quarta-feira, 11 de julho de 2007

terça-feira, 10 de julho de 2007

Sinais


Desenho de Maturino Galvão

Tanta lente para um só homem


Da série "Jornalistas em serviço". Cimeira do G8. Heiligendamm. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

Vejo lábios, olhos, dentes

Se eu nunca disse que os teus dentes
São pérolas,
É porque são dentes.
Se eu nunca disse que os teus lábios
São corais,
É porque são lábios.
Se eu nunca disse que os teus olhos
São d´ónix, ou esmeralda ou safira,
É porque são olhos.
Pérolas e ónix e corais são coisas,
E coisas não sublimam coisas.
Eu, se algum dia com lugares-comuns
Houvesse de louvar-te,
Decerto que buscava na poesia,
Na paisagem, na música,
Imagens transcendentes
Dos olhos e dos lábios e dos dentes.
Mas crê, sinceramente crê,
Que todas as metáforas são pouco
Para dizer o que eu vejo,
E vejo lábios, olhos, dentes.

Reinaldo Ferreira

Terra

African Kids /7 Angola - 2006

Los Santeros

Aforismos liberais (3)

O tipo de sistema em que vivemos é o socialismo.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Sinais


Desenho de Maturino Galvão

Tudo a postos para a emissão ao vivo

.
Da série "Jornalistas em serviço". Tempo de respirar fundo. Cimeira do G8. Khulungborg. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

Iraque: general yankee encoraja Democratas a fazerem ultimato a GW Bush

Antigo militar do staff de Jimmy Carter aconselha retirada de tropas da antiga Mesopotâmia como medida de ética e de justiça militar. "GW Bush recusa-se obstinadamente a admitir a derrota", frisa William E. Odom num texto divulgado pelo Truthout.Com. Ler aqui na íntegra...

A longa derrapagem e degenerescência político-moral de GW. Bush está à vista de todos. Só que os jogos políticos e o aproximar das Primárias no partido Democrático para a escolha do candidato presidencial estão a impedir que a maioria democrática tome as medidas fundamentais para evitar uma derrota desonrosa no Iraque. O antigo adido militar do secretário de Estado de Carter, William Odom, teve a coragem de exortar os membros da maioria do poder legislativo USA a ultimarem GW Bush a iniciar a retirada do Iraque. Caso contrário, frisa, devem levantar-lhe um processo de "Impedimento" de funções, porque " o comportamento presidencial constitui seguramente um alto crime face à impressionante perda de vida de soldados e marines, vítimas da prossecução de interesses meramente pessoais " do Pr. norte-americano.

O antigo general, expert na Contra-Informação, diz que os Democratas têm perdido no Congresso todas as batalhas para forçarem GW Bush a retirar as tropas do Iraque. Ele diz que Bush os enrola com a definição, que os "perturba", de "tomar conta das tropas", onde um serôdio e equívoco nacionalismo os forçam a deixar continuar a guerra. " A definição de GW Bush é um erro terrível " diz William Odom, "tomando em consideração o que ele obriga a suportar às forças armadas". Um tempo muito longo de missão no terreno de luta.

"Nunca as forças armadas USA foram constrangidas a permanecer num combate prolongado como agora no Iraque. Na Segunda Guerra Mundial, os soldados estavam considerados exaustos depois de 180 dias na linha da frente. Eram retirados para repouso várias vezes. Além disso, semanas a fio, largos sectores da frente de combate estavam calmos, proporcionando momentos de reabilitação física e psíquica. Durante alguns períodos na Guerra da Coreia, as unidades militares tiveram de permanecer em combate mas nunca por um período superior a 365 dias. No Vietname, a rotação das tropas era anual e o combate tinha tempos de significativas paragens", explica.

No Iraque, os soldados americanos permanecem progressivamente em combate, dia após dia, durante mais de um ano, com apenas 15 dias de repouso. Sujeitos "ao confronto quotidiano com o espectro da morte, a perda de membros ou da vista, ou de outras terríveis sequelas". "O impacto psíquico de tais efeitos produz, eventualmente, o que agora se apelida de anomalias originadas por um stress pós-traumático, que origina uma perda de capacidade no militar, o que pode estar na origem das matanças que ele comete. Este tipo de acções só se torna realidade meio ano após a presença do militar nas frentes de guerra no Iraque", analisa.

FAR

domingo, 8 de julho de 2007

Sinais


Desenho de Maturino Galvão

Terra

African Woman/6 - Angola 2005

Marques Mendes

“(...)De facto, o líder do maior partido da oposição, intervindo com frequência na campanha (o que só lhe fica bem), não sai de um registo reviralhista e nacional, como se não reconhecesse os problemas de Lisboa. É claro que ele pretende ser alternativa ao primeiro-ministro, e não ao candidato do PS à Câmara de Lisboa. Mas o seu discurso é tão centrado nos apelos à "punição" do Governo que dá aos lisboetas a ideia de que os seus problemas não são tidos em conta, antes são instrumentalizados por uma lógica de legislativas.

Isto num cenário, pelo menos plausível, de derrota, é muito arriscado. Primeiro, por permitir ao adversário vir a reivindicar, para os resultados, um alcance maior do que o verdadeiro e legítimo, que é o municipal. Segundo, porque a lógica nacional da campanha transfere, do candidato para ele próprio, a usura da derrota.

Ora Marques Mendes traz consigo uma vida de militância partidária. Não é um novato. Sabe tudo isto muito bem. E, assim sendo, esta sua escolha só pode ser um "perdido por cem, perdido por mil". Uma dramatização de um mau resultado em Lisboa, que ele já não crê poder contrariar, a servir de justificação política para umas "directas" partidárias antes do congresso que a oposição interna pretende convocar. Mau agoiro para o PS, que decerto gostaria de o ter pela frente em 2009.”

Nuno Brederode Santos, Diário de Notícias 08/07/2007

Por cima é melhor


Fotógrafo tenta o melhor ângulo. Cimeira do G8. Khulungborg. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

sábado, 7 de julho de 2007

Sinais

DA NATURA!

No odor fresco da manhã,
ouve-se o murmúrio do mar na praia,
aqui.
Mais o bater de uma vaga na rocha,
ali.
Uma linha de horizonte,
lá longe.
Um mar de turquesas
e um céu azul celeste.
O dia neófito,
deste lado da Terra
que se vira ao Sol.

Tantos que não percebem
que se vive a Natureza,
tantas vezes tolerante,
sempre bondosa,
geralmente generosa.
Ouvem falar dela
e já a viram em imagens.
Alguns lá foram e não a viram,
não sentiram e não perceberam!
Usaram-na esporcando-a,
gozaram-na violando-a,
exploraram-na ferindo-a,
roubaram-na matando-a,
desprezando-a!

Natureza é Terra!
Natureza é Sol!
Natureza é Ar!
Natureza somos Nós!

É preciso um futuro de horizontes abertos
ao respeito e à compreensão,
à tolerância e à partilha,
à alegria em harmonia,
ao Amor à Natureza!

E nem malfazentes nem maldizentes
farão frentes às mais puras vontades!

João Autor.

Vem aí a porrada








Da série"Jornalistas em serviço". Cimeira do G8. Khulungborg. Alemanha











Foto de Jota Esse Erre

sexta-feira, 6 de julho de 2007

A "sarkolândia" vista pelo Le Canard Enchainé

O principal conselheiro e "caneta" de Nicolas Sarkozy aponta o Canard como exemplo tipo do Jornalismo de investigação de alta qualidade

Aí está ela, a verdade, a saltar como a sardinha da costa: Henri Guaino, o principal conselheiro do novo Pr. francês, considera o Le Canard Enchainé como um jornal de alta qualidade informativa. Com uma redacção pequena e sem publicidade, o grande semanário da Política e da Sociedade francesa ganha novos louros com a tomada de posse do sucessor de Jacques Chirac. O que é de sublinhar, no duro e complexo contexto da Nova Informação gaulesa onde, a Blogosfera, tem um grande poder também.

O que nos diz esta semana o Canard ? Que Fillon, o primeiro-ministro, começa a sentir na pele os efeitos da hiper-presidencialização instaurada por Sarkozy. Ao quero, falo, posso e controlo tudo do PR, Fillon, um puro radical centrista com gaulismo socializante à mistura, começa a sentir-se constrangido e a responsabilizar os homens-de-mão de Sarkozy, a sua guarda pretoriana, como o secretário-geral da Presidência, Claude Guéant, o tal Henri Guaino e o porta-voz Martinon, o trio infernal que rodeia o novo super-magistrado hexagonal.

"Há acertos a realizar com os colaboradores do Presidente que falam muito", confessou Fillon ao Figaro, o ex-líbris jornalístico da direita francesa. E o Canard a ir por diante e a usar o conceito operatório de Unidades de Barulho Mediático, controladas por um expert na matéria e próximo de Sarkozy. Segundo a tabela, Fillon é dos que menos se ouve, o que menos unidades de barulho produz na Imprensa e TV. Sarkozy distancia-o a 2500 por cento de altitude sonora e caligráfica. A última que aconteceu a Fillon, é que Sarkozy se apoderou de um chalé nos jardins da residência do PM, uma das poucas vantagens da função e, além disso, vai legislar para ir à Assembleia Nacional, uma vez por mês, responder perante os deputados, o que deixa o PM quase sem funções políticas relevantes.


FAR

Sinais


Desenho de Maturino Galvão

Analogias não impossíveis

Capítulo XXIV
Entre amigos se há-de dizer e se há-de dar ouvidos à verdade.

"(...) Todavia, sou forçado a confessá-lo, como disse o nosso Terencio no seu Adriana:
“A benevolência gera a amizade; a verdade, o ódio”.
Sem dúvida a verdade é molesta se produz o ódio, este veneno da amizade.

Mas a magnanimidade é-o ainda mais, porque para a indulgência culpável, pelas faltas de um amigo, ela deixa-o precipitar-se em suas ruínas. Mas a falta mais grave é a que despreza a verdade e se deixa conduzir ao mal pela adulação. Este ponto reclama toda a nossa vigilancia e atenção. Afastemos o ácido das nossas advertências, a injúria dos nossos reproches; que a nossa complacencia (sirvo-me voluntário da expressão de Terêncio) seja farta de urbanidade; mas longe da nossa baixa adulação, este auxiliar indigno de um amigo e mesmo de um homem livre.

Lembremo-nos que se vive com um amigo diferentemente de como se vive com um tirano.

Quanto àquele cujos ouvidos se fecharam à verdade ao ponto de não entender mesmo a boca do amigo, é preciso desesperar da sua salvação.

Conhece-se a frase de Catão que, entre outras,. ficou proverbial:
“A amargura dos nossos inimigos, serve-nos bem mais que a doçura dos nossos amigos: aqueles nos dizem quase sempre a verdade; estes, jamais”.

O que lia de desarrazoado é que os amigos que se advertem não se encolerizem do que deve causar-lhes pena, e o façam ao contrário do que deve não lhes causar
nenhuma. Em lugar de se encolerizar de haver mal agido, eles o são de ser repreendidos. Enquanto que, ao contrário, eles se deveriam afligir da falta e alegrar-se da censura."

Diálogo Sobre a Amizade - Cicero