O "técnico gestor", a forma do novo dirigente fascista, obtém a sua legitimidade não do voto democrático mas da sua essência enquanto "gestor" da situação. Os partidos "democráticos" apoiam-no enquanto governo "técnico"; e quando a coisa vai a eleições, pode-se escolher: vota-se no PS, no PSD ou no CDS, mas o "técnico gestor" nunca vai a votos. A sua legitimidade não emana do voto mas de algo muito superior: o seu carácter técnico, as suas habilidades como gestor. Ele forma governo e é primeiro-ministro não porque o povo o tenha escolhido para tal, mas porque é uma inevitabilidade; é preciso que os melhores governem o país nestes tempos de crise, e os melhores, nem há dúvida quem seja, senão os melhores gestores que há à venda no mercado. O pormenor de esses mesmos serem os tipos que governam as empresas-chave que engendraram esta derrocada do mundo ocidental, não é um pormenor. É só mais uma ilusão. Ninguém viu, ninguém soube, ninguém está a ver. O novo fascismo é mesmo assim, uma farsa no lugar de uma tragédia, " gerindo" uma tragédia ainda maior. Uma espécie de Aliança Nacional elevada à potência, com "alternativas" e tudo, como se se votasse só nas facções da Aliança Nacional, nem o Salazar alguma vez pôde sonhar com algo tão funcional, coitado.
E já está aí em marcha, não o entenderam ainda? Olhem lá para os actuais governos da Grécia e da Itália, com os seus "gestores" saídos directamente da Goldman Sachs para "gerir" o desastre. Nós também aguardamos pelo António Borges, a menos que...
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