sexta-feira, 20 de julho de 2007

Micro-causas


Seis ministros do governo de Gordon Brown admitiram já ter fumado erva. Numa das reacções a estas revelações, e de acordo com a notícia do Público, um analista da BBC comentou sabiamente: "o facto de um político, ou qualquer outra pessoa, ter fumado cannabis ainda interessa realmente?" Interessa porque, de acordo com a mesma notícia, o governo Brown prepara-se para voltar a penalizar o cannabis (que tinha sido despenalizado por Tony Blair), fazendo assim com que o consumo da substância passe a ser, novamente, punido com pena de prisão.

Portico


Sardenha. 2007

Foto de Francesca Pinna

Sinais


Desenho de Maturino Galvão

Esplendor na Relva

Nós é que produzimos a riqueza, e que pensamos como deve ser

A esquerda é uma cambada de ignorantes e preguiçosos (nos comentários):

«É de resto uma constante nas esquerdas (e nalgumas direitas) a pronúncia pública sobre assuntos que não dominam. Veja como sendo contra o capital (o dos outros, já que nunca produziram nenhum) sobre ele abundantemente escreveram. Veja como sendo contra o estado (o dos outros, porque o que herdaram, delapidaram em poucos anos - o caso da URSS sendo o mais evidente), sobre o mesmo tanto discorreram. Veja como sendo contra a propriedade privada (a dos outros, porque nunca foram capaz de ganhar honradamente alguma) tanto contra ela escreveram e se assanharam. Veja adicionalmente como alarvemente se pronunciaram sobre a família, o papel da violência, a ditadura do proletariado.... Um bom esquerdista pronunciar-se-á sobre tudo e em abundância. O que nunca fará é ficar calado.»

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Sinais


Desenho de Maturino Galvão

It's fire in the sky


Washington. 4 de Julho de 2007

Foto de Jota Esse Erre

Ponte

Da margem esquerda da vida
Parte uma ponte que vai
Só até meio, perdida
Num halo vago que atrai.

É pouco tudo o que eu vejo,
Mas basta, por ser metade,
P’ra que eu me afogue em desejo
Aquém do mar da vontade.

Da outra margem, direita,
A ponte parte também.
Quem sabe se alguém ma espreita?
Não a atravessa ninguém.

Reinaldo Ferreira

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Sinais


Desenho de Maturino Galvão
Os leitores notarão as diversas alterações efectuadas na barra aqui à direita. Destaque para o novo grupo de links, "Informação Livre".

P.S: Alguém que perceba um bocadinho desta merda do html me explica porque é que este grupo ficou com o dobro do espaçamento dos outros, quando o template é igualzinho?

P.S2: Situação resolvida graças aos bons préstimos do Hugo.

Sole


Sardenha. 2007

Foto de Francesca Pinna

terça-feira, 17 de julho de 2007

O socialismo e o estado

Esta polémica é muito esclarecedora, para que se entenda uma coisa: os "liberais" não fazem a mais pálida ideia do que seja o socialismo. Como as palavras são preciosas, e como determinadas mistificações tendem, infelizmente, a fazer escola, passo a esclarecer: "socialismo" e "estatismo" não são a mesma coisa. Há socialismos profundamente anti-estatistas e individualistas, tanto historicamente, por exemplo o socialismo libertário, o comunismo conselhista, ou o anarquismo social, como no presente, e cada vez mais no presente. Claro que não estou à espera que eles entendam isto. Como tive oportunidade de esclarecer aqui, nós, os socialistas, sabemos muito bem que o estado moderno é o estado capitalista, contra o qual nos batemos. Portanto, se o socialismo não é o estatismo, outra coisa será. A meu ver, é antes de mais a única filosofia política que se bate pela Liberdade. Mas para que os "liberais" entendessem isto, teriam de avançar um passo à frente da sua concepção redutora e minimalista de liberdade, e entender o que são relações assimétricas de poder entre os homens, e como estas são coarctoras da liberdade individual. Enquanto não se resolver este problema, de uma forma que permita a que cada homem se possa realizar individualmente, e plenamente fruir a sua liberdade, sem os constrangimentos que só os miopes não percebem, o maior dos quais a crescente assimetria na distribuição da riqueza, o estado é um mal necessário. Porque a alternativa "liberal" é ainda pior.

Mambo 22


Quantos caroços tenho? Ainda tenho um buraco entre as costelas, tenho espaço para mais duas, diz-me. Por que tenho o que resta destes frutos, na concha da mão? São para pôr no prato, é aí o sítio exacto onde deixá-los, diz-me. Tenho de comer coisas vermelhas, não me quer com anemia. Nada de puxar pelo enorme babete, tem os desperdícios que tenho deixado cair durante todo o almoço. Admito que a pontaria já não é a mesma. Mas quem é que é igual para sempre? Não me posso sujar, dá trabalho aos outros, emporcalhar-me. Podem ver-me de calças. Agora tenho de usá-las, não me quer de saias, diz-me. Odeio isto, tanto quanto deve detestar ver-me as varizes escuras. Vivo num tempo de perdas. Tenho a minha casa muito arrumada, tudo está organizado como num hospital. Os objectos têm um destino que já não é o da minha vontade, pouco decido. Tudo funciona mas tudo é meu como se o não fosse. A mulher dorme no quarto ao lado, cuida de mim como se fosse o seu bebé, embora me chame a sua avozinha. Deve ter quase a minha idade, mas está boa das pernas, da cabeça, dos braços, da língua, da vida. É o meu sargento, diz-me. Usa uma bata larga que lhe fica justa. Manda e desmanda nos meus mais inocentes gestos - Gostas de andar descalça, mas tens de pôr as chinelas, minha querida, o chão da cozinha é perigoso. Perigoso? Perigoso é perder a identidade e ficar aprisionada dentro da teia dos raciocínios dos outros, desses que sabem quem são e o que sou, porque o meu quem está em desuso. Tenho de viver sob o meu íntimo tecto, com esta estranha que tem duas grandes mãos que me dão banho quando lhe apetece a ela e não propriamente a mim. Noto com tristeza, como ela fotografa com um olhar caridoso as minhas últimas cicatrizes e esfrega-me e esfola-me, sem que me deixe nova. Compra-me em branco favado, soutiens e cuecas. Vou habituar-me a gostar de coisas bonitas, diz-me. Uso simplesmente fardos, já não tenho direito à minha subjectividade. Gostam por mim. Obriga-me a repetir as frases da velha cabeça dela, sim, porque eu já não tenho discurso que seja razoável e ela não me quer muda. – Vá, diga comigo: Que tenha um bom dia! – Baralho-me. Salto palavras e ela desgosta-se, como uma eterna professora. Diz-me de novo uma por uma, até que eu emita por fim aqueles sons que ela julga interessantes. Quando consigo, junta aquelas mãos que me invadem e aplaude-me. Há-de levar-me pela sombra da tarde, para apanhar ares, diz-me. Talvez um dia destes, ao teatro. A realidade da irrealidade?
Tive uma visita. Seguia-a pela casa. Tento do modo mais concreto possível, abeirar-me da liberdade. Trazia esse cheiro ainda na alegria dos olhos. Acho que a minha visita feriu-se nos cacos do que deve ser o mundo, para mim. Mas deixou-me ficar. Mostrei-lhe com os mais arrojados arranjos dos músculos da cara, o meu desejo de descer fulminantemente a escadaria toda até à rua e não regressar, absolutamente. Perder-me de vez!
Mas a minha visita é sem coragem. Serve inutilmente, para me dizer até breve.
Por que razão não posso ter o tempo que me apetecer os caroços de cerejas, na mão que segura nada?


P.S. – Ela (destituída de si) nunca lerá este blogue!

Sinais


Desenho de Maturino Galvão

Da Capital do Império


À saída do enclave hippy/anarca de Cristiana em Copenhaga o aviso é bem claro. Copenhaga. Dinamarca

Olá!
Hoje escrevo para vos avisar de algo sinistro. Os dirigentes da UEtupia estão a preparar se para – como diria Brecht - dissolver o povo e eleger outro para o seu lugar.
Digo isto porque no outro dia fui a uma conferência de imprensa dada pelo embaixador de Portugal aqui na Capital do Império convocada para explicar aos yankees o papel dos lusitanos na chefia da UE e fiquei com a certeza que esses dirigentes perderam a confiança no povo, não tendo qualquer intenção de voltar a repetir o erro.
Antes de explicar o porquê das minhas certezas tenho a dizer-vos que a conferencia de imprensa tinha tantos ou mais diplomatas que jornalistas e alguns dos (poucos) jornalistas presentes eram de publicações que ninguém nunca ouviu falar e com grande “pancada” na cabeça. Um desses jornalistas mostrou-me com orgulho um livro muito antigo para turistas de frases em Português em que no capítulo para “frases no táxi” tinha a seguinte: “por favor não me leve a lugares grosseiros”. Valeu o dia…
Na conferência de imprensa uma dessas jornalistas com “pancada” (e sem livro de frases em português) queria saber o que é que Portugal pensa sobre as acusações do Papa de que a filosofia dos dirigentes europeus é “relativista”. O embaixador ficou à rasca meteu os pés pelas mãos e felizmente a tal jornalista não lhe perguntou o que é que a Lusitânia pensa da missa em Latim. Logo a seguir no entanto outro jornalista com “pancada” com um sotaque estranhíssimo queria saber o que é que Portugal pensa do Cazaquistão e da Ásia central. Ainda outra jornalista, daquelas que acredita que vai mudar o mundo, fez um discurso sobre Darfur e teve que ser interrompida perante o ar verdadeiramente estupefacto do diplomata tuga. Enfim…
Mas o que eu queria saber é se após as negociações sobre o tratado em que o Sócrates e o Amado estão tão empenhados Portugal iria propor enquanto presidente) que o mesmo fosse submetido a um referendo nos diversos países da Cê Ié Ié (agora conhecida por UE). A resposta foi que primeiro há que terminar o tratado, é esse o mandato., o que você pergunta é uma questão de politica interna, e tal e coisa, não só mas também, tendo em conta a conjuntura que etc e tal e coisa, pois é, uma chatice, depois voltamos a falar disso, qual era a outra pergunta?…
O que não é de admirar. Vocês com certeza que se recordam que antes dos últimos referendos quando já era evidente que o povo não queria mais burocracias em Bruxelas a ditar-lhe o tamanho das peras, como é que devem ser feitos os chouriços e queijos, a que horas é que as lojas de bebidas podem abrir em Estocolmo e que impostos é que a malta na Escócia e Eslovénia deve pagar, os dirigentes da UE tornaram bem claro que se estavam a borrifar para o povo.
“Se for um sim diremos ‘em frente’, se for um não diremos “continuamos’,’ disse na altura Jean Claude Juncker primeiro ministro do Luxemburgo, país que como vocês sabem é difícil de localizar no mapa mas que na altura falava, aparentemente por todos vós. Os dirigentes “bien pensants” da UE perderam a confiança no povo após esses referendos terem dito non e nie à tal constituição. É óbvio que pelo menos até agora o povo não trabalhou suficientemente duro para reganhar a confiança dos seus líderes que em Bruxelas não estão interessados em responder à ingratidão e burrice do povo
A malta em Bruxelas, tenho a dizer-vos ficou bem lixada com o povo e no dizer da Angie Merkel decidiu substituir a constituição em que o Giscard gastou meses e meses e rios e rios de dinheiro por um tratado em que - como ela disse na cimeira dos Oito Governadores (G-8) - se “usa terminologia diferente sem mudar a substancia legal”. Eu sempre gostei da frontalidade germânica! Não sabia é que podia ser também cínica!!!
E nem pensar em referendos ou votações. O Nicola Czarko já disse que não é preciso, (deve ter sido porque retirou do tratado menção a uma economia de mercado baseada em “concorrência não distorcida”); na Holanda mais de 50 por cento do eleitorado quer um referendo mas os governantes da Holanda disseram que não é preciso porque o novo tratado “não é de natureza constitucional”; o que agrada também aos líderes dinamarqueses que serão obrigados a convocar um referendo se houver uma transferência de soberania para Bruxelas. (Honra seja feita ao Rasmussen que afirmou que no entanto uma decisão final ainda não foi tomada)
Portanto o que os dirigentes da Cê Ié Ié afirmam é que o tratado é apenas “terminologia diferente que não muda a substancia legal” da falida constituição giscardiana mas aparentemente “não é de natureza constitucional”!
O maralhal em Bruxelas deve estar a rebolar-se de gozo já a pensar nos milhares de novos tachos que vão ser criados com um novo super ministério dos negócios estrangeiros europeu com o seu próprio corpo diplomático, um presidente (dizem que vai ser o Tony Blá Blá) e milhares de outros “tachos” à sua volta, mais facilidade em aprovar leis relacionadas com política social, imigração e justiça o que vai resultar em novas leis vindas de Bruxelas aprovadas por uma crescente burocracia europeia que cada vez mais inventa mais necessidades jurídicas (tamanho das maçãs e peras) em que os parlamentos nacionais para os quais os europeus votam são cada vez mais impotentes e sem significado.
Em sistemas políticos em que governos têm poderes não restritos com base em maiorias parlamentares (como na maior parte da Europa) cuidado com a intenção desses governos dar ou delegar a uma supra autoridade esses ou outros poderes. Daí a necessidade de referendo.
De qualquer modo tenho a dizer vos que no meio disto tudo é bom ficar a saber que os dirigentes da UE são admiradores de um dos grandes “dirigentes iluminados ou esclarecidos” da historia europeia, Frederico o Grande. Foi ele quem afirmou: “O meu povo e eu chegamos a um acordo que agrada a ambos. Eles dizem o que querem; eu faço o que quero”.
Espero que isto não vos agrade.

Abraços,
Da capital do Império

Jota Esse Erre

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Spiaggia


Sardenha. 2007

Foto de Francesca Pinna

Sou dos dois o mais velho

Que de nós dois
O mais sensato sou eu,
-- É uma forma delicada
De dizeres que sou mais velho.
Ora é verdade
Ser eu quem tem mais idade.
Mas daí a ter juízo
Vai um abismo tão grande
Que é preciso,
Com certeza,
Que o digas com ironia
E nenhuma simpatia
Pelo engano em que vivo.
O engano de ter rugas
E nunca fitar um espelho ...
Vê lá tu que eu não sabia
Que sou dos dois o mais velho.

Reinaldo Ferreira

Sinais


Desenho de Maturino Galvão

Inter... calares - Lisboa

O que resta de Lisboa está de férias ou não esteve para aí virada...

É o que eu sempre disse:
- Evito ir a Lisboa ao fim – de – semana... Aquilo parece deprimente. Não se vê ninguém pelas ruas. As lojas estão fechadas, não há praticamente cafés e quanto a restaurantes nada, nem pensar...

Ganhou quem tinha que ganhar porque isto é mesmo assim. Era escusada, é claro, aquela vergonha de arrebanhar as boas gentes de Famalicão, Cabeceiras de Basto e Alandroal, entre outras, exaurir os dinheiros do Partido em excursões – dinheiros que nos saem dos bolsos...
Cabe aqui uma pergunta: e onde é que andava a malta da JS?...
Ah, está bem.
Estavam num seminário de bufaria especializada, organizado pela MOSSAD...
Certo.
São as chamadas “novas oportunidades”...

Então, está bem: já que havia pouca malta disponível para dar ar de festa importaram-se uns quantos reformados (boa gente, claro...) dos sítios mais díspares e ala para Lisboa com promessa de excursão. Nem nos tempos da União Nacional... Lembram-se das manifestações a Salazar?... Tudo muito espontâneo.
Isto foi apenas um ensaio e, para a próxima, garanto-vos que não hão-de aparecer repórteres a armar ao pingarelho...

Um PR entrevistado pelos ‘media’ a tropeçar estrondosamente no Português e um PM a dar uma monumental ‘gaffe’.

A ‘pobressa’ chegou, caros amigos.

O pior é que traz um aparelho policial consigo: olhos, ouvidos e bocas dispostas a tudo.
A delação, a bufaria, a repressão...
Estejamos atentos.

Os lisboetas não votaram porque estavam de férias.

Os restantes é bom que fiquem atentos...

domingo, 15 de julho de 2007

sábado, 14 de julho de 2007

Vão ver...


Regressei há pouco de Palmela, onde assisti à estreia da peça "Maria Curie".
Trata-se de um monólogo, interpretado por Isabel Leitão.
O teatro a falar da Ciência, sobre a Ciência.
A nossa Escola deveria ser obrigada a ir assistir a este espectáculo.
Para se questionar. Para se pôr em causa.
Em Outubro, o espectáculo há-de estar em cena no Teatro Extremo, em Almada.
Vale a pena. Asseguro-vos.

Tempesta


Sardenha. 2007

Foto de Francesca Pinna

É pela tarde

É pela tarde, quando a luz esmorece
E as ruas lembram singulares colmeias,
Que a alegria dos outros me entristece
E aguço o faro para dores alheias.

Um que, impaciente, para o lar regresse,
As viaturas que se cruzam cheias
Dos que fazem da vida uma quermesse,
São para mim, faminto, odor de ceias.

Sentimento cruel de quem se afasta,
Por orgulho repele, e se desgasta
No esforço de fugir à multidão.

Mas castigo de quem, por imprudente,
Já não pode deter-se na vertente
Que vai da liberdade à solidão.

Reinaldo Ferreira

Agora é que é...



Queridos Fábio Cristiano e Sónia Vanessa,

espero que esta vos encontre bem e etc.


É agora que o vosso tio Zé (podem tratar-me apenas por senhor engenheiro...) vos escreve e vos traz boas
notícias.

Já fizestes ambos o 9º ano, verdade?...
Então, ainda bem. Posso agora dizer-te, meu querido Fábio
Cristiano, que com os teus 18 aninhos podes completar o 12º ano e, ainda tens aberta a porta que te dará acesso ao ensino Superior. Olha, meu rapaz, aprender compensa.
Quando, após teres repetido por três vezes o 9º ano, e nem querias acreditar que tinhas passado nem percebes que eu te disse: «O 9º ano é só o começo...», em vez disso, percebeste algo como «O crime é que está a dar...» e arranjaste as confusões que arranjaste...
E foi mesmo a pensar em ti que resolvi criar novas oportunidades. Criei cursos, mandei dar-lhes nomes muito apelativos e prometo que desses cursos hão-de sair actores, acompanhantes de turismo equestre e até mesmo técnicos de mecânica naval. Acreditas, não acreditas, Fábio? Claro que sim. Eu sei que sim. Tu ainda vais em Dezembro à Praça do Comércio só para ver a maior árvore de natal, não é meu pequerrucho?...
E é claro que não esqueci a nossa Sónia Vanessa: ela almeja chegar a Técnica de Caracterização ou mesmo, quem sabe, a Assistente de Arqueólogo ou, ainda, a Técnica de Cozinha-Pastelaria...
Quem é amigo, quem é?...
Um grande beijo do titi,

Sinais


Desenho de Maturino Galvão

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Os fascistas são socialistas

Onde pode chegar a pobreza de análise e o simplismo maniqueista dos "liberais": Os fascistas são socialistas. Imperdível.

À espera da notícia


Da série "Jornalistas em serviço". Cimeira do G8. Khulungborg. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

Curiosidades

Curioso, curioso, é o resultado da "sondagem" promovida pelo Insurgente aos seus leitores, sobre "qual o melhor candidato à Câmara Municipal de Lisboa". Neste momento em que escrevo, o lider é Pinto Coelho, do PNR, com 21%, seguido de "nenhum dos 12", com 16%.

Sinais


Desenho de Maturino Galvão

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Telegramas

Putin vai controlar mais um conglomerado mineiro líder mundial
É mais um folhetim cheio de peripécias, manobras e jogadas de alta contra-informação. Estava em jogo, nada mais, nada menos, do que a conquista de uma posição maioritária do Estado russo no maior complexo de produção de níquel do Mundo, a Norilsk Nickel, cujo valor actual na bolsa ronda os 32 biliões de dólares e oferece um lucro anual perto dos 6 biliões. Ora, dois filhos-família da alta burocracia de Estado soviética tinham deitado as mãos ao tesouro mineiro siberiano pelo preço da uva mijona, nos conturbados tempos do caótico reinado de Yeltsin. Usando o mesmo processo dos " salteadores " dos poços de petróleo e do gás. O NY Times conta a intrigante história de um complot tecido no Inverno nos Alpes franceses, onde um dos sócios do conglomerado foi preso e acusado de proxenetismo por ter realizado festas nos chalés com altos quadros e teen-agers moscovitas. De imediato, as autoridades russas procederam à tentativa de venda compulsiva da quota do aparente prevaricador, Mikhail Prokhorov, cuja fortuna ronda dezenas de biliões. E era apontado como o príncipe da indústria nacional russa. A polícia francesa libertou-o ao fim de quatro dias, sem inculpação de espécie nenhuma formal. Vladimir Potanin, o outro sócio do tesouro, revelou, entretanto, que até ao final do ano ficará com a quota do parceiro. Economistas de alta rotação, em Moscovo, disseram ao NY.Times que " nenhum negócio, a sério, pode ser aprovado sem o consentimento do Kremlin ". Potanin teceu estreitos laços com os managers ligados a Putin e, segundo os experts, tudo indica " que tem o sinal verde para avançar no controlo".A modernização da fábrica de niquel- aliado essencial na produção de aço de alta densidade-colocou-a no primeiro lugar de rentabilidade e produtividade do sector, a nível mundial. Batendo os colossos anglo-americanos BHP Billiton, Rio Tinto e Anglo-American. O retrato moral e político de Potanin surgiu também na " novela " do NYTimes: dono do Izvestia, fez com que passasse a defender o cônsul do Kremlin, e depois vendeu o diário celebérrimo ao grupo Gazprom. Fala-se que o "compadre" de Putin irá pagar em acções das minas de ouro, Polyus Gold, onde o acusado de luxúria sexual tinha também saga de gestão de alto valor financeiro. Tudo isto revela, a forma implacável como Putin consolida o seu poder total com uma base económica imbatível.

Operação Sinbad em Basra revela ilusão Iraquiana - Dois eminentes politólogos norte-americanos, que serviram na administração Clinton, Robert Malley e Peter Harlin, escreveram um artigo ontem no The Boston Globe, associado do NY Times, onde questionavam os efeitos positivos e quiméricos da estratégia de reforço militar de GW Bush no Iraque. Serviram-se do exemplo da zona Sul do Iraque, onde servem as tropas britânicas. Tudo com o objectivo de compararem os efeitos no reforço militar USA e aliados em Bagdad, em vias de serem efectuados. Que dizem os dois analistas? Que após uma fase de diminuição da violência, da criminalidade e do caos, tudo voltou ao depressivo ramerrame de pesadelo e destruição. As milícias privadas " infiltraram-se" nos destacamentos militares criados pelos britânicos junto dos quadros iraquianos. Disso se aproveitaram para atacar as tropas de ocupação e os adversários de outras crenças muçulmanas. Os partidos existentes fecharam os olhos a tais crimes. E mais: tomaram de assalto os cargos de administração ainda de pé, contrabandearam o petróleo que açambarcam e fizeram mão baixa sobre os contratos de reconstrução e investimento disponíveis. "Em resumo, a Operação Sinbad, no máximo, congelou a situação caótica existente de harmonia com o estado do poder: Uma vez que a versão inglesa do "reforço militar" decline, o combate incendiar-se-á de repente". E Malley e Harlin advertem que o Iraque está à beira da Guerra Civil," a caminho de ela se instalar", e por detrás disso, o Iraque tornou-se um estado falhado - um país onde desapareceram todas as instituições e qualquer aparência de coesão nacional".

O Hiper-presidencialismo de Sarkozy visto por Duhamel e Casanova - A dinâmica dita de abertura e sedução de alguns tenores da Esquerda, próximos do PS, de que Kouchner e Hirsch, judeus confessos, são o emblema; e, sobretudo, a estratégia de reforço sem fronteiras do poder presidencial, à GW Bush, são dispositivos do poder supremo do Pr. francês, Nicolas Sarkozy, eleito há menos de dois meses. Dois grandes comentadores políticos, Alain Duhamel, próximo da sensibilidade " evangélica " de Lionel Jospin, e Jean-Claude Casanova, o historiador da renovação inspirada pelo legado teórico de Raymond Aron, saíram a terreiro, ler aqui e aqui, clicando, para apresentarem pontos fortes das suas interpretações. Ora vejamos, Duhamel, o grande fundista da Imprensa escrita, falada e televisionada dos últimos 30 anos em França, com uma lenta e rigorosa derrapagem salutar para a Esquerda, afirma fundamentalmente que, face à abertura e repescagem de alguns tenores socialistas, o " PSF não soube encontrar a boa réplica ". Pelo contrário, em relação a Kouchner( ministro dos Negócios Estrangeiros) e o seu adjunto, Jean-Pierre Jouyet, os socialistas deviam ter esperado para ver " o estilo que será imprimido e, também, que tipo de influência real sobre a política governamental poderão porventura realizar ". Duhamel diz que, sibilino e mordaz, se Sarkosy " prosseguir nesta via com a sua reforma das Instituições e a promoção de um Estatuto da Oposição, a Esquerda será obrigada a encontrar outros ângulos de ataque mais sérios". Com grande poder de síntese, Duhamel traça também uma perspectiva do bonapartismo, de Napoleão a De Gaulle. " O bonapartismo, essa estranha especificidade francesa, juntando autoritarismo e abertura, audácia reformadora e populismo, prossegue hoje. Isso obriga os seus adversários a eles próprios inovarem e a demonstrarem uma audácia equivalente ".Jean-Claude Casanova, num artigo de visão estratégica, relembra o que De Gaulle dizia ao seu fiel ministro e biógrafo, Alain Peyrefitte, pouco antes de instaurar a eleição presidencial ao sufrágio universal. " Não utilize a expressão de "chefe do governo" para falar do primeiro-ministro. O Chefe do governo, sou eu. O primeiro-ministro é o primeiro dos ministros, primus inter pares (o primeiro entre os seus colegas), coordena a sua acção, mas fá-lo sob a responsabilidade do Presidente da República que dirige o Executivo sem nada partilhar". E é por isso, desde há muito tempo, acrescenta Casanova, "que os conselheiros do Pr. têm mais importância do que os ministros, mesmo se o protocolo, muitas vezes enganador, os coloca abaixo no organigrama do poder", aponta.

FAR

À espera que a estrela acorde


Da série "Jornalista em serviço". Cimeira do G8.Khulungborg. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

A democracia real e a democracia utópica

Em primeiro lugar, isto é uma bela merda, dos bloggers e dos googles, não me permitem postar em nome próprio. O capitalismo no seu esplendor internetico.

Não acredito na democracia. Vou destruir o mundo intelectualmente. Até não sobrar pedra sobre pedra. Antes de vós, também os marxistas, outra cambada de ingénuos, acreditava no socialismo real. O outro, chamavam-no de "socialismo utópico". Mas agora, ainda é pior: acreditam na democracia utópica, e não percebem que isto não passa da democracia real. Esta coisa miserável a acontecer, que sacrifica as pessoas, que nos sacrifica a todos, tem um nome, Democracia. Mas acredita-se que a democracia é outra coisa: a democracia utópica. Que cambada de ingénuos.

João Carapinha

Da superioridade do islamismo

"Deus ou morte" (Allah u' Akbar) é a questão mais importante, a única questão importante, da nossa vida. De facto, ou há Deus, ou há morte.

Sinais


Desenho de Maturino Galvão

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Sala de controlo


Da série "Jornalistas em seviço". Atenção ao écran. Para cada rosto na TV há uma sala de controlo da qualidade. Khulungborg. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

Aforismos liberais (4)

Salazar pode, em certos aspectos, ser considerado um liberal.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Sinais


Desenho de Maturino Galvão

Tanta lente para um só homem


Da série "Jornalistas em serviço". Cimeira do G8. Heiligendamm. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

Vejo lábios, olhos, dentes

Se eu nunca disse que os teus dentes
São pérolas,
É porque são dentes.
Se eu nunca disse que os teus lábios
São corais,
É porque são lábios.
Se eu nunca disse que os teus olhos
São d´ónix, ou esmeralda ou safira,
É porque são olhos.
Pérolas e ónix e corais são coisas,
E coisas não sublimam coisas.
Eu, se algum dia com lugares-comuns
Houvesse de louvar-te,
Decerto que buscava na poesia,
Na paisagem, na música,
Imagens transcendentes
Dos olhos e dos lábios e dos dentes.
Mas crê, sinceramente crê,
Que todas as metáforas são pouco
Para dizer o que eu vejo,
E vejo lábios, olhos, dentes.

Reinaldo Ferreira

Terra

African Kids /7 Angola - 2006

Los Santeros

Aforismos liberais (3)

O tipo de sistema em que vivemos é o socialismo.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Sinais


Desenho de Maturino Galvão

Tudo a postos para a emissão ao vivo

.
Da série "Jornalistas em serviço". Tempo de respirar fundo. Cimeira do G8. Khulungborg. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

Iraque: general yankee encoraja Democratas a fazerem ultimato a GW Bush

Antigo militar do staff de Jimmy Carter aconselha retirada de tropas da antiga Mesopotâmia como medida de ética e de justiça militar. "GW Bush recusa-se obstinadamente a admitir a derrota", frisa William E. Odom num texto divulgado pelo Truthout.Com. Ler aqui na íntegra...

A longa derrapagem e degenerescência político-moral de GW. Bush está à vista de todos. Só que os jogos políticos e o aproximar das Primárias no partido Democrático para a escolha do candidato presidencial estão a impedir que a maioria democrática tome as medidas fundamentais para evitar uma derrota desonrosa no Iraque. O antigo adido militar do secretário de Estado de Carter, William Odom, teve a coragem de exortar os membros da maioria do poder legislativo USA a ultimarem GW Bush a iniciar a retirada do Iraque. Caso contrário, frisa, devem levantar-lhe um processo de "Impedimento" de funções, porque " o comportamento presidencial constitui seguramente um alto crime face à impressionante perda de vida de soldados e marines, vítimas da prossecução de interesses meramente pessoais " do Pr. norte-americano.

O antigo general, expert na Contra-Informação, diz que os Democratas têm perdido no Congresso todas as batalhas para forçarem GW Bush a retirar as tropas do Iraque. Ele diz que Bush os enrola com a definição, que os "perturba", de "tomar conta das tropas", onde um serôdio e equívoco nacionalismo os forçam a deixar continuar a guerra. " A definição de GW Bush é um erro terrível " diz William Odom, "tomando em consideração o que ele obriga a suportar às forças armadas". Um tempo muito longo de missão no terreno de luta.

"Nunca as forças armadas USA foram constrangidas a permanecer num combate prolongado como agora no Iraque. Na Segunda Guerra Mundial, os soldados estavam considerados exaustos depois de 180 dias na linha da frente. Eram retirados para repouso várias vezes. Além disso, semanas a fio, largos sectores da frente de combate estavam calmos, proporcionando momentos de reabilitação física e psíquica. Durante alguns períodos na Guerra da Coreia, as unidades militares tiveram de permanecer em combate mas nunca por um período superior a 365 dias. No Vietname, a rotação das tropas era anual e o combate tinha tempos de significativas paragens", explica.

No Iraque, os soldados americanos permanecem progressivamente em combate, dia após dia, durante mais de um ano, com apenas 15 dias de repouso. Sujeitos "ao confronto quotidiano com o espectro da morte, a perda de membros ou da vista, ou de outras terríveis sequelas". "O impacto psíquico de tais efeitos produz, eventualmente, o que agora se apelida de anomalias originadas por um stress pós-traumático, que origina uma perda de capacidade no militar, o que pode estar na origem das matanças que ele comete. Este tipo de acções só se torna realidade meio ano após a presença do militar nas frentes de guerra no Iraque", analisa.

FAR

domingo, 8 de julho de 2007

Sinais


Desenho de Maturino Galvão

Terra

African Woman/6 - Angola 2005

Marques Mendes

“(...)De facto, o líder do maior partido da oposição, intervindo com frequência na campanha (o que só lhe fica bem), não sai de um registo reviralhista e nacional, como se não reconhecesse os problemas de Lisboa. É claro que ele pretende ser alternativa ao primeiro-ministro, e não ao candidato do PS à Câmara de Lisboa. Mas o seu discurso é tão centrado nos apelos à "punição" do Governo que dá aos lisboetas a ideia de que os seus problemas não são tidos em conta, antes são instrumentalizados por uma lógica de legislativas.

Isto num cenário, pelo menos plausível, de derrota, é muito arriscado. Primeiro, por permitir ao adversário vir a reivindicar, para os resultados, um alcance maior do que o verdadeiro e legítimo, que é o municipal. Segundo, porque a lógica nacional da campanha transfere, do candidato para ele próprio, a usura da derrota.

Ora Marques Mendes traz consigo uma vida de militância partidária. Não é um novato. Sabe tudo isto muito bem. E, assim sendo, esta sua escolha só pode ser um "perdido por cem, perdido por mil". Uma dramatização de um mau resultado em Lisboa, que ele já não crê poder contrariar, a servir de justificação política para umas "directas" partidárias antes do congresso que a oposição interna pretende convocar. Mau agoiro para o PS, que decerto gostaria de o ter pela frente em 2009.”

Nuno Brederode Santos, Diário de Notícias 08/07/2007

Por cima é melhor


Fotógrafo tenta o melhor ângulo. Cimeira do G8. Khulungborg. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

sábado, 7 de julho de 2007

Sinais

DA NATURA!

No odor fresco da manhã,
ouve-se o murmúrio do mar na praia,
aqui.
Mais o bater de uma vaga na rocha,
ali.
Uma linha de horizonte,
lá longe.
Um mar de turquesas
e um céu azul celeste.
O dia neófito,
deste lado da Terra
que se vira ao Sol.

Tantos que não percebem
que se vive a Natureza,
tantas vezes tolerante,
sempre bondosa,
geralmente generosa.
Ouvem falar dela
e já a viram em imagens.
Alguns lá foram e não a viram,
não sentiram e não perceberam!
Usaram-na esporcando-a,
gozaram-na violando-a,
exploraram-na ferindo-a,
roubaram-na matando-a,
desprezando-a!

Natureza é Terra!
Natureza é Sol!
Natureza é Ar!
Natureza somos Nós!

É preciso um futuro de horizontes abertos
ao respeito e à compreensão,
à tolerância e à partilha,
à alegria em harmonia,
ao Amor à Natureza!

E nem malfazentes nem maldizentes
farão frentes às mais puras vontades!

João Autor.

Vem aí a porrada








Da série"Jornalistas em serviço". Cimeira do G8. Khulungborg. Alemanha











Foto de Jota Esse Erre

sexta-feira, 6 de julho de 2007

A "sarkolândia" vista pelo Le Canard Enchainé

O principal conselheiro e "caneta" de Nicolas Sarkozy aponta o Canard como exemplo tipo do Jornalismo de investigação de alta qualidade

Aí está ela, a verdade, a saltar como a sardinha da costa: Henri Guaino, o principal conselheiro do novo Pr. francês, considera o Le Canard Enchainé como um jornal de alta qualidade informativa. Com uma redacção pequena e sem publicidade, o grande semanário da Política e da Sociedade francesa ganha novos louros com a tomada de posse do sucessor de Jacques Chirac. O que é de sublinhar, no duro e complexo contexto da Nova Informação gaulesa onde, a Blogosfera, tem um grande poder também.

O que nos diz esta semana o Canard ? Que Fillon, o primeiro-ministro, começa a sentir na pele os efeitos da hiper-presidencialização instaurada por Sarkozy. Ao quero, falo, posso e controlo tudo do PR, Fillon, um puro radical centrista com gaulismo socializante à mistura, começa a sentir-se constrangido e a responsabilizar os homens-de-mão de Sarkozy, a sua guarda pretoriana, como o secretário-geral da Presidência, Claude Guéant, o tal Henri Guaino e o porta-voz Martinon, o trio infernal que rodeia o novo super-magistrado hexagonal.

"Há acertos a realizar com os colaboradores do Presidente que falam muito", confessou Fillon ao Figaro, o ex-líbris jornalístico da direita francesa. E o Canard a ir por diante e a usar o conceito operatório de Unidades de Barulho Mediático, controladas por um expert na matéria e próximo de Sarkozy. Segundo a tabela, Fillon é dos que menos se ouve, o que menos unidades de barulho produz na Imprensa e TV. Sarkozy distancia-o a 2500 por cento de altitude sonora e caligráfica. A última que aconteceu a Fillon, é que Sarkozy se apoderou de um chalé nos jardins da residência do PM, uma das poucas vantagens da função e, além disso, vai legislar para ir à Assembleia Nacional, uma vez por mês, responder perante os deputados, o que deixa o PM quase sem funções políticas relevantes.


FAR

Sinais


Desenho de Maturino Galvão

Analogias não impossíveis

Capítulo XXIV
Entre amigos se há-de dizer e se há-de dar ouvidos à verdade.

"(...) Todavia, sou forçado a confessá-lo, como disse o nosso Terencio no seu Adriana:
“A benevolência gera a amizade; a verdade, o ódio”.
Sem dúvida a verdade é molesta se produz o ódio, este veneno da amizade.

Mas a magnanimidade é-o ainda mais, porque para a indulgência culpável, pelas faltas de um amigo, ela deixa-o precipitar-se em suas ruínas. Mas a falta mais grave é a que despreza a verdade e se deixa conduzir ao mal pela adulação. Este ponto reclama toda a nossa vigilancia e atenção. Afastemos o ácido das nossas advertências, a injúria dos nossos reproches; que a nossa complacencia (sirvo-me voluntário da expressão de Terêncio) seja farta de urbanidade; mas longe da nossa baixa adulação, este auxiliar indigno de um amigo e mesmo de um homem livre.

Lembremo-nos que se vive com um amigo diferentemente de como se vive com um tirano.

Quanto àquele cujos ouvidos se fecharam à verdade ao ponto de não entender mesmo a boca do amigo, é preciso desesperar da sua salvação.

Conhece-se a frase de Catão que, entre outras,. ficou proverbial:
“A amargura dos nossos inimigos, serve-nos bem mais que a doçura dos nossos amigos: aqueles nos dizem quase sempre a verdade; estes, jamais”.

O que lia de desarrazoado é que os amigos que se advertem não se encolerizem do que deve causar-lhes pena, e o façam ao contrário do que deve não lhes causar
nenhuma. Em lugar de se encolerizar de haver mal agido, eles o são de ser repreendidos. Enquanto que, ao contrário, eles se deveriam afligir da falta e alegrar-se da censura."

Diálogo Sobre a Amizade - Cicero

Um voo cego a nada

Eu, Rosie, eu se falasse, eu dir-te-ia
Que partout, everywhere, em toda a parte,
A vida égale, idêntica, the same,
É sempre um esforço inútil,
Um voo cego a nada.
Mas dancemos; dancemos
Já que temos
A valsa começada
E o Nada
Deve acabar-se também,
Como todas as coisas.
Tu pensas
Nas vantagens imensas
Dum par
Que paga sem falar;
Eu, nauseado e grogue,
Eu penso, vê lá bem,
Em Arles e na orelha de Van Gogh...
E assim entre o que eu penso e o que tu sentes
A ponte que nos une – é estar ausentes.

Reinaldo Ferreira

A entrevistar o ZZ Top?


Da série "Jornalistas em serviço". Entre reportagens tempo de basófia. Cimeira do G8. Khulungborg. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

Mamã eu quero

"Antoine-Laurent de Lavoisier é conhecido por ter resumido num atractivo adágio científico a lei da conservação da matéria. Simples de entender tornou-se de imediato num sucesso nos bancos da escola. Os cábulas em Química sabem-na na ponta da língua. Decoram-na com o mesmo à vontade que a fórmula do ácido sulfúrico. Na realidade é a única lengalenga que aprendem depois do inolvidável H2SO4. Num ensino para a excelência é essencial dotar os jovens de (pelo menos) um skate intelectual para percorrerem os passeios, esquinas de muros e varões de escadas desta praça fortificada pelos milhões da União Europeia. E, saber recitar “na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” serve para ter uma atitude filosófica sobre os passados subsídios da magnânima Europa, que não se perderam, como dizem, mas transformaram-se na riqueza daqueles que lhe deitaram a mão, e…”(continue a ler o Táxi Pluvioso no Pratinho de Couratos)

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Terra

Somewildwish/9 (Portugal, Belém - 2007)

Sinais


Desenho de Maturino Galvão

Da Capital do Império

Olá!

Hoje escrevo-vos para vos dizer que o Luís Amado e o José Sócrates são racistas. Não racistas à antiga de não permitir a entrada de pessoas em restaurantes ou escolas ou bairros de habitação por causa da sua cor da pele, mas racistas modernos, “pragmáticos”. Assumem na sua totalidade o racismo suave das expectativas baixas.
Para ir directamente à questão: Se o Robert Mugabe fosse branco (ou chinês ou latino americano!) teria sido convidado para a cimeira União Europeia/África?
O Luís Amado e o José Sócrates convidariam um presidente branco (ou chinês ou latino americano) de um pais sem qualquer importância estratégica que:
1) Ordena à sua policia para espancar lideres da oposição e depois afirma publicamente (!!!)que a oposição “needed a bashing and they got a bashing”?
2) Expropria, persegue, prende, espanca, assassina, membros de uma minoria racial do país ao mesmo tempo que um membro do seu regime afirma publicamente que membros dessa minoria não podem nem nunca poderão ser cidadãos do país e do seu continente?
3) Persegue, prende, encerra e quando isso não funciona ataca à bomba jornais que o criticam?
4) Impede a entrada de jornalistas estrangeiros no país?
5) Ignora as decisões dos tribunais do pais, ameaça juízes e exorta a polícia a ignorar as decisões dos tribunais?
6) Transforma um dos países mais produtivos e ricos de África num dos mais pobres?
7) Impede agências humanitárias de distribuírem alimentos aos esfomeados exigindo que sejam os seus capangas do partido a distribuírem os alimentos?
8) Constantemente insulta países aliados de Portugal e membros da União Europeia como por exemplo quando apelidou publicamente o governo Britânico de “o governo de paneleiros de Blair”?
Claro que não. Os socialistas estariam em pé de guerra com discursos, declarações, parangonas nos jornais, a organizarem manifestações contra o fascismo e contra o George Bush. Mas, como o Mugabe é preto entra em acção o tal racismo suave das expectativas baixas. Isto é: O Robert Mugabe é preto portanto há que aceitar padrões mais baixos. Não se pode esperar muito dos pretos….
O que o Luís Amado e o José Sócrates deveriam dizer aos seus colegas africanos se estes insistem em trazer o Bob Muggers (Bob Ladrão como ele é conhecido em Harare) é que chegou a altura de se deixarem de definir pelo colonialismo e passarem a definir-se por valores.
Eu acho que o Sócrates e o Amado deveriam também levar os dirigentes africanos a ler um novo e fascinante estudo do Banco Mundial titulado “Where is the Wealth of Nations?” (Onde está a riqueza das nações?”) que afirma em termos gerais que a riqueza das nações se divide em “capital natural, “capital produzido’ e “capital intangível”. E, diz o estudo a maior parte da riqueza dos países ricos não é composta pelas duas primeiras fatias (capital natural e capital produzido) mas pela terceira fatia, o tal “capital intangível”.
E o que é esse capital intangível? Coisas como: primazia do estado de direito, transparência da lei, educação, acesso à saúde. A riqueza dos suíços portanto não é só composta por relógios Rolex, queijos e chalets para turistas. A sua riqueza advém na sua maior parte dos conhecimentos e das leis que existem na Suíça. O estudo do Banco Mundial (acessível em WWW.Worldbank.org) diz que 90% desse tal “capital intangível” é constituído pela educação e pelo respeito à lei (rule of law).
Ou seja: O Sócrates, o Amado e todos os que insistem em continuar a deitar para o lixo milhares de milhões de dólares em ajuda aos países “em desenvolvimento/do terceiro mundo/vítimas do colonialismo” estão a gastar o seu tempo e o o vosso dinheiro até os dirigentes africanos aceitarem a importância desse tal capital intangível e assim condenarem o Bob Muggers ao isolamento total.
O que me leva a dizer-vos que no centro de Copenhaga, onde estive há duas semanas, há um prédio antigo, sóbrio (como quase tudo na Dinamarca) com um dístico em cima da sua entrada e que explica o sucesso doa Dinamarca: “Med lov skal man land bygge”. O Amado e o Sócrates deveriam levar lá o Bob Muggers e os restantes dirigentes africanos. Mostrar-lhes a riqueza da Dinamarca (que não pode ser acusada de ser imperialista/colonialista) o seu bem-estar, o seu incrível boom económico que faz inveja a muitos e depois traduzir-lhe esse dístico. “Com a lei será o país construído”. Simples. Parte do tal “capital intangível”.

Abraços,
Da capital do Império,

Jota Esse Erre

Entre câmaras


Da série "Jornalistas em serviço". Cimeira do G8. Khulungborg. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Aforismos liberais (2)

Os socialistas enganaram o povo com ilusões de igualdade através de revoluções. Já nós, não vendemos nenhuma banha da cobra quando prometemos a prosperidade para todos dentro deste sistema.

Sinais


Desenho de Maturino Galvão

Puta de máquina que não funciona


Da série "Jornalistas em serviço". Conferência de imprensa de Durão Barroso. Cimeira do G8. Heiligendamm. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

O que é ser de esquerda - um contributo






«Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora. Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim, outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe? Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver razão para tanto sofrimento. E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe... Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar...

Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes, assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou: Olá camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer, aqui está a minha arma para vos servir. Assim mesmo, por detrás das colinas onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores, as festas e os suores, os bombos de lava-colhos, assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o bater inexorável dos corações produtores, os tambores. De quem é o carvalhal? É nosso! Assim te quero cantar, mar antigo a que regresso. Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei. Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grandola Vila Morena. Diz lá, valeu a pena a travessia? Valeu pois.

Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe, no fundo deste mar, encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco. Tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos, o meu canto e a palavra, o meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram. A minha arte é estar aqui convosco e ser-vos alimento e companhia na viagem para estar aqui de vez. Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto.»

José Mário Branco - FMI

Disponível integralmente aqui.

Aforismos liberais (1)

É natural existirem pessoas mais ricas, e outras mais pobres. O facto de nós, que o dizemos, pertencermos às mais ricas, é uma circunstância da vida que em nada nos afecta a clarividência de o dizer.

Olá meus amigos


A vida não são só blogues, e a greve durou um mesito. Mas estou de volta. Faço-o, em primeiro lugar, em nome das 150 pessoas que me enviaram mails desesperados, procurando saber o que fazer da vida, agora que os meus ensinamentos pareciam longe deste abençoado mundo on-line. Não se apoquentem. O que é bom sempre regressa*

*- Menos a vida, essa filha da puta.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Gilles Deleuze: O que é ser de Esquerda


Video Éditions Montparnasse, Julho 2007

Um vídeo de oito horas acaba de sair em Paris, com o filme-diálogo entre o Filósofo, Claire Parnet e Pierre-André Boutang, realizado um ano antes da sua morte violenta. Mais uma peça fundamental para o Organon da Ultra-Esquerda do séc. XXI.

Um extracto de um diálogo:

"Ora, não ser de Esquerda o que é? É um pouco como ter uma direcção postal. Partir de si, da rua onde se vive, a cidade, o país, os outros países, cada vez mais longe. Começamos por nós e na medida em que somos privilegiados e estamos num país rico, dizemos - " Como fazer para que a situação se eternize? Sentimos que há perigos e que ela não se vai prolongar por muito tempo. Oh-la-la, a China...como fazer para que a Europa ainda se aguente, etc."

"Ser de Esquerda é o inverso. É perceber de imediato o contorno dos problemas. O Mundo, o Continente, a Europa, a França, a rue de Bizerte, eu. É um fenómeno de percepção: compreender primeiro o horizonte. E não é por generosidade, nem por moral: é uma questão de endereço postal. Vemos no horizonte. Sabemos que isto não se vai aguentar: esses biliões de pessoas que morrem de fome e de injustiça absoluta. Consideramos que isso são problemas a resolver. E não é só classificá-los para diminuir a natalidade. Pelo contrário, é encontrar soluções, as famosas conexões mundiais."

"Ser de Esquerda é fazer muitas vezes mais por resolver os problemas do Terceiro Mundo do que tentar resolver os do nosso Bairro. É verdadeiramente uma questão de percepção. Não de angelismo. É ser, logo de início, de Esquerda para nós próprios ".

FAR

À procura de ângulo


Da série "Jornalistas em serviço". Cimeira do G8. Khulungborg. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

Sinais


Desenho de Maturino Galvão

Utopia

Amigos,
está para sair em breve o nº 23 da Revista UTOPIA, uma revista anarquista de cultura e intervenção.
Este número aborda essencialmente temas ligados à educação e ao ensino.

Consultem o sítio: http://www.utopia.pt

segunda-feira, 2 de julho de 2007

DUCHO

“MOÇAMBIQUE, A ILHA A PRETO E COR”, de Sérgio Santimano e Luís Abélard


"Inaugura, no próximo dia 4 de Julho, na galeria do Instituto Camões em Maputo, a exposição de fotografia “MOÇAMBIQUE, A ILHA A PRETO E COR”, de Sérgio Santimano e Luís Abélard. A iniciativa enquadra-se no âmbito da programação cultural do Instituto Camões em Maputo por ocasião da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia que, como se sabe, decorre durante o 2º semestre do corrente ano.

Os fotógrafos moçambicanos Sérgio Santimano e Luís Abélard apresentam 40 fotografias a preto e cor, as quais, segundo o Embaixador de Portugal em Maputo, Dr. José Freitas Ferraz, “para além dos valores estéticos-artísticos que encerra, surge num momento importante em que se coordenam esforços visando a melhoria da vida das populações e a reabilitação do património no qual Portugal bem como outros parceiros internacionais, se orgulham em participar”.

A exposição recorda-nos o importante e valioso património arquitectónico edificado na Ilha e a classificação, atribuída pela Unesco em 1991, de PATRIMÓNIO MUNDIAL DA HUMANIDADE."
(Instituto Camões)

Sinais


Desenho de Maturino Galvão

Das cidades e suas lutas (3)

No passado dia 21/6 quem apanhou uma camioneta em Cacilhas para o Fundo de Fomento (?), pelas 10 horas, ou nas paragens seguintes, ficou entupido no topo da Av. 25 de Abril, com o trânsito cortado, na Praça Gil Vicente, a partir das 10h 30m, devido às obras do MST. O aparato da passagem de bombeiros e ambulância, e que estacionaram na dita praça, anunciava qualquer situação anómala. Incêndio? Acidente? Não. Apenas incidente.
Segundo a informação de pessoas que acorreram ao local, parece ter-se tratado apenas do tomar de medidas de precaução, em virtude de se ter de mexer em condutas de gás devido às obras. Não o confirmei, mas a informação deveria ser verdadeira.
Pois bem, o insólito vem depois. Ao cerca de 25 passageiros, nos quais me incluía, eu a caminho do Pragal rumo a Lisboa, foram mimosamente tratados por um funcionário do consórcio (?), elegantemente vestido de azul marinho e branco. Fatiota nada condizente com o palavreado. Com a voz lá em cima, no céu, gritou, sim, é o termo certo: “Vocês têm de sair e ir apanhar outra camioneta!”. Aí, como não podia deixar de acontecer, logo se travaram azedas palavras entre nós ambos, porque NUNCA é assim que se dá uma INFORMAÇÃO aos cidadãos em situação de algum transtorno e se diligencie no sentido de encontrar uma solução. Nada justifica tal comportamento.
Escusado será dizer que saí quando muito bem entendi (uns 10 m depois), bem como um pretinho com quem entabulei conversa para ajudar a descompressão. Porém, vi pessoas a terem de ir a correr para Cacilhas para apanhar um táxi devido a compromissos das suas vidas: gente pobre, na generalidade, porque naquelas carroças podres dos TST, importadas da Europa rica, e que, mais podres ainda, daqui vão para o Quarto Mundo, só, ou quase só andam os “periféricos”.
Descomprimiu-me a cavaqueira com o simpático pretinho, quando só os dois ficámos dentro do autocarro. Mas não o suficiente porque nem sequer podia tirar o carro da garagem e ir à minha vida para Lisboa, porque o inferno reflectia-se do outro lado da avenida devido aos sentidos únicos. E, como nos restantes dias, fui contribuindo mais ainda para a venda de rebuçados do dr. Bayard, no café da esquina, porque tive de passear pela avenida mais do que o costume. Em alguma coisa o comércio local há-de ser beneficiado por estes incidentes.


Almerinda Teixeira

It´s show time


Cimeira do G8. Khulungborg. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

Analogias não impossíveis

“(…) Vemos então o cavalo, percorrendo o seu pequeno trajecto entre um passado próximo de cavalo de passeio, ou de corrida, ou de carga, ou de tiro, em casa de particulares abastados, e o matadouro. Passa a maior parte do tempo estacionado, com um ar de desânimo, a cabeça tão baixa quanto lho consentem os varais e arreios, quer dizer quase na calçada. Mas a corrida transforma-o, pelo menos de começo, talvez por causa das recordações que desperta, pois que o simples facto de correr e puxar não deve encantá-lo por aí além, sendo as condições o que são. Mas quando os varais se levantam, prevenindo-o, de que finalmente acaba de entrar um cliente ou quando pelo contrário a correia do dorso começa a pesar-lhe na espinha, conforme o cliente se tenha instalado no sentido da marcha ou no talvez ainda mais repousante do recuo, então levanta a cabeça, estica os jarretes e põe um ar quase contente. (…)”

Samuel Beckett, Malone está a morrer, Don Quixote, 2003, p.89

PSALMO 1

Repristinar é saber usar da contenção.
Muito ganha quem se repristina.
Não há mais sabedoria que aquela que se encontra contida na repristinação.

Repristinai-vos, pois, aqueles de vós que conheceis o significado e as graças que advêm da prática da repristinação.

Nação que vai adiante é a que usa da repristinação.

Quanto mais nos repristinarmos maior serão os índices do Sucesso.
Singra a Nação que repristina.

Repristinemos, pois.

Orate fratres

domingo, 1 de julho de 2007

Sinais


Desenho de Maturino Galvão

Sorriso amarelo de Sarko ao ser apanhado pela objectiva do 2+2=5


Cimeira do G8. Khulungborg. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

Nicolas "Tsarkozy": O silêncio mata

O novo Pr. francês inaugurou uma hiper-presidencialização do regime criado pela Constituição elaborada em 1958 pelo general De Gaulle...

Os círculos diplomáticos do G-8, os média anglo-saxões e os corredores comunitários da presidência europeia de Bruxelas parecem loucos e incrédulos com o frenesim, o prá frentismo e a ousadia verbal (e de comportamento) do novo Pr. francês, Nicolas Sarkozy. Ele abraça e beija Ângela Merkel, ele "verga" o servilismo sofisticado de Durão Barroso, ele distancia-se dos americanos-bushistas e prefere Condi Rice ou Schwarzenegger como interlocutores. E, sobretudo, na política interna "dobrou" cada ministro "independente" de um chefe de gabinete por ele próprio nomeado; e, no afã de tudo controlar e conhecer " geminou a polícia secreta (externa e interna), logo que pode. No partido presidencial delegou as rédeas a um incondicional e "só quer promover os trintas" (com menos de 30 anos de idade), arrasando os velhos caciques de Marselha e Lyon, a passo de caixa.

Portanto, ganha foros o conceito de "hiper-presidencialismo", mais um gadget para a filosofia política mundial. Bush-II vai acabar por ter de " negociar" com os iranianos o controlo possível da guerrilha teocrática do Iraque. Putin apresta-se a lançar um simulacro de emenda técnica na Constituição Russa de forma a poder ser reeleito no prazo de quatro anos a seguir a um presidente-fantoche e cúmplice, atado de pés e mãos... Assim vai o Mundo, e ninguém parece crer na profecia desarmante e premonitória de Wittgenstein, ao comentar Freud, de que "os sonhos por vezes são tão misteriosos como a realidade".

No entanto, os testes de prática política incontornável vão surgir pela frente a Nicolas(T)Sarkozy, como o apelidava em manchete esta semana o "Le Canard Enchainé ". A França tem um défice comercial e outro público muito preocupantes. A Comissão de Bruxelas exige medidas e rigor orçamental. Sarkozy vai ter que vender mais empresas públicas. Como prometeu baixa dos impostos, terá que vender muito e os tycoons estrangeiros esperam pelo bolo, sobretudo no âmbito da FranceTelecom e da EDF. Como dizia Jacques Chirac, abandonado pelos senhores da hora, "as promessas só responsabilizam em quem nelas acredita".

A fogueira das vaidades já começou a fazer vítimas na Sarkolândia: Juppé, o intelectual-normalien maire de Bordéus, perdeu a eleição para deputado na sua cidade e teve que abandonar o governo, onde era o ministro de Estado ; Borloo, o maire de Valenciennes, não se adaptava à disciplina do ministério da Economia e das Finanças, e foi substituído por uma prima-dona, feminina, que chefiava um dos maiores escritórios de advogados dos EUA e do Mundo, a US Baker & MacKenzie, que engloba mais de 4 mil advogados de prestígio nos 35 países mais importantes do planeta. Por último, Arno Klarsfeld, o glamoroso causídico-judeu mais badalado de Paris, perdeu a sua eleição no 12° Bairro, deixando inconsolável o Pr., seu amigo e protector que o tinha forçado a mudar do XVI ème Arrondissement por uns escassos dias.

FAR