O NY Times ouviu Marina em Londres. Assegura que o marido tinha estado no FSB ( ex-KGB) de 1973 a 2000. Tendo tomado partido pelo multimilionário exilado actualmente em Londres, caiu em desgraça, foi preso e teve que fugir com a família...
Marina Litvinenko, engenheira química e professora de dança-ginástica, rompeu o silêncio e deu uma curta entrevista de uma hora ao correspondente do NY Times em Londres,Alan Cowell. Começam a dissipar-se as dúvidas acerca da morte por envenenamento do antigo agente do FSB, conforme perspectivamos em três textos anteriores. Confirma que o marido era oficial do FSB, " por um pouco não se tornou no mais novo general da polícia secreta russa". Só agora se confirmam as hipóteses de ser um agente secreto, portanto. Tinha um " perfil muito calmo e silencioso", conta a esposa que ficou com um filho de 12 anos para criar.
Como tinha sido destacado para a divisão de combate ao crime económico organizado, Alexandre Litvinenko parece ter entrado nos meios económicos dos novos barões-predadores da economia russa no tempo tenebroso de Boris Ieltsin. Por isso, conhece Boris Berezovky, agora exilado em Londres, e decidiu anunciar em conferência de Imprensa, no princípio de 2000, que Putin preparava um complot para o assassinar. Foi castigado, preso e perseguido, e sai da Rússia com papéis falsos.
Devido à sua enorme rede de contactos, Alexandre Litvinenko consegue fazer com que a sua esposa e filho o venham a encontrar em Londres, numa acidentada viagem de Moscovo, via Marbella e Istambul. Marina conta ao repórter que, na capital britânica, o marido entra no mundo espesso e trágico dos oposicionistas a Putin e onde pontificavam os homens do multimilionário e investidor, Berozovsky.
2006 marca o crescendo da política selectiva de controlo e perdição de todos os opositores de Putine.Com os meios londrinos se pautam por uma febril actividade oposicionista, o FSB foi atacar no terreno e tentar realizar o trabalho sujo: intimidação, chantagem e atentados pessoais. Litvinenko revela em Julho à esposa: " Eles vão nos matar". Eu não quis acreditar que isso iria acontecer, sublinha a viúva. E, então, a 1 de Novembro último Alexandre começa a adoecer em grau cada vez maior. É internado e morre três semanas depois. O corpo clínico do hospital londrino, acrescenta Marina," disse-me que ele não tinha hipóteses de ser salvo".
FAR
terça-feira, 19 de dezembro de 2006
Georges Bataille: " A poesia surrealista é sagrada..."
" A poesia surrealista é sagrada na medida em que não tem textura. A verdade da poesia moderna consiste em ter privado a poesia de substância. Da mesma maneira que uma coisa não pode ser sagrada, a liberdade não pode estar presa nas leis. O sagrado consome e destrói as coisas, a liberdade opõe-se às leis."
" Como escrever? senão como uma mulher normalmente honesta que se despe numa orgia."
" Imaginam-me sem razão niilista, limitado aos excessos dionisíacos. Estar alerta ao impossível não consiste numa infelicidade (não é também a facilidade ). O para lá da tempestade é a calma do alerta onde principia, na prossecução das rupturas que deseja, a amizade do homem por si próprio."
"(...) em suma, para mim, como para Nietzsche e Camus, o mundo não pode ter pensamentos sem qualidade. Retomo com todo o gosto a frase, desta feita tão nietzschiana, de Albert Camus: " O segredo da Europa é que ela não ama a vida, é por isso que escolheu amar o que existe para lá da vida imediata. Mas a Europa é neste caso o comunismo, cuja grandeza e miséria derivam com efeito da negação do instante presente."
" Uma vez que a destruição, ou o absurdo, soltam e não destroem, a verdade do homem alerta (...). Esta verdade difícil - para o espírito formado pela lógica -em relação com ela (eu ) desejaria afirmar, justamente ,que isso apela para a felicidade do agora ou nunca ".
In Georges Bataille, Les problèmes du surréalisme, tome VII.OC. Gallimard
FAR
Nota Bene: Nesta silly season invernosa, na ausência de grande manancial informativo, jogo com estas proposições sublimes de Georges Bataille, o grande escritor e filósofo francês, contemporâneo de Sartre, mas ainda muito mais radical e indomável.
" Como escrever? senão como uma mulher normalmente honesta que se despe numa orgia."
" Imaginam-me sem razão niilista, limitado aos excessos dionisíacos. Estar alerta ao impossível não consiste numa infelicidade (não é também a facilidade ). O para lá da tempestade é a calma do alerta onde principia, na prossecução das rupturas que deseja, a amizade do homem por si próprio."
"(...) em suma, para mim, como para Nietzsche e Camus, o mundo não pode ter pensamentos sem qualidade. Retomo com todo o gosto a frase, desta feita tão nietzschiana, de Albert Camus: " O segredo da Europa é que ela não ama a vida, é por isso que escolheu amar o que existe para lá da vida imediata. Mas a Europa é neste caso o comunismo, cuja grandeza e miséria derivam com efeito da negação do instante presente."
" Uma vez que a destruição, ou o absurdo, soltam e não destroem, a verdade do homem alerta (...). Esta verdade difícil - para o espírito formado pela lógica -em relação com ela (eu ) desejaria afirmar, justamente ,que isso apela para a felicidade do agora ou nunca ".
In Georges Bataille, Les problèmes du surréalisme, tome VII.OC. Gallimard
FAR
Nota Bene: Nesta silly season invernosa, na ausência de grande manancial informativo, jogo com estas proposições sublimes de Georges Bataille, o grande escritor e filósofo francês, contemporâneo de Sartre, mas ainda muito mais radical e indomável.
Soberania da mulher
O debate sobre a despenalização da IVG, é preciso não esquecê-lo, é um debate; isto a propósito de uma certa tendência para o tacticismo que se nota no campo do Sim. Por um lado, entende-se- é preciso focar a atenção nos pontos que são mais consensuais, essencialmente o problema de saúde pública que é o aborto clandestino. Mas por outro é redutor e potencialmente contraproducente. Porque este debate deve encerrar a questão de uma vez por todas, é essencial que percorra todos os lados de um assunto tão complexo.
Vem isto a propósito deste texto de Miguel Vale de Almeida, que é essencialmente sobre uma questão deste debate que vem sendo ignorada: a soberania da mulher sobre o seu corpo. O texto é excelente, e merece ser lido na íntegra. Deixo alguns excertos:
«É óbvio que um feto e mesmo um embrião são "vida". É óbvio inclusive que são vida da espécie humana. É por isto ser tão óbvio que tanto os apoiantes do "sim" como os apoiantes do "não" concordam que a decisão quanto a abortar é um problema moral e ético que se coloca a quem tem que decidir. E é por isto ser tão óbvio que há qualquer coisa de ridículo nas discussões sobre o "começo" da vida - feitas por qualquer dos lados da "barricada".
O que isto significa é que a questão se põe noutro plano. E esse plano é o da comparação entre a vida humana duma Pessoa individual e social, feita e com biografia e projectos - a mulher que engravida - e a vida no sentido lato que o embrião é. A primeira tem que pesar prós e contras da consequência de ter um/a filh@; a segunda "existe" num plano potencial e passivo. É por isto que o referendo não é sobre a vida.»
«(...)o que me faz impressão é a facilidade com que toda a gente, de um lado e outro, parece abandonar o discurso sobre o corpo feminino e a soberania de cada mulher sobre ele. Faz-me impressão que o lado do "não" consiga passar a mensagem de que esse discurso é "feminista", logo "extremista". Que o outro lado aceite estes termos, como geralmente aceita através do silêncio, é sinal do atraso cívico do país. É que o discurso sobre a soberania da Pessoa sobre o seu corpo nada tem de extremista - é pura e simplesmente o resultado de uma visão moderna e liberal sobre a autonomia dos indivíduos. Extremista e ultrapassado é o discurso sobre a maternidade forçada como fado e destino.»
segunda-feira, 18 de dezembro de 2006
domingo, 17 de dezembro de 2006
Los Santeros e Mad Dog Clarence convidam
Caríssimos convivas: O emérito baixista-vocalista-bêbado-decadente-estúpido dos magníficos Los Santeros (eu), e o único e mítico special guest star permanente dos ditos deuses, o grande bluesman do Cais do Sodré e Conde Barão, Mad Dog Clarence, irão celebrar o seu aniversário. Convidam amigos e fãs para um evento social e sociopata, que promete mexer com tudo o que mexe no nosso país, a Caras, a Lux e o Blitz. Assim: Dia 21 de Dezembro de 2006 no Ateneu Comercial de Lisboa, à Rua das Portas de Santo Antão, junto ao Coliseu, a farra e a fanfarra começarão com um mega-jantar/ comício de apresentação da candidatura de Mad Dog Clarence à junta de freguesia dos Prazeres. Oradores: José Galinha Pássaro, Nico Nicotina e Nélson "Eddie" Rápido. De seguida, passaremos ao concerto ligeiro protagonizado por Los Santeros com Mad Dog Clarence na primeira parte. Espera-se festa da rija e da boa!
Os preços são: jantar + concerto (não existe opção de jantar sem o concerto, senão depois pirava-se toda a gente, e como é que era?): 13 € Concerto apenas: 3 € (como já devem ter percebido, o jantar só seriam 10, mas esta opção não existirá- isto porque nós temos muita lata, mas, senhores, os músicos tem de viver, de comer, de se vestirem, e isto é um filme do Fellini dos anos 50). O menu (isto já é Fellini dos anos 60- "La nave va" e assim) será brasileiro, ou seja, feijoada, picanha e cenas desse género. Ainda vou saber como será para os vegetarianos (ainda existem gajos assim?), uma vez que quem tratou disto foi o Mad Dog que, como é óbvio, não se preocupou com irrelevâncias dessas. Os senhores doutores e as meninas que quiserem jantar podem inscrever-se deixando um comentário a este post. Relembro que neste evento esperado há eras, para além de um concerto de Los Santeros terão direito a uma primeira parte inteirinha de Mad Dog, e quem o conhece sabe bem o que isso quer dizer: um ataque de asma, afasia, talvez até uma ambulância. Ou seja, espectaculo garantido.
Agradecido pela atenção dispensada,
Jorge Luís Borges: " É preciso que a leitura seja um prazer "
"É preciso que a leitura seja um prazer. Um tipo de alegria que partilhemos com os outros. A leitura imposta é um absurdo, não é ? Por que é que se deve impor o prazer? Um livro é uma grande felicidade".
P. " Gostaria que um conto seu desse origem, por exemplo, a um conto simétrico? Borges: Era uma boa coisa que a leitura funcionasse dessa maneira.“
P. " Pensa que um crítico deve recriar a obra? Borges: Claro. Shakespeare, por exemplo, está mais estruturado hoje do que quando escreveu... Cervantes também. Cervantes foi enriquecido por Unamuno ; Shakespeare por Coleridge, por Bradley. É assim que um escritor cresce : Depois da sua morte, continua a desenvolver-se no espírito dos leitores. E a Bíblia, por exemplo, é mais rica hoje que quando foi composta. É ao trabalho do tempo que isso se deve. Tudo isso faz parte integrante da obra. Caramba! Não sei se ousarei dizê-lo: cada vez que cito Shakespeare, dou-me conta que o refinei ainda mais".
Jorge Luís Borges, in" Entretiens sur la Poésie". Gallimard-Col.NRF.1990
FAR
P. " Gostaria que um conto seu desse origem, por exemplo, a um conto simétrico? Borges: Era uma boa coisa que a leitura funcionasse dessa maneira.“
P. " Pensa que um crítico deve recriar a obra? Borges: Claro. Shakespeare, por exemplo, está mais estruturado hoje do que quando escreveu... Cervantes também. Cervantes foi enriquecido por Unamuno ; Shakespeare por Coleridge, por Bradley. É assim que um escritor cresce : Depois da sua morte, continua a desenvolver-se no espírito dos leitores. E a Bíblia, por exemplo, é mais rica hoje que quando foi composta. É ao trabalho do tempo que isso se deve. Tudo isso faz parte integrante da obra. Caramba! Não sei se ousarei dizê-lo: cada vez que cito Shakespeare, dou-me conta que o refinei ainda mais".
Jorge Luís Borges, in" Entretiens sur la Poésie". Gallimard-Col.NRF.1990
FAR
sábado, 16 de dezembro de 2006
Armando,
O vosso anónimo pousou um comentário na troca de argumentos que eu tive com o FAR, (que não sei quem é mas tem grande erudição), no post sobre o Litvinenko, e eu respondi à letra. Dando a curva pela cultura europeia, para não ser directo e chocar sensibilidades, mandei-o bater punheta, foder a mãe e levar no cu. Creio que abarquei todo o gostinho portuga. Faltou talvez mandar ir almoçar com os chineses, que quereria dizer comer baratas e formigas, e assim eu faria uma referência à péssima culinária portuguesa (propagandeada como excelente – por cá só o hambúrguer McDonald’s é bom).
Enfim o anónimo tem uma opinião. E tu sabes o que dizem das opiniões… são como os cus, toda a gente tem um/uma.
Eu já te escrevo e mando uns desenhos sobre a actual agitação nos meios literários e judiciais – sobre a mais recente intelectual lusa Carolina Salgado. Tenho ainda que acabar um texto para o blog e deixar o dia clarear para procurar os meus apontamentos. Mais para meio da manhã mando-te outro mail.
Um abraço.
Maturino Galvão
Pratinho de Couratos e Soft Asphalt
O vosso anónimo pousou um comentário na troca de argumentos que eu tive com o FAR, (que não sei quem é mas tem grande erudição), no post sobre o Litvinenko, e eu respondi à letra. Dando a curva pela cultura europeia, para não ser directo e chocar sensibilidades, mandei-o bater punheta, foder a mãe e levar no cu. Creio que abarquei todo o gostinho portuga. Faltou talvez mandar ir almoçar com os chineses, que quereria dizer comer baratas e formigas, e assim eu faria uma referência à péssima culinária portuguesa (propagandeada como excelente – por cá só o hambúrguer McDonald’s é bom).
Enfim o anónimo tem uma opinião. E tu sabes o que dizem das opiniões… são como os cus, toda a gente tem um/uma.
Eu já te escrevo e mando uns desenhos sobre a actual agitação nos meios literários e judiciais – sobre a mais recente intelectual lusa Carolina Salgado. Tenho ainda que acabar um texto para o blog e deixar o dia clarear para procurar os meus apontamentos. Mais para meio da manhã mando-te outro mail.
Um abraço.
Maturino Galvão
Pratinho de Couratos e Soft Asphalt
sexta-feira, 15 de dezembro de 2006
O 2+2=5 feito pelos seus leitores
Recebemos na caixa de correio um interessante comentário de uma pessoa que conhecemos, do qual transcrevo esta parte:
«Deus queira que o André estabilize a sua situação financeira e libidinal. Ele tem brincado com a malta: textos disparatados, polémicas inúteis, ausência de perspectivas e, sobretudo, o descaramento de se querer, ora anarquista, ora social democrata, ora nao sei-o quê, a gingar com a malta. Armando: poe cobro a tais disparates. O blogue fica prejudicado muitissimo e, quem anda por bem e a tentar o melhor que sabe e pode, fica muito triste com tais leviandades e chico-espertismos. Atencao e toma as providências necessárias para evitar mais aleivosias e piruetas de mau-gosto!»
O caso Litvinenko: droga mortífera acessível e à venda na Internet
Cientista social yankee lembra promessas e realidades do estilo Putin. E fala do estranho poder da droga letal incarnada pelo Polónio 210
O artigo de Edward Luttwark, sociólogo norte-americano especializado na geopolítica russa, dá-nos mais pistas para tentarmos compreender a morte do ex-espião do KGB, Alexandre Litvinenko. Revela clicar aqui algumas notas importantes: 1) avança com a hipótese de um ajuste de contas " político " pago pelo multimilionário russo Boris Berezovski. Talvez este também se queira posicionar como eventual sucessor de Putin: ninguém o sabe; 2) como o morto se queria converter ao islão, há a hipótese de um crime religioso hediondo; 3) a pista do assassinato com Polónio 210 parece ter credibilidade: a droga de textura nuclear pode ser adquirida facilmente e até na Net. O que desmente o porta-voz do Kremlin, conforme vimos ontem.
O cientista social lembra o fabuloso poder letal do Polónio 21O, que " só tem uma duração útil de 138 dias " e, com uma dose de 1/100 milionésimo de grama, provoca lesões irreversíveis no tecido humano. Luttwark lembra, por outro lado, todo o progressivo endurecimento de Putin, desde que tomou posse do Kremlin em 1999. Em sete anos, o líder russo eliminou já todos os rivais conhecidos e abraçou uma forma de isolacionismo económico muito incómodo para os investidores estrangeiros. No domínio das energias fósseis, petróleo e gás, Putin desencadeou há alguns meses um processo de chantagem com as firmas estrangeiras- Shell, Total, entre outras - na zona das ilhas Sakhalinas, onde os ocidentais investiram já perto de 40 biliões de dólares nos estaleiros. Pois, o que é que ele fez passar: a poluição causada é enorme - os salmões morrem é de morte natural...- e toca é embalar as coisas e zarpar. O dossier da crise fronteiriça letonio-russa é também escalpelizado: trata-se de retaliações crescentes contra o grau independentista das antigas repúblicas soviéticas. Com contágio repressivo idêntico na Geórgia e na Ucrânia.
FAR
O artigo de Edward Luttwark, sociólogo norte-americano especializado na geopolítica russa, dá-nos mais pistas para tentarmos compreender a morte do ex-espião do KGB, Alexandre Litvinenko. Revela clicar aqui algumas notas importantes: 1) avança com a hipótese de um ajuste de contas " político " pago pelo multimilionário russo Boris Berezovski. Talvez este também se queira posicionar como eventual sucessor de Putin: ninguém o sabe; 2) como o morto se queria converter ao islão, há a hipótese de um crime religioso hediondo; 3) a pista do assassinato com Polónio 210 parece ter credibilidade: a droga de textura nuclear pode ser adquirida facilmente e até na Net. O que desmente o porta-voz do Kremlin, conforme vimos ontem.
O cientista social lembra o fabuloso poder letal do Polónio 21O, que " só tem uma duração útil de 138 dias " e, com uma dose de 1/100 milionésimo de grama, provoca lesões irreversíveis no tecido humano. Luttwark lembra, por outro lado, todo o progressivo endurecimento de Putin, desde que tomou posse do Kremlin em 1999. Em sete anos, o líder russo eliminou já todos os rivais conhecidos e abraçou uma forma de isolacionismo económico muito incómodo para os investidores estrangeiros. No domínio das energias fósseis, petróleo e gás, Putin desencadeou há alguns meses um processo de chantagem com as firmas estrangeiras- Shell, Total, entre outras - na zona das ilhas Sakhalinas, onde os ocidentais investiram já perto de 40 biliões de dólares nos estaleiros. Pois, o que é que ele fez passar: a poluição causada é enorme - os salmões morrem é de morte natural...- e toca é embalar as coisas e zarpar. O dossier da crise fronteiriça letonio-russa é também escalpelizado: trata-se de retaliações crescentes contra o grau independentista das antigas repúblicas soviéticas. Com contágio repressivo idêntico na Geórgia e na Ucrânia.
FAR
quinta-feira, 14 de dezembro de 2006
" Quem entra no KGB só de lá sairá morto "
O Le Monde questionou o n.° 3 do Kremlin, Dimitri Peskov. Afirma que o seu patrão está inocente. E revela que a Rússia produz 1 grama de Polonium 210 por mês...
Vamos tentar perceber a " fonte dos fantasmas" que inquieta toda a Europa? Vamos seguir o que se sabe e é colhido por máquinas de Informação muito pesadas e lestas, como o M15 britânico, a secreta alemã e tutti quanti... E que depois salta a contas gotas para os Média. Há o perigo de Poutine se chatear, agora que ele vê a real e magnífica perspectiva de se entender com a chanceler tedesca, Ângela Merkl, e a erótica francesa Ségolène Royale no G-8. Daqui a uns meses...
Ora, o texto de Thierry Wolton, clique aqui, dá-nos mais algumas boas pistas. E fala com o conhecimento de causa de ter investigado o antigo KGB, hoje FSB, em Moscovo. A tese é que Poutine teve que " restaurar " os privilégios do KGB, muito mal tratados durante o consulado de Yeltsin. Hoje sabe-se, como o escrevemos já aqui no blogue, que os amigos de Poutine e fiéis servidores de Youri Andropov estão na maior no aparelho de Estado russo. Há mesmo a hipótese de um deles, por acaso destacado na Gazprom, o colosso mineiro e gasista da Rússia, Medeved, ser " escolhido " para suceder a Poutine, o futuro presidente do gigantesco consórcio por sua vez...
Wolton conta que os ex-colegas de Poutine no KGB passaram um mau bocado: fizeram umas associações e com a subida do chefe ao Kremlin juraram nunca mais cometer erros. Isto é, arquivos do KGB fechados a sete chaves e toca a iniciar uma reconversão dourada nos mais diferentes patamares da democracia " vertical " poutinesca. " Outros ligaram-se à máfia; todo este pequeno mundo dedicou-se para tirar proveito(s) da política e dos negócios. Nenhum deles nunca rompeu com o KGB-FSB: nunca se deixam os serviços secretos".
A Rússia está a abarrotar de dinheiro, de divisas fortes, por causa da venda do petróleo e do gás. E dos contratos gigantescos a que tem direito. Os meios da alta finança internacional, segundo o NYT, notam que a Rússia possui sozinha face aos 25 membros da U Europeia, a soma de todas as reservas de divisas estrangeiras da Europa. O que é obra e dá para sonhar com o impossível.E ai de quem nos faça frente!!! Wolton falada da "pequena dose de terror " que apareceu na cena política russa em 2000. " Na Rússia de Poutine é difícil distinguir entre os órgãos, os antigos agentes dos serviços secretos, a máfia, tanto os interesses são cruzados e os protagonistas serem muitas vezes os mesmos ", sublinha.
O Le Monde foi por outros caminhos e ouviu o n°.3 do Kremlin., numa entrevista ontem publicada. O que é que ele diz de relevante? Afasta peremptoriamente a hipótese do veneno ter sido produzido na Rússia. " Nós temos um sistema impecável de controlo do material nuclear. Tudo funciona perfeitamente. ". E revela que a Rússia produz " um grama por mês de polónio 210, numa só fábrica situada numa aldeia estratégica ". E nega terminantemente que o estado russo esteja implicado no processo de corte da emissão russa da BBC, no dia seguinte à morte de Alexandre Litvinenko em Londres " . E acima de tudo aponta: " Vestígios radioactivos foram também sinalizados em Londres nos lugares frequentados pelos opositores russos exilados, como ( o multimilionário Boris) Berezovski ou o ( emissário independentista tchetcheno) Zakaiev ".
FAR
Vamos tentar perceber a " fonte dos fantasmas" que inquieta toda a Europa? Vamos seguir o que se sabe e é colhido por máquinas de Informação muito pesadas e lestas, como o M15 britânico, a secreta alemã e tutti quanti... E que depois salta a contas gotas para os Média. Há o perigo de Poutine se chatear, agora que ele vê a real e magnífica perspectiva de se entender com a chanceler tedesca, Ângela Merkl, e a erótica francesa Ségolène Royale no G-8. Daqui a uns meses...
Ora, o texto de Thierry Wolton, clique aqui, dá-nos mais algumas boas pistas. E fala com o conhecimento de causa de ter investigado o antigo KGB, hoje FSB, em Moscovo. A tese é que Poutine teve que " restaurar " os privilégios do KGB, muito mal tratados durante o consulado de Yeltsin. Hoje sabe-se, como o escrevemos já aqui no blogue, que os amigos de Poutine e fiéis servidores de Youri Andropov estão na maior no aparelho de Estado russo. Há mesmo a hipótese de um deles, por acaso destacado na Gazprom, o colosso mineiro e gasista da Rússia, Medeved, ser " escolhido " para suceder a Poutine, o futuro presidente do gigantesco consórcio por sua vez...
Wolton conta que os ex-colegas de Poutine no KGB passaram um mau bocado: fizeram umas associações e com a subida do chefe ao Kremlin juraram nunca mais cometer erros. Isto é, arquivos do KGB fechados a sete chaves e toca a iniciar uma reconversão dourada nos mais diferentes patamares da democracia " vertical " poutinesca. " Outros ligaram-se à máfia; todo este pequeno mundo dedicou-se para tirar proveito(s) da política e dos negócios. Nenhum deles nunca rompeu com o KGB-FSB: nunca se deixam os serviços secretos".
A Rússia está a abarrotar de dinheiro, de divisas fortes, por causa da venda do petróleo e do gás. E dos contratos gigantescos a que tem direito. Os meios da alta finança internacional, segundo o NYT, notam que a Rússia possui sozinha face aos 25 membros da U Europeia, a soma de todas as reservas de divisas estrangeiras da Europa. O que é obra e dá para sonhar com o impossível.E ai de quem nos faça frente!!! Wolton falada da "pequena dose de terror " que apareceu na cena política russa em 2000. " Na Rússia de Poutine é difícil distinguir entre os órgãos, os antigos agentes dos serviços secretos, a máfia, tanto os interesses são cruzados e os protagonistas serem muitas vezes os mesmos ", sublinha.
O Le Monde foi por outros caminhos e ouviu o n°.3 do Kremlin., numa entrevista ontem publicada. O que é que ele diz de relevante? Afasta peremptoriamente a hipótese do veneno ter sido produzido na Rússia. " Nós temos um sistema impecável de controlo do material nuclear. Tudo funciona perfeitamente. ". E revela que a Rússia produz " um grama por mês de polónio 210, numa só fábrica situada numa aldeia estratégica ". E nega terminantemente que o estado russo esteja implicado no processo de corte da emissão russa da BBC, no dia seguinte à morte de Alexandre Litvinenko em Londres " . E acima de tudo aponta: " Vestígios radioactivos foram também sinalizados em Londres nos lugares frequentados pelos opositores russos exilados, como ( o multimilionário Boris) Berezovski ou o ( emissário independentista tchetcheno) Zakaiev ".
FAR
Viva Allende!

"I don't see why we need to stand by and watch a country go communist due to the irresponsibility of its people." - Henry Kissinger
Desde a morte de Pinochet que o Insurgente, e em menor escala o Blasfémias, tem-se dedicado a uma verdadeira campanha de desinformação e intoxicação sobre a figura e a actividade política de Salvador Allende. O propósito é evidente: como surge demasiado escandaloso o apoio declarado ao ditador (exceptuando o Claudio Tellez do Insurgente, que não tem vergonha das suas tendências proto-fascistas), tenta-se suavizar a sua imagem com o argumento das circunstâncias: que o Chile estaria no caos, e que o golpe de 1973 teria sido uma inevitabilidade, quando não um verdadeiro acto patriótico. Para o fazer, escrevem-se as maiores diatribes na tentativa de demoniozar Allende. Leu-se por exemplo, que perseguia e torturava, tal como Pinochet, ou que queria instaurar a ditadura, como Pinochet fez. Nesta campanha repugnante a História não ocupa lugar: como fontes, apenas vemos artigos de pura propaganda de think-tanks ultraliberais ou neoconservadores como o Cato Institute e outros. Mas há algo que não bate certo nesta história: onde estão as vítimas de Allende? Os jornais que encerrou, os partidos que proibiu? Onde estão as vozes a denunciar terem sido torturadas, presas ou os seus familiares mortos? E como é possível que, querendo instaurar a ditadura, tenha ido a votos em eleições parlamentares, três anos depois de eleito, tendo reforçado a votação? Recomendo a este respeito aos nossos "liberais" este breve resumo, que nada tem de esquerdista, sobre esses anos. É verdade que ignora o boicote económico e atribui todas as culpas da crise à actuação do governo, mas é precisamente por isso que eu o recomendo, para contrapor aos textos paranóicos e mentirosos que devoram como lei divina.
O que Allende tinha de verdadeiramente perigoso para estas mentes é, paradoxalmente, o contrário do que o acusam: a ideia que o guiou toda a vida, a de construir o socialismo através da democracia, e não contra ela. Evidentemente, não seria a democracia "liberal", ou "burguesa", antes uma ideia peregrina, a democracia "social"; mas o seu comprometimento com os principios democráticos e a vontade popular, que sempre respeitou, é inatacável. Os "liberais", que nos seus blogues já começam a revelar-se opondo liberdade e democracia, como se uma pudesse existir sem a outra, que nos perdoem, mas nesta matéria não recebemos lições deles.
Uma excelente análise sobre Allende pode ser encontrada neste artigo de Tomás Moulian no Le Monde Diplomatique, edição brasileira.
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