
O 2+2=5 (i.e. quem nos visita) está convidado para uma festa em Zurique nos dias 16 e 17 de Junho.
E preparem-se para a que vem a seguir, em Lisboa. De 6 para 7 de Julho, com música ao vivo da rapaziada inquieta.

Se está farto de telelixo e de programas de qualidade duvidosa tem uma boa solução: desligue o seu televisor. Hoje é o dia de abstinência televisiva na península ibérica a favor de uma televisão de qualidade. A acção é organizada pela Federação Ibérica das Associações de Telespectadores, que organiza o protesto pela 11ª vez. Pretende pôr os cidadãos ibéricos a reflectirem sobre o tempo que gastam em frente ao pequeno ecrã, muitas vezes inutilmente. E então, qual é a alternativa quando à noite não tiver nada para fazer? O Pedro Abrunhosa dá-lhe a resposta. Coloque o álbum "Palco" na sua aparelhagem e escolha uma das duas versões da música com o título mais sugestivo. São longas, portanto, vá com calma. 
27 cafés com tradição literária de toda União Europeia vão assinalar hoje o Dia da Europa. Desta vez são os bolinhos e a literatura que comemoram um projecto que ainda está muito longe daquilo que todos esperávamos. Ou seja, a crise de legitimidade e de governabilidade continua a bloquear o projecto europeu. O grande salto que muitos pensavam que seria ser dado com o Tratado Constitucional fracassou. A crise instalou-se na França e na Alemanha, os países que sempre foram os motores do projecto europeu. Os novos desafios do alargamento estão a ser olhados com desconfiança, em especial a adesão da Turquia. As relações com os países árabes da região já conheceram melhores dias e a hegemonia dos Estados Unidos continua a fazer-se sentir mesmo em matérias em que os europeus dão cartas. Alguns países da União Europeia estão curiosamente mais próximos dos Estados Unidos do que da sua UE. Estou a referir-me principalmente aos ingleses, em particular a Tony Blair, que continua a apoiar a declaração de guerra de Bush. Muitas dessas regiões, agora em conflito, estão historicamente ligadas à Europa e algumas têm inclusivamente percursos comuns. Neste caso, a UE poderia ter um papel importante na imposição de negociações pela via pacífica, se quisesse. O que agrava este estado de coisas é que esta incapacidade do velho continente se impor acaba por colocar nas mãos dos ultraconservadores norte-americanos o poder da guerra. Esta impotência aflitiva revela que o nascimento de uma verdadeira União Europeia continua em stand by. Como resolver este imbróglio? Não sei. Vou até ao Martinho da Arcada beber um café, comer um pastel de nata e tentar falar com Fernando Pessoa sobre o assunto.
Este foi um fim-de-semana cheio de ruído político. Marques Mendes, o “feroz” opositor de José Sócrates, concorreu contra si mesmo nas primeiras eleições directas da história do PSD. Fantástico. A taxa de participação foi pouco mais de um terço, mas obteve uma votação esmagadora, superior a 90%. O que significa, ou pode significar, que quem não acredita em Marques Mendes não pôs lá os butes. Mas o que o novo/velho líder ficou muito satisfeito com a sua esmagadora maioria. Também Ribeiro e Castro veio dizer o mesmo. Para ele a esmagadora maioria foi de 56%. E os 42% do seu opositor não representam nada. Para quem foi eleito líder do CDS-PP pela terceira vez no espaço de um ano, 56% representam uma vitória sem margem para dúvidas. Mas os críticos, leia-se parlamentares, não lhe vão dar tréguas e ganham terreno. Mesmo quando são liderados por um puto da Juventude Popular, o tal dos 42%. Ele é o adversário de peso!
O Café Chave de Ouro está repleto. Estamos a 10 de Maio de 1958, a um mês das eleições para a Presidência da Republica. Primeiro acto público com a presença do Candidato Humberto Delgado depois de iniciado oficialmente o período eleitoral.
Comemoram-se agora os 150 anos do nascimento de Freud. Nunca nos últimos tempos se escreveu tanto sobre psicanálise e o seu criador. Freud virou objecto de culto? Talvez não. Parece mais o assinalar de uma efeméride importante na descoberta dos mistérios e da estrutura da mente humana. Pessoalmente nunca me interessei muito por Freud, nem acreditei muito na psicanálise. As terapias eram feitas a cru, em grupo, com muito álcool e outras substâncias defendidas por diversos ervanários da época. Estendia-se até aos cogumelos de Carlos Castañeda. Havia quem defendesse que "quem tem amigos não precisa do divã do psicanalista". Mas muitos de nós iam mais longe e estudavam os radicais. Sim, David Cooper, entre outros. Os seus livros eram esclarecedores quanto à morte da família ou como tratar de uma depressão através do LSD. Assisti a uma conferência de Franco Basaglia, o defensor italiano da antipsiquiatria, que explicou ao pormenor como decidiu abrir as portas do hospital psiquiátrico onde trabalhava. Fiquei surpreendido e pensei que talvez essa fosse a solução para muitos males sociais. Abrir as portas da percepção. Também Foucault estava em sintonia com os antipsiquiatras. Defendia que os loucos não sofrem de uma doença mas sim de opressão de uma sociedade que não os compreende. Esse era o pensamento de muitos os da minha geração, quando se falava em doenças mentais. Era radical? Pensava eu que sim, mas há quem defenda que não. Chantal Bosseur escreve no seu livro "Introdução à Antipsiquiatria" que a metodologia de Freud e a dos antipsiquiatras têm muitas analogias. Considera que o que Freud fez com os histéricos, os antipsiquiatras fizeram com os esquizofrénicos. Mais uma vez a teoria dos extremos que se tocam. Porra. Tantos anos de luta para chegarem a esta conclusão? Sinto-me um pouco depressivo. Mas prometo que não vou ao psicanalista.
Rezam as crónicas oficiais que o jornal Pravda (A Verdade) começou a ser publicado a 5 de Maio de 1917, tendo como seu fundador Lenine. No entanto, e como só a verdade é revolucionária, é mentira. Foi Leon Trostky, com mais dois companheiros, quem começou com o jornal, em 1908. A sua publicação era na altura feita em Viena de Áustria, para evitar a censura. O jornal era depois enviado para a Rússia. Tinha assumidamente um pendor social-democrata, muito virado para os problemas da classe operária. E foi devido a essa temática que rapidamente se tornou num jornal muito popular em toda a Rússia. Em 1910 foi transformado no órgão do Partido Social-Democrata Russo, mas em Abril de 1912 publicava o seu último número. Os bolcheviques trouxeram-no de novo para as bancas ainda em 1912, desta vez já em São Petersburgo. Encerrou de novo com o início da primeira guerra mundial. Reabre com a revolução russa de Fevereiro de 1917, já com uma forte carga ideológica bolchevique. Com a radicalização da luta politica passou a tomar posições muito próximas de Lenine e do Partido Comunista. Entre a queda da monarquia e o fim do chamado “período burguês”, o Pravda chegou a vender 100.000 exemplares por dia, um número que ainda hoje mete inveja. Cinco meses depois da Revolução de Outubro deixa São Petersburgo e muda-se para Moscovo. A partir daí passou a ser a publicação oficial do Partido Comunista da União Soviética, “fundado por Lenine”. Aguentou o seu monolitismo até 1991, altura em que Boris Ieltsin confiscou tudo o que era do Partido Comunista, incluindo o Pravda. O resto é história.
É a única ex-colónia portuguesa em que se pode realmente dizer que "foi descoberta pelos portugueses". O arquipélago estava deserto, como se pode compreender. Quando Diogo Gomes e o genovês António di Noli encontraram as primeiras cinco ilhas do arquipélago, a 4 de Maio de 1460, não sabiam que estavam a contribuir para tornar o mundo mais rico, na sua diversidade, na sua gastronomia e na sua cultura. As noites passaram a ser mais animadas e o ritmo nunca mais foi o que era. Além da hospitalidade daqueles que passaram a ser os naturais das ilhas, a música de Cabo Verde afirmou-se no mundo e começou a fazer parte dos hábitos de todos os amantes dos trópicos de dança. 