sexta-feira, 17 de novembro de 2006

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Ukãi

No redondo da sua dor, as pontas são donas de um nome.
Por elas denota-se o drama, esticam ou encolhem a vida mesmo a das dores maiores, as que têm face.
Essa história dos filhos e dos amores está lá, sabe-o.
O descanso da mãe estira-se em dois instantes - o da partida e o do regresso.
Persegue os pés do filho como se fossem berlindes, até qualquer fundo de descida, tentando encostar-se a ele lá no silêncio do merecimento da conjunta viagem; seus palpitantes dedos contam as esforçadas etapas da cria, sobrepondo-as em importância aos seus próprios pavores, somando-se em contentamentos de idas e vindas que não só em imaginação lhe pertencem, ensopando o destino de tempo feliz.
A sua admiração pelo rebento engendra-se voluptuosamente, quanto mais afasta as pontas da incerteza e o obriga a existir em maior duração, no fino equilíbrio da efemeridade.
É assim que se concebe como mãe.
Dar-lhe cada vez mais vida.
Já a desrosada face dos amores é mais infeliz.
Na aceitação, observa-o.
Já não apaga nem acende, vive só mesmo lá dentro da meia forma ganha em volume de silêncio, no escuro - sem piscar.
Treme por tocá-lo sem a espessura da espera, sem isso dos engrossados pensamentos nas muitas luas a cuidarem um esgar- o que desresta do seu homem.
Serpenteiam-lhe sob as finas pálpebras os olhos desejosos, vontades de pesadamente pousar-se nos cheiros que não se desmisturam, ficar neles agachada a parir fundura, não demovê-los como coisa não sua, abrigá-los como a casa os seus definitivos ocupantes quando se esboroa, ser só lançada boca de pedra aguçada em secular casca de árvore – se pudesse, para sempre.
Enroscada nos panos, a descida do astro ainda em memória, aponta uma sombra junto a si, o arco fechado das costas alheias descondizente com a linha horizontalizada dos seus seios.
Há-de vir alguém, de muito longe, cingir-lhe o desenho dos lábios com calores pertos e rodear-lhe a descintura da dor com amabilidades..
É assim que celebra os seus sangues de mulher – sonhando.
Talvez um bárbaro.

Wrestling Team

Ducho

Sinais

 
Desenho de Maturino Galvão Posted by Picasa

Fábrica de Estúpidos II

A FML insiste em nada ensinar. Formam-se médicos autodidactas, mas incute-se a mentira e a desresponsabilização. Podia explicar isto de mil maneiras (e espero, nestas crónicas, ir abordando não mil, mas pelo menos algumas), mas a minha preferida é a da “cobardia do exemplo”, como dizia o Álvaro de Campos a Alberto Caeiro numa conversa fantástica sobre o 34 (é um momento de literatura tão brilhante que é a minha citação mais usada). Conto-vos então, o meu dia de terça-feira.
Entrei às 9.30 porque não acordo mais cedo para ir a aulas teóricas. Gosto de aprender, mas não gosto que me leiam matéria. Aula de cirurgia prática. O meu tutor, que é um oásis no meio disto, não está nos próximos tempos. Acabaram-se as aulas em que aprendo, discuto, ponho dúvidas e saio com vontade de estudar. Estamos com outro tutor e estamos de volta à realidade negra do ensino surreal desta faculdade. A aula prática são colegas meus a fazerem apresentações acerca da matéria. São, portanto, teóricas. Mas os oradores percebem menos da matéria. Enfim. Aguentamos (falo no plural porque o meu fiel grupo de amigos partilha esta opinião), não aprendemos nada – porque em aulas de exposição de mais de 30 minutos ninguém retém a atenção o tempo todo e ninguém consegue assimilar a matéria o suficiente bem para a poder aplicar num contexto tão importante como, sei lá, um doente. Às 11horas anunciamos que vamos para Urologia.
Em Urologia o modelo das aulas é fabuloso. O nosso assistente, passando um atestado de incompetência (justo) ao sistema, tem uma solução inovadora: as aulas consistem em fazer exames – “porque é isso que vocês cá vêm fazer”. Portanto, vou acabar o curso sem ver doentes de Urologia. Não que eu discorde do senhor – afinal é mesmo este o espírito da FML: ninguém está ali para aprender Medicina, mas para aprender a fazer exames de Medicina. Eu gostava era de não ter que participar num ensino assim. É possível algo melhor. Algo útil, pedagógico, que dê prazer a quem ensina e a quem aprenda. O tutor de Urologia nem tem uma solução má ou escabrosa no meio de tudo o que se passa. Tem uma turma com 15 alunos e não pode tomar conta de todos e trabalhar ao mesmo tempo. Resolve exames connosco, já não é mau. Há quem nem isso faça.
Mas, e mais médicos a ensinar, mais “ensino” menos “preparação para exame”? O curso é só uma praxe? Só se aprende quando se tem o canudo?
Acontece que…O nosso assistente não está. Foi para o estrangeiro e não nos avisou. Ainda não descobri porque é que acordei. Duas horas e meia depois ainda não fiz nada de útil. Aproveitamos o furo para fazer panfletos e posters para a reunião de alunos sobre Bolonha (apareceram 27 alunos em 1600).
À tarde, Medicina Geral e Familiar (MGF). Um must see da FML. A cadeira de MGF tem 72 horas de ensino teórico – prático que consiste em aulas de 3 horas de exposição mais a resolução de um exercício. As aulas são bacocas e insultantes. Explicam-nos que o indivíduo tem de ser visto no seu contexto familiar e social mil vezes, como se a informação fosse uma grande discussão filosófica. Glorificam a Medicina Geral e Familiar como uma ciência única e perfeita e tratam os médicos hospitalares como monstros desumanos a eliminar. Dizem-nos que “um médico generalista vê qualquer doente independentemente do sexo, idade e tipo de problema”. Pusemos a questão: “para que servem os outros médicos, então?”. Não nos responderam.
Estamos lá 3 horas. É horrível. Não é só entediante, gera violência. Irrita, revolta, dá vontade de cuspir, de perguntar se é isto que me vai fazer médico e porque é que eu estou aqui e não a estudar ou a ler ou a namorar. A professora, muito pouco académica, justifica o facto de já ter dito a pessoas para não terem filhos, não se reformarem ou deixarem de trabalhar com a mui científica frase “há pessoas fracas da cabeça”. Um eufemismo barato para “eu acho que há pessoas estúpidas, mas não posso chamar-lhes isso”. Pouco tempo depois fala do aconselhamento não – directivo. Tudo parece rodopiar à minha volta. Que faço eu aqui? A docente usa “holístico” demasiadas vezes numa só frase e numa só aula, como quem aprendeu uma aula nova.
Um exercício que consiste em fazer uma árvore genealógica a partir de uma história. Estamos, portanto, a testar se alunos de 5º ano conseguem ler e passar as palavras para símbolos.
Às 17 horas saio da FML. Não aprendi nada, não estou estimulado, estou cansado de tudo. Podia ter feito mil coisas, mas estive preso numa faculdade que se diz “de excelência”.
Só falta este ano e outro. É o que vale.

Manuel Neves

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Ficções

 
Sábado, dia 18 de Novembro, às 23h, no Onda Jazz. Rua Arco de Jesus, 7, Alfama, Lisboa (junto ao campo das cebolas).

Rui Luís Pereira (Dudas): guitarras e alaúde.
João Falcato: piano.
Yuri Daniel: contrabaixo.
Carlos Miguel: bateria Posted by Picasa
 
Foto de José Carlos Mexia

Da série Sevilha Posted by Picasa

MISSIVAS

Olá Diva!
Cá estou eu novamente para te falar das nossas relações durante os tempos em que aprendia no desporto e tentatavam que aprendesse nos bancos da escola.
Recordaste que nem tudo foi pacífico. Não havia modos de conciliar basquetebol com escola. Deste-me a conhecer coisas muito importantes e belas com aquele jogo e, por outro lado, acentuaste o meu quase desprezo pelos estudos.
Descobri que conviver com outros miúdos jogando uma bola com as mãos, dominá-la e enfiá-la naquele aro lá no alto conquistando tempos e espaços e sobressaindo entre os demais, eram "coisas do outro Mundo"!
Por aí, adquiri grandes conhecimentos. Na escola as coisas não eram tão importantes. Tudo me distraía! Desde as moscas que voavam frenéticas pela sala e eu ficava a olhar para os seus voos como se de naves espaciais se tratassem... até aos gestos - e não às sapientes palavras - dos professores... as miúdas que andavam pelo recreio... as flores liláses dos jacarandás no parque de estacionamento da escola... o sonho de uma nova finta que mais logo ia "ferrar" nos treinos do jogo...o projecto de outra gazeta à aula de contabilidade para ir lançar mais umas bolas ao cesto...tudo servia para me abstrair daquelas descomunais secas que os mestres para ali se punham a debitar nas aulas! Depois eram os cartões das faltas que regularmente chegavam a casa, pelo correio. E eu ficava de atalaia à espera que eles viessem e tratava imediatamente de os rasgar. Por vezes desconseguia, lembras-te? E era a minha mãe que recebia o documentozinho malvado e, pronto, lá estava outra vez "o caldo entornado"! Porrada e mais porrada... sovas monumentais e castigos... durante uma semana não havia basquetebol. As sovas eram o menos. O pior era não poder ir treinar!
E assim se foram passando tempos de reprovações e passagens de ano na escola e progressos (muitos!) no basquetebol. E isso era o mais importante, como deves saber!
Mais me obrigaram - e tu também! - a ir estudar Comércio quando eu queria era ir para um Liceu, para poder escolher Artes.
Mas o Liceu era mais para os meninos filhos dos senhores ricos e eu era filho de um senhor dos machimbombos e de uma senhora doméstica, lembras-te?
Diva. Hoje não vou esgotar-te com recordações.

Olha aí um beijinho do Frisó.

Um filme já visto

Decide-se um mísero aumento de 15 euros para o salário mínimo nacional, e lá começam as carpideiras do costume. Os economistas-ao-serviço-da-nação já vieram alertar, eivados de pânico, para a iminente bancarrota nacional. Ficamos assim esclarecidos sobre sermos um país de salários mínimos. Curiosamente, não vimos esses mesmos economistas soltar um pio quando da liberalização do preço do petróleo, que fez subir em flecha os preços da energia e dos transportes, supondo que as quase-falidas empresas nacionais também usam energia e transportes; mas isto, claro está, é o mercado a funcionar, sendo totalmente legítimo que uma empresa vá à falência por este motivo, mas nunca, obviamente, por ter de pagar mais 15 euros por mês aos seus 10 trabalhadores- essa é- abrenúncio!- a intromissão da horrenda mão do Estado sobre a livre-iniciativa. Já os neo-liberais de serviço dedicam-se mais a discussões teórico-práticas sobre o salário mínimo ele mesmo. Ficamos a saber que a sua existência impede o trabalho e fomenta o desemprego, e isto porque, e logicamente, faz com que certas pessoas que poderiam estar a trabalhar, digamos, 40 horas por semana a ganhar, digamos, 300 euros por mês, não o estejam, e assim se vejam condenados à indigência. Seguindo esta linha de raciocínio, proponho também o fim do Rendimento Mínimo Garantido e do limite máximo de horas de trabalho semanais- coisa que, note-se, os nossos neo-liberais subscrevem por inteiro- ou não possa uma pessoa que neste momento dele beneficia, encontrar um trabalho de 60 horas semanais por 100 euros mensais, e assim contribuir para a pujança da economia nacional e a sua realização pessoal. It's the market, stupid!

Um novo Partido perfila-se no horizonte...

O Congresso do Ps extinguiu-se em Santarém e deixou ao país (a Grande Lisboa...) dois dias de intenso nevoeiro.
É coisa que dá que pensar...
Na sequência, o José Veiga põe o seu cargo à disposição. Tem direito de antena em tudo quanto é comunicação social. Esta manhã, o Albino - pai confederado e por direito próprio - emitiu opinião na TSF. Nos intervalos de ser pai, dão-lhe esse direito e ainda o direito de ter opinião.
Tudo se arranja.
Um novo Partido se perfila: o Partido Arranjista.
Tudo se arranja neste novo Partido.
No fundo, não há nada de novo: o PS hesita sobre a questão da IVG, o PSD tem clientes que discordam da IVG: tudo se arranja - referende-se... e vincule-se.
A Escola Pública afundou-se - alternância Ps/PSD/ CDS-PP - e a culpa é dos profs.: solução - arranje-se novo Estatuto da Carreira Docente. É aí que reside o mal de todos os males.

Tudo se arranja. Arregimentemo-nos para que tudo se arranje.
Arranjadores do meu país, uni-vos!

Sinais

 
Desenho de Maturino Galvão Posted by Picasa

terça-feira, 14 de novembro de 2006

Politólogo adverte para grande margem de manobra de Bush na política de Defesa

Charles A. Kupchan, antigo conselheiro de Bill Clinton e prof na Georgetown Uni. sublinha que a eleição para as duas câmaras do Congresso despoletou um P. Republicano mais à direita e um P. Democrático mais à esquerda

O texto do investigador e politólogo, que pode ler aqui, hoje publicado no Libération, abre caminho a uma crescente onda de análises que se perfilam na Imprensa Mundial e nas revistas da especialidade. Kupchan aplica a regra do realismo: Bush como Presidente guarda substanciais poderes em matéria de Defesa. Mas, frisa " não dita a política estrangeira ". E adianta que Bush, apesar de dar sinais de não impertinência e de ter eliminado Rumsfeld, continua a crer nas" posições belicosas " do vice, Dick Cheney, " e solicitou mesmo ao Senado o prolongamento do mandato de Jonh Bolton, o seu controverso embaixador na ONU ".

" Os democratas não podem contar senão com eles próprios, se tencionarem mudar o curso da política externa ", dispara o politólogo da banda à Clinton. Que recorda sibilino :" Mesmo quando o Congresso estava sob controlo Republicano Bush fazia pouco caso das suas proposições sobre o Iraque, o tratamento dos prisioneiros ou outra qualquer questão que dissesse respeito com a segurança nacional. Não existe nenhuma razão para pensar que será diferente com um parlamento democrata. Pelo contrário, tudo leva a crer que a Casa Branca se mostrará ainda mais intransigente na defesa das suas prerrogativas".

E vai mais longe e atira para cima da mesa com estes tópicos alarmantes: " Os democratas irão que ter de suportar no decorrer dos acontecimentos o mal de não disporem de nenhum plano coerente face aos grandes desafios da actualidade. Se o partido conheceu um grande sucesso na semana passada junto dos eleitores, não foi porque tenha apresentado um programa convincente de alternativas: foi tão-só a consequência de um profundo descontentamento em relação com a guerra no Iraque ".

De salientar, de acordo com um artigo do NYT de hoje, que ao grupo de Estudo sobre o Iraque, composto por 12 elementos, deve apresentar o seu relatório dentro de trinta dias. O Pentágono está a elaborar também um parecer. Parece que os dois documentos se irão fundir. Correm rumores que os democratas tencionam implementar uma estratégia de contenção e reagrupamento, o mais tardar em Março. A abertura de conversações com o Irão e a Síria, hipótese recomendada publicamente por Tony Blair, de modo a quebrar o surto insurreccional no Iraque, esbarra com uma categórica negativa de Bush porque, adianta fonte da Casa Branca, Teerão ainda não admitiu congelar o processo de enriquecimento do urânio em curso.

FAR
 
Desenho de João Fróis Posted by Picasa

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

De uma possivel definição sobre a justeza de uma guerra

A questão do léxico utilizado pelos militares num determinado conflito é da maior importância. Tomemos por exemplo a guerra israelo-palestiniana. Como apontei num post mais abaixo, a parte israelita nunca assume a verdadeira natureza do conflito (isto no seu discurso para o exterior, pois existem dois discursos antagónicos, como veremos). Quando das suas acções resulta o massacre de civís, diz sempre que foi "por acidente"; as suas acções no terreno nunca são "militares", mas sim "acções punitivas" contra "alvos terroristas identificados". Na verdade, o exército israelita utiliza todas as acções de guerra clássicas num conflito daquele género: ataques contra alvos inimigos, independentemente da presença ou não de civis no local; acções punitivas contra a população, que está do lado do inimigo; destruição de infra-estruturas, tanto militares como civis, etc. Procura, no entanto, uma desvalorização constante do seu método e do seu papel, porque necessita de se apresentar aos olhos do Mundo como "a parte justa", "que se defende". Esta necessidade obsessiva de justificar os actos talvez nos diga, melhor que qualquer outra coisa, a verdadeira natureza da justiça subsequente ao conflito...
Internamente, porém, o discurso muda radicalmente. Os lideres israelitas lembram constantemente ao seu povo que estão em guerra, uma guerra feroz contra inimigos que os pretendem aniquilar. Este duplo discurso, é fácil de ver, resulta de uma necessidade estratégica: se externamente pretendem passar a mensagem da "guerra justa", internamente é necessária uma cultura do medo do Outro, que justifique todos os sacrifícios materiais e humanos que os israelitas tem de suportar para manter o esforço de guerra.

De Santarém a Helsínquia (Diário... ou o que for possível) de um socialista... quer dizer... inscrito... Pois!Com cartão do PS

12 de Novembro 06
Ainda me lembro daquele final de Congresso...
Pena foi que o xéxé do Almeida Santos tivesse aquela regressão...
«Tu fumou súruma dos meus olhos, Ana Maria...»
Ganda cota!

Cá estou na escola do Ps após umas quantas horas de voo. Está um frio do caraças.
A escola parece fixe mas o briol é tanto que nem dá para perceber.
Vim para aqui porque a Finlândia continua a ser o modelo do nosso sec-geral.
Deve ser porque é longe p'a caraças e poucos portugueses conseguem cá chegar.
Eu só queria ser membro da Comissão Nacional do Partido, não precisava mesmo nada vir à Finlândia.
Estou com um frio do caraças!
Acho sinceramente que o senhor Engenheiro esteve uma beca salazarento quando discursou no Congresso. Se calhar o Almeida lixou aquela cena toda por isso mesmo. Não há nada como pertencer a um partido democrata...
Bjs. do
vosso
Jossélio Pires Fonseca
 
Foto de José Carlos Mexia

Da série Sevilha Posted by Picasa

Sinais

 
Desenho de Maturino Galvão Posted by Picasa

domingo, 12 de novembro de 2006


Moldura híbrida da vigília

Pintura de Bela Rocha

Curriculum de BELA ROCHA

Nasceu em Maputo. Cedo se sentiu rodeada por um ambiente onde se sublinhava o gosto pelas artes e cultura em geral. Plural e facetada, a sua procura artística também se afirmou desde a sua adolescência, entre a dança e a pintura. Estudou teatro no Berliner Ensemble, em Berlim.
Também acedeu ao domínio da ilustração, área a partir da qual teve intervenção no livro «Raízes de Orvalho», de Mia Couto.
Entretanto viveu no Brasil, onde desenvolveu a técnica da pintura sobre seda. Em S. Paulo, dada a natureza da sua peculiar maneira de se exprimir, a sua arte foi usada, em termos próprios na Alta-Costura.

Da actividade artística de Bela Rocha deve salientar-se as seguintes exposições individuais:
1984: Alemanha, Potsdam,
1995: Moçambique, Centro Cultural Franco-Moçambicano, Maputo.
1996: Portugal – Galeria António Alegria Artes, Oliveira de Azeméis.
1997: Portugal – Centro Cultural de Aveiro.
1997: Portugal – Centro Cultural da Câmara de Albufeira.
1997: Portugal – Centro Cultural da câmara Municipal de Estarreja
1998: Portugal – Universidade Católica, Lisboa.
2006: Portugal – Galeria da câmara Municipal de Oeiras.

Exposições Colectivas
1995 a 1997: Moçambique – Centro Cultural Franco Moçambicano * Centro de Estudos Brasileiras * Associação Moçambicana de fotografia * Núcleo de Arte * Instituto Camões * Centro Cultural Português.

1997: Finlândia.
1998: Portugal – Galeria Esteta, Porto. Museu Nacional de Electricidade, Lisboa, como participante da Expo. ‘98
1999: Portugal – Évora, colectiva Internacional.

Está representada em colecções particulares na Alemanha, Brasil, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos da América, Finlândia, França, Haiti, Itália, Moçambique e Portugal,
incluindo: Museu Nacional de Arte de Moçambique, Museu Alpöoy Akö, Finlândia, e na Sede Internacional da UNICEF

Pesquisa
A procura das suas referências antropológicas e culturais levou-a a candidatar-se a uma bolsa de estudos na Fundação do Oriente, a qual foi aceite e os trabalhos desenvolvidos, depois prolongados, tutelados esteticamente pelos professores Rocha de Sousa e João Conceição Ferreira, cujos relatórios finais tiveram bom acolhimento. Este trabalho foi realizado em condições algo difíceis, do ponto de vista estrutural, mas os problemas daí decorrentes superados com êxito.
Bela Rocha vive e trabalha actualmente em Paço de Arcos, procurando aceder a novos suportes culturais e relações entre as suas principais fases, ilustradas no portofólio – entretanto seguidas na mesma linha que conduz o olhar sobre o mundo de uma maneira irónica, satírica, algo patética, tanto no «folclore» urbano como nas memórias da ruralidade moçambicana.

(Texto tirado do catálogo da exposição, na Biblioteca Operária Oeirense, em Novembro de 2006)

Obrigado, Blasfémias, pela publicidade grátis

Com uns dias de atraso, e por interposta polémica, fiquei a saber que o jcd do Blasfémias nunca percebeu, talvez por não querer perceber, a minha opinião sobre o papel do Estado, preferindo associar-me (aliás associar-nos, uma vez que insinua com o nome deste blogue, como se os outros que por aqui escrevem tivessem de partilhar as minhas opiniões- o que é extremamente liberal, como se percebe) a argumentos que não subscrevo, nem tenho de subscrever. Recomendo-lhe, sobre o tema, e se se quiser dar ao trabalho, este meu post, e também, embora com menos expectativas, algum tipo de honestidade intelectual.