Há pessoas com música dentro de si.
Um rufo interior com melodias de amor.
Há pessoas que ressoam no seu corpo um
timbre límpido de uma felicidade tonal.
Entre a fruta e o legume, aquela mulher
sussurrava uma melopeia indefinida, mas
certa, no volume e na altura sonora.
Pouco sei dos ritmos do silêncio e das
esferas do sonho. Mas aquela música
estava na contradança perfeita do mundo.
E perto da mulher em suave maresia na salsugem dos dias,
mulher feérica e sapiente, enigma da erva e orégão aromático
deixei-me ficar, fitando-a no seu frugal abastecimento da vida.
Durante a minha estada naquele mercado, o perfume do
seu rumorejar interior perpassou na minha mente e
levei para o caminho esse breve suave toque de um canto.
Depois da viagem, regressado das vagas alterosas da fértil
imagem sentida, deparei-me diante de casa com um saco
cheio de fruta e erva-doce para a combustão dos sonhos.
Mulher da erva, som escandido na primavera dos afectos,
verdura impassível do seu suave canto na lassidão do dia.
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