terça-feira, 14 de agosto de 2007
Leituras de verão (2)
O Ladrões de Bicicletas, que graças ao João Rodrigues vai desfazendo mitos. E isto em pleno verão.
Aforismos liberais (5)
O liberalismo não é a favor nem contra a democracia, ou seja, não é a favor nem contra a ditadura, porque para o liberalismo o que interessa é que o mercado funcione. O mercado irá gerar riqueza, e isso é mais importante que vivermos em democracia ou em ditadura.
Um pequeno manifesto de intenções
Há que explicar, pelos vistos. Não somos filhos dessas heranças. Não temos nada a ver com a URSS. A bem dizer, abominámos a URSS. Quando outros, se calhar, andavam a ver cores no arco-íris da URSS, nós sabiamos, e isso é algo que nos distingue. E temos orgulho. Não somos é parvos, e isso é outra coisa bem diferente, ou seja, não andamos por aí a olhar o Sol como utopia deslumbrada. Muito sinceramente, não acreditamos que os homens tenham grande futuro em Marte, ou em qualquer planeta do espaço-exterior.
Quanto ao resto, ler o post do Manuel Neves, abaixo. Sem consultar ninguém, atrevo-me a considerá-lo "a posição deste blogue", o que já é algo demasiado estalinista para nós, mas que enfim. Obriga-nos a ser assim pouco plurais, é uma vitória, à qual me rendo.
Ao Sr. André Azevedo Alves:
Temo estar incapacitado à partida de discutir consigo por uma razão: o senhor não sabe usar a lógica. Terá, para usar o seu intelecto, outros mecanismos que me são completamente estranhos, mas a lógica não é o seu forte e logo torna-se muito difícil discutir consigo. Ainda assim, vou tentar, em termos muito simples.
A propósito de mais um post seu, uma provocação declarada e infantil, vou tentar puxá-lo para o lado das pessoas que tentam discutir usando argumentos lógicos encadeados e não delírios e confabulações. Quero acreditar que um dia verá a luz.
Primeiro, o senhor tem ou uma grave incapacidade de interpretação ou uma nomenclatura política demasiado "PNRizada". É que todos os blogs que aponta como "extrema esquerda" têm tanta gente, de quadrantes de esquerda tão opostos (aqui até temos uma soarista, veja lá) que acredito seriamente que haja gente que até se sinta ofendida de caber no mesmo saco dos outros (eu, por exemplo, não sou nada soarista). Ou então, a segunda hipótese, para si todas as pessoas que falam mal de Salazar são de "extrema esquerda". Aí, o senhor tem um problema ainda mais grave que o de interpretação: é um fanático, completamente cego.
É má fé atribuir a todos os socialistas (e sim, eu sou socialista) uma admiração pelos regimes maoístas e soviéticos. É má fé. Ou falta de inteligência. Ou o senhor tem delírios de perseguição ou então, certamente, não acredita que nós somos a favor de gulags. Nunca, e pode procurar todos os meus posts, defendi tais regimes (e julgo que ninguém neste blog - não li todos os posts, mas ponho as mãos no fogo).
Ser socialista não é ser a favor disso. E eu não tenho culpa que Estaline tenha existido. Há - e sempre houve - grandes críticos socialistas ao regime soviético. Estar constantemente a colar os socialistas a esses horrores é não querer discutir argumentos lógicos. É fanatismo (os seus posts lembram-se sempre discursos da IURD) puro e duro.
É extraordinário como uma pessoa consegue escrever com tanto ódio contra a esquerda, sem o mínimo discernimento, sem a mínima razão de ordem filosófica. Meteu na cabeça uma série de premissas e dogmas que impedem o diálogo consigo.
"O socialismo é mau" como premissa impede a discussão, percebe? Tem que colocar duas ou mais premissas antes e depois sim, concluir que o socialismo é mau. E não tente usar o regime soviético e o maoísta como exemplos para socialismo, sim? Acha que consegue?
Lamento imenso este paternalismo, mas é extraordinariamente difícil discutir com uma pessoa que tem tanto ódio dentro de si. Da minha parte, esteja descansado, não quero matá-lo nem torná-lo activista LGTB. Portanto, tente não vociferar tanta perfídia e entre no mundo onde as pessoas usam argumentos. Se quiser, até lhe dou temas: podemos discutir se o mérito existe em termos filosóficos. Ou discutir o que é ser livre para os liberais e o que é ser livre para os socialistas. Mas use argumentos. Razões.
Chega dessa propaganda religiosa bafienta, como se quiséssemos comer criancinhas ao pequeno almoço. Chega desse discurso gasto e repetido dos "fássistas", como se fosse um miúdo a brincar com os milhares que morreram nesses regimes.
Se aceder ao meu pedido, terei todo o prazer em discutir consigo. Senão, temos que tratá-lo como tem merecido: como o menino chato que ainda está ressabiado por ter sido sempre o último a ser escolhido para jogar futebol e nunca teve namorada. É que, desculpe lá dizê-lo, parece mesmo, sabe? Há dias em que isso até me dá vontade de rir, mas hoje, por exemplo, deu-me pena.
A propósito de mais um post seu, uma provocação declarada e infantil, vou tentar puxá-lo para o lado das pessoas que tentam discutir usando argumentos lógicos encadeados e não delírios e confabulações. Quero acreditar que um dia verá a luz.
Primeiro, o senhor tem ou uma grave incapacidade de interpretação ou uma nomenclatura política demasiado "PNRizada". É que todos os blogs que aponta como "extrema esquerda" têm tanta gente, de quadrantes de esquerda tão opostos (aqui até temos uma soarista, veja lá) que acredito seriamente que haja gente que até se sinta ofendida de caber no mesmo saco dos outros (eu, por exemplo, não sou nada soarista). Ou então, a segunda hipótese, para si todas as pessoas que falam mal de Salazar são de "extrema esquerda". Aí, o senhor tem um problema ainda mais grave que o de interpretação: é um fanático, completamente cego.
É má fé atribuir a todos os socialistas (e sim, eu sou socialista) uma admiração pelos regimes maoístas e soviéticos. É má fé. Ou falta de inteligência. Ou o senhor tem delírios de perseguição ou então, certamente, não acredita que nós somos a favor de gulags. Nunca, e pode procurar todos os meus posts, defendi tais regimes (e julgo que ninguém neste blog - não li todos os posts, mas ponho as mãos no fogo).
Ser socialista não é ser a favor disso. E eu não tenho culpa que Estaline tenha existido. Há - e sempre houve - grandes críticos socialistas ao regime soviético. Estar constantemente a colar os socialistas a esses horrores é não querer discutir argumentos lógicos. É fanatismo (os seus posts lembram-se sempre discursos da IURD) puro e duro.
É extraordinário como uma pessoa consegue escrever com tanto ódio contra a esquerda, sem o mínimo discernimento, sem a mínima razão de ordem filosófica. Meteu na cabeça uma série de premissas e dogmas que impedem o diálogo consigo.
"O socialismo é mau" como premissa impede a discussão, percebe? Tem que colocar duas ou mais premissas antes e depois sim, concluir que o socialismo é mau. E não tente usar o regime soviético e o maoísta como exemplos para socialismo, sim? Acha que consegue?
Lamento imenso este paternalismo, mas é extraordinariamente difícil discutir com uma pessoa que tem tanto ódio dentro de si. Da minha parte, esteja descansado, não quero matá-lo nem torná-lo activista LGTB. Portanto, tente não vociferar tanta perfídia e entre no mundo onde as pessoas usam argumentos. Se quiser, até lhe dou temas: podemos discutir se o mérito existe em termos filosóficos. Ou discutir o que é ser livre para os liberais e o que é ser livre para os socialistas. Mas use argumentos. Razões.
Chega dessa propaganda religiosa bafienta, como se quiséssemos comer criancinhas ao pequeno almoço. Chega desse discurso gasto e repetido dos "fássistas", como se fosse um miúdo a brincar com os milhares que morreram nesses regimes.
Se aceder ao meu pedido, terei todo o prazer em discutir consigo. Senão, temos que tratá-lo como tem merecido: como o menino chato que ainda está ressabiado por ter sido sempre o último a ser escolhido para jogar futebol e nunca teve namorada. É que, desculpe lá dizê-lo, parece mesmo, sabe? Há dias em que isso até me dá vontade de rir, mas hoje, por exemplo, deu-me pena.
Ucrânia (3)
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
Ozomatli em operação cosmética dos EUA
"Com o antiamericanismo a crescer, sobretudo nos países de maioria muçulmana (na Jordânia 85% da população tem opinião desfavorável dos EUA, segundo um estudo do Pew Research Center), a Administração Bush concluiu que dar a conhecer a música do seu país era uma boa forma de contrariar as imagens de soldados americanos a combater os rebeldes no Iraque, que chegam diariamente às televisões. De origens étnicas variadas - África, Japão, Índia -, os Ozomatli foram a escolha do Departamento de Estado para mostrar o outro lado dos EUA."
Helena Tecedeiro, Diário de Notícias de 13 de Agosto de 2007
Reino da Dinamarca (3)
Adorador de Sol. Quando o Sol brilha os dinamarqueses aproveitam. Em qualquer lugar, em qualquer espaço. Copenhaga. 2007
Foto Jota Esse Erre
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Sinais
domingo, 12 de agosto de 2007
Leituras de Verão
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sábado, 11 de agosto de 2007
Filme de Verão
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Pierrot le fou
CONFERÊNCIA À IMPRENSA
O processo
-- O que importa é virá-lo do avesso,
Mudar as intenções,
Interpretar,
Sofismar –
Deve ser rápido e sumário.
Termos, preceitos, norma,
É tudo forma,
Matéria de processo e convenção.
Ao cabo, é o Calvário
Que é preciso atingir.
Alguém tem de subir.
Eu não quis, sou juiz.
Aos senhores
Mais propagadores
De tudo o que acontece
-- De tudo que parece
Que acontece
E passa a acontecer –
E disto e aquilo
-- E da Verdade, às vezes --
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Reinaldo Ferreira
-- O que importa é virá-lo do avesso,
Mudar as intenções,
Interpretar,
Sofismar –
Deve ser rápido e sumário.
Termos, preceitos, norma,
É tudo forma,
Matéria de processo e convenção.
Ao cabo, é o Calvário
Que é preciso atingir.
Alguém tem de subir.
Eu não quis, sou juiz.
Aos senhores
Mais propagadores
De tudo o que acontece
-- De tudo que parece
Que acontece
E passa a acontecer –
E disto e aquilo
-- E da Verdade, às vezes --
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Reinaldo Ferreira
Ucrânia (2)
Sinais
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Juan Carlos
sexta-feira, 10 de agosto de 2007
Durruti sem esforço (2)
“A Revolução deve-se preparar todos os dias“
“Jamais pensámos que a revolução consiste na tomada do poder por uma minoria que imporia a sua ditadura ao povo. A nossa consciência revolucionária opõe-se a tal táctica. Queremos uma revolução feita por e para o povo. Fora desta concepção, não há revolução possível. Seria um golpe de Estado, nada mais. E nós, arrancando da fábrica, da mina e do campo, procuramos promover uma revolução social efectiva. E não há nisso nem blanquismo, nem trotskismo, tão-somente a ideia clara e precisa que a Revolução é qualquer coisa que se deve preparar todos os dias; com uma incógnita: não se pode nunca saber, de maneira segura, quando ela pode rebentar“.
Buenaventura Durruti, o único texto, in “O Povo em Armas”, Abel Paz, tradução de Júlio Carrapato, Assírio & Alvim
FAR
“Jamais pensámos que a revolução consiste na tomada do poder por uma minoria que imporia a sua ditadura ao povo. A nossa consciência revolucionária opõe-se a tal táctica. Queremos uma revolução feita por e para o povo. Fora desta concepção, não há revolução possível. Seria um golpe de Estado, nada mais. E nós, arrancando da fábrica, da mina e do campo, procuramos promover uma revolução social efectiva. E não há nisso nem blanquismo, nem trotskismo, tão-somente a ideia clara e precisa que a Revolução é qualquer coisa que se deve preparar todos os dias; com uma incógnita: não se pode nunca saber, de maneira segura, quando ela pode rebentar“.
Buenaventura Durruti, o único texto, in “O Povo em Armas”, Abel Paz, tradução de Júlio Carrapato, Assírio & Alvim
FAR
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Revolução Social
Cândido Barbosa, um herói português

Quando ganhou em no alto de Santo Tirso, na 4ª feira (foto), ouviu-se "um estrondo", nas palavras dos diversos orgãos informativos, tal foi a ovação do público presente. Aos 33 anos, Cândido Barbosa é, inegavelmente, a maior figura do ciclismo nacional. Mesmo os benfiquistas amantes do ciclismo (como eu), que torcem por José Azevedo, ficarão felizes se for o Cândido a ganhar a Volta. Este ciclista mimetiza aquilo que ficou conhecido, nos meandros destas tertúlias especializadas (ou seja, num determinado círculo de amigos que passam o tempo à volta de umas imperais e de uns caracóis) como o "efeito Fernando Mamede". Um atleta de qualidades excepcionais, completo, mas a quem sempre faltou aquela "qualquer coisa" para verdadeiramente triunfar. Um herói português, em suma, que tão bem espelha a alma nacional, e as suas tendências sucessivas para a euforia e o lamento, para o êxito e a desgraça. No ano passado assim foi: depois de ganhar etapa após etapa, falhou no contra-relógio final; e este ano a coisa promete repetir-se (já vai em 3 seguidas).
Veja-se a comparação: Azevedo, com uma carreira excepcional, que inclui um 4º lugar na Volta a França, ex-companheiro de equipa e "anjo-da-guarda" de Lance Armstrong, o maior ciclista português depois de Agostinho; e Cândido, o papa-etapas, campeão nacional, mas que, por artes do destino, nunca saiu do pelotão luso, embora seja, sem dúvida, um atleta com condições físicas e técnicas superiores. Azevedo com uma carreira contruida a pulso, e Cândido preso neste rectângulo à beira-mar, talvez com medo de arriscar, talvez vítima do "fado", do azar, de nunca ter sido bem observado, ou de ter despertado para o sucesso demasiado tarde.
E quem é o herói dos portugueses? Claro que é o Cândido. Força, que este ano é que é!
Música de Verão
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Reino da Dinamarca (2)
Os dinamarqueses gostam dos seus produtos. Há uma cidade chamada Cidade Cerveja (Olby) e em Arhus uma enorme estátua de porcos cujas carnes foram em tempos um dos principais produtos da cidade. Aqui uma vista parcial (e quiçá pouco elegante) da estátua.
Foto Jota Esse Erre
quinta-feira, 9 de agosto de 2007
Há festa na aldeia (2)
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Jour de fête
quarta-feira, 8 de agosto de 2007
Mambo 24
O Chá da Humanidade...
Cháismo (século 15- Japão) - adoração do Imperfeito, “tentativa terna de atingir algo possível nesta coisa impossível a que chamamos vida”, bebendo chá de um determinado modo.
Imaginem um percurso que pela sua forma, cor, vegetação impele o indivíduo a criar uma certa atitude, de solidão ou de simplicidade ou de paz, Este breve caminho denomina-se de “roji“ e conduz a um alpendre “machiai” que dá para a sala de chá - “Sukiya”, que é conhecida como Domicílio da Fantasia, do Vazio ou da Assimetria.
Domicílio da Fantasia, porque implica ser criada para o impulso poético e busca o plano artístico individual do Mestre de chá, é construída para o seu gosto, sendo por isso também efémera tal como ele.
Domicílio do Vazio, porque está desprovida de objectos estéticos, excepto aquilo que lá se coloca para o momento; a mudança frequente do tema decorativo faz parte da sua beleza.
Domicílio do Assimétrico, porque se dá mais importância ao processo de busca da perfeição que à própria perfeição. O simétrico sofre da ideia de concluído, acabado, uniforme, repetido e na sala de chá cada um deve completar o incompleto, mentalmente, pois que a vida e a arte assentam na possibilidade do acréscimo, do fôlego.
Recapitulando, não à acumulação, não ao museu caseiro, não ao mais do mesmo, não à confusão da cor e da forma, não à falta de marca pessoal artística, mas sim à simplicidade, à arte, ao valor da sugestão, à plena consciência do momento e do tema e do chá na sua preparação de absoluto encanto, pois que existe silencio entre os convidados dispostos à volta do tampo baixo, para que se ouça o chá a fazer; “há três estádios de fervura, a primeira fervura dá-se quando pequenas bolhas, quais olhos de peixe, nadam à superfície; a segunda fervura dá-se quando as bolhas são como contas de cristal rolando numa fonte; a terceira fervura dá-se quando as vagas surgem ferozes na chaleira”.
Que vislumbre !!
Lotung, um poeta antigo escrevia assim acerca desta beberagem pura e requintada:
" A primeira chávena humedece-me os lábios e a garganta, a segunda chávena interrompe-me a solidão, aterceira chávena pesquisa-me as entranhas estéreis para aí apenas encontrar uns cinco mil volumes de ideogramas estranhos. A quarta chávena provoca uma ligeira transpiração - todo o mal da vida abala pelos meus poros. À quinta chávena estou purificado, a sexta chávena chama-me para o reino dos imortais. A sétima chávena - ahh mas não posso tomar mais. Sinto apenas o sopro do vento fresco que me cresce nas mangas. Onde está Horaisan? Deixai-me montar esta doce brisa para ser coduzido até lá!"
Leituras: “O livro do chá”, Kazuzo Okakura
Leituras: “O livro do chá”, Kazuzo Okakura
terça-feira, 7 de agosto de 2007
Sinais
Ucrânia (1)
segunda-feira, 6 de agosto de 2007
Reino da Dinamarca (1)
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domingo, 5 de agosto de 2007
Sinais
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O FUTURO
Aos domingos, iremos ao jardim.
Entediados, em grupos familiares,
Aos pares,
Dando-nos ares
De pessoas invulgares,
Aos domingos iremos ao jardim.
Diremos, nos encontros casuais
Com outros clãs iguais,
Banalidades rituais
Fundamentais,
Autómatos afins,
Misto de serafins
Sociais
E de standardizados mandarins,
Teremos preconceitos e pruridos,
Produtos recebidos
Na herança
De certos caracteres adquiridos.
Falaremos do tempo,
Do que foi, do que já houve...
E sendo já então
Por tradição
E formação
Antiburgueses
-- Sòlidamente antiburgueses -- ,
Inquietos falaremos
Da tormenta que passa
E seus desvarios.
Seremos aos domingos, no jardim,
Reaccionários.
Reinaldo Ferreira
Post que leva um abraço à Ana Cristina Leonardo e, outro, ao Táxi Pluvioso
Entediados, em grupos familiares,
Aos pares,
Dando-nos ares
De pessoas invulgares,
Aos domingos iremos ao jardim.
Diremos, nos encontros casuais
Com outros clãs iguais,
Banalidades rituais
Fundamentais,
Autómatos afins,
Misto de serafins
Sociais
E de standardizados mandarins,
Teremos preconceitos e pruridos,
Produtos recebidos
Na herança
De certos caracteres adquiridos.
Falaremos do tempo,
Do que foi, do que já houve...
E sendo já então
Por tradição
E formação
Antiburgueses
-- Sòlidamente antiburgueses -- ,
Inquietos falaremos
Da tormenta que passa
E seus desvarios.
Seremos aos domingos, no jardim,
Reaccionários.
Reinaldo Ferreira
Post que leva um abraço à Ana Cristina Leonardo e, outro, ao Táxi Pluvioso
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sábado, 4 de agosto de 2007
Às de espadas
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Quero um cavalo de várias cores
Quero um cavalo de várias cores,
Quero-o depressa, que vou partir.
Esperam-me prados com tantas flores,
Que só cavalos de várias cores
Podem servir.
Quero uma sela feita de restos
Dalguma nuvem que ande no céu.
Quero-a evasiva – nimbos e cerros –
Sobre os valados, sobre os aterros,
Que o mundo é meu.
Quero que as rédeas façam prodígios:
Voa, cavalo, galopa mais,
Trepa às camadas do céu sem fundo,
Rumo àquele ponto, exterior ao mundo,
Para onde tendem as catedrais.
Deixem que eu parta, agora, já,
Antes que murchem todas as flores.
Tenho a loucura, sei o caminho,
Mas como posso partir sòzinho
Sem um cavalo de várias cores?
Reinaldo Ferreira
Quero-o depressa, que vou partir.
Esperam-me prados com tantas flores,
Que só cavalos de várias cores
Podem servir.
Quero uma sela feita de restos
Dalguma nuvem que ande no céu.
Quero-a evasiva – nimbos e cerros –
Sobre os valados, sobre os aterros,
Que o mundo é meu.
Quero que as rédeas façam prodígios:
Voa, cavalo, galopa mais,
Trepa às camadas do céu sem fundo,
Rumo àquele ponto, exterior ao mundo,
Para onde tendem as catedrais.
Deixem que eu parta, agora, já,
Antes que murchem todas as flores.
Tenho a loucura, sei o caminho,
Mas como posso partir sòzinho
Sem um cavalo de várias cores?
Reinaldo Ferreira
sexta-feira, 3 de agosto de 2007
Zita escancarada
Gente amiga fez-me chegar alguns excertos da biografia autorizada, por ela própria, de Zita Seabra. Confesso que só li aquelas partes que metiam sexo e droga, tão, tão gráficas que fazem do tímido “Porn” do Irvine Welsh ou do canónico “Garganta Funda” de Linda Lovelace, meras ‘sequel’ da perversa Condessa de Ségur. A velha senhora já conheceu melhores dias... mas agora que a padralhada deu em levar na bilha e enrabar noviços e querubins, pior, a arrepender-se e ainda pagar por cima...
Enfim, calúnias, falsificações, quiçá, ciumeira literária, plágio redentor. É que aqueloutra ‘gente amiga’ é muito dada à brincadeira e já não é a primeira vez que beneficiando do mundo desregulado e desmiolado da blogosfera me induz em erro com textos cuidadosamente retocados, desventrados, maquilhados, adulterados, mesmo textos universalmente conhecidos e sempiternos. Pois, aproveitaram-se da minha ignorância e fizeram passar um monte de esterco pela fina prosa de Dona Zita. Fica aqui lavrado um acto de penitência na forma tentada.
Anátema! Deitei tudo para o lixo. Confesso que guardei aquela parte em que a jovem revolucionária discute aleijões ideológicos com o analfabeto Suslov. Já se sabe, como na estória do macaco, deixa-me ver a tua marreca, olha que verruga, andas a dormir com o china, velhaco, tira os cascos Belzebu.
Mas vem isto a propósito do nojo que me metem os arrependidos, reais ou ficcionados, não exactamente- Gogol e Dostoievsky explicaram tudo- por horror à tragédia do traidor, mas porque reduzem o argumentário do pluralismo.
Como Dona Zita, é pseudónimo, é, bem sabe, só o futuro é seguro e todo o passado incerto. O que ontem era serviço, hoje é a mais baixa bufaria. Este dispositivo estalinista- baseado na mecânica quântica-, da certeza saltitante, provoca nas boas almas um encontro com Fichte e com a República de Weimar. As outras, a maioria, as ruins, encontram a salvação nas diferentes modalidades do colapso das liberdades.
Dada a exigência dos frequentadores do “2+2=5”, aqui fica um exemplo de manipulação grosseira.
Como sabem, aquelas gentes ecologistas, ambientalistas, verdes, sim, eu sei, que as categorias vêm-se degradando, desagradam-me quase tanto quanto a esquerda anti-semita. Alardeiam ciência, entre Rousseau e Al Gore, para desvirtuar o progresso. Há aquecimento global? E então? É bom, para se irem habituando ao Inferno. Dizem que o ambiente está degradado? É estranho, à entrada do Elefante Branco ou do Gallery ouve-se sempre dizer “uh! uh!está bom ambiente”.
Afinal, esta rapaziada quer para ‘nosotros’ a felicidade oferecida por Oliveira Salazar: Sombra e Água Fresca. Tá bem, com dois cubos de gelo.
JSP
Enfim, calúnias, falsificações, quiçá, ciumeira literária, plágio redentor. É que aqueloutra ‘gente amiga’ é muito dada à brincadeira e já não é a primeira vez que beneficiando do mundo desregulado e desmiolado da blogosfera me induz em erro com textos cuidadosamente retocados, desventrados, maquilhados, adulterados, mesmo textos universalmente conhecidos e sempiternos. Pois, aproveitaram-se da minha ignorância e fizeram passar um monte de esterco pela fina prosa de Dona Zita. Fica aqui lavrado um acto de penitência na forma tentada.
Anátema! Deitei tudo para o lixo. Confesso que guardei aquela parte em que a jovem revolucionária discute aleijões ideológicos com o analfabeto Suslov. Já se sabe, como na estória do macaco, deixa-me ver a tua marreca, olha que verruga, andas a dormir com o china, velhaco, tira os cascos Belzebu.
Mas vem isto a propósito do nojo que me metem os arrependidos, reais ou ficcionados, não exactamente- Gogol e Dostoievsky explicaram tudo- por horror à tragédia do traidor, mas porque reduzem o argumentário do pluralismo.
Como Dona Zita, é pseudónimo, é, bem sabe, só o futuro é seguro e todo o passado incerto. O que ontem era serviço, hoje é a mais baixa bufaria. Este dispositivo estalinista- baseado na mecânica quântica-, da certeza saltitante, provoca nas boas almas um encontro com Fichte e com a República de Weimar. As outras, a maioria, as ruins, encontram a salvação nas diferentes modalidades do colapso das liberdades.
Dada a exigência dos frequentadores do “2+2=5”, aqui fica um exemplo de manipulação grosseira.
Como sabem, aquelas gentes ecologistas, ambientalistas, verdes, sim, eu sei, que as categorias vêm-se degradando, desagradam-me quase tanto quanto a esquerda anti-semita. Alardeiam ciência, entre Rousseau e Al Gore, para desvirtuar o progresso. Há aquecimento global? E então? É bom, para se irem habituando ao Inferno. Dizem que o ambiente está degradado? É estranho, à entrada do Elefante Branco ou do Gallery ouve-se sempre dizer “uh! uh!está bom ambiente”.
Afinal, esta rapaziada quer para ‘nosotros’ a felicidade oferecida por Oliveira Salazar: Sombra e Água Fresca. Tá bem, com dois cubos de gelo.
JSP
MAMBO 23
Por que não num alto e tremeluzente fino ramo, após a folhagem
Esguia, num cuidado afinamento para risíveis cortes à incauta intimidade
Não ser tão só uma despontada e imatura azeitona?
Qual o espanto, de ser um humano a invejar-lhe o incompleto abismo ?
Esguia, num cuidado afinamento para risíveis cortes à incauta intimidade
Não ser tão só uma despontada e imatura azeitona?
Qual o espanto, de ser um humano a invejar-lhe o incompleto abismo ?
A táctica Arroja
A táctica Arroja, para quem não a conhece, é muito simples: consiste em atirar areia para os olhos. Por exemplo: toda a gente com meio dedo de testa e um dez a história no 10º ano (ou um avô no Alentejo) sabe que no Portugal salazarista se passava fome, se comiam açordas para aproveitar o pão duro, se trabalhava a partir dos 10 anos ou menos, que a escola acabava na 4ª classe, que se proibiam livros, filmes e discos, que se prendia por delito de opinião, e que o regime torturava e matava. Para o Arroja, contudo, isto são ideias feitas sobre o Estado Novo.
O lamento de um ex-apoiante que até assinou a candidatura, à sua atenção
Roseta, mais uma vez, roeu a corda, impedindo uma maioria de Esquerda com um programa para Lisboa. Ela diz que "agora se viu a quem o Zé faz falta". E a Roseta, faz falta a quem? A Lisboa? Ainda se a sua agenda fosse partir o PS ao meio, por aí eu percebia, e concerteza apoiava. Mas o que vejo são "compromissos com os cidadãos", "compromissos com a cidade", sem qualquer substância, ou política, ou de projecto, ou de governabilidade para esta cidade a cair de podre. Espero enganar-me, mas cada vez mais vejo nesta "lista independete" uma vendetta.
Comandante Che Guevara
Um presente de Verão para aqueles que troçam agora das suas ilusões perdidas, mas que em segredo choram por elas. E também para a malta (ainda) de esquerda
Foto de : Autor desconhecido.
Arquivo pessoal de J.S.R.
Jota Esse Erre
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Verão
quinta-feira, 2 de agosto de 2007
The Preacher

Esta é daquelas crónicas que sempre me apeteceu escrever. Depois de algum tempo a coleccionar BD chegou, finalmente, a hora de escrever sobre uma. The Preacher tem tudo aquilo que eu sempre odiei ler em BD: anjos, demónios, vampiros e até cowboys. Mas é perfeito. É tudo o que uma BD deve ser.
Garth Ennis escreveu uma crítica fabulosa à religião e ao american way of life, cruzada com mil e uma referências à cultura pop, passando do James Bond aos western spaghettis. The Preacher é a história de Jesse Custer, um reverendo no Texas que um dia é possuído por uma criatura que fugiu do céu e que lhe dá o poder de Deus. Tudo o que Jesse ordenar é imediatamente feito pela vítima dos seus poderes. Mas o que a criatura divina vem anunciar a Jesse é muito mais importante e fundamental: Deus existe, de facto. Mas desistiu do lugar.
E é com base numa premissa tão fantástica que a aventura se desenrola. Jesse entra numa jornada para procurar Deus, juntamente com a sua namorada e com um vampiro irlandês alcoólico como side - kick. Pelo meio junta-se uma organização religiosa poderosíssima - The Grail - que preserva fanaticamente o sangue de Jesus Cristo (ao ponto de ter feito com que os seus descendentes se cruzassem entre si, o que fez com que o descendente directo vivo de Jesus Cristo seja um atrasado mental que é visto pela organização como o próximo Messias) e que tem como braço armado um alemão com as parafilias mais incríveis. Há ainda Arse - Face, um adolescente que se quis suicidar como Kurt Cobain, mas que não foi eficaz. Há o Santo dos Assassinos, uma homenagem fabulosa a Clint Eastwood. E temos ainda o John Wayne himself, que aparece ao herói da série como guia espiritual.
The Preacher é escrito por um irlandês e desenhado por um inglês e é uma visão cínica e peculiar dos States. Se Tintim é politicamente incorrecto porque Hergé não conseguiu reprimir o discurso idioto-colonialista da época (apesar de reconhecer que em termos de construção de narrativa e de gags humorísticos Tintim e seus pares foram pioneiros absolutos), The Preacher é politicamente incorrecto da maneira que as coisas inteligentes são. As críticas ao conservadorismo e à estupidez política estão lá todas. Sem pretensões ou subterfúgios. The Preacher não é uma BD intelectual mas é extraordinariamente inteligente. E apesar de todas as críticas, de todos os tiros, lutas, explosões, palavrões e reviravoltas da história, há uma ética subjacente. Aquela ética dos wertern spaghettis, de frases old fashion enquanto se acende um cigarro.
É tudo o que uma BD deve ter: acção, humor, sexo, religião, política e drogas. É fantástico. Leiam. Como estava escrito na capa de um dos livros: "It will restore your faith. In comics."
Um bom acordo

Confesso que nestas eleições em Lisboa acabei a dar o dito por não dito, e votei em Sá Fernandes. Porque a candidatura de Roseta me desulidiu imenso, primeiro ao rejeitar a unidade da Esquerda que podia ter sido a maior surpresa dos últimos 20 anos de regime democrático, e depois pela paupérrima campanha que fez, um chorrilho de banalidades e apelos vácuos à "participação dos cidadãos". Acho que decidí o meu voto depois de, à pergunta "qual a prioridade para o Bairro Alto", Roseta responder "apagar os graffitis".
Dito isto, penso que o acordo encontrado entre Costa e Sá Fernandes é um bom acordo para as duas partes, e sobretudo para a cidade. António Costa pode ser, sem dúvida, um bom presidente de câmara. Porque tem peso político, inteligência e, sobretudo, ambição. É um homem que quer deixar uma marca, para daqui a uns anos estar em posição de suceder a Sócrates, e por isso não quer falhar.
Sá Fernandes, pelo contrário, garante o equilíbrio "radical" que a governação desta cidade exige, ela que está farta de meias-tintas e de interesses. Lisboa tem, urgentemente, de mudar e encontrar um rumo, e ninguém como o vereador do BE parece conhecê-lo melhor: aposta na habitação a custo controlado, para trazer jovens para o centro, na frente ribeirinha, para potenciar o que de mais belo a cidade tem para oferecer aos seus visitantes, e no corredor verde, para torná-la aprazível para os seus habitantes. Acrescentaria tirar o mais possível os carros do centro, reforçar os transportes públicos, e construir uma nova ponte rodo-ferroviária entre Chelas e o Barreiro (embora isto não dependa da câmara). Bom seria que a coligação pudesse incluir também Roseta, também ela uma conhecedora profunda da cidade, e com o know-how de arquitecta a constituir mais-valia, e o seu número dois, Manuel Silva Ramos, dirigente da Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados, que certamente exigiria como condição medidas para reduzir ao máximo o tráfego automóvel na cidade. Para já, um bom começo.
(Entretanto os "liberais" espumam-se com o acordo, o que só pode ser bom sinal)
te-Atrito

Uma sugestão cultural suspeita: te-Atrito.
Criado em Outubro de 2005, é formado por quatro teatro-amadores com experiências e modos de trabalhar diversificados. Actores, encenadores, dramaturgos, figurinistas – somos tudo isso. Porque estarmos todos e de todas as formas envolvidos no processo criativo não é apenas a sublimação conceptual do teatro pobre. É o teatro possível na liberdade que hoje é possível, com o que isso pode custar. A ti.
Passa a estar na barra dos links aqui ao lado. E se vos calhar a sorte de puderem ver uma peça, vão. Sem atritos.
Salazar, um César liberal
(ou o que se pode perder na blogosfera por estar de férias)
Salazar, quer dizer, Pedro Arroja, voltou à blogosfera. Nesta sua nova encarnação, a criatura revela-se em todo o seu esplendor, despido que está dos necessários pruridos que a estada em blogues de grande dimensão obriga, quando se pretende evangelizar os homens. Ele, se duvidas houvesse, prova, post após post, ser um Santo Doutor, a quem muito devemos na busca da Verdade Revelada. Descobriu Deus na sua magnificiência, nas areias do Porto Santo. E descobriu também que, «a instituição que nos últimos dois séculos mais danos produziu nos países predominantemente católicos do sul da Europa e nos seus descendentes por toda a América Latina, [foi] a democracia». Devemos dar graças ao santo pela revelação. Ficamos então a saber, graças a Deus, que «durante este espaço de 200 anos, os melhores períodos destes países, em termos de prosperidade económica, social e até cultural, não foram conseguidos sob condições democráticas, mas sob a autoridade de um césar. Para mencionar alguns exemplos, Salazar em Portugal, Franco em Espanha, Pinochet no Chile, Peron na Argentina.» «Um césar que repunha alguma ordem». É evidente. Por exemplo, a proibição da edição de livros ou discos, de exibição de filmes, concertos, exposições, só pode aumentar a "prosperidade social" de um povo. Para quê o contacto com essa arte do Demo, que tudo corrompe? A Santa Igreja sabe o que é melhor para nós. Do mesmo modo, o analfabetismo crónico, ou o exílio de cérebros, evidentemente aumentam a "prosperidade social" do mesmo povo. Para quê o saber? O ideal é que meia dúzia de génios orientem todo um povo puro e trabalhador, na direcção da sua felicidade. Ou pensam que o povo se quer dar ao trabalho de pensar? Mais vale que pensem pelo povo, que assim se pensa melhor. Numa outra perspectiva, não menos importante embora algo oposta, porque os designios de Deus, se formos a ver bem, fazem-se por múltiplos caminhos, não foi no tempo do Salazar que surgiram o Zeca Afonso e o Adriano? E a Mercedes Sosa, na Argentina, o Chico, o Caetano, a Elis e tantos outros no Brasil não escreviam música contra a ditadura? Já estão a ver: não foram as ditaduras, e nenhum destes génios se teria revelado em tanto esplendor. Também a "prosperidade económica" é inegável. A "prosperidade económica", para quem não sabe, consiste em manter o povo em economia de subsistência no sector primário, a comer uma sardinha por dia e umas açordas, que é a melhor dieta, e foi o Salazar que a inventou. Para que se quer mais? Não são os ares do campo os melhores para se viver? Pelo contrário, esta miserável época não é capaz de produzir um génio como o Zeca, insiste em encher as universidades de burros, quando deviam ser redutos da élite, e vive obcecada com bens materiais, quando a espiritualidade é o que importa, e dos pobres será o reino dos céus. Valha-nos o Arroja para nos iluminar. Amén.
Glória a vós
Oh! vós, que dominais vossos instintos
Como se fossem cavalos!
Oh! vós, que os amestrais, para exibi-los
Como se fossem ursos!
Oh vós, que, infatigáveis domadores de impulsos,
Exibindo-os, colheis aplausos, contratos e elogios!
Glória a vós! Glória a vós, represadores
Do caudal,
Que eu não domino,
Do real.
Glória a vós dominadores do natural!
Reinaldo Ferreira
Como se fossem cavalos!
Oh! vós, que os amestrais, para exibi-los
Como se fossem ursos!
Oh vós, que, infatigáveis domadores de impulsos,
Exibindo-os, colheis aplausos, contratos e elogios!
Glória a vós! Glória a vós, represadores
Do caudal,
Que eu não domino,
Do real.
Glória a vós dominadores do natural!
Reinaldo Ferreira
quarta-feira, 1 de agosto de 2007
Ainda Do Reino da Dinamarca

Dançando na rua. Sol a brilhar, grafonola a tocar e a malta a dançar.
Olá!
Tenho a dizer-vos que na minha recente deslocação ao reino da Dinamarca comecei o meu primeiro dia com um sorriso quando vi numa montra ao lado do hotel o seguinte anúncio: “Fod Massage Nu Kr 250”.
A tal “Fod Massage” não tem nada a ver com a “Thai Massage” que num pequeno “escritório” na zona de lojas de porno e outros negócios do género por detrás da principal estação de caminhos-de-ferro de Copenhaga prometia um “happy ending” por um preço mais alto. “Fod massage Nu Kr 250”, apresso-me a explicar, quer dizer “massagem de pés agora 250 Coroas”, não tem nada a ver com “massagens” com “happy endings” mas deve ser muito popular pois por onde andei vi sempre anúncios com os mais diversos preços.
Apresso-me também a dizer-vos que ao contrário do que acontecia há 30 anos atrás o negócio das lojas de porno deixou de estar nas principais vias turísticas quando então era tabu noutras partes da Europa e portanto atracção neste pequeno país. Agora estão remetidas para uma zona “rasca” da cidade cada vez mais reduzida pelas pressões económicas e demográficas e em Aarhus nem sequer as vi.
Em troca das lojas de porno contudo os inevitáveis McDonald’s, Pizza Hut e outros símbolos do social capitalismo global invadiram as zonas centrais das cidades. A rua de peões de Copenhaga em tempos lugar de turismo par excellence é algo a evitar a todo o custo.
Mas a popularidade da “fod massage” atesta a existência de fundos extra para gastar no lazer e tenho a dizer-vos que as dezenas e dezenas de guindastes que se vêm ao longe quando nos aproximamos de Copenhaga vindos da ilha de Fyn atestam a um boom económico que faz inveja mesmo aos grandes da UEtupia.
Como há mais de 30 anos quando lá estive por muito tempo, projecta-se ainda na Dinamarca um bem estar social em que são raríssimos os pedintes ou “ajudantes” de estacionamento automóvel e em que a ausência de policias nas ruas é algo que - como então - não me deixa de espantar!!!
Ver um carro da polícia é um acontecimento raro. Ver um polícia em uniforme a patrulhar nas ruas é ocasião para se fazer festa. (Tenho a dizer no entanto que desta vez vi dois policias no centro de Copenhaga atrás de uns quatro ou cinco “mangas” obviamente estrangeiros carregando sacos onde, presumo eu, carregavam os proveitos de um dia de “trabalho”. Os “mangas” fintaram os policias e não houve portanto neste caso “happy ending”)
As bicicletas enchem as ruas de Copenhaga provocando em algumas zonas, como por detrás da principal estação de comboios, verdadeiros labirintos de zonas de estacionamento de bicicletas. Se em Nova Iorque em algumas áreas se construíram complicados sistemas mecânicos para estacionar carros uns em cima dos outros em espaços curtos, em Copenhaga existe um sistema de estacionamento de bicicletas de dois andares
Todas as grandes ruas são formadas por um passeio para os peões, via para as bicicletas e via para os carros. Em algumas zonas acrescente-se uma via para os autocarros e isso faz com que virar à direita seja um exercício em cautela. Se lá forem não se esqueçam: antes de virar verificar se há autocarro, ciclista e depois peões a atravessar a rua. No primeiro dia que conduzi na cidade ia atropelando um ciclista que me lançou um olhar glacial em que se podia bem ler “tinha que ser estrangeiro”. Mas tudo funciona com uma simplicidade de espantar, sem polícias de trânsito, sem gritos ou buzinadelas. Aqui há leis de trânsito respeitadas por todos, igualmente, sem histerias, ao contrário da Lusitânia onde as leis de trânsito são – como vocês bem sabem - apenas sugestões.
Nas esplanadas que hoje abundam tanto em Copenhaga como em Aarhus cobertores são colocados nas cadeiras para uso dos clientes quando apesar de já ser Verão a temperatura cai para pouco mais de dez graus centígrados. Um toque bonito!
Os dinamarqueses continuam a ser – para roubar o título do Fernando Namora – os adoradores de sol. Nos dias de sol enchem os parques e isso fez-me notar uma diferença cultural subtil entre os “dinas” e os “tugas”.
Notei isso quando resolvi visitar a campa de Soren Kierkegaard no cemitério Assistens no bairro de Norrebro onde cheguei a viver (no bairro, não no cemitério), em tempos bairro operário dinamarquês hoje bairro operário e de imigrantes árabes. Era um dia em que excepcionalmente a temperatura tinha subido acima dos 25 graus e o cemitério mais parecia um parque.
As campas são austeras, tal como quase tudo na Dinamarca incluindo as igrejas, os monumentos e os palácios da família real. E nesse cemitério dezenas e dezenas de dinamarqueses estendiam-se nos relvados bem cuidados entre as campas, muitos deles com crianças. Perto da campa de Hans Christian Anderson um grupo de jovens estudava em conjunto com livros de “biologi” abertos e discutindo notas escritas à mão em grossos cadernos.
O cemitério foi transformado em parque e a morte não parecia perturbar aqueles que usufruíam o prazer das sombras das árvores e relva verde num oásis fora do barulho da cidade. Difícil imaginar isso num cemitério aí na Lusitânia
Os miúdos das creches continuam a ir aos parques em grandes grupos acompanhados de “professores” de ambos os sexos. É bom ver isso. Como foi bem ver numa rua de Copenhaga, a meio do dia, Dinamarqueses a dançarem ao som de uma boom box. Valsa e tango! Deve ter sido o efeito do sol…. E da Carlsberg e Tuborg que se continua a consumir em grandes quantidades
Em Copenhaga como disse não há a grandeza de Paris, Londres. A segunda cidade – Aarhus – é do ponto de vista turístico não merecedora de mais do que um dia ou talvez dia e meio de visita.
Mas há como disse um bem-estar, uma riqueza austera, uma autoconfiança talvez fortalecida pelo problema económico que se discute nos jornais: o que fazer com o excedente orçamental.
Por todo o lado fica uma certeza: Nada está podre no reino da Dinamarca.
Bem-haja!
Um abraço,
Agora já na capital do Império,
Jota Esse Erre (texto e fotos)
Passeando no cemitério. Neste parque está sepultado Kierkegaard
Estacionamento de bicicletas. Hoje só lá no 2º andar
Sinais
Etiquetas:
Emprego,
Globalização,
Portugal
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