O enfraquecimento do unilateralismo americano pode acentuar-se mais depressa pela ausência de plataformas ágeis de diálogo e concertação mundiais perante a China com crescimento record, a Rússia a tentar fazer o novo cartel dos hidrocarbonetos e a Europa dos 27 a não saber para onde deve caminhar...O Financial Times explicava tudo pela pena de Daniel Dombey, ontem.
Daniel Dombey conferenciou com o politólogo Paul Kennedy, um sociólogo chinês da Uni.Shangai, Shen Dingli , e ouviu demoradamente o especialista dos Estudos da Guerra do King´s College de Londres, Lawrence Freedman. Em cima da mesa: o futuro do Mundo, à luz das acrescidas dificuldades enfrentadas pelos EUA no Iraque, a par do sentido misterioso do crescimento exponencial da China e da via autoritária e opaca da Rússia, a querer tornear a OPEP árabe para potencializar a oferta petrolífera dos inimigos declarados de Washington.
O consulado de GW Bush está a originar uma perda substancial do poder dos EUA , interna e externamente. Ao mesmo tempo que a Nato se reforça no Afeganistão, alguns dos países aliados retiraram-se do Iraque ou estão em vias disso, caso da Inglaterra. O Irão, a Coreia do Norte e as guerras étnicas de Darfur e do Kosovo tornaram-se questões permanentes de conflito, demonstrando a fraca operacionalidade da ONU e de outras entidades similares de projecção mundial.
O discurso ofensivo de Putin em Munique, no passado dia 10, soa como o canto do cisne da era da superpotência americana. " Os EUA usufruíram do efeito unipolar durante 15 anos, mas agora realizam cada vez mais que não conseguiram atingir aquilo que desejavam ", frisa Paul Kennedy, autor do célebre " A ascensão e a queda do Super-Poder "., que acrescenta: " Bastava que os USA usassem mais de multilateralismo para que a Rússia e a China se afastassem de encontrar pontos de acordo com o Oeste ". Putin que realizou um dos mais obnóxios (ofensivos e repugnantes) discursos da sua vida em Munique, no passado Week-end, depois de criticar severamente a soberba dos EUA, "por encorajar o terrorismo e cimentar o unilateralismo", revelou que o Irão" não podia nem devia enriquecer o urânio..."
A China e a Rússia, diz Madeleine Albright, face a " um arrogante poder americano ", gozam das " mais quentes relações de cooperação, desde os anos 50", ao mesmo tempo que" estabeleceram com o ratbag ( potencialmente explosivo...) grupo de estados, tais como a Venezuela, o Irão e o Sudão, profundas relações de colaboração ". O politólogo chinês, Shen Dingli, faz notar que " os EUA deviam ser suficientemente sofisticados para usar as instituições internacionais para que a China se eduque, a pensar na fase de eventualmente esta vir a ser superpotência ".
Lawrence Freedman, do King´s College de Londres, aponta que existe " pouca capacidade militar para grandes operações de guerra " dos EUA. "Isso implica que vamos ter de trabalhar com poderes regionais e aceitar regimes tais como existem, como a Arábia Saudita e o Irão, por exemplo".
FAR
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007
As noites longas de Paris: mulher de B-H Lévi canta nua no Crazy Horse
O filósofo e editor mundial, cronista no Le Point e no Wall Street Journal dá inteira liberdade à mulher para mostrar as partes maravilhosas do corpo
Aonde chegou o glamour de Paris! Arielle Dombasle, mulher do filósofo e multimilionário Bernard-Henri Lévi, actua no Crazy Horse de Paris, um dos lugares mais excêntricos do Tout Paris, anunciava o Canard Enchainé ontem. Filha de embaixador e protagonista da melhor estória erótica de Saint-Germain -des-Près, Arielle Dombasle continua a sua carreira artística, quer como actriz , quer como cançonetista. O must é cantar nua, agora, numa das boites de luxo e amor da capital francesa...frequentada pelo jet-set mundial e príncipes árabes de passagem. História das Mil e uma Noites, portanto. Bernard não se opôs e Arielle mostra o divino corpo que inflamou a Rue des Saint-Pères, uma das mais badaladas aventuras amorosas do século XX. B-H Lévi era casado e " raptou " Arille" para concubina num dos hotéis da famosa rua dos editores top de Paris, há mais de 25 anos, quando esta se afastou do pai, que era embaixador de França nos EUA.
FAR
Aonde chegou o glamour de Paris! Arielle Dombasle, mulher do filósofo e multimilionário Bernard-Henri Lévi, actua no Crazy Horse de Paris, um dos lugares mais excêntricos do Tout Paris, anunciava o Canard Enchainé ontem. Filha de embaixador e protagonista da melhor estória erótica de Saint-Germain -des-Près, Arielle Dombasle continua a sua carreira artística, quer como actriz , quer como cançonetista. O must é cantar nua, agora, numa das boites de luxo e amor da capital francesa...frequentada pelo jet-set mundial e príncipes árabes de passagem. História das Mil e uma Noites, portanto. Bernard não se opôs e Arielle mostra o divino corpo que inflamou a Rue des Saint-Pères, uma das mais badaladas aventuras amorosas do século XX. B-H Lévi era casado e " raptou " Arille" para concubina num dos hotéis da famosa rua dos editores top de Paris, há mais de 25 anos, quando esta se afastou do pai, que era embaixador de França nos EUA.
FAR
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007
Da Capital do Império
Olá,
Nos Estados Unidos não há manifestações contra despedimentos. E também não há bilhete de identidade. Há outras formas de identificação e controlo e há outras manifestações de protesto claro está, mas Bilhete de Identidade à europeia, com dados centralizados, impressão digital e de fácil acesso pelas autoridades do governo central (neste caso federal) não há e ninguém o quer. Manifestações à europeia contra despedimentos porque uma fabrica já não dá os lucros desejados, não há.
O que reflecte uma diferença cultural entre os americanos e a generalidade dos europeus que marca todo modo de encarar a vida e as relações económicas e com o poder.
Depois de muitos anos vividos deste lado do charco tenho a confessar que eu partilho agora em grande parte do fascínio dos americanos pelo facto dos europeus que ao longo dos séculos foram sempre martirizados, explorados, agredidos e oprimidos pelos seus estados continuarem a acreditar que há uma contradição entre o interesse individual e o colectivo encarnado pelo estado, uma contradição entre o bem social e interesses económicos individuais.
É fascinante ver como muita da esquerda europeia continua a ser marcada pela crença na dependência igual de todos no governo - em tudo - como solução para os males do mundo.
Aqui pelo contrário há a crença que o interesse comum é melhor servido quando se permite aos indivíduos seguirem o seu interesse pessoal. É interessante notar que isto se reflecte na declaração de independência feita em nome não só do direito à “vida e liberdade” mas também do direito de cada cidadão à “procura da felicidade”.
Os autores dessa declaração – na sua sabedoria - não definem o que é “felicidade” mas tenho quase a certeza que isso explica o facto de que aqui deste lado do charco desde a fundação do país se acredita que lutar pelos interesses privados de cada um beneficia toda a sociedade.
E isso resulta em que os americanos aceitem muito mais facilmente as realidades duras do mercado e a consequências árduas dessas realidades. Para os americanos é perfeitamente natural para uma companhia despedir trabalhadores se a companhia tem que o fazer para sobreviver, por exemplo É por isso que não há manifestações contra despedimentos. A Chrysler por exemplo acaba de anunciar que nos próximos anos vai despedir 13.000 trabalhadores. Imagine-se o forrobodó em qualquer parte da Europa se isso acontecesse. Aqui está tudo a analisar os porquês dos males da Chrysler e da industria automóvel americana ….( de que eu aliás e como alguns se devem recordar já vos falei)
Mas vejam mais: Uma sondagem indicou que menos de um terço dos americanos acreditam que é responsabilidade do estado reduzir as disparidades de rendimentos e mais de 70 por cento acreditam que são os indivíduos que têm que assumir responsabilidade por cuidarem de si mesmos.
Talvez seja também por isso porque aqui é “tabu” para qualquer político falar em impostos para resolver problemas. Isso é que causa aqui forrobodó e quem propor tal coisa pode dizer “hasta la vista” à possibilidade de ser eleito.
Aí pelo contrario continua-se a acreditar que não há nenhum problema que não possa ser resolvido com um novo imposto. Por exemplo: Como é que o Jacques Chirac quer combater a pobreza no “mundo em desenvolvimento”? Um imposto aos bilhetes de avião. E toda a malta segue cantando e rindo….
Reflecte bem aquela aquela crença da “bien pensant” elite europeia que o estado pode socializar toda a gente a portar-se bem se se eliminar ao máximo o interesse individual. O Estado é que vai resolver os problemas da pobreza do “mundo em desenvolvimento”. Isto apesar de desde os anos 60 se terem gasto – só em África - mais de 500 mil milhões de dólares em ajuda de estado para estado … et voilá Monsieur le President…os resultados estão à vista.
Igualdade para os americanos significa igualdade de oportunidade. Liberdade significa oportunidade e não intromissão do estado. Daí que quase 80 por cento dos americanos acreditem que o poder dos Estados Unidos se deve na maior parte ao sucessos das empresas americanas e da sua economia
É a tal crença em que não há contradição entre o interesse individual e o interesse colectivo, a crença que o governo não pode socializar toda a gente e eliminar responsabilidade individual. Ao fim e ao cabo e como disse o antigo presidente da Universidade de Harvard Lawrence Summers “na história da humanidade nunca ninguém lavou um carro alugado”.
Faz pensar, não é?
Um abraço,
Da capital do Império
Jota Esse Erre
Nos Estados Unidos não há manifestações contra despedimentos. E também não há bilhete de identidade. Há outras formas de identificação e controlo e há outras manifestações de protesto claro está, mas Bilhete de Identidade à europeia, com dados centralizados, impressão digital e de fácil acesso pelas autoridades do governo central (neste caso federal) não há e ninguém o quer. Manifestações à europeia contra despedimentos porque uma fabrica já não dá os lucros desejados, não há.
O que reflecte uma diferença cultural entre os americanos e a generalidade dos europeus que marca todo modo de encarar a vida e as relações económicas e com o poder.
Depois de muitos anos vividos deste lado do charco tenho a confessar que eu partilho agora em grande parte do fascínio dos americanos pelo facto dos europeus que ao longo dos séculos foram sempre martirizados, explorados, agredidos e oprimidos pelos seus estados continuarem a acreditar que há uma contradição entre o interesse individual e o colectivo encarnado pelo estado, uma contradição entre o bem social e interesses económicos individuais.
É fascinante ver como muita da esquerda europeia continua a ser marcada pela crença na dependência igual de todos no governo - em tudo - como solução para os males do mundo.
Aqui pelo contrário há a crença que o interesse comum é melhor servido quando se permite aos indivíduos seguirem o seu interesse pessoal. É interessante notar que isto se reflecte na declaração de independência feita em nome não só do direito à “vida e liberdade” mas também do direito de cada cidadão à “procura da felicidade”.
Os autores dessa declaração – na sua sabedoria - não definem o que é “felicidade” mas tenho quase a certeza que isso explica o facto de que aqui deste lado do charco desde a fundação do país se acredita que lutar pelos interesses privados de cada um beneficia toda a sociedade.
E isso resulta em que os americanos aceitem muito mais facilmente as realidades duras do mercado e a consequências árduas dessas realidades. Para os americanos é perfeitamente natural para uma companhia despedir trabalhadores se a companhia tem que o fazer para sobreviver, por exemplo É por isso que não há manifestações contra despedimentos. A Chrysler por exemplo acaba de anunciar que nos próximos anos vai despedir 13.000 trabalhadores. Imagine-se o forrobodó em qualquer parte da Europa se isso acontecesse. Aqui está tudo a analisar os porquês dos males da Chrysler e da industria automóvel americana ….( de que eu aliás e como alguns se devem recordar já vos falei)
Mas vejam mais: Uma sondagem indicou que menos de um terço dos americanos acreditam que é responsabilidade do estado reduzir as disparidades de rendimentos e mais de 70 por cento acreditam que são os indivíduos que têm que assumir responsabilidade por cuidarem de si mesmos.
Talvez seja também por isso porque aqui é “tabu” para qualquer político falar em impostos para resolver problemas. Isso é que causa aqui forrobodó e quem propor tal coisa pode dizer “hasta la vista” à possibilidade de ser eleito.
Aí pelo contrario continua-se a acreditar que não há nenhum problema que não possa ser resolvido com um novo imposto. Por exemplo: Como é que o Jacques Chirac quer combater a pobreza no “mundo em desenvolvimento”? Um imposto aos bilhetes de avião. E toda a malta segue cantando e rindo….
Reflecte bem aquela aquela crença da “bien pensant” elite europeia que o estado pode socializar toda a gente a portar-se bem se se eliminar ao máximo o interesse individual. O Estado é que vai resolver os problemas da pobreza do “mundo em desenvolvimento”. Isto apesar de desde os anos 60 se terem gasto – só em África - mais de 500 mil milhões de dólares em ajuda de estado para estado … et voilá Monsieur le President…os resultados estão à vista.
Igualdade para os americanos significa igualdade de oportunidade. Liberdade significa oportunidade e não intromissão do estado. Daí que quase 80 por cento dos americanos acreditem que o poder dos Estados Unidos se deve na maior parte ao sucessos das empresas americanas e da sua economia
É a tal crença em que não há contradição entre o interesse individual e o interesse colectivo, a crença que o governo não pode socializar toda a gente e eliminar responsabilidade individual. Ao fim e ao cabo e como disse o antigo presidente da Universidade de Harvard Lawrence Summers “na história da humanidade nunca ninguém lavou um carro alugado”.
Faz pensar, não é?
Um abraço,
Da capital do Império
Jota Esse Erre
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007
RIMA DAS PALAVRAS / Recados para S. Valentim
Do Zé da zona
Talho carvalho
bogalho mangalho.
Falho malho
linguaralho reviralho.
Bandalho achincalho
empalho ramalho.
Calho valho
galho tralho.
Alho pirralho
migalho mimalho.
Da Pia do alho.
Solteirona pulona
pulgona saltitona.
Matrona rebolona
cagona boazona.
Madona sujona
buracona chupona.
Valentona chorona
azeitona mijona.
Mazona foleirona
Pimpona porcalhona.
João Autor.
Sra. da Hora. 14.02.07.
Talho carvalho
bogalho mangalho.
Falho malho
linguaralho reviralho.
Bandalho achincalho
empalho ramalho.
Calho valho
galho tralho.
Alho pirralho
migalho mimalho.
Da Pia do alho.
Solteirona pulona
pulgona saltitona.
Matrona rebolona
cagona boazona.
Madona sujona
buracona chupona.
Valentona chorona
azeitona mijona.
Mazona foleirona
Pimpona porcalhona.
João Autor.
Sra. da Hora. 14.02.07.
Aforismos feministas (4)
A mulher, sem pôr o pé faz pegada. Ao Diabo e à mulher nunca falta que fazer. Com a mulher e o dinheiro, não zombes companheiro. Dos 15 aos 20, caso com quem o meu pai quiser; dos 20 aos 25 é com quem eu quiser; depois dos 25, venha quem vier, não fica sem mulher. Entre marido e mulher não metas a colher. Mulher doente, mulher para sempre. Mulher e sardinha querem-se da pequenina. Mulher que assobia, ou capa porcos ou atraiçoa o marido. Mulher que assobia, ou é cabra ou é vadia. Mulher sardenta, mulher rabugenta. O Melão e a Mulher são maus de conhecer. Orelha de homem, nariz de mulher e focinho de cão, nunca viram o Verão. Quem quiser fazer uma viagem em paz, não leve mulher, nem cão, nem rapaz. Um homem atrapalhado, é pior do que uma mulher bêbeda.
Um Portugal fracturado
Mesmo dando de barato que urge actualizar as listas eleitorais, olhando para o mapa com os resultados do referendo resulta claro para qualquer um que temos um país dividido.
De um lado, - a Norte - o reino do obscurantismo; o Portugal atávico, parolo, beato e de um conservadorismo ainda com cheiro a século XIX. O Portugal atrasado, da ruralidade mais boçal, do conformismo e da recusa forte a abrir os olhos a novas realidades.
Obviamente que uma consulta deste tipo destapa questões maníqueistas. A Sul também tivemos, claro, a expressão deste Portugal atrasado e boçal, a esgrimir argumentos que são, no mínimo, desonestos.
Da Madeira não falo. Dos Açores rio-me.
Este Portugal é uma freguesia que confunde tudo: no dia das eleições não vota porque entende, desse modo, protestar contra algo que não faz parte da matéria em apreciação; usa argumentos descabidos; tem donos muito antigos a quem se dão ouvidos.
«O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ja não se crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. (...) O tédio invadiu as almas. (...) De resto a ignorância pesa sobre o povo como um nevoeiro. A intriga política alastra-se por sobre a sonolência enfastiada do País. (...) Não é uma existência, é uma expiação. »
Não se trata de um retrato actual. É Portugal, sim, mas na visão de Eça de Queiroz e de Ramalho Ortigão, no Prefácio de "As Farpas" - 1871.
De um lado, - a Norte - o reino do obscurantismo; o Portugal atávico, parolo, beato e de um conservadorismo ainda com cheiro a século XIX. O Portugal atrasado, da ruralidade mais boçal, do conformismo e da recusa forte a abrir os olhos a novas realidades.
Obviamente que uma consulta deste tipo destapa questões maníqueistas. A Sul também tivemos, claro, a expressão deste Portugal atrasado e boçal, a esgrimir argumentos que são, no mínimo, desonestos.
Da Madeira não falo. Dos Açores rio-me.
Este Portugal é uma freguesia que confunde tudo: no dia das eleições não vota porque entende, desse modo, protestar contra algo que não faz parte da matéria em apreciação; usa argumentos descabidos; tem donos muito antigos a quem se dão ouvidos.
«O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ja não se crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. (...) O tédio invadiu as almas. (...) De resto a ignorância pesa sobre o povo como um nevoeiro. A intriga política alastra-se por sobre a sonolência enfastiada do País. (...) Não é uma existência, é uma expiação. »
Não se trata de um retrato actual. É Portugal, sim, mas na visão de Eça de Queiroz e de Ramalho Ortigão, no Prefácio de "As Farpas" - 1871.
México


Centro Nacional de las Artes, México, Distrito Federal (D. F.). Arrisque-se uma visita virtual . Aqui, convivem Centros de Investigação, Informação e Difusão de Música, de Dança, de Artes Plásticas, de Teatro. E estão instaladas a Escola Nacional de Pintura e Gravado, a Escola Nacional de Dança Clássica e Contemporânea, a Escola Nacional de Arte Teatral, a Escola Superior de Música, a Escola de Captação Cinematográfica. Um enorme espaço de lagos, jardins, belas propostas arquitectónicas, e que confirmam as amplas potencialidades artísticas dos mexicanos e mexicanas nos diversos campos das Artes. Num país que continua a possuir uma pujante e interventiva camada de intelectuais. Juan Rulfo, Carlos Puebla, Octávio Paz, José Clemente Orozco, Frida Kalo, Diego Rivera, Rufino Tamayo, Rodolfo Morales, Francisco Toledo, Luis Barragan, Agustín Lara, José Alfredo Giménez, Chavela Vargas, Victor Rasgado, Silvestre Revueltas, Carlos Chávez, Pablo Moncayo, são alguns dos nomes mais conhecidos de um enorme caudal de grandes escritores, pintores, arquitectos, músicos mexicanos. Sem esquecer as novas gerações, que mantêm a tradição viva, profundamente viva.
Texto e fotos de Pedro Caldeira Rodrigues
VIII. Castoriadis: O que foi Maio de 68
" O que este movimento revela como contradição fundamental da sociedade capitalista burocrática não é a 'anarquia do mercado', a " antinomia entre o desenvolvimento das forças produtivas e as formas de propriedade" ou entre a " produção colectiva e a apropriação privada ". O conflito central em torno do qual todos os outros se ordenam revela-se como sendo o conflito entre dirigentes e executantes. A contradição intransponível que organiza a dilaceração desta sociedade manifesta-se na necessidade de o capitalismo burocrático excluir os homens da gestão das suas próprias actividades e na sua impossibilidade de lá chegar (se lá chegasse, logo desabaria por esse facto). A sua expressão humana e política encontra-se no projecto dos burocratas transformarem os homens em objectos (quer seja pela violência, a mistificação, a manipulação, os métodos de ensino ou os chamarizes 'económicos') e na recusa dos homens em deixar-se levar.
" O funcionamento do capitalismo burocrático cria as condições de uma tomada de consciência, materialmente incarnadas na própria estrutura da sociedade alienante e opressiva. Quando os homens são levados a lutar, é esta estrutura social que são obrigados a pôr em causa; tanto mais que o anarco-despotismo burocrático põe constantemente o problema da organização da sociedade como um problema explícito aos olhos de toda a gente ".
In "Mai 68. La brèche"; C. Castoriadis, Edgar Morin, Claude Lefort. Editions Du Seuil.
FAR
" O funcionamento do capitalismo burocrático cria as condições de uma tomada de consciência, materialmente incarnadas na própria estrutura da sociedade alienante e opressiva. Quando os homens são levados a lutar, é esta estrutura social que são obrigados a pôr em causa; tanto mais que o anarco-despotismo burocrático põe constantemente o problema da organização da sociedade como um problema explícito aos olhos de toda a gente ".
In "Mai 68. La brèche"; C. Castoriadis, Edgar Morin, Claude Lefort. Editions Du Seuil.
FAR
terça-feira, 13 de fevereiro de 2007
Sim! e a história de uma campanha
Ganhou o Sim. O Sim à escolha medicamente assistida, o Sim à liberdade das mulheres, o Sim ao combate ao aborto clandestino.
Para mim, além disso, foi ver recompensado todo o esforço dos Médicos Pela Escolha e de todos os outros com quem convivi durante a campanha.
Em termos pessoais a campanha arrancou no Verão, no melhor bar do Bairro Alto, o Loucos e Sonhadores, quando fui convidado juntamente com o meu grupo de amigos pela Mara para uma Associação que se apresentava, até para uma noite de copos, como algo muito mais sério que a habitual indignação. A piscar-nos o olho, estava ali a proposta de passar à acção, de fazermos mesmo coisas por isto.
A coisa já tinha arrancado há bem mais tempo, mas para nós começou ali. E muito durou. Seguiram-se as reuniões embrionárias em casa do João e as primeiras reuniões em Santa Maria. Depois a preparação do argumentário, com várias leituras do 7 teses sobre o aborto do Dr. Miguel Oliveira e Silva e a tese do Cunhal que a Teresa desencantou. E, entretanto, encontrar pessoas novas. Juntar pessoas para fazer coisas (a frase é simples, mas diz muito). Conhecer o Vasco Freire, o João, a Rosa e a Sara. Depois a Dra. Maria José Alves, a Dra. Ana Campos e a Dra. Ana Matos Pires. A seguir a malta do norte, como a Cecília e o Bruno. A coisa andava e o grupo do costume sorria.
Depois foram as burocracias, a recolha de assinaturas e o aproximar da campanha, com as reuniões de terça feira a crescerem. Preparam-se os argumentos, antecipam-se outros, procura-se financiamento, querem-se mais contactos, e continuamos a tentar juntar pessoas.
Com o aproximar da capnha, acumulavam-se flyers e autocolantes, e quando a mesma começou, foi um corropio. Só se falava de aborto. Combinávamos distribuições de flyers (com particular destaque para duas horas dentro do metro sempre a mudar de carruagem) e dividíamo-nos para debates. Corríamos tudo o que pudéssemos. Chegávamos a casa e despejávamos as maiores alarvidades que os gajos do não tinham dito hoje.
As reuniões eram sempre uma confusão divertida (tirando quando alguém lá dizia que tinha medo que os outros ganhassem), gastámos fortunas ao telemóvel, faltámos a aulas, mas valeu a pena. Domingo à noite, enquanto dançávamos e festajávamos, senti que tinha participado na coisa. Não com a importância do Sócrates, óbvio, mas que tinha feito qualquer coisa. Afinal, é mesmo possível juntar gente e fazer coisas, mesmo que isso signifique enfrentar insituições com centenas de anos no poder. Mesmo que isso implique ouvir mentiras atrás de mentiras e que às vezes nos faça sentir impotentes por ver que os outros têm meios que nós não temos.
Mas vale a pena. É possível fugir à conversa do "não dá" e "isso não vale a pena". Esta luta deu e valeu a pena. E o que se conquistou é muito grande.
Muito obrigado aos que me aturaram estes dias todos (muito me "ouviu" o André Carapinha no messenger). Agora é lutar pelo resto (Código Deontológico, IVG no SNS, mais Planeamento Familiar, etc). Dia 11 foi bom, mas há mais por fazer.
Para mim, além disso, foi ver recompensado todo o esforço dos Médicos Pela Escolha e de todos os outros com quem convivi durante a campanha.
Em termos pessoais a campanha arrancou no Verão, no melhor bar do Bairro Alto, o Loucos e Sonhadores, quando fui convidado juntamente com o meu grupo de amigos pela Mara para uma Associação que se apresentava, até para uma noite de copos, como algo muito mais sério que a habitual indignação. A piscar-nos o olho, estava ali a proposta de passar à acção, de fazermos mesmo coisas por isto.
A coisa já tinha arrancado há bem mais tempo, mas para nós começou ali. E muito durou. Seguiram-se as reuniões embrionárias em casa do João e as primeiras reuniões em Santa Maria. Depois a preparação do argumentário, com várias leituras do 7 teses sobre o aborto do Dr. Miguel Oliveira e Silva e a tese do Cunhal que a Teresa desencantou. E, entretanto, encontrar pessoas novas. Juntar pessoas para fazer coisas (a frase é simples, mas diz muito). Conhecer o Vasco Freire, o João, a Rosa e a Sara. Depois a Dra. Maria José Alves, a Dra. Ana Campos e a Dra. Ana Matos Pires. A seguir a malta do norte, como a Cecília e o Bruno. A coisa andava e o grupo do costume sorria.
Depois foram as burocracias, a recolha de assinaturas e o aproximar da campanha, com as reuniões de terça feira a crescerem. Preparam-se os argumentos, antecipam-se outros, procura-se financiamento, querem-se mais contactos, e continuamos a tentar juntar pessoas.
Com o aproximar da capnha, acumulavam-se flyers e autocolantes, e quando a mesma começou, foi um corropio. Só se falava de aborto. Combinávamos distribuições de flyers (com particular destaque para duas horas dentro do metro sempre a mudar de carruagem) e dividíamo-nos para debates. Corríamos tudo o que pudéssemos. Chegávamos a casa e despejávamos as maiores alarvidades que os gajos do não tinham dito hoje.
As reuniões eram sempre uma confusão divertida (tirando quando alguém lá dizia que tinha medo que os outros ganhassem), gastámos fortunas ao telemóvel, faltámos a aulas, mas valeu a pena. Domingo à noite, enquanto dançávamos e festajávamos, senti que tinha participado na coisa. Não com a importância do Sócrates, óbvio, mas que tinha feito qualquer coisa. Afinal, é mesmo possível juntar gente e fazer coisas, mesmo que isso signifique enfrentar insituições com centenas de anos no poder. Mesmo que isso implique ouvir mentiras atrás de mentiras e que às vezes nos faça sentir impotentes por ver que os outros têm meios que nós não temos.
Mas vale a pena. É possível fugir à conversa do "não dá" e "isso não vale a pena". Esta luta deu e valeu a pena. E o que se conquistou é muito grande.
Muito obrigado aos que me aturaram estes dias todos (muito me "ouviu" o André Carapinha no messenger). Agora é lutar pelo resto (Código Deontológico, IVG no SNS, mais Planeamento Familiar, etc). Dia 11 foi bom, mas há mais por fazer.
Vencedores e vencidos do referendo
Vencedores:
José Sócrates- Coerência a toda a linha, empenhamento, uma estratégia clara desde o primeiro minuto que se revelou vencedora, e sobretudo a afirmação de uma posição óbvia do PS face à sua tradição nesta matéria. Para esquecer Guterres de vez.
Bloco de Esquerda- Marcou pontos na sua guerra particular com o PCP. Provou que a sua posição em apoiar o referendo era a certa. O capital de legitimidade da nova lei será, assim, muito maior.
Ribeiro e Castro- Devo ser o primeiro a escrever isto, mas como único rosto visivel do Não no campo partidário, coerente desde o primeiro minuto (ao contrário de Marques Mendes), ganhou estima e popularidade entre muita da Direita. Mesmo a guerrilha interna do CDS foi-lhe favorável: ao não querer aparecer com o líder, a oposição simplesmente... não apareceu.
Liberais- Vasco Rato, Carlos Abreu Amorim, Helena Matos, Adolfo Mesquita Nunes, tiveram a única posição digna neste assunto para quem se diz liberal. Que, como ficou provado, é um termo muito mal utilizado em Portugal...
André Carapinha- Esta foi só para embirrar.
Vencidos:
Marques Mendes e Marcelo Rebelo de Sousa- A vergonhosa estratégia da dissimulação, a tentativa de agradar a gregos e troianos, não só não resultou como os descredibilizou. Mendes, especialmente, perde mais uma batalha e tem muitas explicações a dar ao PSD, que foi neutro apenas em teoria. Um ponto a menos para a política manobrista e sem vergonha. Ainda bem.
Igreja Católica- Apostou tudo e perdeu. Mobilizou, discretamente, os padres a Norte, e às claras a Opus Dei nas cidades. Inventou 11 movimentos, teve mais tempo de antena, teve as missas dominicais, o catecismo nocturno, as homilias televisivas, os media católicos. Mea culpa, também eu pensei que tivesse mais força. Já não tem.
"Liberais"- Se preciso fosse, ficou claro o que são a maioria dos "liberais" portugueses: os restos de uma Direita salazarenta e beata abrigados sob o capote do liberalismo, a ideologia da moda. Vide o exemplo do citado abaixo, o "liberal" da Opus Dei e próximo do PNR,
André Azevedo Alves- Esta foi só para embirrar ainda mais um bocadinho.
José Sócrates- Coerência a toda a linha, empenhamento, uma estratégia clara desde o primeiro minuto que se revelou vencedora, e sobretudo a afirmação de uma posição óbvia do PS face à sua tradição nesta matéria. Para esquecer Guterres de vez.
Bloco de Esquerda- Marcou pontos na sua guerra particular com o PCP. Provou que a sua posição em apoiar o referendo era a certa. O capital de legitimidade da nova lei será, assim, muito maior.
Ribeiro e Castro- Devo ser o primeiro a escrever isto, mas como único rosto visivel do Não no campo partidário, coerente desde o primeiro minuto (ao contrário de Marques Mendes), ganhou estima e popularidade entre muita da Direita. Mesmo a guerrilha interna do CDS foi-lhe favorável: ao não querer aparecer com o líder, a oposição simplesmente... não apareceu.
Liberais- Vasco Rato, Carlos Abreu Amorim, Helena Matos, Adolfo Mesquita Nunes, tiveram a única posição digna neste assunto para quem se diz liberal. Que, como ficou provado, é um termo muito mal utilizado em Portugal...
André Carapinha- Esta foi só para embirrar.
Vencidos:
Marques Mendes e Marcelo Rebelo de Sousa- A vergonhosa estratégia da dissimulação, a tentativa de agradar a gregos e troianos, não só não resultou como os descredibilizou. Mendes, especialmente, perde mais uma batalha e tem muitas explicações a dar ao PSD, que foi neutro apenas em teoria. Um ponto a menos para a política manobrista e sem vergonha. Ainda bem.
Igreja Católica- Apostou tudo e perdeu. Mobilizou, discretamente, os padres a Norte, e às claras a Opus Dei nas cidades. Inventou 11 movimentos, teve mais tempo de antena, teve as missas dominicais, o catecismo nocturno, as homilias televisivas, os media católicos. Mea culpa, também eu pensei que tivesse mais força. Já não tem.
"Liberais"- Se preciso fosse, ficou claro o que são a maioria dos "liberais" portugueses: os restos de uma Direita salazarenta e beata abrigados sob o capote do liberalismo, a ideologia da moda. Vide o exemplo do citado abaixo, o "liberal" da Opus Dei e próximo do PNR,
André Azevedo Alves- Esta foi só para embirrar ainda mais um bocadinho.
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