segunda-feira, 12 de setembro de 2005


Modelos de Rubbish Fairy/Matilde Lea


José Pinto Sá

domingo, 11 de setembro de 2005

Quatro anos depois...


Quatro anos depois o terrorismo tornou-se mundial, a guerra alastrou ao Médio Oriente e o confronto é directo, como queria Bin Laden e provavelmente também Bush. Quatro anos depois temos leis mais restritivas, menos liberdades e maior controlo policial, como queria Bush e provavelmente também Bin Laden. Quatro anos depois os ocidentais têm medo que uma bomba lhes rebente no subsolo e os orientais que uma lhes caia em cima, tornou-se normal dizermos que "estamos em guerra", tornou-se moda desejarmos "líderes fortes" em vez de mais Democracia; no ocidente a Esquerda está em crise, no oriente toda a Democracia está em crise, os fundamentalistas islâmicos e cristãos ganham terreno; a economia está em recessão (menos na América), o petróleo triplicou de preço, os texanos e os sauditas estão ricos; a Europa está mais fraca e dividida, a América mais arrogante e o Irão mais isolado. Quatro anos depois Bin Laden e Bush são os grandes vencedores e nós, o povo que não se reconhece, os perdedores. O projecto Bin Laden e o projecto Bush são curiosamente coincidentes: Bin Laden quer expulsar os americanos da Arábia, provocar regimes islamitas e, numa segunda fase, eventualmente lançar a jihad mundial- para isso, nada melhor que uma América arrogante; Bush quer expandir ao limite o poder da América, ou melhor, daquilo que a América é símbolo e guardião, a fase imperial do capitalismo- para isso, nada melhor que uma ameaça. Infelizmente para todos nós, o mundo está pior desde o 11 de Setembro, mas não para todos: menos para aqueles que partilham os projectos de Bush ou Bin Laden.

Foi há quatro anos


NY, 2001, 9/11

Sabes quantas pessoas me dizem que as tuas ilustrações são cada vez mais belas e doces?




Exposição de ilustrações de Ivone Ralha

Este foi o dia 1.
Pode ser vista até 15 de Outubro, no Seixal.



















José Pinto Sá

Crawford, Texas

Vai ver se chove, disse ela.
Não me fales na Duras, retorquiu ele, mergulhado na leitura do “Ciclone na Jamaica”, a perguntar-se como é que a pequena Emily fora capaz de ter aquele relampejo da consciência de si, aos setes anos, tão mórbida a miúda a pensar já na morte dos pais e ela sozinha no mundo.
Sweet Heart, esta Emily tem alguma coisa a ver com a Dickinson?
Os olhos juntinhos piscavam, matreiros.
George! exclamou ela. O “ Ciclone na Jamaica” é do Richard Wright.
Tens a certeza? E os olhinhos, enviesados, batiam na cana do nariz; uma cana espertaça que disfarçava bem a saliência da arcada supraciliar encimada por um alpendre aberto a que os mais chegados chamavam testa.
First Lady, insistiu, esse Wright não era um escritor negro e homossexual, ainda por cima cheio de outras manias?
O menino está a perguntar ou a afirmar?
Afirmo, claro. Quer dizer, I mean, pensava de que…
Tens razão, George. Enganei-me, disse ela.
Pronto, assim fico mais descansado. E achas, também, que a garota não tem nenhuma relação com a Dickinson? That’s for sure?
Laura, fingindo desatenção, temperava com sal e ervas aromáticas os bifes para o churrasco. Estava agastada com tanta pergunta.
O menino deve seguir à risca o programa de leituras que lhe foi preparado pelo departamento de educação. E lembre-se do que lhe disse o Karl…
O Marx?
Não, o Rove, my little donkey... Quando voltarmos à Casa vou dizer-lhe que já sabes pronunciar “Duras”, “Dickinson” e “Jamaica”. Tenho a certeza de que o Karl vai bater palmas de contente. O sorriso de Laura era tão maternal que ele deu um pulinho na cadeira de baloiço e inclinou a cabeça para a frente, à espera da festinha no cabelo, o livro aberto entre as pernas. Mas Laura permaneceu onde estava.
E porque é que ele me indicou este livro, com um título tão ventoso?
Laura deu uma gargalhada, grávida de compreensão e ternura.
Então, o menino não viu o boletim meteorológico?
Era preciso? Ninguém me disse para o fazer. Mas, prontos… Quando achares que já li o suficiente deste aqui, passas-me esse, tá?
Não fiques impaciente. Já sei que estás há quatro dias…
…Cinco!
… Ok, cinco, a ler.
Tem sido de mais, Laura! Olha ali, o carrinho do golfe a enferrujar…
Não percebeste nada, little boy…
Não me fales na bomba atómica, Laura! Olha que estamos de férias!
Pronto, disse ela. O Karl, previdente como é, está a preparar-te para o que vem aí…
Vem aí alguma coisa?
Se tivesses lido o boletim meteorológico já sabias.
Estou com fome.
Vem aí um ciclone, George.
Ah, já percebi: um ciclone na Jamaica!
Antes fosse…
Em Crawford?! Laura, não me faças rir. Achas que a segurança deixava?!
Sabes, George, continuas a ser um menino da mamã…
Yah, Yah, mammy, mammy, mammy!..
Laura encara-o com a severidade de uma mestre-escola. Martela as palavras.
Um ciclone no Louisiana, Mississipi, New Orleans, Bâton Rouge.
Laura, please, não me venhas com mais nomes. Não me estragues as férias.
Ouviste bem os nomes que acabei de pronunciar?
Olha, tu!... Julgas que não sou capaz, é?!... Lá porque foste bibliotecária e trabalhaste…
Se calhar vamos ter que interromper as férias, George. As previsões são as piores. O Karl até já está a preparar o discurso …
Agastado, George levanta-se.
Já sabia! Deixo-te fazer o churrasco e o resultado é sempre este!
Bate com a mão na testa, contendo a fúria.
George!
As sombras do crepúsculo desciam sobre Crawford, Texas, enquanto a figura bamboleante de George se recolhia sob o alpendre.

Luís Carlos Patraquim

"Savana"/ À esquina do tempo

sábado, 10 de setembro de 2005

Baby, take your teeth out

Baby take your teeth out
Try it one time
Baby take your teeth out
Try it one time
Leave 'em on the kitchen table

Baby take your teeth out
It'll be fine
Baby take your teeth out
It'll be fine
There ain't nothin' left to smile about

Baby take your teeth out
You look divine
Baby take your teeth out
You look divine
Go ahead and eat the label

Baby take your teeth out
I will recline
Baby take your teeth out
I will recline
There ain't nothin' left to talk about
*
Frank Zappa
1984

Jovens criadores (1)




Caroline Coelho e Yorain

João Leão Neves

sexta-feira, 9 de setembro de 2005

O 17 de Setembro



Senhoras e senhores, fraternos companheiros, camaradas e amigos: é com todo o prazer que anunciamos que os míticos Los Santeros já regressaram da sua tournée do sul do Pacífico e que se preparam para uma inesquecível apresentação no Barreiro, a 17 de Setembro, no Largo dos Penicheiros. Será um evento imperdível onde, entre outras atracções, os mexicanos loucos irão estrear a sua primeira música nova em 15 anos (!). Nós, que os conhecemos de outros carnavais, estamos em condições de garantir que um espectáculo dos Santeros é uma experiência inesquecível de gozo, luxuria e decadência, que vale bem a pena a passagem do rio para a terra cinzenta. Fontes bem informadas garantiram-nos também que após este show irão actuar em Outubro no festival Barreiro Rocks, após o que se lançarão novamente à estrada, desta vez em terras espanholas. Nessa altura avisaremos.

E se, de repente, alguém lhe desse música?

Com o mês de Setembro já na sua segunda semana, há que ganhar algum fôlego para continuar em frente. Depois dos incêndios e da silly season, temos de nos preparar para a queda da folha e dos pingos de chuva. Se não vierem, sempre temos o British Bar como alternativa. Portanto, eis algumas propostas sonoras, porque de poesia está o blogue cheio.
*
Há quem diga que quem gosta de reggae prefere cannabis e a malta do ska vai mais para as anfetaminas. Este grupo é anterior a todas essas ondas. Gostavam era de cognac, que bebiam nos intervalos das suas actuações. Eram as famosas soirées nos hotéis, até altas horas da noite. Era o que estava a dar na época. São The Skatalites. É música jamaicana do início dos anos 60, que vai desde o ska-jazz instrumental ao rocksteady. Quem não os conhece ficará por certo surpreendido. Já passaram por cá. Completamente intemporal. Para dançar ou abanar o dedo, do pé ou da mão. Se gostar, seja rebelde. Mexa os dois.
*
In the Heart of the Moon é um disco novo da dupla Ali Farka Touré & Toumani Diabaté, lançado este verão. É um disco instrumental, de dois músicos do Mali. O primeiro é um veterano e também é conhecido como o John Lee Hooker africano. Toumani Diabaté é mais novo. É um exímio tocador de kora, uma espécie de harpa, muito comum na costa ocidental de África. Um bom disco de música africana, dançável apenas mentalmente. Um chillout muito especial.
*
Este é um oldie, but goldie. É um dos melhores discos dos Hawkwind, ainda com a formação inicial.Um dos álbuns mais tripados da época. Space Ritual é o paradigma do idealismo da contracultura que marcou os finais dos anos 60 e início dos anos 70. É um ábum ao vivo, gravado em Dezembro de 1972, que mostra toda a força da banda quando se apresentava em palco. E como estava tudo em altas vibes, por vezes até se esqueciam de parar de tocar. Coisas de freaks. Era um dos grupos preferidos das gangs dos ácidos da época. Também em Moçambique tinha o seu clube de fãns. O disco revela o seu som único, muito espacial, psicadélico e com garra. É raro nas lojas de discos mas encontra-se disponível nos melhores sites de música da net. For free!
*
Por último, algo de novo, também lançado este verão. Stephen Malkmus, o antigo líder dos Pavement, aparece desta vez com Face the Truth, o seu terceiro disco a solo, desde a interrupção/separação do grupo. Malkmus cria definitivamente um espaço próprio na selva dos newcomers da cena indie. O seu background como cantor/compositor/guitarrista dos Pavement, deu-lhe créditos importantes na sua actual carreira. Para quem não sabe, os Pavement eram uma banda muito mimada pela imprensa inglesa e norte-americana da especialidade. Tenho a impressão que os mimos continuam. Mas o disco Face the Truth é bom. É um disco adulto, de um músico conhece o seu métier. Enfim, alguém que nos sabe dar música.

Lá fora está chovendo


Lá fora está chovendo
E mesmo assim eu vou correndo
Só pra ver o meu amor...

Ela vem toda de branco
Toda molhada, despenteada, que maravilha!
Que coisa linda, o meu amor...

Vinicius de Moraes

Amanhã, Sábado, o encontro é na Veneza da Margem Sul




Bora ver a exposição da Ivone!




Seixal, 17h e 30m, 10/09/2005, Galeria de exposições Augusto Cabrita

José Pinto Sá

7 de Setembro

Sete de Setembro de 1974. Nessa tarde, eu andava pela Baixa de Lourenço Marques, a passear, de máquina fotográfica na mão. Tinha voltado há pouco a Moçambique, estava desempregado e deambulava pela cidade em polvorosa. Quando o tiroteio começou, achava-me a meio da pequena rua que liga a ex-Avenida da República (actual Av. 25 de Setembro) à Rua Joaquim Lapa, com o Prédio Nauticus à direita. Os primeiros disparos soaram nas minhas costas. Elementos de uma companhia de comandos portuguesa, de passagem por Lourenço Marques, no processo de ser evacuados para Lisboa, andavam pela cidade, armados e em desmando total. Tinham-se entrincheirado por trás dos automóveis estacionados na Av. da República, diante do edifício colonial que hoje acolhe a Biblioteca Nacional, e abriram fogo sobre o prédio do jornal Notícias, ocupado pela Frelimo. De lá dos sacos de areia empilhados à porta, os guerrilheiros responderam ao fogo, de imediato, e a pequena rua transformou-se numa pista de tiro. De um lado, as G3, do outro, as Kalashnikov. Havia muita gente na rua àquela hora; as pessoas corriam em todas as direcções, várias foram atingidas e caíram. Atirei-me para baixo de um camião estacionado e tentei desaparecer pelo alcatrão dentro. Um homem negro juntou-se a mim, debaixo do camião. Andaria pelos cinquenta anos, seria contínuo de repartição. Não parecia particularmente assustado. Aproveitando uma pausa no tiroteio, queixou-se dos atrasos que antevia no regresso a casa. Os machimbombos iam estar ainda mais lotados que o costume, com toda a gente a querer fugir da Baixa. Depois o fogo recomeçou, e ele calou-se e tentou também fazer-se pequenino. Das rajadas, os estrondos ecoavam nas fachadas dos prédios, mas as balas só eram perceptíveis quando passavam a zunir aos ouvidos, faiscavam no alcatrão, ou estilhaçavam uma montra. De vez em quando, o tiroteio parava. Trocavam-se carregadores e insultos:
- Turra do caralho!
- Colonialista! Filho da puta!
As pessoas aproveitavam estas pausas para tentarem pôr-se a salvo. Às vezes, o tiroteio retomava, entretanto, e elas eram atingidas e ficavam caídas no meio da rua. A troca de tiros arrastou-se durante algum tempo, até que as autoridades portuguesas enviaram paraquedistas para o local e lograram convencer os comandos a retirar. As ambulâncias chegaram e começaram a recolher feridos e mortos. Eu tinha feito algumas fotografias, até o rolo se acabar, e decidi levá-las à revista Tempo, onde a minha irmã Maria era secretária da redacção. (Era a Tempo do tempo do Mota Lopes, do Mendes de Oliveira, do Ricardo Rangel, do Kok Nam...) Eles publicaram as fotos e perguntaram-me se queria ser jornalista. Eu, que sempre tinha querido ser pintor mas estava desempregado, disse que sim. Trinta e um anos depois, ainda é assim que ganho o Cerelac do puto. O 7 de Setembro marcou uma viragem na história de Moçambique, e na minha vida também. Trinta e um anos depois, tudo mudou, Moçambique e eu. E Moçambique em eu, como diria o Mia... Tudo mudou. Para ser honesto, nem sequer posso jurar que este tiroteio, ali, comigo presente, se passou a 7 de Setembro. Pode muito bem ser que fosse a 21 de Outubro, quando o Governo de Transição tomou posse e os colonos deram o derradeiro estrebucho, que ainda custou milhares de vidas. De facto, já não posso jurar se foi a 7 de Setembro ou a 21 de Outubro. Podia ir confirmar, remexer papelada, levantar pó... Deixa estar! Fica o relato factual. Um dia destes levanto-me daqui e vou confirmar a data. Depois digo.

José Pinto Sá

quinta-feira, 8 de setembro de 2005

Sondagem: Cavaco pode bater Soares logo na primeira volta


Se as eleições fossem hoje Cavaco Silva poderia ganhar a corrida às presidenciais, logo na primeira volta.

Numa sondagem da Universidade Católica para a RTP e jornal Público, o ex-líder do PSD tem 49% das intenções de voto e Mário Soares fica-se pelos 32%. Esta diferença de 1%, podia dar a Cavaco a presidência da república de bandeja.

O líder do PCP, Jerónimo de Sousa, fica com 11% das intenções de voto e Francisco Louçã, 7%.

Numa eventual segunda volta, a vitória de ex-líder laranja era esmagadora: 65% para Cavaco Silva e 36% para Mário Soares. Um diferença de quase 30%.

A sondagem mostra ainda que 36% dos inquiridos estão convencidos de que Cavaco será o vencedor e apenas 23% pensa que Soares regressará a Belém.

A sondagem foi realizada nos dias 6 e 7 de Setembro, através de 961 inquéritos telefónicos, a margem de erro é de 3,2%. A margem de confiança é de 95%.

Modelos de Rubbish Fairy/Matilde Lea

José Pinto Sá

João Leão Neves

Post demasiado pessoal

BEIJO

Um beijo em lábios é que se demora
e tremem no abrir-se a dentes línguas
tão penetrantes quanto línguas podem.
Mais beijo é mais. É boca aberta hiante
para de encher-se ao que se mova nela.
É dentes se apertando delicados.
É língua que na boca se agitando
irá de um corpo inteiro descobrir o gosto
e sobretudo o que se oculta em sombras
e nos recantos em cabelos vive.
É beijo tudo o que de lábios seja
quanto de lábios se deseja.

Jorge de Sena

quarta-feira, 7 de setembro de 2005


Modelos de Rubbish Fairy/Matilde Lea

José Pinto Sá

Onde estava você a 7 de Setembro de 1974?

Faz hoje 31 anos que foi assinado o acordo de Lusaka entre Portugal e a FRELIMO. As conversações que decorreram entre 5 e 7 de Setembro de 1974, prepararam o processo de descolonização, e fixaram a independência para 25 de Junho de 1975.

Desde o dia 5 de Setembro que Lourenço Marques era palco de diversas manifestações de apoio à FRELIMO. No estádio da Machava, as negociações eram acompanhadas por milhares de pessoas em clima de festa. Era um comício contínuo. Foi organizado por sectores ligados à Frelimo, e apoiado por grupos de esquerda da capital, tais como os Democratas de Moçambique, o LEMA e a Associação Académica de Moçambique. Mas, à direita, as posições extremavam-se e tentavam travar o processo que conduziria Moçambique à independência. Muitos que não concordavam com o rumo que estava a levar a história, tentavam uma solução tipo Rodésia. A 7 de Setembro de 1974, adeptos do FICO, militares portugueses, muitos brancos e alguns negros ocuparam no Rádio Clube de Moçambique. Auto-denominavam-se Movimento Moçambique Livre, e atribuíam a sua revolta directa ao arrastar pelo chão de um bandeira portuguesa na baixa da cidade por simpatizantes da Frelimo. Mas, em causa, estava mesmo o acordo de Lusaka e a inevitabilidade da independência a 25 de Junho. Uma enorme multidão concentrou-se em frente à RCM. Foi o começo de 4 dias de conflitos. Um grupo de revoltosos assaltou a Penitenciária, e libertou todos os presos. Entre eles estavam vários agentes da PIDE/DGS. Alguns grupos chegaram mesmo a controlar os CTT e o Aeroporto. Em Lourenço Marques, a única cidade onde se registaram incidentes, o saldo foi trágico. Os confrontos e ataques entre os revoltosos e os apoiantes da Frelimo causaram um número indeterminado de mortos. Não há números certos, mas poderão ter morrido entre 300 a 1.500 pessoas.

Em Lusaka, as delegações de Portugal e da FRELIMO mantiveram o acordo. A 12 de Setembro chegou a Lourenço Marques o Alto-Comissário português, Vítor Crespo, e no dia seguinte, pisaram o solo da capital os dirigentes da Frelimo que iriam integrar o Governo de Transição. A tomada de posse ocorreu a 21 Outubro. Tinha como Primeiro-ministro Joaquim Chissano.

Estes são os factos. Se os viveu nesta altura em Moçambique, conte-nos a sua experiência na primeira pessoa. Se não, diga o que pensa sobre tudo isto.


Carlos Drummond de Andrade (3)




As sem razões do amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.



Flower


Flower, flower grow for me,
Become a flower from a seed,
Grow your roots and a stem,
Let the water come right in

Flower, flower you are true,
You make me happy when I am blue,
You became a flower from a seed,
You did all that just for me

Olivia Taylor




Menina Flor

Luiz Bonfá - Maria Toledo
Am11 A6/9 Am11 A6/9
Am11 A6/9 Am11 A6/9
Menina flor, menina flor, menina flor, Menina flor, menina flor, menina flor
Dmaj7 F#dim E7/9 Em9 Gm6 Bm9/F# Bm7/F# Dmaj7 Fdim F#maj7
Mulher, menina flor, amor, primeiro amor, Esse o despertar de uma canção
Gdim G#m7 Gm6 F#6/9 Em7 A7/-9
Que ha dorme céu no coração, E hoje feira amor chegar, amor cantar
Dmaj7 F#dim E7/9 Em9 Gm6 Am6 B7/-9 Em7 Gm6 F#m7 Bm7 Em7 A11 Am6 B7/-9
Em7 Gm6 F#m7 Bm7 Em7 A11 A7/-9 Dmaj7 D6/9
A6 F#m6/9 B6/9 Bm7 Dm6 Dbm7 Amaj7 G#7 Dbmaj7
Mulher, menina flor, amor, primeiro amor, Esse o despertar de uma canção
Ddim Ebm7 G#7/6 Db7/9 F#7 Bm6 E7
Que ha dorme céu no coração, E hoje feira amor chegar, amor cantar
A6 F#m6/9 B6/9 Bm7 Dm6 Dbm7 F#7/+5 Bm7 Dm6 Dbm7 F#m7 Bm7 E7/4 E7
Dbm7/-5 F#7/+5 Bm7 Dm6 Dbm7 F#m7 Bm7 E7/4 E7 A6/9 A7 Dmaj7

Bossa Nova Guitar®, 1998-2001.

terça-feira, 6 de setembro de 2005

Vinicius (3)



SONETO DA ROSA TARDIA

Como uma jovem rosa, a minha amada...
Morena, linda, esgalga, penumbrosa
Parece a flor colhida, ainda orvalhada
Justo no instante de tornar-se rosa.

Ah, porque não a deixas intocada
Poeta, tu que és pai, na misteriosa
Fragrância do seu ser, feito de cada
Coisa tão frágil que perfaz a rosa...

Mas (diz-me a Voz) por que deixá-la em haste
Agora que ela é rosa comovida
De ser na tua vida o que buscaste

Tão dolorosamente pela vida?
Ela é rosa, poeta... assim se chama...
Sente bem seu perfume... Ela te ama...

Springsteen dissecado na Universidade


Bruce Sprinsteen vai ser o centro de todas as atenções a partir da próxima sexta-feira, em New Jersey. Não. Não são fãs, novos discos ou declarações contra George Bush. É um encontro de académicos na Universidade de New Jersey, que vai ter The Boss como o tema principal.
Pelo menos 150 papers vão ser apresentados no simpósio, tendo como tema os mais diversos aspectos da vida e obra de Sprinsteen. Eis alguns dos temas dos debates: “Uma perspectiva marxista do disco Darkness on the Edge of Town” e “The Boss e a Biblia”. A organização considera as letras das suas canções de grande qualidade, ao abordarem questões sempre pertinentes da sociedade norte-americana e destaca também o envolvimento do cantor em causas sociais e políticas. São esperadas cerca de 500 pessoas nos três dias do simpósio, que vai ter direito a um concerto inspirado, como não podia deixar de ser, nas músicas do Boss.

Bruce Springsteen não vai estar presente, mas espera-se uma afluência acima do normal, sobretudo feminina. O que levou a organização a criar um debate sobre ”Springsteen e o Feminismo”. Vai-se realizar em paralelo com outro debate subordinado ao tema “Springsteen está para New Jersey assim como o Pai Natal está para o Polo Norte”. Se puder, inscreva-se e dê lá um salto. Depois não se esqueça de contar como foi.

Micro-causas


Meus amores,
Este vaso é nosso!

segunda-feira, 5 de setembro de 2005

.....................Arma Secreta................


Tenho uma arma secreta
ao serviço das nações.
Não tem carga nem espoleta
mas dispara em linha recta
mais longe que os foguetões.

Não é Júpiter, nem Thor,
nem Snark ou outros que tais.
É coisa muito melhor
que todo o vasto teor
dos Cabos Canaverais.

A potência destinada
às rotações da turbina
não vem da nafta queimada,
nem é de água oxigenada
nem de ergóis de furalina.

Erecta, na noite erguida,
em alerta permanente,
espera o sinal da partida.
Podia chamar-se VIDA.
Chama-se AMOR, simplesmente.
*
António Gedeão

Quem disse que eles não andam aí?

Se ainda duvidam que os fascistas andam à solta, escrevem nos jornais, e têm um ódio de morte a Mário Soares, ao 25 de Abril e até a Afonso Costa (!!!) leiam este artigo de um tal J. M. Portugal no DN Online. Como alguém dizia, a retórica da Direita está de boa saúde, embora este seja um exemplo um pouco para o doentio.

Carlos Drummond de Andrade (2)


Amar

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma complexa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

domingo, 4 de setembro de 2005

Os dados estão lançados

Francisco Louçã, o único político português que admiro (muito devido a poses como esta) é o candidato do Bloco de Esquerda às presidenciais, vindo baralhar o sentido de voto do escriba. O que nos parece é que esta candidatura vêm confirmar que teremos duas eleições presidênciais numa só: aquela que vai escolher o Presidente da República entre Soares e Cavaco, e a continuação do duelo fratricida entre os irmãos desavindos da Esquerda. Neste aspecto, de admirar a coragem do PCP em lançar o seu secretário-geral numa campanha que se prevê tão bipolarizada, logo tão propícia ao voto útil, a obrigar o BE a responder na mesma moeda. Ganha a Democracia por ter várias figuras de primeiro plano e de peso político inegável na campanha, esperemos que se aproveite para debater o que interessa em vez dos habituais ataques e fugas para a frente. Infelizmente o professor de Boliqueime nunca se distinguiu pelo sentido democrático e de debate. Veremos. A candidatura de Louçã despertou comentários sui generis por essa blogosfera. Então não é que os mesmos que ontem acusavam o BE de ser proto-estalinista, de ser uma clique de amigos onde mandam sempre os mesmos, de não se renovar, são os que hoje dizem que o facto de ter havido oposição interna à nomeação de Louçã prova que o Bloco é um partido igual aos outros, e falam mesmo do início do seu fim? A coerencia e o ódio ressabiado de facto nunca rimaram. É que há mesmo quem diga que o objectivo de Louçã é a derrota de Soares, o único lider da Esquerda capaz de levar o BE para o governo. Mas eles lá sabem!

"Eu amo o Longe e a Miragem"


Foto de Francesca Pinna

sábado, 3 de setembro de 2005

Maputo? Nairobi? Conacri? Não!
Nova Orleães, EUA, Setembro de 2005

We'll always have the blues from Bourbon Street, New Orleans

There’s a moon over bourbon street tonight
I see faces as they pass beneath the pale lamplight
I’ve no choice but to follow that call
The bright lights, the people, and the moon and all
I pray everyday to be strong
For I know what I do must be wrong
Oh you’ll never see my shade or hear the sound of my feet
While there’s a moon over bourbon street

It was many years ago that I became what I am
I was trapped in this life like an innocent lamb
Now I can only show my face at noon
And you’ll only see me walking by the light of the moon
The brim of my hat hides the eye of a beast
I’ve the face of a sinner but the hands of a priest
Oh you’ll never see my shade or hear the sound of my feet
While there’s a moon over bourbon street

She walks everyday through the streets of new orleans
She’s innocent and young from a family of means
I have stood many times outside her window at night
To struggle with my instinct in the pale moon light
How could I be this way when I pray to God above
I must love what I destroy and destroy the thing I love
Oh you’ll never see my shade or hear the sound of my feet
While there’s a moon over bourbon street
*
Sting


Lembrar a fonte de inspiração que a cidade se tornou para a cultura mundial é também prestar homenagem aos milhares que sofreram e sofrem com os efeitos do furacão Katrina. Esperamos não um regresso à normalidade, mas ao regresso a melhores dias, pois o mundo ficou a conhecer uma realidade social na cidade e no Estado completamente assustadora. Direi mais: uma vergonha.

AS FALAS DOS PARENTES *



exposição |
IVONE RALHA

10 de Setembro de 2005 (sábado), 17.30 horas | Galeria de Exposições Augusto Cabrita

A exposição estará patente ao público até 15 de Outubro de 2005

Quinta dos Franceses 2840-499 SEIXAL, tel.: 210 976 105 fax. 210 976 106 e-mail: dac@cm-seixal.pt

* Ana Paula Tavares, A Cor das Vozes, in A Cabeça de Salomé, Caminho, 2004

Langston Hughes

I, Too, Sing America

I am the darker brother.
They send me to eat in the kitchen
When company comes,
But I laugh,
And eat well,
And grow strong.

Tomorrow,
I'll be at the table
When company comes.
Nobody'll dare
Say to me,
"Eat in the kitchen,"
Then.

Besides,
They'll see how beautiful I am
And be ashamed--

I, too, am America.

sexta-feira, 2 de setembro de 2005

Divisões raciais e de classe em Nova Orleães postas a nú pelo Katrina

Um excelente artigo do José Pestana, da Agência Lusa, sobre o caos em Nova Orleães e as questões de raça e classe.


A calamidade causada pelo furacão Katrina trouxe à superfície as divisões raciais e de classe que continuam a ser uma característica da sociedade norte-americana.


Se é verdade que as câmaras de televisão podem distorcer a verdade ao concentrarem-se num aspecto de uma realidade mais vasta, em Nova Orleães não se pode contornar o facto de serem negros e pobres a esmagadora maioria dos deslocados que não têm para onde ir. Centenas, senão milhares, de norte-americanos de todas as raças perderam os seus haveres e familiares em várias zonas do Alabama e Mississipi, mas são as imagens da cidade de Nova Orleães com milhares de negros isolados, desesperados e em alguns casos a pilharem lojas, farmácias e lojas de armas de fogo que têm enchido os noticiários das cadeias de televisão, fazendo lembrar cenas até agora vistas em locais distantes como a Libéria.

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Isto reflecte claramente a pobreza da população negra nas grandes zonas urbanas dos Estados Unidos, tornada mais visível em Nova Orleães por ser uma das cidades norte-americanas onde a maioria da população é negra e onde 33 por cento da população total vive na pobreza. "Nova Orleães é uma cidade dividida em duas: uma relativamente rica, pequena, e bonita, que é predominantemente branca, e outra que é pobre, grande e feia e é quase totalmente negra", escreveu o comentarista Eugene Robinson.

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Dados estatísticos indicam, com efeito, que 67 por cento por cento da população de Nova Orleães é de raça negra. Das sete zonas mais afectadas pelas inundações, cinco são de maioria negra e a pobreza, aí, abrange 34,6% da população, segundo as estatísticas oficiais. Estes números, no entanto, não reflectem os altos níveis de pobreza em certos "bairros negros" da cidade afectados pelas cheias. Na zona central da cidade (Central City) que está debaixo de água, 87 por cento da população é de raça negra e 50 por cento vive na pobreza. Na zona de "Lower Ninth Ward" 98 por cento da população é negra e 36 por cento vive na pobreza. Em "Bywater" 61 por cento da população é negra e 39 por cento é pobre.

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A única excepção nesta tendência é o bairro de Gentilly Terrace onde 70 por cento da população é negra e o nível de pobreza é de 16%, um nível muito abaixo do dos outros bairros de maioria negra mas mesmo assim acima da média nacional de pobreza de 12,4 por cento.

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Quando se compara este quadro com o dos "bairros brancos" afectados pelas cheias, as diferenças são notórias. Assim, por exemplo, no bairro de Lakeview, submerso pelas águas, 94 por cento da população é branca mas apenas 5 por cento é considerada pobre. Houve destruição nessa zona mas os habitantes há muito que estavam em segurança noutras partes do estado ou do país, beneficiando de uma maior mobilidade dada pela sua maior riqueza e demonstrando que, ao contrário do mito, as tragédias naturais não tratam todos por igual. "Esta catástrofe serviu para deitar luz sobre a miséria e constitui um comentário infeliz sobre raça e classe," escreveu o comentarista Bob Faw

Reflectir sobre o caos (Parte II)

Devemos também reflectir mais uma vez sobre as consequências da nossa atitude perante o Ambiente sobre nós próprios, mais uma vez trágicamente expostas em toda a dimensão da catástrofe. Num excelente editorial no PÚBLICO de hoje, Nuno Pacheco diz tudo: "A destruição de Nova Orleães começou antes de o Katrina chegar (...) A falta de investimento no reforço dos diques (...), as políticas urbanísticas expansionistas à custa da destruição de zonas húmidas e do litoral, a extracção sistemática de gás e de petróleo, a contrução, em parte desordenada, de sucessivos nós de transportes ferroviários, rodoviários, marítimos, fluviais e aéreos muito fizeram para que se viva o drama presente (...) O Mississipi (...) viu o seu delta afundar-se cerca de 90 centimetros em 100 anos". Eis algo que intuitivamente reconhecemos: falta de investimento; destruição da zona costeira; extracção de matérias-primas; construção desenfreada- não vos lembra algo muito próximo? Não admira, o projecto é o mesmo em todo o lado, só mudando a graduação, que obviamente tem o seu auge nos Estados Unidos. Eis a realização do sonho capitalista, eis o projecto ultraliberal, eis o mito de que o mercado se auto-regula destruidos de um ápice por um vendaval de verdade.

Reflectir sobre o caos (Parte I)

No meio do caos e da devastação da maior tragédia urbana de que há memória não podemos vestir a máscara da solidariedade hipócrita quando ela só nos serve para não pensar, para tratar tudo como uma inevitabilidade. Temos de questionar. Temos de afirmar que está tragédia é um retrato da falência da América. Temos de dizer que esta tragédia põe a nú as brutais assimetrias sociais de uma sociedade: os ricos fugiram, os pobres, os milhares de pobres, não puderam fugir, e são eles que sobrevivem no meio do lixo, dos escombros, da urina e das fezes do Dome, são eles que fogem dos tiros, são eles que atiram, são eles que tentam salvar os filhos, os pais, os avós, que passam fome e sede. E são milhares, milhões, como sabe toda a gente que se informa sobre o que são realmente os Estados Unidos da América para além da propaganda e do irrealismo das luzes cinemáticas e televisivas. Este país tem uma taxa de pobreza na ordem dos 25% (superior, imagine-se, a Portugal); este país tem uma educação e serviço de saúde públicos miseráveis, enquanto quem pode pagar tem acesso ao que de melhor existe no mundo; este país não tem qualquer tradição de assistencialismo social, o que se reflecte em todo o processo pré e pós passagem do Katrina. E este é o país que uns querem tomar como modelo, inebriados pela força, pelo poder, pela opulência, pela aparência, esquecendo-se que não há sociedade sem pessoas e que estas deveriam ser a razão de ser daquela, e não o contrário.

Vinicius (2)

CANTO DE OSSANHA

O homem que diz "dou" não dá
Porque quem dá mesmo não diz
O homem que diz "vou" não vai
Porque quando foi já não quis
O homem que diz "sou" não é
Porque quem é mesmo é "não sou"
O homem que diz "estou" não está
Porque ninguém está quando quer
Coitado do homem que cai
No canto de Ossanha, traidor
Coitado do homem que vai
Atrás de mandinga de amor

Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Que eu não sou ninguém de ir
Em conversa de esquecer
A tristeza de um amor que passou
Não, eu só vou se for pra ver
Uma estrela aparecer
Na manhã de um novo amor

Amigo sinhô Saravá
Xangô me mandou lhe dizer
Se é canto de Ossanha, não vá
Que muito vai se arrepender
Pergunte pro seu Orixá
Amor só é bom se doer

Vai, vai, vai, vai amar
Vai, vai, vai, vai sofrer
Vai, vai, vai, vai chorar
Vai, vai, vai, vai dizer
Que eu não sou ninguém de ir
Em conversa de esquecer
A tristeza de um amor que passou
Não, eu só vou se for pra ver
Uma estrela aparecer
Na manhã de um novo amor

(...)
Os cokwe sabem da arca e dos animais, da loucura e do vinho e de como é deserta e plana a chama. Os cokwe continuam a esculpir rostos muito belos, plantados de escarificações onde fixam o tempo para ser eterno...

Marie Louise Bastin
Ana Paula Tavares, poetisa angolana. Pública

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

Afinal ainda há um optimista. É coreano.

Só mesmo os de fora é que têm uma visão optimista da Europa. Pelo menos há um. É coreano, economista, e gostaria de reencarnar europeu. Chegou a esta conclusão depois de conhecer os quatro cantos do mundo. Mesmo o facto de o pessimismo aumentar na Alemanha, França e Itália, não o demove. Para ele Europe is the greatest. A estória do coreano vem no Financial Times, que se esqueceu do pessimismo português. Pelo menos neste artigo.