O blogue avança a meio gás. como é próprio deste período de férias. Por acaso, desta vez até estou em contacto com a net, mas sucede que a praia, a esplanada, a cerveja, tomam conta do espírito e não deixam espaço para muito mais. Por isso, fieis leitores, manteremos por mais algum tempo este ritmo dolente, tão próprio da época.
terça-feira, 27 de julho de 2010
FMM 2010 (4)
Staff Benda Billi - A encerrar o Castelo, no Sábado. Amanhã começa o FMM 2010, se puderem não percam!
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Eis o que eu penso da moda das ideias liberais
"As ideias dominantes numa época nunca passaram das ideias da classe dominante"
Karl MARX
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Por detrás do discurso de Passos Coelho
Ouvi há pouco Passos Coelho na tv (não tenho link porque não consegui encontrar as declarações ainda reproduzidas on-line) dizer isto: que a sua proposta de revisão constitucional permitia separar o PSD da Esquerda porque, "a Esquerda quer que ricos e pobres paguem o estado social por igual, enquanto nós queremos que os ricos paguem mais que os pobres". Esta afirmação é uma despudorada mentira, mas também uma que necessita de descodificação. É mentira porque qualquer um de nós sabe que em Portugal os impostos são progressivos, o que significa que os ricos contribuem muito mais que os pobres. Qual é o discurso que este tipo de afirmações pretende inaugurar? Com ele se prepara o caminho para o projecto neoliberal em Portugal: impostos iguais para todos (a famigerada "taxa única"), e depois que os serviços sejam pagos por todos (os "ricos"), com isenções para "os pobres". Atentem: qual a diferença que resulta esta mudança de paradigma? Os ricos hoje em dia já pagam para a educação, a saúde, para o seu transporte e essas coisas todas. Utilizam hospitais privados, escolas privadas, deslocam-se de carro. Uma "taxa única", para eles, é uma maneira de pagar menos impostos. Para a "classe média", ou seja, os quasepobres que constituem a enorme maioria dos portugueses, isso significa essencialmente pagar por serviços que agora são gratuitos ou tão baratos que quase. Alguém imagina o que custam, ao "preço do mercado", hospitais, escolas, transportes? Quanto teríamos de pagar por eles, e quanta "racionalização" seria precisa nos seus serviços, para serem rentáveis? Já me ouviram dizer isto: com Passos Coelho a geração dos jovens turcos "liberais" está a chegar ao poder.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
FMM 2010 (3)
Yasmin Levy, de Israel, Quinta 29 de Julho, às 22h no Castelo.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Raízes e Antenas
Um blogue sobre música do mundo, do jornalista especializado em música António Pires.
Nascido no Barreiro, por lá fez teatro, na Companhia Arte Viva. Redactor e Director do Blitz durante muitos anos, dedica-se agora à musica portuguesa e à chamada world music.
Raízes e antenas, além de blogue, vai ser um livro, a sair brevemente no FMM de Sines.
Para consultarem o blogue, cliquem no título deste post.
Nascido no Barreiro, por lá fez teatro, na Companhia Arte Viva. Redactor e Director do Blitz durante muitos anos, dedica-se agora à musica portuguesa e à chamada world music.
Raízes e antenas, além de blogue, vai ser um livro, a sair brevemente no FMM de Sines.
Para consultarem o blogue, cliquem no título deste post.
terça-feira, 20 de julho de 2010
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Manifesto 5
Hoje, é dia de fúria e sonho. Não me apetece mascarar a dúvida em contradanças sem fim. Nestas horas, é tempo de por no papel em branco a verdade e a carícia, a humildade, sem doses embriagadas de risos. O mundo da sensibilidade é difícil e minoritário. Não é possível ser-se diferente nesta dose maciça de indiferença e em que tudo é espectáculo. Faço do espectáculo a minha vida e a minha sorte, rumo sinuoso e pouco acariciador. Talvez possa haver ainda uma réstia de esperança nalgumas ilhas solitárias, talvez. Por isso esta paixão assolapada por quem vale a pena, por quem apesar de tudo, está próximo de nós na emoção de partilhar sonhos e inquietações. Por essa razão, amo alguns artistas portugueses, que fazem da persistência, humildade e muito amor o seu percurso. Feito de arranhões, feridas e dificuldades. Por isso a música que mais compro é a nossa, por isso os autores que mais leio são os nacionais, por isso os dramaturgos que devemos ler e ver no teatro devem ser os nossos. Sempre acompanhados dos outros, claro, os da estranja, como diria Samuel Beckett, mas numa relação saudável. Há tantas pessoas que só consomem, vêem, lêem coisas estrangeiras! É de doidos, para mim. É a aculturação pura e dura, sem pedir licença. E a nossa inteligência, onde ficou? No armário dos monstros da nossa pequenez e subserviência intelectual? Não, não devemos ir por aí! Eu não vou seguramente por aí. Sem ser demasiado conservador ou possessivo com as nossas origens autorais. Mas eles andam aí, muitas vezes esquecidos, desconhecidos, por desbravar no meio da névoa colectiva. Não espero o Dom Sebastião, nem quero que os Portugueses sejam aquilo que mais detesto: um país gerúndio, onde tudo vai andando e cá nos vamos arranjando, entre um verão que promove a boçalidade e um inverno dos mais frios e sem condições mínimas de qualidade de vida. Fora os condomínios que de tão privados, se privam do comunitarismo e logo, promovem o individualismo em elevadas doses glicémicas. Uma diabetes que alastra no país dos brandos saberes! Quase nada se faz com qualidade, tudo é para turista ver, em Inglês técnico-pedagógico, nas areias do deserto da nossa vida pobre, culturalmente falando. Tudo o resto é oásis, na mais falível bonomia do viver passivo. Não, vou resistir a olhar para o outro, para o lado direito, de uma Europa que nos chama. Vou aguentar e gritar nas ruas: amem o que é nosso, tenham orgulho no que temos de melhor. Faltam elites de qualidade, já diziam os escritores no Século XIX. Eu não digo nada, escrevendo muito. Talvez seja o espalhafato demasiado verborreico e inconsequente, talvez seja da idade ainda verde, talvez porque não tenho nada a perder, porque o ganho é para a massa ululante um carro de topo, uma casa de sonho e uma conta bancária de luxo. Para mim, isso é lixo que faz encolher algumas mentes mais dadas ao desvario. Eu fico-me pelo rio, por esta paisagem de sonho, que me faz deambular por estes pensamentos ignaros e infantis. Apenas quero que abram a mente e o corpo para o que é nosso. Uma localidade única, uns gestos só nossos, uma música que é ouro em bruto por explorar, as gentes sensíveis e verdadeiras, não conspurcadas, que felizmente ainda deambulam em busca do seu crescimento e dos outros. Vivam os nossos artistas, fazedores de utopias e mundos por inventar. Um bem-haja a todos os sonhadores!
sexta-feira, 16 de julho de 2010
FMM 2010 (2)
Tinariwen - Sexta, 31 de Julho a fechar a noite do Castelo.
Destino Quente.
«Oh, musa do meu fado
Oh, minha mãe gentil
Te deixo consternado
No primeiro abril
Mas não sê tão ingrata
Não esquece quem te amou
E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal.»
Fado Tropical, por Chico Buarque e Ruy Guerra, 1972/73;
Comissário de bordo
Quem disse que Portugal é o país dos brandos costumes? Este é o país dos belos costumes. Como não achar belo ao costume de o Paulo Portas aparecer, cavaleiro andante, a sugerir as soluções de governação da nossa pátria? Que tal um governo PS-CDS-e já gora que também tem que ser-PSD, com o nosso messias, o António Vitorino, a primeiro? E o Paulo Portas, convenientemente, a minístro da Agricultura ou de qualquer outra coisa que lhe convenha? Estou ansioso por esta solução que irá colocar na varanda de São Bento o minorca mais (in)competente na difícil arte de deixar tudo como está fazendo qualquer coisa parecer diferente. Foi um comissário europeu cheio de virtudes, a maior das virtudes, para um comissário europeu, é não fazer nada que mude alguma coisa. Está prontinho para herdar esta espelunca, e eu cada vez mais pronto para ir para as ilhas Fiji escrever postas sobre a casa mal governada. Perdoem-me a sinceridade excessiva.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
A justiça e o discurso de classe
(a propósito de um comentário a este post, mas não só): Não se trata de a justiça estar, agora, mais forte ou mais fraca com os fortes ou com os fracos. A "justiça" continua a cumprir a sua função, e essa é a de perpetuar o sistema. Uma vez que perpetuar o sistema significa perpetuar a impunidade, o reino dos mais fortes, o que está errado não é qualquer "questão" sobre a justiça. É o que significa a própria "justiça". Há aquela velha história entre o "justo" e o "bom", ou seja, entre o Platão e o Aristóteles. Como se os "liberais" da velha escola "liberal" pudessem andar sem mais a definir o que é "justo" a partir das teorias de outros "liberais" como eles. Mas onde anda a "justiça" perante a fantochada de justiça que por aí anda? A "injustiça" da justiça significará, apenas, um problema sistémico português? Não, digo eu, e quem conheça a "justiça" nos outros sítios da "civilização" entenderá. Em nenhures, nem na Gronelândia, se chegou ao ponto de o acesso á justiça ser igual para todos os "cidadãos". O "justo", á maneira do Rawls, o que e? Um ponto de escape para a injustiça sistémica, para o sistema (o sistema, para quem não quer perceber, é a perpetuação). Ninguém honesto que queira perceber os enormes problemas da "justiça em Portugal" pode ignorar o Marx, e o carácter de classe da "justiça" (i.e., da maneira como funcionam os tribunais, as polícias, e etc.). Ninguém, sendo honesto, pode negar a disparidade no acesso à "justiça" entre um zé-ninguém e um senhor deputado. Este é o maior (o único!) problema da "justiça", e existindo não há justiça nenhuma. Há o "bem" ético do Aristóteles e mais nada. Justiça? Uma perpétua mentira, e cada vez mais repetida enquanto nos vamos esquecendo da questão, essa sempre presente, das classes.
FMM 2010 (1)
Quase de férias, eis um exemplo do que vou ver no Festival Músicas do Mundo, em Sines, invejem, que mais publicarei por cá.
terça-feira, 13 de julho de 2010
O Mundial da vuvuzela - Breves notas finais
Desculpem o atraso, tenho andado com mais que fazer que blogues, e mesmo agora o tempo não abunda. O Mundial terminou, venceu o melhor, como quase sempre acontece. A Espanha é de longe a melhor equipa do mundo na actualidade, e provou-o num Mundial em que foi crescendo de jogo para jogo.
*
A Holanda jogou a final com as armas que tinha. Para tal, descaracterizou o seu futebol. O lateral-direito perseguiu Iniesta por todo o campo. Os médios de cobertura passaram o jogo a correr como loucos atrás dos médios espanhóis (e a distribuir porrada, diga-se). Kuyt, em vez de extremo, parecia um segundo lateral, sempre de olho em Sérgio Ramos. O Próprio Sneijder aparecia amiúde, qual trinco, à frente da sua área. Seria possível jogar de outra forma contra esta Espanha? Não me parece. O plano era o possível, e esteve perto de resultar, obrigando à lotaria dos penalties. Não era possível à Holanda fazer mais, e muito mérito ao seu treinador, por levar uma equipa que não era das melhores em prova à final, e ficar tão perto do seu objectivo.
*
Fabrégas ficou guardado no banco, qual arma secreta, até ao minuto 85. Entrou, encheu o campo, levou a bola para a frente, e assistiu Iniesta para o golo decisivo. Realmente quem tem jogadores como a Espanha, e se dá ao luxo de ter no banco Fabrégas, Silva, Marchena, Navas, Llorente ou Torres, arrisca-se sempre a ganhar. Ao seu treinador, o mérito de fazer o mais difícil neste momentos: a gestão do grupo, que todos se sintam importantes. Mesmo Fabrégas, o caso mais difícil (é a estrela do Arsenal, está a ser negociado com o Barcelona e pouco jogou), ainda foi a tempo de deixar a sua marca, de se sentir parte do triunfo.
*
Uma nota final para o meu querido amigo Luiz Inácio: escrever (e pensar) sobre futebol é uma alegre inutilidade. Um passatempo como jogar às cartas. Há por aí muita gente, isso sei bem, que ocupa o vazio dos seus dias a pensar de modo monotemático e monocromático, no futebol e no seu clube, ou seja, na sua religião. Há também, e viu-se por essa blogosfera, quem se preocupe, e escreva posts em catadupa, sobre se o futebol é de esquerda ou de direita, que futebol é de esquerda ou de direita, e outras minudências. Isso sim, diria eu, é perder tempo. Olhar para o futebol com o olhar felino do analista, é para mim como interpretar o subtexto do texto. Claro que se o analista é bom ou mau, isso já é outra conversa.
The show must go on
O Mundial acabou e podemos começar a falar de outras coisas que não o insuportável futebol. Não, que o Benfica tem um novo guarda-redes, o Sporting um novo não sei o quê e o Porto um novo não sei que mais. Não, o circo não pode parar. Preparemo-nos todos para o recomeçar do ciclo, de ver e ouvir toda a gente a gastar o seu tempo com a inutilidade, a futilidade, enquanto a casta superior esfrega as mãos de contentes por o zé-povinho andar entretido. Por toda a parte, jornais, televisão, rádio, blogues, toda a gente que quer ser gente vai discutir, comentar, dissecar, refilar, e, pasme-se! pensar sobre o raio do futebol. The show must go on, mas cuidado gente, que ocupar o tempo com o futebol significa perder o tempo, e o tempo é precioso.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
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