade? Deveríamos proclamar, como o fez Burke aos revolucionários franceses, que não existem direitos do homem, mas direitos dos ingleses, dos franceses, dos americanos, dos suíços, etc.? Encontraremos saída para esta situação? Só é possível uma mudança se ocorrer um novo despertar (somente neste caso e em mais nenhum outro), se começar uma nova fase de densa criatividade política, o que implica, por sua vez, a saída da apatia e da privatização que caracterizam as sociedades industrializadas contemporâneas".

In C.Castoriadis, A Ascensão da Insignificância,(págs 141/3) Editorial Bizâncio.Lxa.

FAR

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

 
Desenho de João Fróis Posted by Picasa

A missão (im)possível de Villepin

" Com efeito, a verdadeira autoridade não consiste tão só no acto de executar as decisões determinadas, de fazer aplicar as leis votadas, de administrar os serviços públicos de acordo com a lei, mas sim no acto de fazer e impor a lei ". Michel Bakounine


Dominique de Villepin, Pm francês, foi anteontem duramente vaiado no Parlamento e, na calçada, encara o número dois do staff de Nicolas Sarkozy, Brice Hortefeux , atacando-o frontalmente e responsabilizando-o pelo vexame inédito a que foi sujeito horas antes. E, nesse sentido, diz em voz alta para o homem das manobras todo-o-terreno sarkozistas: " Foi você que organizou esta cena no Parlamento. Se continuarem assim, candidatar-me-ei!". A ameaça vale pelo extremo dramatismo e polarização que fulminou o espaço político francês, a cem dias da primeira volta das Presidenciais. E foi muito glosada num universo mediático de alta voltagem e com muitos interesses camuflados...

Villepin, responsável máximo pelos êxitos eleitorais de Chirac, pertence aquele tipo de animais políticos que voltejam na sombra e acumulam informações piramidais sobre o passado e as possibilidades dos seus adversários: tirou partido da militância trotskista de Jospin - sonegada traumaticamente por ele próprio desde sempre, sobretudo já na área do poder do PS- e tentou implicar Sarkozy como cliente do banco de "negócios" do Luxemburgo, Clearstream, um mega escândalo que pôs em pé de guerra todos os escalões das secretas gaulesas, o glamour das administrações da Airbus/EADS e do golgota parisiense das grandes fortunas. O que estava em jogo: a candidatura presidencial negociada pelos barões da Direita, com dois putativos candidatos, Sarkozy e Villepin, sob o controlo de Jacques Chirac, o PR que unificou a galáxia para acautelar possíveis represálias judiciárias no dia da sua saída do Eliseu.

Só que Sarkozy, de quem os analistas dizem que gosta de protagonizar os afrontamentos, foi minando o terreno no interior do seu partido, fazendo-se eleger presidente e colocando nos postos chaves os seus homens de confiança. Ao mesmo tempo, destilando ameaças e fazendo correr os mais desencontrados rumores sobre a vida hiper-sexual de Chirac, suposto ter filhos no Japão e em Marrocos...Para lá dos problemas judiciários ligados com os 18 anos que passou à frente da câmara de Paris. Tudo isso concorreu para um sucesso editorial sem precedentes ligado à publicação do panfleto pró-sarkozista do incontornável Franz-Olivier Giesbert, enfant terrible de Mitterrand que a direita conquistou para baralhar as cartas da gestão dos Média.

Villepin tinha sido o sucessor de Sarkozy no Ministério do Interior, após a reeleição triunfal de Chirac contra Le Pen, na segunda volta em 2002. Sarkozy volta ao Interior com a subida de Villepin a PM: e tudo começa a correr com sobressaltos! Rivalidades Villepin/Sarkozy ao zénite, fugas de Informação na Grande Imprensa sobre as aventuras extra-conjugais do casal Sarkozy, com a segunda esposa deste a passar férias nos USA com um amigo da Publicidade...Artigos nos Média sobre a conta colossal do PR francês num banco de um amigo de Tóquio. Tirada e resposta: numa cadência de rififi surreal e mortífero. Era ver quem mais golpes dava ou sugeria, imaginem.

Villepin, que era o chouchou da inteligentzia parisiense, foi perdendo apoios e viu, na calçada, desfazerem-se os sonhos de se poder preparar para candidato a sucessor de Chirac. Foi a odisseia do Contrato do Primeiro Emprego (CPE), feito a pensar em enquadrar os jovens dos arredores de Paris que se tinham revoltado no Inverno de 2005. Foi pior a emenda do que o soneto: o projecto-lei foi arquivado e destruiu nas sondagens a popularidade do PM, a ponto de ninguém dar nada por ele como presidenciável. Como dizia Taine, " devido a se estar habituado a ir ao fundo de tudo, corre-se o risco de lá ficar...". Tal parece o sindroma exaltante e fatal, cruel e irrisório do destino de Villepin, que vai tentar "estragar" a campanha eleitoral de Sarkozy, a menos que negoceie uma saída " dourada"- embaixada em Washington - se o candidato dos neo-"gaullistas" vencer Ségolène Royal, o que está longe de se tornar uma realidade palpável como o demonstram as sondagens favoráveis à socialista.

FAR

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Desenho de Maturino Galvão Posted by Picasa

O processo

Com o referendo sobre a IVG certos portugueses resolveram descobrir-se. De uma assentada, temos algo em que (finalmente) podemos orgulhar-nos, de superior, de mais profundo, humano, ético, quando nos comparamos com a Europa que em tudo nos ultrapassa oprimindo. Nós, os portugueses, descobrimos que o Aborto é uma questão ontológica e metafísica das mais elevadas. Que os seres humanos, afinal, dependem de terceiros para existirem, e que tem o direito inequivoco de não depender de terceiros para existirem. Que não há seres humanos sem uma gravidez, e que portanto os seres humanos tem direito a existir, desde que exista a gravidez. Que, iniciado o processo, e falhos os meios preventivos, o processo transmuta-se num fim, e assim o processo é o próprio fim em si. Que, para além do mais, a possivel interrupção do processo configura a aceitação de um estado de infantilização do ser humano, pois, ao ser humano inteiro, livre, responsável, adulto, não tem cabimento a interrupção de um processo que é um fim em si mesmo. É que ao ser humano livre, adulto, cabe aceitar a inevitabilidade e irreversibilidade do processo, pois o processo é o proprio fim em si; a essência do processo é o processo. Não se pode aceitar a desresponsabilização de um acto que inicia o processo, uma vez que o processo é um fim em si, e nada justifica o fim do processo. E pretender-se interromper o processo é apenas a fuga às consequências naturais do processo, que foi voluntariamente aceite como processo, e que sendo um fim em si, ou seja, um processo, não pode de forma alguma ser interrompido. Os actos livremente praticados por um cidadão, dando origem a um processo, deverão obviamente ser assumidos, pois o cidadão é inteiramente responsável pelos seus actos, e deste modo deverá respeitar as leis próprias do processo, pois iniciado o processo, este é um fim em si mesmo. O processo deverá ter continuidade enquanto processo. Não é possivel questionar o processo, pois este existe, e o que existe não pode ser questionado. Resta ao cidadão ser humano inteiro, livre, responsável, adulto, aguardar pelo fim do processo. Ele explicar-se-á a si próprio enquanto processo, e nesse momento o cidadão verá como o que importa é o processo.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Sinais

 
Desenho de Maturino Galvão Posted by Picasa

Pagar camas do hospital para mulheres com complicações do aborto clandestino? Não, obrigado!

"In countries were abortion is highly restricted, large numbers of beds in obstetric
wards are often occupied by women who have experienced complications
from unsafe abortion, attesting to the fact that women seek abortions regardless
of laws prohibiting abortion services. Access to safe abortion services where
these are prohibited by law is primarily a function of the ability to pay and having
access to networks of safe, clandestine abortion providers. Poor women and
rural women are therefore more likely to receive poor quality abortion care than
urban and wealthier women. This differential access to safe abortion care places
a disproportionate burden on poor women who are seeking an abortion and on the
public health services which divert scarce health care resources to care for them."

in Preventing unsafe abortion and its consequences
http://www.guttmacher.org/pubs/2006/07/10/PreventingUnsafeAbortion.pdf


Link recomendado pela ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE

Breaking News, Breaking News

Villepin ameaça candidatar-se contra Sarkozy

Segundo o Le Monde de ontem, o PM francês, Dominique de Villepin, ameaça formalizar a sua candidatura contra Nicolas Sarkozy, o indigitado oficialmente pelo partido presidencial. Trata-se de uma reacção explosiva e caracterial do braço-direito de Chirac, que foi hoje vaiado na reunião do Grupo parlamentar da maioria depois das férias natalícias.

Villepin e Chirac, têem-se multiplicado em propostas e iniciativas de cariz eleitoral, onde ressalta a demagogia superior do mirífico " radicalismo socialista ", com que a Imprensa anglo-saxónica brinda as duas cabeças máximas do poder gaulês.

A polémica entre Villepin e o staff de Sarkozy, com cenas dignas de Molière ou Maquiavel, tem por implicações maiores a herança " judiciária " de Chirac, implicado em vários dossiers de empregos fictícios e contas furadas, a falta de elevação intelectual do candidato Sarkozy e o pró-americanismo descabelado deste último.

FAR

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Sonha-se a partir da sua carne
O mundo todo a existir desde aí
Desses que pousados acima dos ombros
Usam pestanejar
Está-se na vida à mão dos olhos
E do que vier por causa deles cavalgarem.
É isso a mansidão do destino.

In: Caixinha c rodas; Ed.Geic 2006
.. .

A vida e a pessoa

A questão de "onde e quando começa a vida", utilizada pela campanha do Não, é uma falsa questão e uma ratoeira demagógica que devemos evitar. Há vida num espermatozoide como há vida num óvulo, há sempre vida em todo o processo de concepção e geração de um ser humano. A questão é outra: quando é que se pode afirmar que existe uma pessoa.
Curiosamente, o conceito filosófico e moral de "pessoa" foi desenvolvido por pensadores de matriz cristã, dos quais se destaca Mounier, dando origem à corrente "personalista" na Filosofia, que, outra vez curiosamente, é uma das inspiradoras da chamada "Democracia Cristã". Para Mounier, uma das caracteristicas da "pessoa" é a autonomia, ou seja, a capacidade, mesmo que em potência (como no caso do bebé), em sobreviver sozinho no mundo. O feto apenas às 20 semanas (5 meses) tem capacidade, e muito reduzida, de sobreviver sem o corpo que o gerou e alberga, o da mãe. Antes disso, de modo nenhum poderá, segundo a concepção de Mounier, ter o estatuto moral e filosófico de "pessoa".
Os defensores do Não insistem na questão do prazo, como se com as 10 semanas se estivesse a definir o instante preciso em que começa a "vida humana", mas enganam-se. Este prazo é apenas isso, um prazo, como o de definir a maioridade sexual aos 16 anos e não aos 15 anos e 364 dias. Como este, resulta de uma ponderação de diversos factores que o legislador toma em conta; neste caso, factores relacionados com o embrião, como a inexistência de sistema nervoso central, e com a mãe, como o perigo para a sua saúde física, ou o tempo necessário para se aperceber da gravidez (por este motivo, eu preferia o prazo de 12 semanas, que considero mais equilibrado). Tudo o resto, a demagogia que ouvimos e lemos por parte dos defensores do Não, o chamar "bebés" a embriões, o "dedinho que chupa" (num ser que ainda nem tem sistema nervoso, note-se!), não passa de areia para os olhos e berraria demagógica que, infelizmente, parece ter algum eco nas cabeças portuguesas.

II - Castoriadis: Não posso pôr tudo em questão ao mesmo tempo

" De cada vez que formulo uma interrogação, que ponho qualquer coisa em questão, pressuponho - nem que seja provisoriamente - que existem coisas que por enquanto o não estão. Não posso pôr tudo instantaneamente em questão. Em última análise, como diria o meu trisavô - mais conhecido pelo nome de Platão - se ponho tudo em questão, e nisso incluindo o sentido das palavras pelo qual o realizo, já não ponho mais nada em questão e nada mais existe".

" O pensamento avança na interrogação postulando-se e ficando obrigado a manter um certo número de coisas, mesmo que seja para as pôr em questão numa segunda fase. Um pensamento livre ou aberto é o que se implica neste movimento; não é uma liberdade pura, um raio que atravesse o vazio, uma luz que se propague através do éter, é uma travessia que , de cada vez, se deve apoiar em alguma coisa. E que se deve orientar tanto em relação ao desconhecido como face aos " resultados " obtidos anteriormente, alterando-os, projectar-se, pôr tudo em questão".

" É esse movimento que devemos captar no que apelido de auto-instituição explicita da sociedade : nem um estado definido uma vez por todas, nem uma " liberdade pura ", um fluxo absoluto de tudo a todos os instantes, mas um processo contínuo de auto-organização e de auto-instituição, a possibilidade e a capacidade de pôr em questão as instituições e as significações instituídas, de as refundar, de as transformar, de agir a partir do que já está lá e usando isso, mas sem se deixar ficar prisioneiro pelo que já existia ".

In Le Contenu du Socialisme, Ed. C. Bourgois, 10/18, pág.358

FAR

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Desenho de Maturino Galvão Posted by Picasa

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Embriões, indivíduos e as coisas que o "não" se esquece de dizer

No Blogue do Não, citam-se livros de Embriologia que, pelos vistos, dizem que é no momento da concepção que tudo começa.
Ora, os senhores do Blogue do Não não leram os livros até ao fim, e se calhar convinha. Por exemplo, a fecundação é um processo de cerca de 30 horas. O início de tudo é no princípio das 30 horas? Ou no fim? Ou há um instante crucial a meio?
Mas, não fosse isto suficiente, há algo mais inquietante. Se, para o Blogue do Não, nasce um ser novo na concepção (num segundo preciso daquelas 30 horas), outra dúvida fica por esclarecer. Chamemos ao novo ser humano, sei lá, João. Até 8 - 10 dias depois, pode haver uma divisão do embrião em dois. Ficamos assim com um João e um Paulo? E qual deles é o João inicial? Ou temos agora um Paulo e um José? E o que aconteceu ao João? Há uma diferença grandíssima entre o estatuto de "vida" e o de "indivíduo", como se pode ver.
Mais, se os senhores do Blogue do Não acreditam mesmo nessas palavras façam uns outdoors a chamar assassinos aos vendedores e compradores da pílula do dia seguinte. E, claro, volto a bater nesta tecla, expliquem ao país como é que querem obrigar mulheres que são violadas a terem filhos da pessoa que mais odeiam.


O André tem razão quando diz que somos pouco populistas. Eu e os meus amigos temos uma piada grupal que é a lógica é só uma ferramenta. De facto, há gente que persiste em usar outras em discussões. Ferramentas que nos escapam permanentemente, e que impossibilitam o acto de comunicar com pessoas que não usam a lógica. Eu não consigo funcionar de outra maneira - embora isso possa ser útil para combater a hipocrisia do "não". Enfim, vamos lá ver se o país evolui dia 11 ou não.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Coisas que podem correr mal em 11 de Fevereiro

Confesso: não estou nada optimista quanto ao referendo sobre a IVG. Não acredito neste povo inculto, analfabeto e hipócrita. Não confio nos portugueses; acho-os demissionistas, conformados, pior, mesquinhos e ignorantes. Enquanto a campanha do Sim tenta apelar à razão das pessoas (erro terrível), explicando que o que se trata não é de aprovar ou condenar o aborto, mas de o despenalizar, e assim evitar que sejam julgadas e presas as mulheres que são obrigadas a ele recorrer, o Não acena com cenários apocalípticos de assassinatos em série de bebés, perfeitos para convencer os palermas, com fortissimas razões morais, o bem e o mal, que tão fundo calam em gente sempre pronta a apontar o dedo ao próximo, e com velhacos argumentos economicistas sobre o custo de uma IVG e o seu peso nos nossos impostos, melodia para os ouvidos de novos-ricos avarentos. A campanha do Sim mostra que, de facto, não conhece os portugueses, assim dando razão de forma paradoxal a uma acusação repetida da beatagem proibicionista. E a razão é mesmo a que a beatagem aponta: é composta por meia-duzia de intelectuais "da cidade", gente esclarecida e informada. Como podem conhecer o sentir do Portugal profundo? O que vai à Igreja, que fala mal dos vizinhos enquanto faz o mesmo que eles, que ostraciza o que é diferente, que mata por causa de disputas de terras, que bate na mulher e nos filhos, que expulsa os "paneleiros" da terrinha, que vota no que o sr. padre manda? Na minha opinião, melhor faria o Sim se jogasse no mesmo tabuleiro, a ver se abria os olhos dessa gente, usando slogans que eles (talvez) percebessem, assim como: "Já perguntou à sua mãe quantos abortos fez?", ou "Tem a certeza que a sua filha nunca abortou em Badajoz às escondidas?".

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Desenho de Maturino Galvão Posted by Picasa

I - Castoriadis: A emancipação é obra de autopromoção permanente

" Trata-se de fazer ver às pessoas que só elas próprias possuem uma resposta possível, que só elas podem inventar, de que todas as possibilidades e as capacidades de organização da sociedade dependem tão-só delas próprias. Trata-se de revelar a soma de coisas absurdas e de falácias sobre as quais se apoiam todas as justificações do sistema actual, e de todo o sistema hierárquico-burocrático. Trata-se de destruir a ideia que o sistema é todo-poderoso e omnisciente, e também a tenaz ilusão que só os que governam " sabem " e " são capazes "- no momento onde é demonstrada a sua imbecilidade orgânica, a que eu chamo há muito a imbecilidade de função. Trata-se de revelar que não existe nenhuma instituição-milagre, que toda a instituição só vale pelo que as pessoas fazem - mas que existem instituições " anti-milagre "; por exemplo, que toda a forma política de representação fixa, rígida, estável ,separada se torna irresistivelmente uma forma de alienação política, o poder transitando dos representados aos representantes. A forma da revolução e da sociedade post-revolucionária não é uma instituição ou uma organização dadas uma vez por todas, mas sim, a actividade de auto-organização e de auto-instituição ".

In C. Castoriadis, Le Contenu du socialisme, págs. 323/366 . Ed C. Bourgois; 10/18

FAR

O Enforcamento - N. Oshima

domingo, 7 de janeiro de 2007

Sinais

 
Desenho de Maturino Galvão Posted by Picasa
 
Pintura de João Fróis Posted by Picasa

Sublinhados do último Expresso

"(...)um professor que não é capaz de substituir um colega durante uma aula, a quem não ocorre nada de útil para ocupar os alunos nesse tempo, é definitivamente incompetente e não está na escola a fazer nada."
Miguel Sousa Tavares

"A pena de morte é a fronteira entre a civilização e a barbárie."
Daniel Oliveira

"Ora, com um ano assim quem quer que ele continue? Por mim, foi a primeira vez que entrei em 2007. E, se puder sair, é já!"
Marques de Correia

Neo-Cons estrebucham

Neo-Cons americanos têm plano alargado para reconquista política global do Iraque.

GW.Bush parece ter enlouquecido edipianamente com o plano concebido pelo melhor amigo do pai...Daí tentar uma diversão manipulada por Frederik Kagan, do ninho dos Neo-Cons, o American Entreprise Institute


Vocês adivinham que com as edições On-Line dos grandes jornais do Mundo, mas o NYT e o Le Monde leio em papel, há uma poupança significativa e um aumento da capacidade de intelecção do sujeito, agora mais livre e com maior acesso a todas as grandes Informações?
Ora bem, no fantástico e emblemático TruthOut.Com. News Politics apareceu de madrugada um artigo de Robert Dreyfuss, intitulado " A vaga para lado nenhum: a viagem do Planeta Neo-Conservador para Bagdad (Novamente)". Trata-se de um artigo hard e muito trabalhado: revela que Bush promete mais do que pode, e foca o caso do grande plano do inquilino da Casa Branca para tentar salvar a intervenção dos EUA e aliados no Iraque, tudo realizado com os Neo-Cons escondidos a manipular ". Não têm hipóteses, claro.

G.W Bush tem alterado e misturado tudo, e provocado a Cia, os generais do Estado-Maior e o Partido Democrático. Quer tentar mudar tudo e enviar mais soldados para o Iraque para tentar debelar a Guerra Civil em escalada. Há mais de 100 páginas de análises e estudos sobre esta reacção de última hora de Bush-II. " Tendo sido clamorosamente maus e perdedores acerca do mais pequeno pormenor em relação ao Iraque nos últimos cinco consecutivos anos ", os neo-cons que andaram puxados pela trela de Rumsfeld e Cheney, " devem pagar pelos falhanços estratégicos a que nos conduziram ". observa Dreyfuss que se esfarrapou para colectar as Informações. Bush parece que não pensa assim e toca de promover, a ver vamos, mais um plano bombástico e exploratório dos Neo-Cons, desta feita concebido por Frederick Kagan: pelo menos mais 30 mil solados por 18 meses.

Mauzinho e com verve, Dreyfus diz que Bush deve ter" enlouquecido edipianamente pelo plano concebido pelo melhor amigo do pai, James Baker 3er", o célebre Iraq Study Group. Daí desvalorizar os avisos dos generais do Estado Maior General e seguir à risca, diz o jornalista," os pareceres do Neo-Con em Chefe, Dick Cheney, que caiu de acordo absoluto com a tese de Kagan em reforçar ao máximo as tropas no Iraque". " Claro que essa escalada no esforço de guerra não tem hipótese, porque isso está fora de questão, pois faria tombar os EUA em bancarrota, dividir os corpos das Forças Armadas e baralhar em perdição toda a questão da guerra no interior dos EUA, matando mais umas dezenas de milhares de iraquianos".

FAR

sábado, 6 de janeiro de 2007

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Desenho de Maturino Galvão Posted by Picasa

Pasolini



Com a devida vénia ao ...bl-g- -x-st-

ÁRVORE


Hoje estou debruçado sobre o precipício da História
Preparado para voar em direcção à História
Mas não o farei, enquanto os meus pés forem sólidas
Raízes, e me nutrir da seiva da Terra, chamada
Impropriamente de Amor,
Enquanto me sentir frondoso verdejar de Ser
Florir efémero cores cheiros esperança
Não o farei, mas observo
O precipício em sonho liberto
Quando as minhas flores perderem a cor
Libertar-me-á um dia quando apodrecer

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Mambo 5

Bem menos vistas as coisas, este ritual de a cada x tempo existir uma marca para um novo/outro tempo, como se não fossemos a cada segundo infalivelmente outros na nossa estrutura biológica e psíquica, como se tivessemos que mendigar à imaginação o sermos diferentes e não o contrário, o podermos enfim manter alguma paisagem interior sem reposições de adesivos, enfim, esta história de suspirar pela mudança (como se não fosse essa a nossa condenação!!) pode apresentar-se como uma realidade um tanto ou quanto estranha, a alguém que não tenha percebido senão a constante alteração (o devir de Heráclito...) de tudo e de todos.
Mutantes que se julgam eternizados nalgum sintoma, em delírio por alguma diferença?
Uma vénia ao rochedo menos perecível, que oferece pouso.

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"Ena pá!... 2007"

"De Boliqueime veio um santinho montado no seu burrito, vestido de chita e algodão, troteando numa SCUT, em direcção a Lisboa, para fazer milagres, prodígios, sortilégios, magias, coisas maravilhosas de pasmar animais, vegetais e minerais. Encantamentos de fechar Hogwarts, envergonhada, e escancarar a Universidade Católica, libertando o mago da Economia e Finança para a cidade e o mundo (reduzido, depois da retumbante vitória no Euro2004, ao Portugal dos pequeninos). O eleitorado da estola de raposa ao pescoço via-o como um Prof. Alexandrino que distribuía firmeza e hirteza num país fraco das canetas para correr com os grandes, ou com os pequenos, e ainda com os médios. Simplesmente, não corria, mas também não parava quieto. Não permitia que o “empreendorismo” tomasse conta de todos os negócios lucrativos deixando para o Estado os ossos do prejuízo. Apostaram nele, como uma taluda garantida, e ele embicou o burrito para Belém. Do seu passado ficaram para a História as melhores cargas da polícia, em tempos democráticos, que em nada devem às vilipendiadas e repudiadas traulitadas da polícia de choque do regime fascista. Apesar da prodigalidade dos hematomas (e, pior, ossos partidos e balas no corpo) distribuídos aos desgraçados que tiveram o azar de andar pelos locais dos protestos, a sua índole seráfica e querubínica, de santinho milagreiro, nunca foi beliscada. (O cassetete democrático tem outro doer, que nos faz ver a luz sobre o nosso errado comportamento e não as estrelas, antes de desmaiar).

Não deixa de ser irónico, numa época em que os ditos valores morais e éticos saem pianinho quando uma carteira se abre, ou “fruta e rebuçadinhos” são atirados sobre a mesa, que seja preciso publicitar uma reserva de serafins e querubins na sociedade. Impolutos poços de cloreto de cádmio para caçar neutrinos. “Popeye” Doyle e Buddy Russo incorruptíveis contra… qualquer coisa. Elliott Ness ao cubo. Uns santos de fazer inveja aos santos encartados pelo Vaticano. Em Portugal, os seráficos são mais que as mães: o Palácio de Belém, a PJ, o Tribunal de Contas, a Direcção-Geral de Impostos, as Entidades Reguladoras & etc., os seus toques são superiores ao de Midas, porque produzem algo mais valioso que o ouro (ou, modernamente, o crédito bancário), irradiam idoneidade e honradez como estrelas no céu a guiar o nosso caminho. Desde o cimo até, mais ou menos, o meio da escadaria do poder existem uns seres e instituições em quem nós podemos confiar as chaves de casa. E o nosso Presidente ombreia com os melhores. O seu palmarés de prémios com designações germanófilas em prol do mundo livre é invejável.

Mas o maior serafim do mundo é obviamente Wbush, que introduziu a simplicidade da navalha de Occam na política internacional, definindo com objectividade inabalável o bad e o good. Um afegão morto é um taliban. Um iraquiano morto é um insurgente. Não se pode ser mais simples que isto. A sua cruzada tem contribuído em força para a evolução cultural da Humanidade. Nos últimos dias deu origem ao melhor motion-pictures de sempre. O pequeno filme sobre o enforcamento de Saddam é uma obra-prima que tornou redundante a ida ao cinema este ano. A cerimónia dos Óscares tem, por certo, já escolhido o seu vencedor. É claro que os chefões da indústria cinematográfica americana terão certa relutância em pegar na película por não ser possível fazer sequelas: "Saddam reloaded" ou "Saddam revolutions". O actor principal morre no fim, que chatice para o happy end e a formação moral das criancinhas, mas isso nunca foi impedimento para os criativos argumentistas de Hollywood, que darão a volta por cima com outras personagens como Barzan al-Tikriti ou Awad al-Bandar e uma fila de ex-dirigentes iraquianos que espera pela corda no pescoço. Filmado num documental estilo “Blair Witch Project”, mas fazendo parte do “Wbush Saint Project” para angelizar o mundo, passado à hora de almoço pelas televisões portuguesas, fez os homens de boa vontade beber mais coca-cola.

O porta-voz do Governo americano no Iraque, Mowaffak al-Rubaie, veio dizer que Saddam não foi humilhado no enforcamento. E tem razão. Do ponto de vista das pessoas sensatas o enforcamento é que foi humilhado por Saddam. Todos sabem que um enforcamento não se faz assim. Implica uma árvore com um ramo paralelo ao chão, meia dúzia de tipos vestidos à cowboy, o futuro enforcado deve estar montado num cavalo com as mãos atadas atrás das costas, e depois de uma breve prece cristã, um homem idóneo com uma estrela de xerife ao peito dará uma palmada na garupa do cavalo consumando a execução. No final vão comemorar para o saloon a morte de um outlaw e, ao som dos Bon Jovi na pianola, apalpar o rabo às dançarinas de can-can. E ouvem-se gritos de “drinks for all” e não “viva Moqtada al-Sadr”. Não restam dúvidas de que Saddam desprestigiou a sagrada instituição do enforcamento.

Em matéria de espanto longe vão os tempos do porco a andar de bicicleta. Depois de um paraplégico, o xeque Ahmed Yasin, dirigente espiritual do Hamas, ter sido morto com um míssil – podiam ter-lhe roubado a cadeira de rodas que ele morria de fome na cama, ou atirá-lo por uma escada abaixo, ou misturar-lhe polónio 210 nas papas, mas não, insistiram que fosse um míssil para o fazer em fanicos – e depois do maior criminoso do século XX, Henry Kissinger, ter passado ao largo da Justiça duas unidades astronómicas (300 milhões de quilómetros) é natural não se espantar com nada. E ainda mais é legitimo matar democraticamente (e não ditatorialmente) para satisfação da nossa alma anelante de liberdade. Este ano começa bem. Cavaco a exigir “progressos claros na educação, economia e justiça” e o filme do ano está visto. Ena pá… vai-nos sobrar muito tempo para viver com qualidade!"

Táxi Pluvioso

Com a devida vénia ao Pratinho de Couratos
 
Desenho de João Fróis Posted by Picasa

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

A Rússia de Putin: Como o novo KGB tomou de assalto o aparelho de Estado

Marie Iègo, correspondente do Le Monde em Moscovo, revela pormenores picantes da polícia política russa, que mudou de sigla seis vezes em 90 anos de maquiavélica desenvoltura...Três quartos da actual elite russa tem curriculum registado na antiga KGB, hoje FSB.

Ano Novo, vida Nova: será que a cena da blogosfera nacional está a dizimar a paupérrima qualidade da Imprensa lusa sobre Política Internacional? Tudo leva a pensar que sim. Isto é uma roda-viva de crescente qualidade: GLQ Limiano a postar textos de alta qualidade sobre as futuras presidenciais americanas; o 2+2=5 a levantar, exaustivamente, o véu das grandes manobras das presidenciais da Primavera, este ano em França; o Cinco Dias a imprimir reflexões ditirâmbicas e hiper trabalhadas sobre o futuro da política e dos partidos, com incursões ao real da cena mundial; e tudo o que, de muito meritório e gratificante, Francisco José Viegas, assinala em " A Origem das Espécies ", sobretudo em relação à transformação do Brasil em potência cultural e política de primeira grandeza. E tudo o mais não será nem deve ser esquecido...

Marie Iègo, que já conhecemos pela garra e coragem dos seus textos, escreve clicar aqui sobre a irresistível subida ao aparelho de Estado dos homens da antiga KGB, hoje FSB (Serviços Federais de Segurança). Que o antigo tenente-coronel kgbista, Wladimir Putin, não se cansa em promover, proteger e propulsar: como " órgãos democráticos do poder " e, por causa disso, a terem a primazia no mundo da política, da alta administração e dos negócios da opulenta Rússia dos anos 2000.

O FSB tem uma missão de contra-espionagem e destaca que, em cinco anos, mandou prender mais de duas dúzias de cientistas, que passaram para o exterior informações ditas " estratégicas". O PR russo estabeleceu o dia nacional do agente secreto, a 20 de Dezembro, data que celebra a sua criação em 1917, hoje marcada por cerimónias nacionais de homenagem aos melhores feitos realizados pelos ex-companheiros do número 1 do Kremlin.

" Desde há algum tempo, na Tv, nos romances, o herói popular apresenta os traços de um" agente " secreto. Não se acantonando de modo nenhum só na área cultural, o FSB estendeu os tentáculos sobre múltiplos domínios da sociedade, até às taxas do álcool, por exemplo, de que se ocupa directamente ", aponta a jornalista. E ainda mais: " Os seus membros estão representados em todos os escalões políticos no interior da administração presidencial, no governo e à frente das Regiões ". Segundo a socióloga Olga Krychtaovskaia, num livro sobre a " Anatomia da Elite Russa", acrescenta a jornalista, mais de 3/4 dos membros da élite no poder apresentam no seu curriculum traços de uma passagem nos "órgãos" ( KGB, FSB ou GRU). Recentemente foi inaugurada nos arredores de Moscovo, uma central da secreta militar (GRU), cujo custo rondou os 350 milhões de dólares.

Depois de passagens mais ou menos longas no FSB, na SRV ou na GRU, os agentes atacam as altas administrações das empresas e conglomerados, com recomendação especial do Kremlin, segundo a socióloga atrás mencionada. Por exemplo, na Gazprom, monopólio russo do gás e " instrumento político " do poder, 17 ex-membros do FSB/KGB figuram nos seus directórios de topo. " Vir do KGB ou ter conhecido o presidente na época em que este trabalhava na autarquia de St-Petersbourg são os dois critérios que conta para as nomeações ", frisa outro expert-sociólogo, Alexei Moukhine, autor de diversas obras sobre a classe dirigente russa.

Segundo revela a jornalista, a FSB intervém de forma capciosa na elaboração das leis sensíveis na Douma(Parlamento), como na que tentará obstruir o acesso de firmas estrangeiras nos sectores "estratégicos" da economia, ou na visando a restrição das actividades das ONG. Igualmente, o FSB recuperou o serviço de guardas-de-fronteira. E depois de 10 de Julho passado, pode intervir fora da Federação Russa, a pedido do Presidente. E não se sabe se este aumento de prerrogativas irá chocar com as do GRU e as da espionagem externa (SRV). E, talvez o mais sinistro ainda, o FSB passou desde esse dia a assegurar " a segurança dos sistemas de Informação e de Telecomunicação dos sectores vitais ", entre outros, a TV.

Marie Iègo nota que Ieltsin teve que " escolher " para PM um de quatro grandes espiões do antigo KGB - Serguei Kirienko, Evgueni Primakov, Serguei Stepachine e Putin - de acordo com a lição de que a salvação só poderia vir dos tchequistas, considerados como os mais honestos e dedicados ao serviço do Estado. " É neste contexto que Vladimir se impôs" face às marionetes do " capitalismo de rapina ", postula.

FAR

Sinais

 
Desenho de Maturino Galvão Posted by Picasa

Economia Mundial: USA e Ásia do Sudeste qualificam procura e investimento a crescer para 2007

Ontem, 3 de Janeiro de 2007, o NY Times deu a palavra a Ed Yardeni, um dos maiores economistas do Mundo, com passagens na chefia do Deutsch Bank e na dos consultores ultra- sofisticados, Prudential-Bache Securities e E.F.Hutton. O pior é se se não vive naquela área fulcral e dominante...Porque até 2010 o preço do barril não cairá abaixo dos actuais 60 dólares.

Está tudo numa boa. Se vive nos States ou nas Costas do Pacífico, entre a China, o Japão e a Tailândia. Pelo Menos. Tudo aponta para um crescimento sustentado e bem calibrado para este ano que agora desperta. É o que nos diz um dos maiores economistas do Mundo, Ed Yardeni, em entrevista sensacional para o NYT realizada por Daniel Altman, para a apologética coluna, " Gestão da Globalização ".

Ed Yardeni com uma calma olímpica assegura, em relação à economia da União Europeia, que o boom previsto parece ainda incrementar a economia da UE, porque " esta está beneficiando de um importante fluxo exportador para a Ásia ". Outros países, diz ele,"tiram partido da globalização ".

Yardeni diz que está tudo louco, em boas palavras lusas. Porquê? " Porque o crescimento mostra-se imparável. Aparecem concorrentes para todo o tipo de negócios. O crescimento não pode parar. A opção ganhadora é colocarmo-nos um ou dois degraus acima da competição, como sempre tinha acontecido... Os rivais estão espalhados por todo o Mundo. Empreendedores, investidores e consumidores estão saturados de Informação, e em conjunto devemos gerir tudo isso, daí podermos vir a ter a possibilidade de controlar o que poderemos fazer e ganhar".

" Penso - sublinha Ed Yardeni - que a maior lição destes últimos anos é que a globalização está a incrementar a prosperidade. Colectivamente, penso que queremos assegurar em contínuo o vigor dessa projecção ". Porque, tinha sinalizado no início da entrevista, " existem um conjunto de sinais e o grande crescimento económico, em potência, esta a ser liderado não só pelos USA como pela forte procura e investimento da Ásia ". Para rematar, in fine: " O boom económico parece estar ainda mais bem lançado e assegurado este ano ".

Managing Globalization, by Daniel Altman in NY Times, 3. O1 2007

FAR

Foto de José Carlos Mexia

Da série Sevilha Posted by Picasa
Alceu Valença - Vou Danado Pra Catende (1975)

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

ONU- o principio do fim?

O novo secretário-geral da ONU, Ban-Ki-Moon, não condenou o enforcamento de Saddam, rompendo com a posição histórica da organização de condenação sem reservas da pena capital. Sinal dos tempos, as Nações Unidas aderindo à realpolitik, ou a confirmação de que ainda vamos ter saudades do brando e mole Kofi Annan, a verdade é que o coreano que agora toma conta dos destinos desse anacronismo utópico herdeiro do velho sonho de uma comunidade de nações livres, parece lá estar exactamente com esse propósito: o de acabar de vez com ele.
Eu ia escrever sobre o aviltante espectáculo do enforcamento de Saddam Hussein; acontece que já está tudo escrito aqui.

Cesariny (2)


PASTELARIA

Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante-
ele há tanta maneira de compor uma estante

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos
frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir
de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

 
Desenho de João Fróis Posted by Picasa

De uma festa de casamento no último dia de 2006 (2)

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De uma festa de casamento no último dia de 2006 (1)

 
 
 
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VI - Caso Litvinenko: Uso do veneno radioactivo foi escolha" genial e perversa"

A experimentada correspondente do Libération em Moscovo, Lorraine Millot inclina-se para a tese de terem sido os s.secretos russos, FSB, numa de mostrar serviço e meter medo que aspergiram umas moléculas do Polónio 210 numa bebida do seu antigo companheiro. Todo o mundo espera as revelações da Scotland Yard, o mais depressa possível...

A famosa e experimentada correspondente do Libé na capital russa desvenda mais algumas sequências do assassinato do agente secreto russo, Alexandre Litvinenko, refugiado em Londres. A jornalista ouviu um parecer de um físico eminente, Peter Zimmerman, do King´s College , que frisou ter sido " uma opção genial e perversa " o uso do Polónio 210 para o primeiro assassinato radioactivo do Mundo.

Lorraine Millot garante, segundo a explicação avançada pelo físico atómico inglês, que uma vez absorvido pelo organismo o Po-210, na base de um micrograma, provoca radiações devastadoras." Chegado ao aparelho intestinal de Litvinenko, o polónio matou rapidamente as células das paredes dos intestinos, que se soltaram, provocando náuseas, diversas hemorragias internas e dores enormes. Foi como se esses órgãos internos tivessem sofrido golpes de sol, e pelado ".

A veterana jornalista francesa revela ainda que o polónio está à venda livre nos EUA, mas com teor mais baixo. E indica, sem medo, que tudo o que se sabe do inquérito promovido pela S.Yard e as autoridades russas, cada uma de per-si, " parece apontar para a inculpação dos serviços secretos russos, rebaptizados FSB, que consideravam Litvinenko um traidor, merecendo os piores flagelos. Neste caso, a escolha de um veneno tão espectacular obedeceria ao propósito de celebrar a potência restaurada dos serviços s. russos, lançar o medo e ainda intimidar todos os outros renegados ".

A Justiça russa anunciou, na última semana de 2006, que um antigo homem da confiança de Khodorovsky, das ex-refinarias Youkos, Leonid Nevzline, poderia estar implicado no assassinato de Londres. E requereu também a possibilidade de ouvir Boris Berezovski, o multimilionário e ex-amigo de Putin, e de Akhmed Zakaiev, líder dos independentistas tchetchenos.


FAR

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007