Profs de Matemática: Parabéns.
A M.E., Maria de Lurdes Rodrigues, atribui “aos problemas de ensino e aprendizagem” os mais que medíocres resultados obtidos pelos estudantes, na disciplina de Matemática, nos exames nacionais do 9º ano.
Pedro Rolo Duarte, no DN, indigna-se com os resultados obtidos. Acusa o sistema de facilitismo. Ele que é um lutador e um vencedor. Alguém que até numa adversidade reage, como todo o bom intelectual, pela escrita. E, não é apenas com artigos no DN. O homem publica um livro. Babo-me de admiração.
No Abrupto e no Blasfémias também reina a preocupação com o desempenho dos nossos estudantes.
O Instituto da Inteligência (belo nome) declara que: “a maior ou menor habilidade para os algarismos e o cálculo … devem-se a estruturas que dependem de factores genéticos e hereditários”. Espantoso!
Eu tenho uma explicação mais simples. O problema está no espírito liberal dos profs de Matemática. Contra o marasmo nacional esse grupo, com grandes empreendedores, lançou-se na indústria das explicações. Aluno sem explicador dificilmente passa. O prof não ensina porque não quer. O explicador ensina. Grande parte do insucesso escolar é gerado por estes senhores há muito tempo a tratar da vidinha. Por esta razão a mais racional das disciplinas tornou-se, para os estudantes, uma coisa obscura.
Há outros factores, como os apontados pelo presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, no J.N, e haverá ainda outros. A mim apeteceu-me falar de uma indústria que vive na economia paralela. Para os sábios do Instituto da Inteligência tudo se explicará pelo património genético dos profs de Matemática. Espertalhões!
A M.E., Maria de Lurdes Rodrigues, atribui “aos problemas de ensino e aprendizagem” os mais que medíocres resultados obtidos pelos estudantes, na disciplina de Matemática, nos exames nacionais do 9º ano.
Pedro Rolo Duarte, no DN, indigna-se com os resultados obtidos. Acusa o sistema de facilitismo. Ele que é um lutador e um vencedor. Alguém que até numa adversidade reage, como todo o bom intelectual, pela escrita. E, não é apenas com artigos no DN. O homem publica um livro. Babo-me de admiração.
No Abrupto e no Blasfémias também reina a preocupação com o desempenho dos nossos estudantes.
O Instituto da Inteligência (belo nome) declara que: “a maior ou menor habilidade para os algarismos e o cálculo … devem-se a estruturas que dependem de factores genéticos e hereditários”. Espantoso!
Eu tenho uma explicação mais simples. O problema está no espírito liberal dos profs de Matemática. Contra o marasmo nacional esse grupo, com grandes empreendedores, lançou-se na indústria das explicações. Aluno sem explicador dificilmente passa. O prof não ensina porque não quer. O explicador ensina. Grande parte do insucesso escolar é gerado por estes senhores há muito tempo a tratar da vidinha. Por esta razão a mais racional das disciplinas tornou-se, para os estudantes, uma coisa obscura.
Há outros factores, como os apontados pelo presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, no J.N, e haverá ainda outros. A mim apeteceu-me falar de uma indústria que vive na economia paralela. Para os sábios do Instituto da Inteligência tudo se explicará pelo património genético dos profs de Matemática. Espertalhões!
Armando Rocheteau
7 comentários:
«O prof não ensina porque não quer»
Meu caro Armando,tal como expressei em poste anterior, gostei muitíssimo de te ter (re)encontrado, aqui, na web; esvaíu-se o prazer com esta afirmação. Embora não sendo professora de matemática, considero-a ofensa gratuita. T.
Cara T.,
O meu post pretendia ser provocatório. Peço desculpa por se ter esvaído o teu prazer no nosso reencontro. Fazes-me sentir culpado. Que posso fazer? Como professora não concordas minimamente com o que digo? Utiliza a caixa de comentário! Sei, porque conheço, que há profs, incluindo os de Matemática, que se batem pelo sucesso escolar dos seus alunos. Mas, a realidade que critiquei existe. Já agora quantos profs, do ensino público,explicadores de qualquer disciplina, passam recibo aos explicandos? E, do ponto de vista ético, não te faz confusão a mistura entre actividade pública e privada? Bem sei que essa confusão existe noutros grupos profissionais, nos médicos e enfermeiros,por exemplo.Mas isso não isenta os professores. Em breve incluirei um email para melhor responder aos meus leitores. Na esperança de te voltar a encontrar neste blogue, despeço-me com um beijinho.
"Todos os sistemas oficiais de educação são sistemas para bombear os mesmos conhecimentos pelos mesmos métodos, para mentes radicalmente diferentes.
Sendo as mentes organismos vivos e não caixotes do lixo, dissimilares e não uniformes, os sistemas oficiais de educação não têm apresentado grandes resultados.
Que as esperanças dos educadores da época democrática cheguem alguma vez a cumprirem-se, parece ser algo extremamente duvidoso".
Aldous Huxley, in 'Sobre a Democracia e Outros Estudos'
Está tudo certo.Têm todos extrema razão.O texto e os comentário encerram verdades. Mas no núcleo duro da crucial questão da educação estão factos:
-- Na viragem do séc. XIX para o séc. XX, os países do Norte e Centro da Europa já tinham ultrpassado o problema do analfabetismo.
Cem anos depois, na viragem do séc. XX para o séc. XXI, Portugal ainda tem uma incomodativa (é mais nesta perspectiva que o que interessa é tratado, mas nunca resolvido)taxa de analfabetismo.
Ou seja, como os conteúdos que davam resposta aos problemas que a Revolução Industrial punha a qualquer vida prossional têm de ser todos revistos de cabo a rabo, para poderem dar respostas às questões inerentes à Revolução Científico-Técnica, Portugal foi mesmo apanhado com as calças na mão e não ninguém sabe como subi-las ou quando conseguirá trazê-las à cintura.
Outro facto. Um(a) aluno(a) que passe do 9º ano para o 10º chumbado a Matemática, pode acabar o 12º ano sem ter de ligar a esse "horror", inventado apenas para chumbar alunos.
Pronto(a) a entrar num curso superior escolhe Professor(a) do Ensino Básico e entra numa Escola Superior de Educação onde tem, em muitos casos, apenas um semestre de Matemática. Um transtorno! Sai da ESE com uma alta classificação para professor(a) do Básico só a saber fazer contas de somar ou dividir, e ainda por cima reclama: não percebe porque é tem de ensinar matemática se há calculadoras...
E há muitos, muitos mais factos deste género onde assenta a estrutura do nosso ensino. É por isso, que vamos longe...
Gostei muito da resposta de Anonymous. Diz muitas das coisas que eu penso. A História da Educação em Portugal e a nossa falta de tradição conta muito. Querem que Portugal tenha os mesmos resultados de países com mais de cem anos sem analfabetismo, assim do pé para a mão...Ainda temos 10%, pelo menos. Mas lá chegaremos.
Quanto ao texto do Armando, concordo com a questão do desinteresse progressivo de muitos professores de matemática das aulas e pelo seu interesse progressivo pelas explicações.
Mais, como pai, tenho experiência e provas desse facto, numa escola aqui bem perto.
É lamentável, e tenho que pedir desculpa aos bons professores de matemática, mas há muitos que fazem tudo para ter mais alunos nas explicações. E esses são os maus professores. COmo é que podem ser bons explicadores?
Money...
Penso que os maus resultados na Matemática terão muito a ver com as metodologias adoptadas por professores, com a sua inabilidade para transmitir aos alunos, o lado prático, lúdico e interessante dessa ciência. (Sorte terão aqueles que tenham encontrado professores com essa vocação!)
Este aspecto, em concomitância com a história do nosso analfabetismo, coloca-nos em mais uma cauda da Europa e do mundo.
Como sempre, a culpa é do sistema. E porquê sempre 8 ou 80? É a tradição, é a genética, é o desinteresse, são os professores. È tudo isso. Mas também são as crianças, os colegas das crianças (que também são crianças, e repare-se que podemos estar a falar de eternas crianças, que é o que o povo português é, em média, sublinhe-se EM MÉDIA, e mal educadas ainda por cima) e os PAIS das crianças, também eles crianças. Eu andei numa escola, como muitas em todo o país, em que ai de quem fosse bom a matemática. Era um regozijo ver que conseguia tirar a pior nota ou infernizar mais a aula. Mas também são os professores que não sabem como arranjar mecanismos para as dinamizar (as aulas). Matemática sempre foi x e y e equações chatas. Ninguém sabe para si próprio, muito dificilmente saberá para os outros. 7 anos de matemática, do 5º ao 12º. Tive 16 professores, engenheiros mecânicos, médicos, eng. zootécnicos, estagiários. Tudo e mais alguma coisa, vários por ano. Perguntei: porque é que 1x0=0, o que é uma tangente, de onde vem a fórmula resolvente. Vem daí, da pág. 76 do manual. Matemática é um dogma para quem a ensina. E hiper teorizada, sem aproximação à sua aplicação. O problema também é de quem constroi os programas e não os adequa à realidade do país. São extensos, exigentes, impossíveis de transmitir. Para quem sabe pouco, ao menos assegura-se o mínimo. Nunca me foi dado um programa de matemática até ao fim. A meio do 11º, ainda estava a dar o programa do 10º. Na faculdade, desmerdem-se, é convosco. Ninguém quer saber. Continuaremos ainda durante muito e muito tempo a culpar o sistema e com análise prosaicas à nossa ineficiência. Sem querer assumir que mais vale fazer pouco de cada vez, mas fazer, do que andar em círculos a analisar questões que não tem resposta senão no bom senso e no tempo. Repare-se que os professores também são pais (alguns) e todos eles foram alunos. Quem nasceu primeiro?
Mas há que bater em alguém. Faz parte do tuga, a culpa nunca nasce em nós, sempre do vizinho, mas nós somos também o "vizinho" para o outro que por sua vez se iliba e aponta. Engraçado este jogo.
Existe o "instituto da inteligência"? Brutal!!!
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