Putin vai controlar mais um conglomerado mineiro líder mundial É mais um folhetim cheio de peripécias, manobras e jogadas de alta contra-informação. Estava em jogo, nada mais, nada menos, do que a conquista de uma posição maioritária do Estado russo no maior complexo de produção de níquel do Mundo, a Norilsk Nickel, cujo valor actual na bolsa ronda os 32 biliões de dólares e oferece um lucro anual perto dos 6 biliões. Ora, dois filhos-família da alta burocracia de Estado soviética tinham deitado as mãos ao tesouro mineiro siberiano pelo preço da uva mijona, nos conturbados tempos do caótico reinado de Yeltsin. Usando o mesmo processo dos " salteadores " dos poços de petróleo e do gás. O NY Times conta a intrigante história de um complot tecido no Inverno nos Alpes franceses, onde um dos sócios do conglomerado foi preso e acusado de proxenetismo por ter realizado festas nos chalés com altos quadros e teen-agers moscovitas. De imediato, as autoridades russas procederam à tentativa de venda compulsiva da quota do aparente prevaricador, Mikhail Prokhorov, cuja fortuna ronda dezenas de biliões. E era apontado como o príncipe da indústria nacional russa. A polícia francesa libertou-o ao fim de quatro dias, sem inculpação de espécie nenhuma formal. Vladimir Potanin, o outro sócio do tesouro, revelou, entretanto, que até ao final do ano ficará com a quota do parceiro. Economistas de alta rotação, em Moscovo, disseram ao NY.Times que " nenhum negócio, a sério, pode ser aprovado sem o consentimento do Kremlin ". Potanin teceu estreitos laços com os managers ligados a Putin e, segundo os experts, tudo indica " que tem o sinal verde para avançar no controlo".A modernização da fábrica de niquel- aliado essencial na produção de aço de alta densidade-colocou-a no primeiro lugar de rentabilidade e produtividade do sector, a nível mundial. Batendo os colossos anglo-americanos BHP Billiton, Rio Tinto e Anglo-American. O retrato moral e político de Potanin surgiu também na " novela " do NYTimes: dono do Izvestia, fez com que passasse a defender o cônsul do Kremlin, e depois vendeu o diário celebérrimo ao grupo Gazprom. Fala-se que o "compadre" de Putin irá pagar em acções das minas de ouro, Polyus Gold, onde o acusado de luxúria sexual tinha também saga de gestão de alto valor financeiro. Tudo isto revela, a forma implacável como Putin consolida o seu poder total com uma base económica imbatível.
Operação Sinbad em Basra revela ilusão Iraquiana - Dois eminentes politólogos norte-americanos, que serviram na administração Clinton, Robert Malley e Peter Harlin, escreveram um artigo ontem no The Boston Globe, associado do NY Times, onde questionavam os efeitos positivos e quiméricos da estratégia de reforço militar de GW Bush no Iraque. Serviram-se do exemplo da zona Sul do Iraque, onde servem as tropas britânicas. Tudo com o objectivo de compararem os efeitos no reforço militar USA e aliados em Bagdad, em vias de serem efectuados. Que dizem os dois analistas? Que após uma fase de diminuição da violência, da criminalidade e do caos, tudo voltou ao depressivo ramerrame de pesadelo e destruição. As milícias privadas " infiltraram-se" nos destacamentos militares criados pelos britânicos junto dos quadros iraquianos. Disso se aproveitaram para atacar as tropas de ocupação e os adversários de outras crenças muçulmanas. Os partidos existentes fecharam os olhos a tais crimes. E mais: tomaram de assalto os cargos de administração ainda de pé, contrabandearam o petróleo que açambarcam e fizeram mão baixa sobre os contratos de reconstrução e investimento disponíveis. "Em resumo, a Operação Sinbad, no máximo, congelou a situação caótica existente de harmonia com o estado do poder: Uma vez que a versão inglesa do "reforço militar" decline, o combate incendiar-se-á de repente". E Malley e Harlin advertem que o Iraque está à beira da Guerra Civil," a caminho de ela se instalar", e por detrás disso, o Iraque tornou-se um estado falhado - um país onde desapareceram todas as instituições e qualquer aparência de coesão nacional".
O Hiper-presidencialismo de Sarkozy visto por Duhamel e Casanova - A dinâmica dita de abertura e sedução de alguns tenores da Esquerda, próximos do PS, de que Kouchner e Hirsch, judeus confessos, são o emblema; e, sobretudo, a estratégia de reforço sem fronteiras do poder presidencial, à GW Bush, são dispositivos do poder supremo do Pr. francês, Nicolas Sarkozy, eleito há menos de dois meses. Dois grandes comentadores políticos, Alain Duhamel, próximo da sensibilidade " evangélica " de Lionel Jospin, e Jean-Claude Casanova, o historiador da renovação inspirada pelo legado teórico de Raymond Aron, saíram a terreiro, ler
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aqui, clicando, para apresentarem pontos fortes das suas interpretações. Ora vejamos, Duhamel, o grande fundista da Imprensa escrita, falada e televisionada dos últimos 30 anos em França, com uma lenta e rigorosa derrapagem salutar para a Esquerda, afirma fundamentalmente que, face à abertura e repescagem de alguns tenores socialistas, o " PSF não soube encontrar a boa réplica ". Pelo contrário, em relação a Kouchner( ministro dos Negócios Estrangeiros) e o seu adjunto, Jean-Pierre Jouyet, os socialistas deviam ter esperado para ver " o estilo que será imprimido e, também, que tipo de influência real sobre a política governamental poderão porventura realizar ". Duhamel diz que, sibilino e mordaz, se Sarkosy " prosseguir nesta via com a sua reforma das Instituições e a promoção de um Estatuto da Oposição, a Esquerda será obrigada a encontrar outros ângulos de ataque mais sérios". Com grande poder de síntese, Duhamel traça também uma perspectiva do bonapartismo, de Napoleão a De Gaulle. " O bonapartismo, essa estranha especificidade francesa, juntando autoritarismo e abertura, audácia reformadora e populismo, prossegue hoje. Isso obriga os seus adversários a eles próprios inovarem e a demonstrarem uma audácia equivalente ".Jean-Claude Casanova, num artigo de visão estratégica, relembra o que De Gaulle dizia ao seu fiel ministro e biógrafo, Alain Peyrefitte, pouco antes de instaurar a eleição presidencial ao sufrágio universal. " Não utilize a expressão de "chefe do governo" para falar do primeiro-ministro. O Chefe do governo, sou eu. O primeiro-ministro é o primeiro dos ministros, primus inter pares (o primeiro entre os seus colegas), coordena a sua acção, mas fá-lo sob a responsabilidade do Presidente da República que dirige o Executivo sem nada partilhar". E é por isso, desde há muito tempo, acrescenta Casanova, "que os conselheiros do Pr. têm mais importância do que os ministros, mesmo se o protocolo, muitas vezes enganador, os coloca abaixo no organigrama do poder", aponta.
FAR