segunda-feira, 2 de julho de 2007

Das cidades e suas lutas (3)

No passado dia 21/6 quem apanhou uma camioneta em Cacilhas para o Fundo de Fomento (?), pelas 10 horas, ou nas paragens seguintes, ficou entupido no topo da Av. 25 de Abril, com o trânsito cortado, na Praça Gil Vicente, a partir das 10h 30m, devido às obras do MST. O aparato da passagem de bombeiros e ambulância, e que estacionaram na dita praça, anunciava qualquer situação anómala. Incêndio? Acidente? Não. Apenas incidente.
Segundo a informação de pessoas que acorreram ao local, parece ter-se tratado apenas do tomar de medidas de precaução, em virtude de se ter de mexer em condutas de gás devido às obras. Não o confirmei, mas a informação deveria ser verdadeira.
Pois bem, o insólito vem depois. Ao cerca de 25 passageiros, nos quais me incluía, eu a caminho do Pragal rumo a Lisboa, foram mimosamente tratados por um funcionário do consórcio (?), elegantemente vestido de azul marinho e branco. Fatiota nada condizente com o palavreado. Com a voz lá em cima, no céu, gritou, sim, é o termo certo: “Vocês têm de sair e ir apanhar outra camioneta!”. Aí, como não podia deixar de acontecer, logo se travaram azedas palavras entre nós ambos, porque NUNCA é assim que se dá uma INFORMAÇÃO aos cidadãos em situação de algum transtorno e se diligencie no sentido de encontrar uma solução. Nada justifica tal comportamento.
Escusado será dizer que saí quando muito bem entendi (uns 10 m depois), bem como um pretinho com quem entabulei conversa para ajudar a descompressão. Porém, vi pessoas a terem de ir a correr para Cacilhas para apanhar um táxi devido a compromissos das suas vidas: gente pobre, na generalidade, porque naquelas carroças podres dos TST, importadas da Europa rica, e que, mais podres ainda, daqui vão para o Quarto Mundo, só, ou quase só andam os “periféricos”.
Descomprimiu-me a cavaqueira com o simpático pretinho, quando só os dois ficámos dentro do autocarro. Mas não o suficiente porque nem sequer podia tirar o carro da garagem e ir à minha vida para Lisboa, porque o inferno reflectia-se do outro lado da avenida devido aos sentidos únicos. E, como nos restantes dias, fui contribuindo mais ainda para a venda de rebuçados do dr. Bayard, no café da esquina, porque tive de passear pela avenida mais do que o costume. Em alguma coisa o comércio local há-de ser beneficiado por estes incidentes.


Almerinda Teixeira

Sem comentários: