sexta-feira, 16 de março de 2007

Concerto no "JAZZ CLUB MUSEU SÃO BRÁS"


Foto de Ana Catarino

Las Guitarras Locas

com o percurssionista Raimund Engelhard (tablas e cajon)


no "JAZZ CLUB MUSEU SÃO BRÁS",

a 18 de Março de 2007, às 18:00h (Domingo);

jam-session no final do espectáculo com convidados surpresa!

Na minha tenda


Mbatamila - Reserva do Niassa
Da série "Terra Incógnita". Niassa. 2001/2005

Foto de Sérgio Santimano

II-Presidenciais francesas: a ilusão Bayrou inquieta Sarkozy e Ségolène

A guerra das sondagens aponta: o candidato centrista pode vencer Sarkozy na segunda volta, o pior é que Ségo não disciplina pesos-pesados socialistas...

A cinco semanas da primeira volta das Presidenciais, Bayrou atingiu quase a igualdade no Barómetro das sondagens com a candidata da esquerda plural, Ségolène Royal. Sarkozy, segundo narra o Canard Enchainé, espera fazer entrar um novo coordenador- central na sua campanha. E não ilude a quebra percentual de intenções de voto: depois de ter " obrigado " a judia Simone Weil a entrar no seu comité de honra resolveu, inopinadamente, mudar de táctica (pela terceira vez) e tentar sensibilizar o eleitorado de direita radical, que vota maioritariamente por Le Pen, para tentar assegurar votos. O que quer dizer, que o centrismo refinado de que fazia alarde - um trabalhismo mitigado à inglesa...-, não lhe surtiu efeito e o eleitorado virou costas.

Bem dizia, o Dominique Villepin, que Sarkozy não tinha "pedalada" e a França arrisca-se a "encolher" política e economicamente como aconteceu com a Bélgica. Com o mal da direita podemos nós, o pior é que a candidatura de Ségo parece já ter cristalizado a imagem de uma certa inoperância política, principalmente pela exposição da candidata a golpes e golpadas dos líderes de tendência mais notórios, Laurent Fabius e Dominique Strauss-Khan, que expõem na praça pública as suas dissensões e diferenças tácticas...E tudo por causa das alianças " encapotadas " com Bayrou, claro. Fabius, mais calejado, diz que só se deve pensar nisso na segunda volta...

O candidato centrista, cristão-democrata, François Bayrou continua a capitalizar sobre os erros e omissões dos seus dois rivais, Sarkozy e Royal. O pior é que o centrismo francês não tem uma história muito edificante e o risco de falência da magistratura suprema de Bayrou pode ser enorme e dramático. Num texto muito impertinente e determinado, Jacques Julliard, historiador e número dois da direcção do Nouvel Obs., clique aqui, sublinha que o "centrismo está para o universo democrático contemporâneo como o unicórnio estava para o bestiário medieval: é um animal imaginário, compósito, com fama de virgem e apostado em sarar todos os envenenamentos ". " Um governo de centro faria correr à França o risco do agravamento dos conflitos e do extremismo.". Assim como o regresso à instabilidade política criada pelo "regime de partidos". " O restabelecimento da proporcional no país dos 400 queijos - sem falar das misturas governamentais -aportaria fatalmente este resultado ".

" O centrismo é uma má resposta a uma questão mal colocada. As dificuldades actuais da França não derivam de um defeituoso funcionamento das suas instituições, mas de uma corrupção dos costumes políticos e, sobretudo, do coma profundo da negociação social. Precisamos de um novo contrato cívico, mas não de uma mistificante cena de beijos para a galeria ", frisa o grande politólogo, antigo rocardiano que já apelou ao voto em Chevènement. E apoia agora Segolène Royal.

Num outro texto, no Libération, clicar aqui, um reputado sociólogo do CNRS, Jean Viard, aconselha Ségo a afirmar que irá " propor um governo enquadrado ao centro "." Minha senhora, permita-me que lhe diga, precisa de aliados que amem a economia de mercado, precisa de apoiantes para renovar a nossa democracia, precisa da França em conjunto para modernizar um Estado que se criva de dívidas para se não reformar. E esses aliados não estão situados à vossa esquerda, salvo algumas excepções desorientadas, eles situam-se ao centro, eles são atraídos por François Bayrou. Nele esta situada por um período de tempo a aliança para favorecer um Estado moderno e forte num mercado criativo e dinâmico ".

E deixa este aviso pleno de inquietação: " O PS não tendo repensado convenientemente a ideia de Estado numa sociedade hipertecnológica e fluida, arrisca-se a deixar à direita sarkozyta a sua reforma necessária que será dura e violenta. E não tendo também suficientemente repensado e difundido uma nova cultura da economia de mercado e da mundialização, não consegue incarnar a apaixonante aventura, sem dúvida bastante imprevisível, de uma humanidade reunificada num planeta totalmente interconectado. O homem vive um momento de viragem e a esquerda tem medo! ". Sego deu hoje uma entrevista ao diário económico, Les Echos, e responde, taco-a-taco, a este desafio: " A profundidade da crise exige uma revolução ". Jura que não aumentará os impostos e diz que lançará, no Outono, um referendo sobre o futuro das instituições", no sentido de " reconciliar o país com as empresas ".

FAR

quinta-feira, 15 de março de 2007

Mambo 14

A tão somente indigesta ideia da repetição, faz do homem um dardo em direcção à loucura. Porque no desreino, terra da desmultiplicação, há finalmente um tempo que se assemelha ao espaço comevedor de um irrepetível horizonte.
Contudo, amanhã saberemos que nunca houve nada de igual nos nossos repisados quotidianos,
que afinal Sísifo sentiu sempre desaconchegos não similares nas suas intermináveis escaladas,
que nunca um beijo foi o mesmo que outro.
Heráclito foi desaconselhado a desdizer que não podemos entrar no mesmo rio duas vezes?
Afinal a mente, mente|
Magma
(Raku 960º)

Sissine Rocha

Dos mitos (2)

Do meu post anterior não se deve retirar a conclusão que eu seja contra nacionalizações ou reformas agrárias, apenas que elas funcionam como o canto da sereia em que certa Esquerda se deixa hipnotizar pelos populismos. Um caso paradigmático é o de Mugabe no Zimbabwe: salta aos olhos de todos o carácter de ditador com traços de semi-psicopata da criatura (aliás, basta conhecer um pouco da história do país para o perceber). Mas eis que entram em acção a "reforma agrária" e as "nacionalizações"; imediatamente tantos se dispuseram a fechar os olhos à arbitrariedade, aos abusos, ao totalitarismo- ainda mais quando apimentados com os traços de vendetta ao "branco", tão apaziguadores para certos traumas pós-colonialistas. Por isso, não é de espantar qua a Direita mais reaccionária use o exemplo do Zimbabwe como arma de arremesso contra a Esquerda socialista.
De uma vez por todas: nós, na Esquerda, temos de nos deixar definitivamente de messias, de líderes iluminados, e de não olhar a meios para atingir hipotéticos fins. É urgente que assumamos que a Democracia e os direitos humanos são nosso património inalienável, e que nada pode justificar os seus atropelos, muito menos sonhos idilicos sobre paraísos na Terra, que sabemos demasiado bem onde levam. Não quero com isto dizer que devamos resignar-nos a esta democracia, que não defendamos a propriedade pública, ou que deixemos de defender valores que se contraponham ao sacrossanto direito de propriedade, que hoje por hoje se transformou no dogma que impede qualquer avanço social. Mas que o façamos sem ilusões facilitistas de que essa transformação é fácil, e que basta um qualquer Mugabe e a sua "reforma agrária". O combate por um mundo mais justo é, antes de mais, e sobretudo neste conturbado século XXI, um combate pela Democracia, pelos direitos humanos, pela liberdade e pela solidariedade.

Dili

Pintura de João de Azevedo

Sinais

 

Desenho de Maturino Galvão
Posted by Picasa

quarta-feira, 14 de março de 2007

The Dark Knight Returns - a banda desenhada como uma coisa séria

Voltando às lides bloguistas em época de estudo e ainda demasiado tímido para posts esquerdalhos, resolvi escrever sobre mais uma coisa leve, mas inesperadamente cheia de qualidade.
Gosto de BD. Não sou grande conhecedor nem coleccionador, embora tenha fases onde tento tanto ser uma coisa como outra. E numa dessas fases comprei o The Dark Knight Returns o livro que me parecia perfeito para uma tarde de Verão bem passada. O que podia ser melhor do que regressar ao Batman na praia?
The Dark Returns não é um livro para se ler na praia. Frank Miller (autor da série Sin City e do icónico Batman Year One) criou um livro denso e demasiado inteligente para estar na prateleira de um quiosque junto ao Tio Patinhas.
Em The Dark Knight Returns Bruce Wayne já tem 57 anos e o Batman não aparece há vários anos. Os EUA têm na presidência uma deliciosa caricatura de Reagan e o Super Homem é uma arma de destruição massiva do governo contra os (exactamente) soviéticos. Gotham City continua negra, gótica e perigosa. Selina, ex - Catwoman, é uma cinquentona deprimida, o Joker acorda após anos de catatonia e o Comissário Gordon está a habituar-se à reforma.
Mas Miller não trouxe só um grupo de actores velhos para um espectáculo final, comemoração mais que merecida das suas carreiras. Traz-nos também uma televisão com opinion makers manipuladores que nos acompanham a história toda, comentando e colocando dúvidas. Chama fascista (em inglês, mas com as letras todas) ao Homem Morcego que persegue e castiga sem querer saber da lei.
É um livro viciante, bem escrito e bem desenhado. A banda desenhada como uma coisa séria. Quando ler a continuação (The Dark Knight Strikes Again), prometo comentar.


TERRA

African Woman/2 Angola

Dos mitos

É preciso dizê-lo: certa Esquerda é igualzinha a certa Direita no relativismo com que encara a Democracia. Ambas mitómanas, dispõem-se a perdoar os "excessos", os "desvios", os "erros", como inevitabilidades de outros "valores" mais altos que se levantam. Para essa Direita que tão bem conhecemos, é o "mercado", a "prosperidade"; para essa Esquerda de que infelizmente vamos tendo exemplos, as palavras-chave são "nacionalização" e "reforma agrária".

Os privados avançam

A notícia faz manchete no DN de hoje: as "lacunas" que a nova reorganização dos centros de saúde provocam estão em vias de ser preenchidas por operadores privados. Como os privados raramente se enganam nos seus estudos de mercado, é caso para perguntarmo-nos sobre o alcance das ditas "lacunas". Onde o Estado se demite numa área nuclear como a saúde, eis que o grupos Mello e BES e a Santa Casa da Misericórdia se preparam para avançar, com o lucro em vista. Correia de Campos, antigo consultor do Banco Mundial, será o coveiro do SNS? Em todo o caso, uma boa notícia para os "liberais", uma péssima notícia para os utentes com poucos recursos.

Regresso

As notícias do meu silêncio foram algo exageradas.

Manuel João Gomes , in memoriam

neste espaço devia estar uma foto do Manuel João Gomes






Vai muito atrasado este post; ainda assim resolvo publicá-lo.
Tive a honra de conhecer o Manuel João Gomes.
O seu amor ao teatro comoveu-me, tocou-me profundamente.
Guardo religiosamente algumas das suas 'críticas', algumas a espectáculos onde participei como actor e outras como encenador ou autor.
O Manuel João era alguém profundamente humilde. De poucas palavras. Um tímido.
Ninguém, nestas últimas décadas, fez tanto pelo teatro em Portugal como ele. Ia a todas e escrevia sobre todos os espectáculos a que assistia, sem fazer distinções. Onde havia Teatro o Manuel João estava e não se limitava a estar: registava por escrito.
Contaram-me os seus últimos tempos. Ansiei por encontrá-lo. Apenas para lhe apertar as mãos num reconhecimento fraterno. Não consegui encontrá-lo e só soube da sua morte.
OBRIGADO, MANUEL JOÃO GOMES.

Sinais


Desenho de Maturino Galvão
Posted by Picasa

terça-feira, 13 de março de 2007

USA encorajam militarização aguda dos regimes do Nepal e do Bangladesh


União Europeia e EUA de mãos dadas para tentar salvaguardar tópicos de afrontamento alternativos contra a crescente influência de Pequim

A política da manipulação e da intriga ainda é praticada pelo belicoso GW Bush. Um exemplo flagrante: o tipo de intromissão abusiva e despudorada que exerce, de mãos dadas com países da U. Europeia, no Nepal e no Bangladesh, países satélites de dois grandes colossos, a Índia e a China, que tanta dor de cabeça causam aos estrategos de Washington. Será que a " contenção " e a vigilância mais ou menos disfarçada sobre a China, os conduz a cometerem ingerências imperdoáveis no desenrolar da vida política interna daqueles dois estados? A " cruzada " em prol das democracias "emergentes" provoca mais estragos e embaraços do que pensa o anónimo observador incauto. O jornalista indiano J. Sri Raman mostra tudo clicar aqui no Truthout.org. Ele diz, fundamentalmente, que os EUA boicotam por variados meios a realização de eleições requeridas pelos principais protagonistas políticos.

" No caso do Nepal, os negociadores enviados de Bush nem se deram ao luxo de esconder esse propósito de boicote. Em relação ao Bangladesh, Washington e os seus aliados ocidentais declaram tão só mais uma errante guerra na senda para a democracia ", frisa Raman, que acrescenta: " Em relação ao Nepal, esses enviados evitaram entrar em colisão com a diplomacia activa do antigo embaixador americano, a partir do momento em que o povo derrotou a monarquia detestada e abriu a porta a democracia ". O diplomata americano, que já cedeu o lugar, " tentou por todos os modos evitar o regresso dos maoistas ao jogo político, e quebrar o acordo histórico que os liga ao partido Aliança (SPA), que eliminou o despótico rei Gyanendrás em Abril do ano passado. Ele desempenhou um grande papel mantendo o " dia do terror" de inspiração yankee contra os maoistas e agitou a ausência de ajuda para as regiões por eles controladas ".

Apesar de todas estas diligências, o Nepal vai assistir amanhã a mais uma etapa da sua transição democrática, com a entrada dos maoistas no governo interino do PM Girija Koirala. " A subsecretária de Estado americana da Cooperação, Henrietta H. Fore, numa visita a Katmandu na passada semana, assegurou logo que o processo tinha ficado " adiado ". Proclamando a " irritação" de Washington, Fore verberou a " reiterada oposição dos maoistas em renunciarem à violência " e, também a agitação étnica, manifestando-se pela construção da unidade do Nepal sem os maoistas. Forçou o PM , velho e fraco, a cumprir tais propostas anti-maoistas. Mal ela vira costas, Koirala assegura aos revolucionários pró-chineses que iriam ocupar alguns lugares no governo...

Uma democracia sustentada e amparada pelos militares parece ser o que teme o líder dos maoistas nepaleses, Prachanda. Ele diz que quer o governo pronto até final deste mês. E na passada denunciou uma conspiração para matar os americanos residentes no país, prejudicando os maoistas e proibindo-os de se exprimirem politicamente. Será o barulho das botas... militares? O mesmo se passa no Bangladesh em que um moribundo governo provisório cedeu à descarada manipulação militar. " O povo só especula sobre a desfaçatez de quem serve às ordens dos militares ", revela Raman. A prisão do filho do chefe do maior partido da Oposição e o adiamento das eleições parecem favorecer a projecção de um tecnocrata apoiado e encorajado pelos EUA, o eminente economista Mohammad Yunus, que precisa dos militares para " endireitar " o estado e a economia...

FAR

Seleccionámos:

Bush's Democracy Project in Bangladesh and Nepal
By J. Sri Raman
t r u t h o u t Guest Contributor
Tuesday 13 March 2007

Who says that President George Bush and his men and women promote democracy only by destructive wars? They do so also through creative, unconventional diplomacy. Look at their latest achievements in Bangladesh and Nepal.
In both these countries bordering India, whose ruling establishment has enlisted in the Bush crusade to save democracy (especially "emerging" democracies), the cause has hit a major roadblock. And it is representatives of Washington who have placed a mega-sized boulder on the path to much-awaited elections in both cases.
In the case of Nepal, Bush's mouthpieces have not really bothered to conceal this. In the case of Bangladesh, Washington and its Western allies have only declared a more devious war on democracy.
In talking of Nepal, these columns have repeatedly noted striking instances of the distinguished style of US Ambassador James Francis Moriarty's diplomacy, through the entire period since the people of the Himalayan state overthrew a hated monarchy and opened the door to democracy. A higher official of the US administration has now outdone him.
Moriarty has tried many tricks barred by the book of diplomacy in a bid to prevent the return of Maoists to the political mainstream, and to break the historic accord between them and the Seven-Party Alliance (SPA) that ended King Gyanendra's despotic rule last April. Moriarty has played a role in keeping Washington's "terror tag" on the Maoists. While insisting on their electoral insignificance, he has tried to stall their inclusion in the interim government by warning of US assistance only to departments under non-Maoist ministers.
He has also made a very un-diplomat-like visit to a center of ethnic unrest and voiced support for the demands of the Madhesi minority, which the Maoists and the SPA do not oppose anyway.
Notwithstanding Moriarty, Nepal was to move ahead to the next stage of its democratic transition on March 14th, when the Maoists were to join the interim government under Prime Minister Girija Prasad Koirala. US Under Secretary of State for Management Henrietta H. Fore, on a visit to Kathmandu last week, ensured that progress in the process was put off.
On March 10th, she proclaimed Washington's displeasure with "two trends that, if unresolved, threaten Nepal's democratic progress." The first - surprise, surprise - was "the continuing failure of the Maoists to renounce violence". The second, equally predictably, was ethnic unrest. This, she said showed the need for "inclusiveness" in Nepal, though the Maoists were to be excluded.
(…)
The process gathered momentum with the arrest of Begum Zia's unpopular son Tarique Rahman and raids on Hasina's residence on March 8th. The very next day, all political activity (including indoor meetings) was banned.
The second development is the entry into politics of eminent economist Mohammad Yunus. He has turned out to be a typical candidate of the same political camp and constituency that the behind-the-scene military rulers represent and back. Even more significant is the extra-Bangladesh dimension of his electoral appeal and that of his hastily assembled party called Nagorik Shakti (Citizen Power).
Moriarty and Fore have played politics in Nepal, but their counterparts in Bangladesh would seem to have gone a step further by fielding their own candidate and a party in the forthcoming election, if and when it is held.
The US ambassador in Bangladesh, Patricia Butien, has been more circumspect than Moriarty. But a former US ambassador in Bangladesh (and Pakistan ) and currently an academic at the Woodrow Wilson Center in Washington, DC, William B. Milam, has nearly given the game away.
Milam's proximity to the power centre in Washington is seen in the fact that he was to be a US observer of the scrapped election of January 22nd. On January 9th, almost two weeks before that, he wrote in a newspaper column, "My trip to Bangladesh ... is off." He said "the US and EU have ruled out sending teams (of observers)" because, among other reasons, it "would convey an unofficial sanction to an election that will be clearly wanting in legitimacy."

Salão de Chá


Da série "Terra Incógnita". Niassa. 2001/2005

Foto de Sérgio Santimano

Intriga em Família


Selecção de textos publicados nos últimos dois anos no Da Literatura.
Temos que esperar pelo fim de Abril para o irmos buscar às livrarias.

Mambo 13

Se não me perguntarem, sei o que é o tempo, dizia Stº Agostinho, aos seus contemporâneos à beira da ruela do século 9. Sem antes limpar o piso, estou sentada no regaço cobiçado do século 21, em plena avenida to nowhere com um desejo engordado pelos dias, "where there is a wish there is a way"... mas o tempo, fica sempre inabitado pelo momento certo, o "kairós"
dos gregos clássicos. Ao transeunte que passa pela nossa vida,
oferecemos falta de tempo, precipitamos-lhe a resposta sem que tenha
antes circulado pelo seu coração, a nossa imaginação é uma grande
empresa que dispensa serviços rápidos; ao que ia dizer algo,
cola-se-lhe a nossa sugestão de pensamento, por vezes, chegada da
própria alienação mas com inofensivo nome. Ao outro que chega já
partindo, talvez o tenhamos enredado nas lianas do tempo a mais, dias,
meses, anos para que se traduza em nós a sua vontade; a esse, o tempo
deveria ter tido saldo mais curto para que se não tornasse mnésica
bruma. Arranjei uma maneira de dosear o tempo. Se quero de imediato
algo, espero o mais que puder, há sempre alguém que leva mais instantes a
deglutir os acontecimentos mas se a preguiça desce como o sol, exercito
o poder de agir e antecipo a história da vida. No entanto, sigo com
algumas dúvidas sobre este reflectido procedimento, porque depende
fantasticamente dos fusos culturais e já quase ninguém sabe de onde lhe
vem o que parece ser seu chão.