terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Carla

É a nova namorada do Sarkozy: a vontade de Kitch a toda a prova. Por que será que o PR francês anda à procura de namorada? Por estratégia eleitoral? Para não deixar ficar mal os seus súbditos que riem a bandeiras despregadas com os comentários jocosos dos seus vizinhos ingleses e alemães? Por tudo e mais uma coisa: a "pílula" repressiva que Sarko vai fazer engolir aos franceses necessita de muitas peripécias e ilusões, claro. O Libé de hoje trás esta new irresistível e que cartografa tudo, por agora.

"Carla, oh Carla

Autant le dire tout de suite (et sans forfanterie), l’auteur de ces lignes «savait». Oui. Je savais. Mais la semaine dernière quand, tout fier de mon scoop, je tente de le partager avec mes confrères, une grande vague de scepticisme m’accueille (quelqu’un cite alors une marque de voiture)… et des soupirs. Nous autres, à Libé, n’est-ce pas, nous ne nous occupons pas de people, fût-ce quand il s’agit du premier people de France… Pourtant, ce week-end, ce couple surprenant fait son coming out chez Mickey. Et hier matin, en conférence de rédaction, quand vient le moment de la critique du journal du jour, Laurent Joffrin pose la question qui tue : «Et le papier sur Carla, qu’en avez-vous pensé ?» S’ensuit une sorte de brouhaha d’où il ressort que «ça ne nous intéresse pas», mais que ça nous intéresse quand même un peu… puisque le sujet reste dix bonnes minutes autour de la table ! On vous épargne la litanie des ex de la chanteuse («chanteuse ?») et les remarques plus ou moins sympathiques («au moins, elle, elle ne fait pas trop Neuilly», «elle n’a pas un look blingbling», etc.). On parle de la couverture de Point de Vue. On disserte sur les propos récents du Président, soudain très agressif contre les «gens du Flore». On dissèque aussi l’interview de la chanteuse dans le Figaro Madame (17 février 2007) : «Je m’ennuie follement dans la monogamie. Je suis monogame de temps en temps. L’amour dure longtemps, mais le désir brûlant deux à trois semaines.» Allons, finalement, c’est peut-être un bon sujet…"

Didier Pourquery
Libération


FAR

Alguém se lembrou (5)


Monumento aos mortos da guerra no Vietname. Washington. EUA. 2007

Foto Jota Esse Erre

Faz frio...

Enregelado, caminho, sob o imenso frio deste Dezembro.
De ideias, escasso.
Acho-me perante um país friorento.

Aquecemos?...
Nem por isso.
Por aqui vai um frio de rachar.

Estamos em tempo de avaliar.
E a coisa não vai bem, não vai mesmo nada bem.
Nem se ouvem sinos de Belém
nem dém dém dém...

Nas ruas são os maiores, mandadores sem lei
estes são os meninos que eu avaliei.

São outros valores
Já nem sei que vale.
Obrigado, Sócrates
que nos dá este Portugale.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Casório





Sois tão poderosos que fazeis mentir os vossos espelhos!

Esclareça-se: o objecto acima é o bolo de noiva de um casamento recentemente celebrado na Matola (ex-Cidade Salazar, já agora…), nos arredores de Maputo. Quem não conheça o Moçambique de hoje poderá supor que estamos perante a abordagem gastronómica de um tema recorrente da pornografia: a noiva que os convidados comem, a consumar o casório. Mas não. Essa fantasia pressupõe uma generosidade de que a nova burguesia moçambicana é obviamente incapaz.
Esta escultura doce não é uma doce escultura. Sabe à arrogância e à violência do novo-riquismo mais boçal, única afirmação cultural de uma classe à deriva entre dois mundos. Já não são pretos mas também não são brancos. Venderam a alma ao diabo para matarem a mãe (Teimosa, embaraçava toda a gente com a mania de receber os mulungos de capulana!) e comprarem outra. Digital, topo de gama, tás a ver? Mas na troca o diabo, que não dá ponto sem só, trocou-lhes as voltas, e numa Metamorfose versão tropical, acordaram com cauda e gosto pela imitação, macacada patética tomou por missão histórica o empenho em aprender a fumar cigarros e a bater punheta em troco de uma banana.
As reviravoltas da História permitiram o mais desenfreado arrivismo, mas no topo do bolo estão os mesmos que António Enes, na sua abissal ignorância, acreditou erradicar. Coitado! No espaço de um século, os aristocratas bantos passaram de sobas a comissários políticos e logo a seguir a neo-liberais, com a mesma lata, o mesmo jogo de cintura, e a mesma tropical indigência. Vale tudo, no reino da grunhada. A aristocracia pré-colonial adaptou-se aos novos tempos, sentiu-se em casa no colonialismo, no neo-colonialismo, na globalização, e em tudo o mais que os bonecreiros vão arranjando para o upgrade do saque. Hoje, para exportar alfaces para a UE, o horticultor moçambicano tem que obedecer a 270 requisitos. Leram bem: 270 requisitos!!! À beira disso, o que é a ASAE?
Está lá tudo. Das bochechas nutridas da noiva às extensões do cabelo, passando pelos brincos, a tiara e a gargantilha, estão lá todos os sinais exteriores da opulência atirados à cara da miséria mais negra, das putas impúberes da Marginal, dos deslocados que dão emprego ao Guterres, dos balseros, dos molwenes que amanhã irão disputar a murro, entre si, os restos da boda no caixote do lixo.


José Pinto de Sá

Alguém se lembrou (4)


Flor deixada no monumento aos mortos na guerra do Vietname. Washington. EUA. 2007

Foto Jota Esse Erre

Há quem se queixe da época

Há quem se queixe da época. Vai ser Natal. Costuma ser um tempo de fecho do ano que finda e de esperança no novo ano. À volta da fogueira, aqui diz-se lareira, com entes queridos, entre morcelas, rabanadas, “fiéis amigos” no prato, com variações nas culturas familiares. Cá por casa é tempo de festejar a coisa. Com uma grande preocupação. O mais velho não se redime. Já prometeu que 2008 era a data do aparecimento do “homem novo”. Fez a barba, uma destartarização, usa uma roupita nova, diz que vai deixar o cigarro. Estará a prometer um amanhã que canta? Não vou nessa! Registo a sua inabalável esperança. Até em tempos foi às Taipas procurar ajuda. Apaixonou-se pela Psi e entendeu que não existiam as condições para que a cura resultasse. Deve ser da influência freudiana. Também é verdade que levou tratamento de allien. Lá só tratam os agarrados à dura. O meu pai deve ser dos moles, mas tem boa vontade. Haja paz na terra e esperança. Para mim e para vocês. Eu se mandasse internava-o. O Dr. Correia de Campos ajuda?

Josina MacAdam

Sinais


Desenho Maturino Galvão

domingo, 16 de dezembro de 2007

Mambo 33

Se o mundo é a parte avançada da minha casa, o que é a casa de cada um?
Sempre me intrigou a relação entre as estruturas e os seus habitantes, tanto quanto me surpreende o diálogo entre um corpo e quem o habita...

No período dos descobrimentos, já as casas parecem querer ganhar águas que as movimentem nesse sonho e por isso, têm a forma de barcos, virados ao contrário como que temporariamente recolhidos. (Madeira)
Para os lados de Montalvo, dos arrozais do Sado, existem as casas dos descendentes de escravos, que se estruturam numa sanduíche de madeiras e feno e em que a cozinha é situada ao ar livre, frente à casa, mostrando os doces hábitos africanos de ligação à terra, ao sol, à natureza, ao espaço. (Não consigo apontá-las ...)

No período da colonização dos Açores, o conceito de casa para lá transportado foi o dos habitantes para lá mudados, casas do sul, do Algarve, em que a diferença mais notória era a chaminé que ganhara a forma da chaminé de barco. Foto abaixo: Stª Bárbara/Açores; Piodão

A casa de influência árabe, revela-se sobretudo na cor branca e pelos seus terraços, onde os povos do deserto fixariam as estrelas, recolheriam água, desenvolveriam o estudo da geometria e matemática. foto abaixo: Loulé

Também existem os Palheiros da Tocha que são construções de apoio à pesca.
Casas ligadas à pesca da sardinha, onde se guardavam as alfaias e redes e que a partir de 1930, com a valorização do verão como possibilidade de praia, passaram a ser casas de praia.
foto: abaixo: Palheriro da Tocha

Junto à linha fronteiriça, na época medieval, na zona arraiana (Sortelha, Sabugal, Almeida…) aparecem as casas que se têm que moldar à geografia interior do Castelo que protegia a aldeia, em defesa dos inimigos de Castela.
A casa romana, no período neolítico, já traduz o surgimento da agricultura e a posse da terra, significa a sua divisão entre os homens, passando a ser rectângular a forma de distribuição dos terrenos e das próprias casas. A forma da mulher na arquitectura deixa de ser eloquente, num tempo patriarcal. casas foto abaixo: Piodão; Sortelha

Já as casas em redor das cidades, por exemplo em Mafra, sofrem influências orientais japonesas e chinesas, configurando os seus telhados em forma da cobertura dos pagodes, onde parece que existem no seu desenho, asas a aconchegarem-se no ninho.
foto abaixo: Mafra
Por exemplo, explica-me Justino Brito, a casa Celta (Briteiro), circular, primitiva e pertencente ainda a um período de matriarcado, onde a forma da mulher grávida era o símbolo de fertilidade, tem o seu telhado em forma de seio e na sua fachada dois braços de pedra que serão os braços acolhedores com que a mãe estreita o seu filho ao amamentá-lo. Este tipo de casa primitiva era um ponto de apoio à maternidade. foto abaixo: Soajo; Briteiros; Tourém



Os pés em desatino domingueiro, estacionaram-me em frente a um estendal de feira, para que o olhar pudesse sair e deliciar-se com pequenas amostras de diferentes casas, no rectângulo da península Ibérica.
Num enorme vertical e linear mapa, lá estavam aplicadas nas suas três dimensões, as diferenças na arquitectura popular portuguesa, reproduzidas por hábeis mãos e rigorosa e curiosa mente conjunta.
De admirar, que este casal português que desde 1980 trabalha estes temas, Justino Brito e Teresa Taveira, não sejam amplamente apoiados e convidados para as escolas e com contrapartidas (claro!!!) para palestrar sobre o seu saber, investigação, produção; seria belíssimo para os alunos à disciplina de História, Filosofia, Psicologia, História de Arte e Desenho, no mínimo, matutava eu enquanto gulosamente sorvia aquelas histórias todas, que amavelmente me iam chovendo, encharcando-me dos encantamentos... da Península e dos seus perfumes de viagens, ancorados na casa Portugal.

meia.cana@oniduo.pt
http://www.meiacana.org/
Exposição na Galeria Municipal de Quarteira em Abril de 2008.

Alguém se lembrou (3)


Campas no cemitério nacional de Arlington, onde são enterrados militares americanos. Arredores de Washington. EUA. 2007

Foto Jota Esse Erre

Alain Badiou: O que é a "ruptura" de Nicolas Sarkozy

"Il est tout à fait essentiel que Sarkosy ait fait campagne sur le motif de la rupture. Rupture, profondes réformes, mouvement aussi incessant que celui des moustiques: Sarkozy annonce qu’ il va surmonter la crise morale de la France, il va la remettre au travail. C´est quand même formidable de dire aux gens, dans l’état où ils sont, et du haut du costume trois pièces du maire de Neuilly: "Je vais vous remettre au travail, moi !". On dirait une bourgeoisie du XIX siècle s’adressant à sa bonne. Mas non, c’est la rupture, c’est le renouveau. Le contenu est évidement l’obéissance sans réserves aux exigences des potentats du capitalisme mondialisé. La situation militaire est l’affaire des Américains, la situation intérieure celle des grands financiers, etc. On frappera que les faibles, les pauvres, les étrangers. La "rupture" est en realité une politique de la courbette ininterrompue, qui va se présenter comme une politique de la régénération nationale".
O grande filósofo francês, prof. na École Normale Supérieure da Rue D’Ulm - Paris, acaba de publicar um pequeno livro altamente polémico contra a via para a salvação do Capitalismo proposta por Sarkozy, o novo PR gaulês.
O panfleto, com 160 páginas, está a deflagar uma imensa polémica. Até o Le Monde, pela pena de R-P-Droit, se "comoveu" com a terrível diatribe de Badiou... Dentro de dias, tentaremos apresentar um texto mais alargado, claro.

Alain Badiou, «De quoi Sarkosy est-il le nom? »
Nouvelles Éditions Lignes, Paris Nov. 2007


FAR

Sinais


Desenho Maturino Galvão

sábado, 15 de dezembro de 2007

Alguém se lembrou (2)


Monumento aos mortos nas guerras coloniais. Belém. Lisboa. 2007

Foto Jota Esse Erre

Sinais


Desenho Maturino Galvão

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Terra

African Kids/12 (Angola 06)
Foto:G.Ludovice

Não há medida curta naquela desempoeirada alegria de menino.
Porquê? De quê? Mistério de vida, que escolhe nos mais pequeninos e frágeis, um exemplo flamejante para os mais encorporados de tudo, porque estes são afinal os mais débeis e aqueles os mais sabedores, porque enroupados por esse mistério, do simples sentir.

Sinais


Desenho Maturino Galvão

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Cores de Novembro


São cores de plástico. Ajuda. Lisboa. 2007

Foto Jota Esse Erre

Putin: fuga para a frente

Ninguém pode ter as cartas e as regras do jogo, ao mesmo tempo. Putin parece que pode. Uma semana após a "banhada" das Legislativas, o PR russo "escolhe" o seu sucessor, Dmitry Medvedev, o patrão-encarregado do Kremlin na Gazprom, o "fiel" serventuário mais apolítico da banda dos quatro candidatos à sucessão. Numa conjuntura internacional muito confusa, a instabilidade política russa só conforta os próceres das soluções mais extremistas e isolacionistas, uma espécie de pacto secreto onde os mais fortes ditam as regras e exploram sem escrúpulos... E a lista de iniciativas desenvolvimentistas russas perfila um conluio cínico com os grandes da U.Europeia e o novo clube dos produtores de petróleo. Estão a ver a cena?!?
Tudo parece como num conto de fadas. Mas a realidade é bem diferente: uma surda guerrilha de clãs "instalou-se" nas alcatifadas antecâmaras do super-poder russo, em Moscovo. Segundo os grandes analistas internacionais, Putin tenta "matar" a guerra de clãs que se instalou entre o todo-poderoso ministro da Defesa, Sergei Ivanov, e o chefe da casa-civil presidencial, Igor Sechin. Ambos, com carreira na FSB/ KGB, queriam condicionar a sucessão de Putin. Ivanov, pormenor muito curioso/perigoso, tinha mesmo dado forma à constituição de uma equipe de campanha... Putin não gostou e nomeou, em Setembro passado, um novo PM, Viktor Zubbkov, para despistar os incautos e ganhar tempo...até às Legislativas. Agora, mais liberto de mãos, nomeou um aparatchik liso, fiel e inodoro, da média/alta classe de St. Petersburgo, com provas dadas e da maior das confianças: o tecnocrata Dmitry Anatolevitch Medveded. Por quanto tempo? Com que credibilidade Putin pode "impor" esta escolha? O diabo que escolha, apesar da margem de manobra do presidente russo ser ainda enorme. Mas há divergências e apetites insaciáveis.
Os grandes jornalistas do F. Times- Catherine Belton e Neil Buckley- dizem que estamos na "estação das intrigas" em Moscovo. E citam as incontornáveis opiniões de Olga Kryshtanovskaya e Nikolai Pterov, dois opinion-makers de alto coturno, que juram que nada está ainda decidido...para suceder a Putin, que quer continuar a "mandar"...
Putin foi obrigado a nomear um não FSB/KGB para se perfilar como seu sucessor. É uma fraqueza e um desafio. Mas, segundo os analistas,o que é importante para Putin é que Medvedev não pertença à FSB/KGB e não tenha laços com os burocratas que controlam os quatro pilares repressivos do regime - Interior, Procurador-Geral, Defesa e Serviços de Segurança Interna e Externa. Porque Putin quer continuar a " controlar " esses pontos-chave do poder russo, esteja onde estiver no organigrama de Estado. A ver vamos, portanto.

FAR

Sinais


Desenho Maturino Galvão

José Mário Branco

Meu irmão, o teu melhor qanda posto por aí.
E seja como for: o José Mário Branco é um músico estrondoso do estrondo, um daqueles qaté mete impressão, e não é pouca, seus suinos, é pa respeitar isto.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Chicken Madness

A propósito da "cimeira" abaixo descrita, é imprescindível ver isto.

("Chicken Madness" é também o próximo tema de Los Santeros, if you know what I mean...)