segunda-feira, 26 de abril de 2010

A 1 de Maio, no Maxime (1)

GRUPO DE TEATRO ENXADA MYSTIC

apresenta:

MARXIME-LENINIME

A MADRUGADA RUBRA – O MATERIAL TEM SEMPRE RAZÃO

AUTORIA: KARL MARXIME

TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: ALÍPIO SILVA MENDES SILVA

Com:

Pai – Ricardo Guerreiro

Mãe – Bruno Rosa

Filho – André Carapinha

Outro Filho – Carlos Alves

Narrador – Carlos Ramos

Narrador 2 – Pedro Enguiça

Burguês – Nélson Oliveira

Operário 1 – António Pinto

Operário 2 – Miguel Afonso

Da Capital do Império

Uma história da China

A acreditar no que se apregoa por toda a parte a China irá nas próximas décadas assumir o controlo do mundo. Só que isso não vai acontecer. É um mito, tal como na década de 1960 e 1970 havia o mito de que era o Japão que ia ultrapassar os EUA e tornar-se na grande potência mundial.
Em primeiro lugar há que dizer que o “milagre económico” da China não deve ser negado. É uma das verdadeiras provas dos benefícios da globalização e do realismo económico. Mas o sucesso da China está agora rodeado de mitos.
Exemplos:
1) Investimento estrangeiro. É verdade que a China se tornou num dos grandes pólos de atracção de Investimento Directo Estrangeiro. Mas em comparação com os Estados Unidos é uma ninharia. Em 2008 o Investimento Directo Estrangeiro nos Estados Unidos foi de 325.300 milhões de dólares. Uma subida de 37% em relação a 2007. Na China foi de 27.514 milhões uma queda de pouco mais de 27% em relação ao ano anterior. Mais preocupante para as autoridades chinesas é que o investimento directo estrangeiro está em queda desde 2005.
2) A economia da China está prestes a ultrapassar a dos Estados Unidos. Longe disso. Este ano é possível (não uma certeza) que a economia da China ultrapasse a do Japão. O que a acontecer a tornará na segunda maior economia do mundoou seja ... um pouco acima de um terço da economia americana.
Para além disso a economia americana também cresce. Quando a economia americana cresce 3% ao ano, a China só para não perder terreno tem que crescer 8%. Sendo a economia chinesa baseada nas exportações um estudo do Banco Mundial afirma que para manter o seu actual nivel de crescimento acima dos 8 por cento a China terá que duplicar a sua fatia das exportações mundiais nos próximos 10 anos. Isso não vai acontecer. “A dependência da China num crescimento baseado nas exportações é insustentável,” disse recentemente o Presidente do Banco Mundial Robert Zoelick.
Habituados que estamos em vêr as “lojas do china” em todo mundo a venderem relógios, sapatos, televisões esquecemo-nos que na verdade é só isso que a China produz e exporta: produtos de consumo de baixo valor ou produtos electrónicos para consumo em massa.. Em termos de valor dos produtos exportados (como por exemplo aviões, produtos de alta tecnologia) os Estados Unidos produzem 20 por cento da manufacturação global desses produtos ou seja o dobro da China
Os problemas da China avolumam-se porque os países desenvolvidos (Europa, Estados Unidos) estão agora cientes de que parte do problema financeiro que ia destruindo as suas economias se deve à grande acumulação de reservas na China que facilitou a manutenção de crédito barato criando “bolhas” que irónicamente se estendem agora à própria China. As pressões para a China valorizar a sua moeda só tendem a aumentar
Para além de isso comparar números do PIB é totalmente irrealista. A população da China é 1.300 milhões; a dos Estados Unidos é de pouco acima dos 300 milhões. O PIB per capita da China é actualmente 1/7 do PIB per capita dos Estados Unidos. O seu rendimento per capita é neste momento acim da Ucrânia mas abaixo da ... Namíbia
Para além disso cerca de um terço de todo a investigação e desenvolvimento (research and development) do mundo ocorre nos Estados Unidos (veja-se a “limpeza” anual nos Nobel) onde em parte devido a isso a produtividade do trabalhador americano é quase 10 vezes mais do que a produtividade do trabalhador chinês. Esta diferença não vai desaparecer na proxima geração.
A economia chinesa está também cheia de “buracos” que existem e se multiplicam no actual sistema repressivo de controlo de informação. Um exemplo: um estudo a circular entre especialiststas na economia chinesa estima que dívidas não listadas de companhias de investimento chinesas podem ascender a 34% do PIB da China, um número que talvez seja um indicativo do porquê da queda sistemática nos ultimos anos dos investimentos estrangeiros na China.
Um dos grandes problemas a que a China faz face é a questão demográfica. Um recente estudo do Pentágono referiu se a isso como o problema “4-2-1”. Não se trata de uma táctica de futebol. Quatros avós têm dois filhos e um neto, resultado da política da “uma criança por familia” o que significa que se está a assistir a um fenómeno único no mundo: A China está envelhecer antes de enriquecer. O número de trabalhadores entre os 15 e os 24 anos de idade deverá cair um terço nos próximos 12 anos. Com trabalhadores jovens mais raros os salarios vão ter que subir e isso começa já a sentir-se. O mês passado na provincia de Guangdong (o principal centro de exportações da China) o salário minimo foi aumentado 20%.
Sei que nada no mundo segue uma via linear. Tudo pode correr bem na China e mal no ocidente. Para além disso um aspecto da realidade chinesa que me continua a impressionar é o realismo da liderança chinesa. Por isso muitos destes problemas ( e outros como os problemas étnicos no seu vasto país que resultam violência esporádica ou os propblemas politicos) poderão ser resolvidos com sucesso.
Ao fim e ao cabo foi uma declaração do primeiro-ministro Wen Jiabao quem me levou a investigar os factos para esta crónica.
“O grande problema da economica chinesa é que o seu crescimento é instável, desiquilibrado, descordenado e insustentável”. Foi Wen quem disse isso. Em 2007 e tinha toda a razão. Seria bom que deixassemos de ter uma exuberância irracional quando falamos da China. Wen não a tem.

Da capital do Império,

Jota Esse Erre

domingo, 25 de abril de 2010

Neve


Fairfax, Virgínia

Foto Jota Esse Erre

Sinais


Desenho Maturino Galvão

25 de Abril

Há 36 anos eu não tinha nascido. O problema dos aniversários não é o do tempo que passou. É envelhecermos mal. Tipo onça ao sol. Há porém datas que me confortam. “imaginam as damas, as senhoras, as jovens e as adolescentes que só pelo 25 de Abril se tornou possível saírem à rua e ocuparem espaços públicos sem serem mandadas, impedidas, molestadas ou incomodadas? Não sejam modestas em demasia, minhas caras concidadãs, vocês foram, sobretudo por mérito vosso (pois claro), a conquista menos corroída, porque mais estrutural, daquela madrugada.”(Vias De Facto). Daqui grito já um grande: Viva o 25 de Abril. Mas nem tudo por cá é alegria. O meu pai a propósito da data teve uma discussão sobre o 25 de Abril e o 25 de Novembro. Acabou mal. Também só um reaça como ele é que se ia lembrar da associação. E logo frente à namorada, que me faz lembrar a Pasionaria. Lá vai ele acabar o dia abraçado aos amigos a cantar o Vieille canaille. Hoje o João Neves fazia anos e já não estão todos. Também não estão sós. Vivam os amigos à solta!

Josina MacAdam

Para os amigos de meu pai

Serge Gainsbourg

sábado, 24 de abril de 2010

Karl Valentin nas Caldas



29 e 30 de Abril e 01 de Maio | 21h30
6 e 7 de Maio | 19h30
8 de Maio | 12h00
Stand Florescar
Rua Heróis da Grande Guerra
Caldas da Rainha

TEATRO DA RAINHA

anaCrónicas 17

Karl Valentin, um humorista nas Caldas

É uma relação de todo improvável, mas a contemporaneidade tem destas coisas: quando um autor “menor” é rebuscado do baú das preciosidades, ou das antiguidades vivificáveis, pode de facto ressurgir em qualquer parte do globo, mesmo numa pequena cidade de um Oeste que não tem a ínfima parte da fama do outro e que, culturalmente, é uma semi-pasmaceira auto complacente.
Karl Valentin é nomeado como clown metafísico por Brecht. É na opinião de alguns teóricos a referência física do teatro épico, essa invenção de B.B.
Brecht disse que Valentin não conta blagues, ele é a própria blague. Num país em que o humor se identifica com as expressões do requentado mais óbvio, Valentin é uma intrusão, um cómico burlesco inesperado, um autor que não conta piadas garantidas mas que espalha um tipo de humor nos alicerces dos rituais e estruturas de conservação como um antídoto rebelde para o conformismo.
A Ida ao teatro, A Primeira Comunhão, O Projector avariado, o Teatro obrigatório, são pequenas peças, sketches – e a forma breve tem essa eficácia do resultado imediato e da mobilidade extrema, na montagem e na fama partilhável, história fácil de contar, como fogo em palha – em que o mundo às direitas é metido às avessas pelos caminhos da lógica contestada e nessas avessas se percebe, mostrada, dada e baralhada de novo, a convencionalidade bacoca do mundo às direitas. Assim é escanhoada aos limites do masoquismo evidente a relação conjugal do casal de a Ida ao teatro e a sua visão pequeno burguesa, os seus limites de entendimento das liberdades e da liberdade do outro e a sua sujeição absoluta à sedução mundana meio parvónia, assim se vê na primeira comunhão o modo como a educação progride por etapas simbólicas ritualizadas e sem conteúdo real e a infantilização absurda de quem um dia virá a ser adulto, mas que ali, no gag revelador, se encerra numa adolescência prolongada infantilmente até à senilidade.
E o génio de Valentin é duplo: é um especialista da graça verbal, da piada literal levada ao absurdo, de uma profundidade lida na tacanhez do desejo das personagens retratadas, na ambivalente superfície das palavras, mas é também o criador da sua figura e da parceira, Liesl Karlstadt, ambos dedicados ao mundo do cómico, opção de vida e porventura de coincidência entre vocação humana para se ser livre e condição do próprio ser. E essas figuras, Valentin e Liesl, como Chaplin e Keaton, são personagens físicos: o corpo é desde logo uma marca do que são, o corpo é sujeito, ele liberta-se de uma total sujeição ao figurino e também de uma dependência da palavra como se fosse a sua ilustração. Não, o corpo é sujeito e funde-se com a palavra. Este tipo de clown e o seu jogo é já um resultado da modernidade e explora a confrontação entre uma humanidade ainda artesanal, ainda dependente da operacionalidade da mão e das virtudes do polegar oponível e as convenções e maquinismos da sociedade burguesa industrial em ascensão. Estamos na Europa dos anos vinte.
Quando Brecht diz que Valentin é a própria blague é porque dele se solta essa liberdade de quem não vive para contar graças a metro, cada piada cada dólar, mas de quem vive livremente a inadaptação, naquele modo fora de tom que Pirandello descreve no Humorismo, um modo que é ingenuamente acusador das verdades oficiais, do mundo das falsas aparências em que os analfabetos fazem de doutores e em que os poderes são reverenciados e o oportunismo uma regra. Valentin tem essa capacidade que a infância ainda não aculturada e regrada tem, aquela que diz “o rei vai nu” e que fustiga o preconceito, como o nosso Cervantes tão bem estigmatiza no seu Retábulo das maravilhas, um sketch do seu Século de ouro em que faz uma análise “científica” do preconceito como um verdadeiro mecanismo de ilusão colectiva convencionado entre poderes e aparências, o que nunca foi tão actual como hoje, em que domina a chamada sociedade do espectáculo.
Realizar este espectáculo no âmbito de uma parceria com a câmara e num projecto apoiado por programas da Mais Centro (CCRC) é mais que um dever, é um prazer. No coração das Caldas esta Ida ao teatro obrigatório é uma lança no coração do sistema urbano, uma lança para ferir imobilidades rasteiras e conformismos, assim como falsas inovações e pseudo vanguardismos analfabetos.
E agora senhores e senhoras, no Cabaret da Rainha, os actores: a Isabel Lopes, o Victor Santos e o Carlos Borges. Podem crer, é um privilégio. A partir de 29 em cena.

FMR

Pintura de João de Azevedo

É proibido fumar

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Splish Splash

Faleceu tranquila e inesperadamente a senhora Laura Moreira de Braga, lá do lugar de Cachoeira do Itapemirim, Espírito Santo. Prénom, Lady.
Seu filho foi surpreendido pelo passamento em Nova Iorque, capital cultural dos USA. Os gringos, diz-se, sentem-se órfãos de seu próprio soberano, sim, alegadamente órfãos, uma vez que apenas está estabelecido: “Elvis left the building”, embarcou num Cadillac movido a anfetaminas e peanut butter... e desapareceu. Embora, aqui e ali, são mais que muitas as aparições em Santo impersonator ou em Graça e Espírito no Convento de Graceland.

Bom, já se terá dito tudo sobre todos os aspectos do fenómeno Presley, como catalizador da revolução social de 60. Mas, mais a Sul, segue relativamente ignorado do egocentrismo anglo-saxónico o caso de Roberto Carlos Braga. Dinastia de um só Rei.
Embora Elvis anteceda Roberto, circunstância que suscita desentendimentos sobre precedências e originalidades, propomo-nos destacar uma semelhança e um contraste entre ambos os Reis. Tanto Elvis como Roberto jamais se pronunciaram fosse sobre o que fosse, nem nunca se deixaram aprisionar nas ordenações da crítica. Eis a minha música e submeto-a ao veredicto popular. E assim surgiram as massas e o consumo das massas, como supremo fiel da qualidade que é quantidade, explanando uma estética minimalista. Eu gosta de você; eu não gosta de você. Splish Splash.

Elvis, enquanto branco pobre do Delta, redneck de condição, protagonizou a síntese musical dos explorados brancos e negros, disseminou-a numa viagem individual que fez escala urbana, universal. Roberto, é ele próprio uma síntese. Braga lusitano, caboclo, mulato brasileiro.
O Rei do Sul, ao invés do congénere do Norte, irrompeu no mundo urbano, portanto, colectivamente identificado naquilo que designaram de Jovem Guarda. Postura pop light por oposição às erudições da Velha Guarda e ao pop(ular) pesado das autoridades militares e eclesiásticas. Um mundo dividido em escolas diversas e autorizadas, com direito a um momento plural no calendário da ditadura: o Carnaval e outras inconsequências ao longo do ano
O pop light, esvaziado, semanticamente ‘aberto’ de Roberto Carlos ajudou a desconstruir o edifício simbólico dos generais e dependentes. Sem nada dizer, o pop, o sentimental simples, o religioso das canções do Rei unificaram as massas, que é dizer, as pessoas. Deram-se contas que existiam, que eram muitas e que não eram diferentes. Splish Splash.

Involuntariamente anti-intelectualista, distraidamente anti-elistista, o repertório do Rei semeou de forma paulatina as sementes da modernidade. Inconformismo, desobediência civil- “Quero que vá tudo para o Inferno” e “É proibido Fumar”, consciência social e sindicalismo- “Caminhoneiro”-, urgência na ruptura da ordem estabelecida- “Quando”, “O Portão”-, liberdade individual-“O Calhambeque”-, liberalidade e prazer- “Namoradinha de um Amigo Meu”-, diversidade- “Mulher Pequena”, “Mulher de 40”, “Jesus Cristo”, “Nossa Senhora”, “Se diverte e Já não Pensa em Mim”- micromanagement “Detalhes”, Ambiente e Ecologia “As Baleias”, “Amazónia”. Pois é, e o Rei despachou 120 milhões de discos e mereceu dois Grammy.

Tudo isto sem falar, apresentando-se de fraca figura- ficou sem parte de uma perna num acidente ferroviário- e ostentando um sorriso tímido que muitos juram ser a marca do idiota. Num filme de Hector Babenco, creio, um bando de presidiários, ou jovens delinquentes, está prestes a evadir-se por um buraco no muro da prisão. Entre estes, um jovem deficiente, então dizia-se coxo, um Roberto Carlos impersonator de rigueur, hesita e não foge. E justifica para os companheiros de fuga: Lá fora não sou ninguém; cá dentro sou uma estrela”.

PS: Parabenizando Lula da Silva e recordando um grande português: José Henrique Barros ‘Barroca’. Foi ele quem nos franqueou, em meados de 70, as portas do Clube Roberto Carlos na Mafalala. Então, blacks only.
Por ironia do destino, o Barroca veio a morrer em Belo Horizonte, Minas Gerais, alegadamente assassinado.”Amigo”, É DURO SER ESTÁTUA.

JSP

(O pica-pau áparece aos 7:51)

Ilha de Moçambique. 2002

Foto Sérgio Santimano

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Cartada contra a privatização dos CTT (2)

ABCafé

Agora que o tempo começa a ficar bom, aproveito para recomendar aos leitores que morem na zona de Oeiras um espaço recentemente renovado, muito agradável: trata-se do ABCafé, no Jardim de Oeiras, onde para além de uma das esplanadas mais agradáveis que conheço, podem contar com variadas actividades, cujo programa podem consultar aqui

I’m Your Man


Leonard Cohen - I’m Your Man

quarta-feira, 21 de abril de 2010


Pintura João de Azevedo

anaCrónicas 16

O pedófilo cómico e virtuoso

Molière criou duas figuras que o nosso modo de vida social confirmou como personagens reconhecíveis e sempre em vias de não extinção, isto é, existentes, reais, sempre de boa proa: Tartufo e Alceste, o Misantropo. Se o primeiro é fácil de reencontrar, sob todas as vestes do oportunismo, nas figuras da nossa vida pública, o segundo é mais difícil de entender num tempo, agora, que impõe a visibilidade como prova de existência. Nem me refiro à dimensão dessa prova como expressão mediatizada que a concretize, refiro-me sim a uma dimensão do narcisismo como modo específico da socialização, o que para qualquer Alceste será estranho, mais propenso a uma arrogância associal do que a uma publicitação da sua extrema introversão, exibicionista seja. Não há forma de vaidade mais evidente que o espectáculo da modéstia. Não será o caso de Alceste, a não ser numa pequena parte. Quanto ao Tartufo, será hoje um comportamento aplaudido como uma forma superior do Chico-espertismo, essa criação nacional prima do fado.
Na nossa galeria de tipos não falta a diversidade: do Jardim da ilha, palavra tonitruante e bufão autoritário, inteligência que baste para manter o atraso no progresso devido, a ignorância onde estava e o turismo em alta, com ou sem tsunami, o engenheiro mais esperto da serra, capaz de fazer de pocilgas vivendas ou vice-versa, muito amigo do rei ilhéu, o presidente muito austero de verbo e de maxilar emproado, o Pacheco do círculo quadrado, já ao serviço sistémico-circense ainda andava com o colarinho à Mao, o Marcelo filho do pai dele, sempre em alta, etc., um conjunto de espécimes que só o cómico rotineiro de serviço há décadas supera em capacidade de sobrevivência e poder – o sistema tem estes pilares como estrutura, são os tais pilares da comunidade.
Não se é cómico de ter piada toda a vida, aliás, pode ser-se cómico uma vida inteira. Como profissão. Já ter graça é outra coisa. A anedota é uma vocação nacional e é o reverso da incapacidade da tragédia. Fizemos o Frei Luís e pouco mais, dizem que a Castro. Mesmo a tragédia romântica tem pouco fôlego e nada deve à matriz grega, pouca dada ao que o melodrama exacerba, sentimentos prolongando-se em marés lacrimejantes. A tragédia é outra cosia, é o inelutável após o crime acidental, ou a morte irremediável, ou mesmo o desafio suicidário das hierarquias homicidas, o impossível em debate. Tudo em verbo sublime e sincero, ritmo apoiado nas cadências de inspiração ritual, vindas do tempo e fundo da irracionalidade e da festa.
O grande cómico da República é um daqueles actores que joga no requentado, que não faz um gesto espontâneo, para quem os minutos se contam como dólares. É o que se chama um canastrão, um actor vulgar, um apóstolo da falta de rigor, da laracha e da deixa rasca. Esses, desse tipo, em Portugal, fazem carreira e são incensados. Os espectadores são pouco exigentes e não entendem sequer que, de facto, a verdade, a concentração, o rigor dos textos, a articulação, a dicção, a gestualidade, etc., são o que é constitutivo da cifra estilística, de um contributo verdadeiro pela liberdade, dando o corpo ao manifesto à letra aqui. O que nunca se reveste de balda, de desenrasca e de improvisos de terceira categoria. Mas para quê falar de pérolas?
Quando um proxeneta é homenageado como um campeão da moral e mais, como um libertador dos sentidos, só poderemos temer o juízo da massa, esse poder acéfalo e criminoso. Por omissão ou por pressão. De resto o poder sempre conviveu bem com a crítica fulanizada e sempre se deu mal com a crítica coerente e articulada. O que fez, quando esse modo de vida era vivo, meias tintas com todo o tipo de tráficos, mais carne menos carne, o sucesso da tal revista que, na realidade, nunca foi portuguesa a não ser nas coxas e pernas. Na realidade, essa crítica, só servia de aval à publicidade da própria liberdade de expressão parangonada pela propaganda. A liberdade, essa, é outra coisa, e nada tem com o poder dizer-se o que se quiser, mas tudo tem com a capacidade, estruturada, formada, crítica, culta, de saber dizer porque se sabe ler, descodificar, conhecer as coisas que estão atrás das coisas, como dizia o velho Brecht falando das causas profundas e das evidências enganadoras. E obviamente com a capacidade de indignação e a coragem de dizer. O que também escasseia. E cada vez mais, nesta falta de liberdade crescente, não só pela inexistência do espaço público como ideias em confronto vivo, como pela vocação policial dos de cima e seus lacaios.
De resto as liberdades imaginativas da sensualidade e o erotismo não passam por aqui, muito menos com a caução das diversas formas de impotência inventiva em serviço, as mimético-naturalistas e as que têm pura e simplesmente falta dela, imaginação, o que também sucede.

FMR

terça-feira, 20 de abril de 2010


Vernissage 22 maj kl 13.00, Esplanaden 3C, Sundbyberg. Utställningen invigs av av Mocambiques ambassadör i Stockholm. För underhållningen står musikern Celso Paco-Cajú. Utställningen har öppet, tis-fre 10.00-18.00, lör-sön 12.00-17.00

Free Speech Movement (2)


Começo este texto, há tanto tempo por escrever, no dia em que tomo conhecimento de que o Herman José estreia um novo programa. Regressa num talk-show à RTP1.É uma coincidência. Há muito que quero ter o atrevimento algo estranho de, exactamente por me dedicar ao estudo de direitos fundamentais, tentar explicar por que é que o Herman José contribuiu, em toda a sua carreira, para libertar a tão em voga liberdade de expressão, ele sim, um homem censurado, em plena democracia.
As normas jurídicas não são enunciados mortos, sequências linguísticas deixadas num papel datado sem que o que se vá passando na sociedade, para a qual elas se dirigem, não seja absorvido pelas mesmas, dando-lhes um novo significado, sem que seja necessário alterar uma letra. Em 1976, no dia, no mês e no ano em que eu nasci, inscreveram-se duas liberdades fundamentais no estatuto do Estado e da sociedade, que dá pelo nome de Constituição: a liberdade de consciência e a liberdade de expressão, mas todos nós sabemos que o mesmo enunciado quer dizer hoje uma coisa e queria dizer, nos anos oitenta, uma outra completamente diferente. Os referentes mudaram.
Aprovar um texto não muda uma sociedade de um dia para o outro. A democracia da sociedade civil precede a democracia que o Estado lhe prescreva. Nessa mudança há indivíduos que fazem a diferença. O Herman José fez a diferença. Não conheço um caso igual. Conheço casos de sucesso, sim. Mas não conheço um caso igual. Esse é o ponto.
O Herman é um humorista e a história mostra a capacidade e a seriedade do humor para mexer com os sistemas. Eça de Queiroz escreveu que o riso é a mais útil forma da crítica, porque é a mais acessível à multidão. O riso dirige-se não ao letrado e ao filósofo, mas à massa, ao imenso público anónimo. E o Herman percebeu isto. Este homem pensou sempre primeiro que todos nós. Talvez ainda estivéssemos encostados a uma manta cinzenta quando o Herman, contra um país com medo, atreveu-se a demonstrar o que hoje temos por evidente: é que o humor não tem limites quanto ao objecto. Pode fazer-se humor com tudo: com o sexo; com a religião; com a morte; com os nossos costumes; com a família; com a hipocrisia; com a censura velada; com a estratificação social: com a pobreza; com a sida; com a homossexualidade; com a nossa história; com os falsos casais; com o machismo; com a violência nas relações; com a arte popular; com a política; com a nossa gente; com o sentir português; com tudo. Não há limites para o humor. Que juiz diria, hoje, o contrário?
Os limites serão outros, os mesmos que encontra a liberdade de expressão em geral, mas, quanto ao objecto, não há limites. O Herman atreveu-se, antes de todos nós, a escolher os seus próprios padrões de valoração ética ou moral na conduta subjacente ao seu trabalho, sem contemplações, porque o mistério de fazer rir, para ele, foi sempre, também, o mistério de nos acordar.
Não pretendo, aqui, fazer o historial dos programas de Herman José. Já o fizeram. Pretendo apenas dizer que sei que hoje Portugal é mais livre por causa do Herman.
É uma ternura rever os atrevimentos do Herman de há tantos anos atrás com figuras históricas, a célebre última ceia, que lhe valeu a indignação de meio país, missas de desagravo, histerias, e hoje revemos aquilo, e sabemos que essas mesmas pessoas que gritavam pela censura ao atrevimento estão hoje cientes de que têm a opção de mudar de canal e que nada há ali de ofensivo, mas apenas um exercício de ironia, de humor, com Jesus Cristo, sim, mas como não brincar com a religião e com as nossas figuras históricas se nós somos o produto disso mesmo?
Lembro-me da forma genial como o Nelo explicou à sua Idália o que era a Sida, destruindo num humor socialmente demolidor e implacável, todos os preconceitos e toda a desinformação sobre a doença, em gestos e palavras, e de como eu e um amigo seropositivo quase morremos de falta de ar e de satisfação: a sida tinha cores, o vírus era saltitante, dai que fosse mais apegado a gente dada para a brincadeira, e por aí fora.
Tantos e tantos episódios, o Herman sempre adiantado em relação ao país, daí figuras como o Diácono Remédios, que caricaturava preventivamente a crítica que Herman sabia existir na cabeça de tantos.
E quem está na televisão, na rádio, nos espectáculos durante mais de trinta anos a fazer rir ininterruptamente um país ? E quem nos dá alegria mesmo quando a não tem? Só um profissional de excepção.
Mesmo na sua exteriorização criticada do produto do seu trabalho, fossem relógios, fossem carros, fosse o seu barco, a vergonha não era nem deveria ser de Herman, mas de quem o criticava; o Herman estava apenas a ser livre, a ser o que queria ser, quem o criticava era, sim, o rosto da vergonha, ainda era herdeiro de um certo salazarismo que mandava ser rico com “decoro”, “sem mostrar”, de fato cinzento, de preferência.
Eu tenho 34 anos e não me lembro do Herman não existir. Passei a minha vida a rir e a aprender com o Herman. Desde logo a ser mais livre.
Este é um texto de gratidão. A gratidão é tanta, que tenho com o Herman – que não conheço – o mesmo tipo de instinto que tenho na amizade. Quando leio uma crítica ao seu trabalho, quando vejo alguém de fraca memória sublinhar um minúsculo aspecto da carreira deste monstro esquecendo o seu conjunto, fico roxa de fúria. Para mim, o Herman é e será sempre um génio. Sempre. E é um profissional que não falha. Morre-lhe o pai e ele dá o espectáculo que tem agendado para esse dia. Porque tem um compromisso connosco.
Quem me dera. Quando chegar a minha vez, daqui a muitos e muitos anos, se tiver um prazo para cumprir, duvido que o cumpra.

Isabel Moreira, Herman José ou de um contributo para a liberdade
no Jugular

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Cartada contra a privatização dos CTT

Dia 22 de Abril às 18:15 venha aos Restauradores enviar uma carta ao Primeiro-Ministro contra a privatização dos CTT. Morada para envio: Gabinete do Primeiro-Ministro, Rua da Imprensa à Estrela, 4, 1200-888 Lisboa.
Consulte ainda o blogue da iniciativa e a página do Facebook. Uma iniciativa da ATTAC Portugal.

MayDay

Via Arrastão. Informações sobre o protesto aqui.

Pintura João de Azevedo

anaCrónicas 15

O torcicolo atemorizado

Entrei na FNAC da Rua Catarina com o saco da Livraria Latina pleno de literatura fora de época, nem sensacional, nem no top ten, velharias como o Artaud traduzido pelo Urbano e algum material da Contratempo com cheiro a libertinagem, coisa para surtos de êxito em bancadas de feira velha, no seu tempo e se a chuva, que veio para ficar com ou como a Crise (debate a ter), tiver remorsos de tanta chamada para os bombeiros, quase a desistir do voluntariado com as bomba de água a estoirar de marés de excesso aquoso – depois de tanto investimento na floresta, nos helicópteros, nas torres de vigia entre a Lousã e o Açor, o que é necessário agora são mangueiras de fogo para extinguir a água. Que dirão os partidos? E o engenheiro, que proporá?
Com o saco muito discretamente colado à PERNA ESQUERDA, A DA PRÓTESE, verifiquei que os consumidores que ali cirandavam punham olhares de um soslaio apreensivo, como se fosse um suicida islâmico pendurado na minha meia dose de penca judaica – uma ambiguidade que se paga cara. E a câmara de vídeo, as câmaras, deslocavam, à miopia desarmada, intimidando, os seus narizes na direcção do inesperado previsível, focando-o como miras - foram ensinadas ao ponto de farejarem como o cão doutorado em hachiche.
Um saco não é uma T Shirt, nas T Shirt’s a divergência pode vir estampada e fica bem, faz parte da diferença para a troca e saúda-se como um toque de pertença ao mesmo universo subido das T Shirts. Senti-me arcaico, falante de marca com sotaque local. As câmaras vídeo iam gravando a ocorrência numa espécie de directo sem truques. O vírus, a propagar-se, ficou lacrado para a eternidade do capitalismo, num conjunto de planos 3 D contra picados – elas espreitam sempre de cima a estimular o torcicolo.
O saco pôde entrar, mas eu não, preso no terror da heresia e entrando sim, para um interior panicado e pré enfarte, enquanto tropeçava nos próprios sapatos, a esquerda e a direita por um momento presas da fatalidade disléxica, tão criativa noutras circunstâncias. Na barreira de olhares vi por um momento o poder da massa, maior que o poder da massa. Reconheci-o.
De facto, pensei, se todos os que entrarem na FNAC o fizerem com sacos da Latina, os da FNAC correrão o perigo de promover a Latina no território da FNAC – a na FNAC fnaca-se absolutamente e tudo o que tocamos e olhamos fnaca. Fnaca-se e fnaca-se em todos os sorrisos mansos – uma palavra promovida a espectáculo por uns momentos na cozinha do rectangulozinho – num sistema de olhares entrecruzados que distribui a serenidade reflexiva dos fnaqueiros (versão nacional dos fnaquéens para rimar com toureiros, toureiros de lide mansa) em clima de aquisição sem esforço, o penetrar do cartão visando a fenda e não ofuscando com o seu ruído amusical, como outrora o vil metal, o sentimento de unanimidade reflexiva e pacífica que faz as religiões superiores. Este ar concentrado e moderadamente satisfeito – tudo o que é muito dá cabo da saúde - sobe dos livros como um perfume de saberes subtil, decisivo para as posturas, geometrias do corpo entre as estantes e olhares lambe lombadas numa prévia aferição aperitiva de conteúdos.
Quem sabe se a Latina, numa manobra de guerra civil localizada, de posições, como manda a guerrilha clássica aos pobres – onde isso já vai -, não industriou os seus seguidores a entrar de modo numeroso (o contingente dos pobres aumenta de modo exponencial e nada equilibrado ao seu desaparecimento) para dentro das fronteiras da FNAC numa manobra terrorista, essa política da pobreza fanatizada, segundo se diz?
Ao que parece, depois do caso aqui relatado autobiograficamente em tempo real (vulgo documentário, docudrama para falar como o Camilo de Sousa, meu amigo, categoria desviada da objectividade sacrossanta), os Fnaccontrolers propuseram a nacionalização de todos os potenciais suicidas, a fazer com dinheiros do QREN, e fundamentando a coisa nos atentados ao ocidente e ao mercado, a sua alma. Na sequência do caso das burkas este caso promete, dizia a gazeta local em artigo de canto de página, mas de manchete gigante e luminosa.

FMR

domingo, 18 de abril de 2010

sábado, 17 de abril de 2010

O escândalo dos "estágios"

Há dúvidas de que Portugal é uma autêntica República das Bananas? Vejam o exemplo dos "estágios" profissionais não-remunerados, ou remunerados apenas em "ajudas de custo". Já foi dito e redito por toda a gente que estes "estágios" são claramente ilegais, não passando de formas encapotadas de trabalho de graça ou quase. Já houve, até, um site de anúncios de emprego (e um dos mais prestigiados) que declarou que recusava anunciar este tipo de "estágios", por não pretender violar a lei. Mas o que se passa, entretanto, no mundo real? Acaso acabou, ou mesmo diminuiu, esta forma desumana de escravatura moderna? A Inspecção-Geral do Trabalho abriu inquéritos, participou, denunciou, autuou (e era tão fácil, bastava fazer de conta que se procura um emprego)? Claro que não. Continua tudo na mesma - é ilegal? É. Mas pode fazer-se? Pode.

É óbvio que a minha indignação selectiva tem por mote alguém muito querido estar neste preciso momento a passar por esta via-sacra. Só quem passou por isso poderá imaginar a frustração que é trabalhar sem receber nada, e ainda por cima ter a certeza absoluta que é isso mesmo que se tem de fazer para singrar em determinada área profissional.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Aforismos (2)

«Fazer troça da filosofia, é, na verdade, filosofar»

Pascal

Conferência por Stephen Greenblatt: Cultural Mobility: The Strange Travels of Shakespeare's Cardenio


21 de Abril, às 18 horas, no Auditório 1 da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Av. de Berna


Stephen Greenblatt introduziu em 1982 o conceito de New Historicism, e continuou a ser uma figura chave na viragem dos estudos literários para a “poética cultural”, da interpretação textual para a contextual: não no sentido de a arte “espelhar” a sociedade, mas numa reflexão, inspirada por Foucault, sobre “o processo pelo qual algumas obras notáveis estão ao mesmo tempo mergulhadas num mundo da vida altamente específico e parecem erguer-se dele com liberdade”. São notáveis os seus estudos sobre o Renascimento, em especial sobre Shakespeare: a sua biografia do poeta inglês esteve nove semanas na lista de Best Sellers do New York Times, em 2004.

Professor na Universidade de Harvard, os estudantes batalham por conseguir um lugar nas suas aulas. Tem também ensinado em universidades como as de Berlim, Florença, Oxford, Kyoto e Pequim. Vem a Portugal integrado no curso de doutoramento em Ciências da Comunicação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

A sua conferência relaciona-se com os estudos sobre mobilidade (de pessoas, de ideias, entre centro e periferia, entre fé e cepticismo, ordem e caos, exterioridade e interioridade, numa tensão entre enraizamento e mobilidade, que uns vêm com avidez, outras com medo). Vai dar exemplos a partir da peça que em 2008 estreou, Cardenio. Cardenio é uma personagem do capítulo 24 de Dom Quixote, publicado em 1605 e traduzido para o idioma inglês em 1612. Em 1613 há registo da estreia da peça Cardenio, assinada por Shakespeare e pelo seu jovem assistente John Fletcher. No mesmo ano há um incêndio no Globe Theatre. O manuscrito é dado como perdido, mas no século XVIII Theobald Lewis afirma tê-lo em mãos e adapta-o no espetáculo Double Falsehood. Diz ter entregue o original à biblioteca do Covent Garden Theatre… que um incêndio veio a destruir. Greenblatt, sempre interessado nas reciclagens de material cultural como Shakespeare e o Renascimento tanto fizeram, em conjunto com o dramaturgo norte-americano Charles Mee reescreveu Cardenio, a partir de uma triangulação entre o original de Quixote, a adaptação de Lewis e elementos recorrentes na dramaturgia de Shakespeare.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Amor - 69


Washington DC

Foto Jota Esse Erre

A propósito da deputada Cidinha Campos

Se repararmos bem nos termos e nos argumentos da deputada (perceptíveis neste e noutros vídeos acessíveis no YouTube), observaremos um estilo e o recurso a meios que são inaceitáveis em muitos países democráticos, como o uso público de informação judicial que se deveria manter reservada, a referência por alcunhas ofensivas a pessoas ainda não julgadas e condenadas ou a parentes seus, a exibição livre de epítetos e de insultos, ao melhor estilo de um «tribunal popular», que não podem aceitar-se num parlamento por mais hediondos que possam ser os crimes cometidos pelos seus destinatários. Por isto, e passada a novidade, fui deixando de achar grande piada aos vídeos populares da corajosa Cidinha Campos. Eles são reveladores de um lado populista e demagógico da democracia que também nos deve preocupar. Venha ele da esquerda ou da direita.
Rui Bebiano

Vídeo aqui

Sinais


Desenho Maturino Galvão

segunda-feira, 12 de abril de 2010


Pintura João de Azevedo

De Paulo Portas a Pedro Passos Coelho

Há uns dias, num desses fora televisivos em que os cidadãos dizem de sua justiça, um desempregado gritava contra os privilégios dos funcionários públicos que “não sabem o que é trabalhar”. Uns minutos depois, um funcionário público, irado, perguntava se seria justo que um desempregado, “que está em casa sem fazer nada”, recebesse os mesmos 600 euros que ele, que todos os dias tem de fazer pela vida.
É assim que estes senhores, de Paulo Portas a Pedro Passos Coelho, querem os cidadãos: a esgatanharem-se pelas migalhas que sobram. Convencidos que a culpa da sua miséria é do miserável que mora ao lado. E um dia destes, convencidos que culpa da sua miséria é deles próprios.

Daniel Oliveira

Música e Ciência


World Science Festival 2009: Bobby McFerrin Demonstrates the Power of the Pentatonic Scale

Sinais


Desenho Maturino Galvão

sábado, 10 de abril de 2010

Amor - Nas alturas


Viana do Castelo

Foto Jota Esse Erre

anaCrónicas 14

O bispo de Tenerife

O silêncio era uma regra do tempo e do medo do chefe. Agora há chefes, a cobardia soltou-se e há menos silêncio, cada chefe diz o que se lhe pede no débito do combate mediático global. Há uma ética do ruído, se não se lhe chamar ausência dela e os golpes sucedem-se na arena comunicacional. As intervenções da hierarquia do clero no mapa actual da pedofilia são nalguns casos desassombradas e entre a impossibilidade do seu silenciamento agora – na nossa Casa Pia, Pia repito, os casos que não vieram a lume, muitos mais que os conhecidos certamente, se não metiam membros do clero deviam-se basicamente a uma claustrofobia e miséria próprias de um bafio de sacristia misturado com regras de disciplina de caserna – e o comentário dos casos subsumido no escândalo alargando com os crimes crescendo a conta-gotas, ouvem-se as coisas mais extraordinárias. Duas delas bradam aos céus diria para parafrasear uma expressão bispal. A da comparação com o racismo que conduziu ao holocausto é obviamente deslocada e mesmo estúpida, mas a do bispo de Tenerife só o pode inculpar a ele como provável praticante – aos Domingos claro. Afirmar que a pedofilia é culpa da atitude provocatória e erótica das vítimas é pôr o carrasco no altar dos santos. Está tudo certo, esta é a igreja deles.

FMR

Sinais


Desenho Maturino Galvão

quinta-feira, 8 de abril de 2010


Gylen Prag Restaurante. Gotemburgo, Fevereiro 2010

Foto Sérgio Santimano

anaCrónicas 13

Cavaco e Bruni

Foi uma piada do Valente numa das crónicas traseiras do Público mas confesso que me ri. Sobre a banalização do escândalo a possibilidade ainda do escândalo. Certamente para consumo nacional, já que todos conhecem a Bruni, até descascada, pois fez por isso, e ninguém conhece o Cavaco, que nunca se descascaria, a não ser por cá. O que dá o sinal da nossa globalização específica: importamos todos os modelos e somos formigas anónimas lá fora. Exceptuando o Mourinho, mas esse é quase inglês e chama-se Mou, vejam no La Repubblica e o Cristiano Ronaldo que é da Madeira. Mas o planeta futebol é o de uma globalização específica e aí fala-se futebolês, o único esperanto quase absoluto, mais extenso que o inglês de trocos. Para nós o Cavaco fugir com a Bruni seria um sobressalto grande e levar-nos-ia por momentos a esquecer o pesadelo da dívida, o que este governo cuida de inculcar como a pior das sombras no nosso juízo perdido, com perseverança e carinho responsáveis - credivelmente. E com quem fugiria o Sarkozy?

FMR

Sinais


Desenho Maturino Galvão

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Baile dos Bombeiros





Embora falhando por uns dias a saison pascal, não queríamos deixar de a assinalar com uma parábola e alguns conselhos úteis. É sabida a importância da refeição comunal entre os bípedes, e ao que parece a cousa começou por ser um assunto de fraternidade virtual: acantonando os iguais melhor se redistribui a desigualdade e se consolida a hierarquia, o poder, se quisermos. Isto é, temos de convencer os amesedados que enquanto um come carne o outro manja raspas de corno, e ambos os fregueses ficam igualmente satisfeitos. Blurp.
Cumprida esta homenagem à antropologia das barracas, tomemos o exemplo da ceia fundadora. Conduto austero e esfaimante, vinho martelado e pouco, ambiente crispado e convivas com um olho na conversa e outro no garrafão. Soi disant, uma típica janta de pescadores desempregados na Galileia.
A imagem ‘pegou’ e vêmo-la glosada, por exemplo, no exemplar banquete de Viridiana ou, em registo estático, o painel dos Sopranos fixado por Annie Leibovitz. Anarquia versus Totalitarismo?
Bom, teremos de nos inclinar para a visão subversiva de Bunuel, esse aragonês monogâmico, se bem que Tony Soprano revele elevadas potencialidades na política prática.
Serve isto, afinal, para denunciar a forma repulsiva como se constrangem os cidadãos que têm de acorrer às ‘sopas dos pobres’. Saudados, afagados, compreendidos, encaminhados para o salão de dar ao dente ou sorver a sopinha. Lá está a refeição comunal da ceia fundadora. Pior, filmados, entrevistados, despudorados. Foda-se, deixem os homens comer em paz.

E vamos aos conselhos úteis. Através das fotos, ter-se-á um vislumbre da morte do surrealismo...também já morreu tanta coisa. O Charme Discreto da Burguesia foi trocado pela chama indiscreta da iconoclastia.
Trocadilho da treta, pois, mas, em Taipé, há outras modalidades interessantes, para além deste “Modern Toilet”.
Um bistrot temático sobre dinossauros, onde tudo, tudo, imita ossos, mandíbulas, ovos, pegadas, fósseis, banda sonora imaginária arrepiante- não há nada como ser atendido por um T Rex de metro e meio e cortesia oriental-, um, digamos, japanese coffee shop dedicado a Marilyn Monroe, sob o genérico “Wherever you are, how cold you may be, we love you Marylin”, e ainda o “Tacones Lejanos”, uma casa de, digamos, diversões.

E votos de que os amigos do “2+2=5” tenham passado uma Santa Páscoa. Uma quadra onde não é próprio revisitar a Via Láctea, pois, do amigo Bunuel.

JSP

PS: Estejamos atentos que estão tentando transformar a morte de Eugene Terre’Blanche, militante fascista, Huguenote antisemita e rabicho, num caso político e desportivo. Deve considerar-se a possibilidade de se tratar de um simples caso de ensarilhamento burocrático ou delonga na execução das penas.






Sinais


Desenho Maturino Galvão

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Sinais


Desenho Maturino Galvão

Pintura João de Azevedo

anaCrónicas 12

Dizia o Marques Mendes há dias - não lhe conheço escândalos, pessoa hábil, ou discreta, e porventura, mais surpreendente ainda, talvez honesta - que a este PSD de Passos Coelho faltavam agora três ou quatro ideias bem escolhidas como causas que se “vendessem”, suponho que ao eleitorado perpétuo da democracia sondagística em que submergimos. Isto é: temos a realidade e esta é composta de temas fracturantes, país real, crise, dívida pública, submarinos a espreitar, personalidade do senhor engenheiro, o caso da “mentira”, a “face oculta”, a licenciatura fast food, etc. , e destas questões há que elencar aquelas que servem, numa dada composição, uma narrativa da vitória do ponto de vista do papel do novo antagonista, com o propósito de destronar o protagonista de serviço em prazo calendarizado – sempre entre eleições regulares, até ver .
Nessa narrativa há que injectar (como com o betão, é a “consistência ou credibilidade” em jogo de responsabilidade versus irresponsabilidade, os da economia e do mesmo, contra os que são supostamente da mudança e pelas pessoas) as 3 ou 4 ideias alimentadoras da ideia de que são ideias, justamente aquelas que podem render uma vitória, a vitória dessas ideias, já que ninguém se pode apresentar com o rosto da imparcialidade absoluta, ou da neutralidade, por muito que seja do tal centro – o centro não passa de uma ilusão fictícia e de um jogo em política, ou a própria política como emprego na medida em que no centro podemos estar sempre com uns e com outros. Ao centro virá até o Portas, que já lá esteve mais ou menos disfarçado e lá regressará quando for preciso.
Ora estamos portanto diante daquele absoluto do marketing político que ignora a realidade e que escolhe uma dada reformatação narrativa da ficção política (e da realidade, cujos aspectos relevantes se tornam mais ou menos visíveis e assim usados conforme convenha à conjuntura narrativa) como novela, de modo a que, nessa narrativa enquadrada pelas 3/4 ideias causas, Passos Coelho possa derrotar José Sócrates por ser melhor e mais capaz naquela definição da luta de galos que passa pelos perfis das revistas de fim-de-semana – mais ou menos simpático, mais ou menos bem vestido, mais ou menos preparado, mais ou menos inglês, técnico ou do outro, mais ou menos sensatez, mais ou menos coragem de decidir e por aí adiante.
A simplificação da realidade para consumo das massas enquanto novelização da “política” nunca esteve tão clara como nos dias que correm. As tais ideias, 3 ou 4 - mais que isso surge a indesejada complexidade, sem leitura para os papalvos, nós – têm que ser bem escolhidas. Por exemplo: 1ª ideia: Passos Coelho nada deve à dívida pública, é um inocente; 2ª ideia: é tão laico como Sócrates, não combaterá o aborto; 3º ideia: apesar de tão liberal quanto Sócrates até se colocará contra certas privatizações de sectores estratégicos, por exemplo os CTT e parte da Caixa; 4ª ideia: ao contrário de Sócrates não será um Chefe que faz o deserto à sua volta, pelo contrário, à sua volta rimarão as outras tendências, até os barões; E basta, cuidado com a saturação do espaço mediático. Tudo daqui, deste elenco ideal, se poderá inferir.
Projecto, programa, sistema articulado de propostas analítico-prospectivas para quê? A realidade depois dá-lhes a volta, ou não é assim com o mercado e mais os seus humores irracionais e bolsistas? E depois quem é que sabe fazer um programa com pés e cabeça? - Justamente o que não interessa porque é teórico e complica (e até pode revelar umas verdades mais insuportáveis que o Calvário da dívida, essa cruz que todos carregamos perante os novos romanos, os banqueiros a quem devemos e as suas empresas de rating – é assim não é, rating?) e o que é necessário é pragmatismo e eficácia. Andar para a frente. E há sempre aqueles chapéus de clarividência providente: “modernidade”, “desenvolvimento”, “progresso”, e até “cidadania”, e recuando um pouco “os portugueses conhecem-me”, que resulta sempre e é mais emotivo que dizer “somos europeus” – dizem que somos.
O povão, entre estes colossos homéricos das Beiras, só os vê a eles, mancha única, e com esta fulanização narrativa dramatizada da política obviamente que a realidade se esfuma – quem vê heróis, negativos e positivos, só vê a nuvem e do destino, do porvir, perde o fio e a meada, entra na cabotagem. Nada mais eficaz portanto do que a política espectáculo. E não será tanto o espectáculo em si, mas, antes os enredos que ligam os momentos espectaculares. Mais dramáticos e pessoais, menos dramáticos e mais aproximados do real, o que eles chamam de economia. Mesmo a economia está repleta, nas supostas análises permanentemente publicitadas via opinião em feudo próprio ao serviço do sistema, de terminologia psicológica: a confiança, como dizem, tornou-se um elemento chave das descrições da Crise centradas no batimento pendular e “cardíaco” desse monstro imprevisível chamado sistema bolsista, filho directo da soma da interacção das irracionalidades em confronto no tal mercado globalizado – a bolsa é um totobola dos muito ricos com bases seguras para quem tem a informação necessária na hora, mete muita espionagem e menos faro, embora pareça metade instinto – falo da costela jogo. É muita emoção junta e como sabemos chega a provocar suicídios em série – em 1929 foi assim, agora não se repetiu, foi menos dramático – eis uma tese de doutoramento.
O que estes senhores não prevêem é que a realidade não é dominável por baias de nenhum tipo e não se pode ocultar o que não se revela por fazê-lo táctica e tacanhamente, como não se pode prever o modo como de repente uma nova questão – e imprevista pois – toma conta dos fluxos diários de realidade virtualizada e objectiva na marcha coomum. Sabemos aliás que muito do que acontece hoje tem muito a ver com um aumento exponencial das imprevisibilidades, justamente por efeito da crise, essa tragédia multiplicadora de dramas e precariedades que são a fonte de maior imprevisível.
Creio, no entanto, que o problema do Passos vai ser o Coelho. E desse ele não se livra. Só com uma auto-mutilação nominal. Claro que dava mais jeito ao PSD que se chamasse Passos Jack ou mesmo Passos Carneiro. Ainda vão encontrar estranhas conexões no Coelho do Passos. Discutam isso no Congresso. Ele há mais um não é? Será o das quatro ideias?

FMR

domingo, 4 de abril de 2010


Nas traseiras do ”Museu Nacional de Arte”. Maputo. Outubro 2009

Foto Sérgio Santimano

Da capital do Império

Ganhar 15.000 dólares por mês para estar num escritório a pensar é sem dúvida um bom emprego. Mesmo que a condição seja a de não estar a pensar na morte da bezerra mas sim em produzir uma ideia genial ao fim de um tempo determinado, digamos seis meses.
Isso, descobri outro dia, é bem possível e também bem comum aqui nos “states”, graças ao chamado “Venture Capital”. É aquilo que em português se chama de “capital de risco”, capital que busca investimentos em novas companhias, procurando novas ideias para apostar no seu triunfo e em lucros futuros.
“Venture capital” é assim também aquilo que todos os aspirantes a empresário procuram para poderem lançar a sua ideia que se poderá tornar no próximo Yahoo ou no próximo Google ou no próximo avião não tripulado capaz de ultrapassar as capacidades dos actuais. É essa junção de ideia/sonho com capital que é ao fim e ao cabo essencial para o sucesso.
Se há ainda “capitalistas de risco” individuais hoje em dia esse tal capital de risco é administrado por companhias de investimentos que se concentram nesse tipo de especulação. Por exemplo, a Foundation Capital ou a New Enterprise Associates e outras.
Essas companhias concorrem entre si à procura daqueles que possam ter ideias e por isso estão dispostos a pagar para outros pensarem. E os que pensam por um período de tempo até aperfeiçarem a sua ideia tem mesmo um nome – “Empresário Residente” (Entreperneur in Residence) ou EIR na gíria das companhias de capital de risco.
Vejamos por exemplo o caso do Professor de Informática Kai Li. Encontrou-se com um velho amigo que trabalha para a New Enterprise e falou-lhe de uma ideia em que há muito estava a matutar. Conversa puxa conversa, uns almoços e jantares e Kai Li acaba como EIR na New Enterprise. Quando o seu projecto final foi aprovado a New Enterprise forneceu o capital necessário, Kai Li foi nomeado um dos directores da nova empresa e assim nasceu a Data Domain. A Data Domain foi comprada o ano passado pela EMC pelo valor de 2.300 milhões de dólares. Embora a New Enterprise não tenha revelado qual o montante do seu investimento inicial todos concordam que o seu lucro deve ter sido enorme. Ter Kai Li a pensar durante vários meses em troca de um bom salário e de um investimento inicial foi mais do que compensador.
Claro que isto é um sucesso de uma envergadura rara. A média de negócios de companhias apoiadas inicialmente por capital de risco foi o ano passado de apenas 144 milhões de dólares.
Mas há outros sucessos grandes. Roger Linquist que foi EIR na companhia de capital de risco Accel formou a companhia MetroPCS que acabou por angariar investimentos de 1200 milhões de dólares.
Mas qual o número de EIRs que são pagos para pensarem e que realmente produzem ideias válidas e de sucesso? Cerca de 50%. Ou por outras palavras: metade dos EIRs não produzem ideias em que valha a pena investir.
Mas 50% por sucesso de pensadores parece ser suficiente. Só assim se pode justificar o facto das principais companhias de capital de risco possuírem hoje dois ou três EIRs a pensarem ao mesmo tempo, a apresentarem regularmente o desenvolvimento dos seus planos.
Por exemplo a Foundation Capital está neste momento a pagar 15.000 dólares por mês a um tal Michael Bauer. Contracto inicial de seis meses para expandir numa ideia de um negócio de energia. O resto é segredo.
Nada de especial nesse acordo, diz a companhia. Na generalidade ter EIRs a pensarem compensa, acrescenta.
As estatísticas comprovam isso. Nos dez anos terminados a 30 de Setembro do ano passado os lucros dessas companhias de capital de risco foram de uma média anual de 8,4%. Não é mau. Mas se contarmos os 10 anos terminados a 30 de Setembro de 2008 então os lucros anuais das companhias de capital risco foram de 40,2 %. O que é excelente. Capital de Risco é como o nome indica arriscado. Mas parece ser uma boa ideia disposta a arriscar por outras. Alguém tem uma?

Abraços,
Da capital do Império

Jota Esse Erre

Sinais


Desenho Maturino Galvão

Porque é Domingo de Páscoa


Chocolate Jesus - Tom Waits

Roubado ao Irmão Lúcia

O despertar da Primavera

Com data marcada, a Primavera chega sempre.
É inevitável.
Chega, e pronto.

Vem emoldurada num sorriso trémulo, num cumprimento tímido.
Corremos para o rumor do rio e trocamos palavras.
Calcorreamos ruas e paramos, finalmente, junto ao rio.

Mão fria, mão quente.
Apesar de tudo, a Primavera chega.
Sempre.

Foi na Quarta-Feira.
A Primavera chegou, para nós.
Depois foi aquele abraço desajeitado de quem não se quer separar.
O olhar para trás esperando outro olhar...

sábado, 3 de abril de 2010

Dodô - no rasto do pássaro do sono


Um rapaz embarca numa aventura, em busca do pássaro do sono, o Dodô. Dizem-lhe que desapareceu da face da terra, recusando-se a acreditar, e não resistindo ao apelo do desafio de encontrar nem que seja o último, voa para a ilha de Reunião de onde dizem ser nativo o Dodô.Em terra tudo se chama Dodô, finalmente descobre que o Dodô se extinguiu pelas mãos dos Homens. Mas ele não desiste, continua a acreditar firmemente na sobrevivência do Dodô. Essa procura, que é também a aventura do conhecer-se, poderá ser um sonho sonhado ou um sonho desejado. Mas também pode ser, e será certamente, a realidade, nem que seja aquela que faz parte da imaginação de uma criança.

Estreia a 8 de Abril de 2010 | 21h30
Antiga Lavandaria do Centro Hospitalar Oeste Norte. Caldas da Rainha

Em cena nos dias 9 e 10 de Abril | 21h30. De 13 a 30 de Abril (2ª a 6ª às 11h00 e às 15h00 para o público escolar)

Maiores de 6 anos. Duração [1:20m]


Teatro da Rainha

Amor - O Beijo


Brighton Beach, Nova Iorque

Foto Jota Esse Erre

Sinais


Desenho Maturino Galvão

Mudança de visual

Nesta última mudança perdemos, por inépcia minha, os links de muitos blogues a que estávamos ligados. Por isso me penitencio. Alguns conseguirei ir repescando. Aos outros peço que me façam chegar as suas ligações.