Foi assim, num ‘fósforo’ o “2+2=5” cumpre três anos prodigiosos. Com a mesma idade já Koba, José Estaline, se preferirem, exercitava no kindergarten os dotes que fizeram dele uma referência incontornável da imbecilidade. Ver Martin Amis.
Bom, a verdade é que, a convite do webmaster Armando Rocheteau, devo contribuir com um textito...mas não sei bem como celebrar esta efeméride. Matutei, matutei, e com a preciosa ajuda do oráculo que assina Táxi Pluvioso e o contributo involuntário- não, não é pioneiro- de uma experiência ficcional ensaiada pelo FAR- Heine encontra Sade-, decidi-me pelo desencontro entre Sacher Masoch e Mao Zedong.
O primeiro, despacha-se com o suplício de assistir, do princípio ao fim, a uma ópera chinesa. Pode ser “Red Lantern”, pode ser “Sha Jia Bang”, mas recomenda-se a mais penosa “Taking Tiger Mountain by Stratagem”.
Quanto ao segundo, deixaria, ao jeito de parábola, uma nota sobre a Grande Fome de 1959-1961, na China de Mao Zedong. Yang Jisheng, um veterano de 35 anos de Xinhua, publicou, em Hong Kong, aquele que parece ser o relato definitivo sobre as consequências do Grande Salto em Frente de 1958, preparado pela grande Campanha Anti-Direitista do ano anterior.
Sob o título de Mubei, tombstone na lingua franca- atrevendo-me a uma versão portuguesa, na certeza que serei impiedosamente corrigido, proporia ‘lápide’ ou por razões comerciais ‘o comunismo jaz aqui’-, Yang alinha os números, as estatísticas, província a província, cidade a cidade, de uma fome que ceifou entre 30 e 35 milhões. Três vezes mais do que o número de vítimas da Grande Guerra de 14-18. Cá está o três, o do aniversário do “2+2=5”.
Ora, como se sabe, o GSF compreende a colectivização da agricultura e a duplicação da produção de aço, sacrificando tudo o que é derretível, inclusive, alfaias agrícolas, e, ao mesmo tempo, assegurando a produção de cereais. Resultado, aço da têmpera de dejectos secos, que não servia para nada, e colheitas administrativas de cereais.
Yang Jisheng relata que, e foi para isso que serviu a campanha de 57, os delegados locais do PCC comprometiam-se com uma determinada quota ogrigatoriamente exagerada de produção, x para consumo próprio e y para o governo central e não podiam nem rectificá-la e muitomenos deixar de entregar a parte do Estado. Resultado...a China foi um net exporter de cereais, no período em causa, à custa do que os camponeses deixavam de comer. Antecipando os princípios científicos da sofisticação do quem não tem cão caça com gato, os camponeses, confirma este Mubei, amanhavam-se com ratos, pardais, cães, relva e casca de árvore. Mas não é exactamente sobre esta catástrofe humanitária que pretendo reflectir na casa grande do “2+2=5”. Esta parábola e sobre a verdade, a verosimilhança, a validação.
Yu Dehong, secretário do partido na circunscrição de Xinyang, entre 59 e 60, conta que, indo de aldeia em aldeia, contabilizava 100 cadáveres expostos na via pública, outros tantos na aldeia seguinte. Ninguém parecia incomodar-se. Interpelou, por isso, o comissário que, receando vir a ser acusado de qualquer crime contra a salubridade ou a saúde pública, respondeu: os cães comem os cadáveres.
Verdade? Claramente, mentira. Os cães já tinham sido comidos.
Este tabu já leva quase meio século. A Grande Fome não pode ser discutida publicamente, seja em livros, revistas, rádio, televisão, e está proscrita de quaisquer curricula universitários. Mas a vida continua.
Atão, o que aprendemos? Que a cultura da reconciliação é totalmente estranha ao Império do Meio e que, para os mesmo efeitos, investe-se na cultura da amnésia.
Este blogue tem andado em políticas de reconciliação....não levam a nada. Optemos por trivialidades, reticências e conceitos de ansiedade. Será que hoje vem aí mais disparate daqueles...? Será que não vem?
Mas em dia de efeméride temos de ser positivos, tolerantes e humildes. Aprende-se sempre qualquer coisa. Por exemplo, fiquei a saber que há literatura francesa contemporânea e que aquelas pancadas de Molière não pretendem ser o último aviso para um gajo se por a andar. Hoje estou certo que a psicanálise encontrou a sua Arca da Aliança e que aquele léxico vibrante das Internacionais ainda vai dar seriado na Globo.
Olha, vou almoçar. E viva o PS.
JSP
20 comentários:
este post é uma treta, longa e enfadonha; o que é que isto tem a ver com arealidade dos factos?
Quando Estaline morreu o judeu Matin Amis tinha 3 anos; uma fonte credivel para que se afirme o que quer que seja? e a interpretação da História? fica dependente de bocas foleiras?
não é melhor ler toda a obra teórica de Estaline e a partir dela proceder à sua crítica?
e do Mao nem vale a pena falar
até o Cavaco leu a biografia escrita por aquela sino-americana; o paleio é mais ou menos deste género
Magnífico texto. Escrito com o sangue, a ironia e o desencanto: Parabéns! FAR
Então, FAR, e tu não tens nenhum texto magnífico texto para publicar?
Escrito com o sangue, a ironia e o desencanto
Este gajo é muito dado ao drama. Tão dado ao drama que nem percebe que está a ser gozado. Oh FAR, vai aprender a ler ou tenta a hipótese Heine encontra Sade. Em alternativa, e porque se fala de sangue, vai-te mas é matar...
...e que aquelas pancadas de Molière não pretendem ser o último aviso para o gajo se por a andar.
Antes fossem, antes fossem...
A baixeza moral, intelectual e cívica dos Anónimos é tão avassaladora que não respeita aniversários, datas e mitos.
Aliàs, a credibilidade do Blogue está seriamente ameaçada pelas investidas destes autênticos predadores da Liberdade, da Sensibilidade e da Igualdade.
O Armando continua a querer insistir na orgia comentarista, não se dando conta do desgaste psicológico intenso e da mais que real paralizia do Blogue, a ver passar consecutivamente os temas e problemas que urge discutir e pensar em voz alta.O problema é verdadeiramente este: a Liberdade de Opinião está a ser posta em causa pelo uso Desigual da expressão. É uma questão jurídica de certa complexidade: por isso nenhum Blogue que se preze tem comentáriso " abertos ".
A crise portuguesa é de tal forma enorme e abissal- conferir crónica de VPV, de 6 do corrente no Público- que ninguém de Boa Fé, com Princípios e Ética se pode deixar neutralizar por estas invectivas de Cobardia Soez, por esta Ignomínia sem rosto nem matriz e, sobretudo,por uma trágica Ignorância de idiotas irrecuperáveis.
Eu sei muito bem quem são os Inimigos da Liberdade, os arrivistas da 25.a hora e os sacripantas sem-eira-nem beira que perdem a alma à mesa das tascas...
FAR
se a opinião de um anónimo conta:
cagalhão
O Armando continua a querer insistir na orgia comentarista
o administrador que resta é dado a orgias? ora aí está um bom tema para o Movimento das Admiradoras do Armandinho
O problema é verdadeiramente este: a Liberdade de Opinião está a ser posta em causa pelo uso Desigual da expressão. É uma questão jurídica de certa complexidade: por isso nenhum Blogue que se preze tem comentáriso " abertos
que 3 três FAR(ÓIS) me iluminem que não percebi porra nenhuma da complexidade jurídica
O problema dos Comentários Livres e Anónimos mexe com a teoria e a esfera da Justiça, o processo de formação da Liberdade igual e da Liberdade Equitativa de Oportunidade, conceitos trabalhados e discutidos por Habermas, Rawls e Walzer, entre muitos outros.
2. Existem já lances significativos sobre esse processo de implementação de Justiça substantiva e concreta. Por que será que o Blogue de Vital Moreira, o de Medina Carreira e o de Medeiros Ferreira, entre os mais conhecidos, nunca advogaram ou favoreceram o Comentário Livre?
3. Sem Igualdade de meios não existe Liberdade de Expressão. Igualdade de Meios num comentário quer dizer: dar a cara, declinar um nome e respeitar os códigos democráticos do Diálogo.A diferença de opinião não pode fugir ao equilibrio no funcionamento dessas regras. Caso contrário, a violência, o ataque pessoal e o prejuízo moral do atacado acabam por subverter o diálogo. A igualdade na atribuição de direitos e deveres básicos- é isso que assegura a Liberdade. E conforta a Responsabilidade, ética,moral e cultural.Quem não compreende isto, anda aqui para dar cabo disto tudo!
4. O problema é tão melindroso e fulcral que, para evitar derrapagens éticas e processos de má-fé homéricos e destrutivos,o uso de controlo ou identificação prévia na caixa de comentários dos Blogues se tornou norma " jurídica e normativa ".
" A Legitimidade é uma ideia mais fraca do que a ideia de Justiça, pois, ao perguntar-se apenas pelo procedimento e não pelo resultado, é possível que a injustiça do resultado de um procedimento legítimo corrompa a legitimidade, efectivando a injustiça ", J. Rawls.
5. Dado o melindre e dificuldade política e teórica da questão, talvez não fosse má ideia o Blogue-pela voz do seu administrador A.Rocheteau- tivesse o cuidado de questionar Paulo Querido, um dos webmasters fundadores lusos, sobre o problema dos Comentários Livres. Certamente que o jornalista do Expresso tem profundas e detalhadas respostas a dar. É que, surpresa das surpresas, a edição On Line do Expresso não tem Comentários Livres...FAR
Que grande galhofa resulta dos posts do FARofa!
Ass: uma das admiradoras do Armandinho
Dos posts nem por isso... sobretudo dos comentários
Ass: a admiradora (de cima) do Armandinho
A admiradora em cima do Armandinho?
Começou a orgia?
O Vital Moreira, o Medina Carreira e o Medeiros Ferreira são amigos do Habermas, do Rawls e do Walzer?!
E o Paulo Querido é amigo do FAR? (duvido...)
Contributo para um debate de ideias (sério)
1. Sem Igualdade de meios não existe Liberdade de Expressão, diz o FAR.
Sugestão: oh Far e se assinasses Anónimo? Assim não ficavas em igualdade?
Por outro lado, percebo que hesites em enveredar por esse ínvio caminho do anonimato. Assim como assim, mal te puxasse a língua para as ratazanas ou para os filhos de Hitler, a malta topava-te logo...
2. "A Legitimidade é uma ideia mais fraca do que a ideia de Justiça, pois, ao perguntar-se apenas pelo procedimento e não pelo resultado, é possível que a injustiça do resultado de um procedimento legítimo corrompa a legitimidade, efectivando a injustiça", J. Rawls.
Porra! esta é difícil, mas vamos lá tentar...
Legitimidade (= a haver anónimos?)
Justiça (= a não haver anónimos?)
Procedimento (= a haver anónimos a comentar?)
Resultado (= a risota à custa do FAR provocada pelos comentários dos anónimos?)
Teremos assim:
é possível que a injustiça (haver anónimos) do resultado (risota à custa do FAR provocada pelos anónimos) de um procedimento legítimo (haver anónimos a comentar)corrompa a legitimidade (haver anónimos), efectivando a injustiça (haver anónimos a gozar com o FAR)
Bom, das duas uma:
1. Ou o FAR pensa que o Rawls escreveu aquilo a pensar nele...
2. Ou o FAR só não gosta de anónimos porque os anónimos gozam com ele. Porque no que diz respeito à Legitimidade e Justiça, para um sujeito que prega a Revol (mesmo se apenas a prega quando acompanhada de um cafezito), a coisa não deveria ter importância nenhuma. Legitimidade e Justiça burguesas? Pffff. (E pergunto: o que é o anonimato quando comparado com os meios violentos advogados pelo FAR, se necessário for? Um sensual capuccino versus um expresso explosivo?)
Quanto a mim, independentemente do Rawls e da tipologia das bicas, acharia uma injustiça não poder rir-me à conta do FAR.
PORQUE VOCÊ MERECE, homem!
o Zézito Fernando diz: "É que, surpresa das surpresas, a edição On Line do Expresso não tem Comentários Livres..."
- Surpresa para quem??!
E mais acima acrescenta: "Por que será que o Blogue de Vital Moreira, o de Medina Carreira e o de Medeiros Ferreira, entre os mais conhecidos, nunca advogaram ou favoreceram o Comentário Livre?"
- oH sevandija Zézito, quer que lhe explique?
Avanti.FAR
A aterradora miséria moral dos pseudo-anónimos deste Blogue resume-se pela facilidade com que tentam baralhar os incautos.Como dizia o Outro, eu sou materialista porque nego a realidade! E a realidade é a promiscuidade e a abissal ignorância dos anónimos. Eu aceito todas as críticas; agora as de tipo pessoal ou político( sim, quem tentou acenar com a prática política e teórica de Castoriadis e Lefort no Blogue, desde a primeira hora?Fui eu), são injustas, inaceitáveis e , de todo em todo inapropriadas. O tempo me dará razão: as tropelias em ilusão de óptica(s), os fazeres-de-conta e as análises expeditivas e dualistas matam o mais intrépido dos arrivistas e as imitações balofas de salteadores de arcas encoiradas. O Sartre sublinhou sempre que preferia falar com mulheres do que discutir com os seus confrades; Foucault teve duas polémicas em livro com Derrida; Lacan mandava terceiros " terçar armas " com os deleuzianos; e Deleuze disse que a coisa de que não gostava era polemicar. Eu não procuro legitimidades nem audiências infâmes e ridículas. Julgava que era possível construir um sistema aberto de ler e de falar de Literatura/ Filosofia/ Política e Artes. Parece que não é. Muito menos com anónimos a fazerem o jogo dos piores inimigos- de classe, de ideologia e de estéctica!. FAR ( Por falta de tempo não consegui ainda alterar a minha verdadeira e absoluta identidade na Web)
como estamos de tempo?
20:06
( Por falta de tempo não consegui ainda alterar a minha verdadeira e absoluta identidade na Web)
Avanti.FAR
A aterradora miséria moral dos pseudo-anónimos deste Blogue
FAR, pseudo porquê? sabes alguma coisa que não queres partilhar connosco? (será por falta de tempo?)
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